Cap 5 - A Brisa Vinda do Mar

A brisa fria do mar tocou o rosto de Dria quando esta esboçou um leve sorriso ao ver as primeiras casas de Jorvet, olhando para o final da Rota 2 a Cadete sentiu um frio na espinha sabendo que tivera sorte de sair inteira e ainda mais sorte por Lírio ter saído inteiro, esse simples pensamento fazia com que a jovem sentisse o desconforto de ter o jovem aspirante como responsabilidade.

Balançando a cabeça na tentativa de afastar as duvidas Dria continua a caminhar adentrando em Jorvet, olhando pelas ruas a Cadete procurava pelo Hospital precisava tratar das feridas de Léo e do Nidoran recém capturado, alem de fazer um pequeno chekup em Auros e saber se o felino estava finalmente bem.

" Lírio deve estar fazendo isso pra agradar alguém... Mas quem?!"

Pensou a jovem ao ter a leve certeza de que deveria proteger o rapaz e dar-lhe tempo para se acostumar a vida tumultuada de um Cadete.

Os passos eram lentos, por mais que a pressa fosse grande. Toda equipe, humanos e pokémons, precisavam de cuidados e descanso urgente. Entretanto a força parecia ter abandonado o corpo. A cadete, principalmente, tinha os ombros caídos, revelando a exaustão. Agora a jovem sentia o peso da responsabilidade que seria proteger Lírio. Léo estava fraco, Auros precisava de uma revisão, Nidoran estava ainda mais fraco... Eram tanta coisas em mente...

A brisa do mar atingia o rosto da cadete e nuvens pretas contornavam o vilarejo. Algumas gotas de chuva já atingiam o grupo e Dria sabia que o temporal não demoraria a castigar toda a região. Lírio estava estranhamente quieto e até calçara seus sapatos. O jovem em treinamento tinha o olhar perdido e levemente arregalado, como se tivesse acabado de sair de um filme de terror.

As ruas de terra tomavam mais forma e o vilarejo inteiro já dominava a visão de Dria. A temperatura a beira mar era baixa e o vento frio não colaborava com as últimas recordações. Contrastando com o chama da vulpix e combinando com o clima que reinava sobre o grupo. Um experiência letal foi superada e agora a dupla precisava se livrar da aura negra que ela deixara.

Ao longe uma criança os viu chegando e rapidamente correu para perto de uma mulher de vestido branco, puxando sua saia e apontando para os recém chegados. A mulher log desmanchou o sorriso e se aproximou, demonstrando preocupação.

- Oh meu Arceus. O que houve com vocês?

A pergunta parecia ser retórica, pois sem se apresentar e sem esperar uma resposta da dupla, a rosada guiou os dois até o PEVOAK local, confirmando sua identidade: Aya, a gentil vendedora e médica local. Sem perguntar, a mulher logo colocou um cobertor sobre os ombros de Lírio, que tremia levemente. Em seguida olhou para Dria, esperando algumas informações para saber o que fazer. A cadete olhava tudo um pouco chocada. Não costumava se permitir ser guiada por estranhos, mas algo em Aya lhe tranquilizava. A mulher exalava um ar de carinho e atenção que não podia ser negado e que era o completo oposto da recepção de Gregory em Nyender.

Ser guiada por uma completa estranha não era a coisa mais esperta do mundo de se fazer, mas tanto Dria quanto Lírio precisavam se recompor e a chuva não ajudaria muito com a recuperação dos dois, sabendo disso a jovem deixou-se ser guiada com um leve sorriso abatido no rosto devido ao cansaço.

Descobrir que a rosada era Aya dona de uma das PEVOAK espalhadas por Shinki vez com que Dria sorrisse de forma mais educada possível enquanto respondia sobre o porque de estarem assim:

- Tivemos um pequeno encontro com a Louca da Rota 2... E tivemos sorte de sair inteiros...

A jovem olhava preocupada para Lírio, sabia exatamente que a cena do Meowth morto era pesada demais e que isso poderia ter abalado profundamente o garoto, Dria tinha medo de que Lírio se fecha-se mais ainda e não conseguisse seguir o caminho penoso de um Cadete.

Olhando para Aya a jovem fala de maneira mais calma e educada que conseguia falar:

- Nossos pokemons estão feridos e precisam de cuidados médicos.

Aya sorria para Dria de forma amigável e, com o braço sobre os ombros de Lírio, chamava a cadete para a seguir até o andar de cima. A caminhada pelas prateleiras com produtos naturais era curta e a escada, localizada no fundo da loja, parecia ter sido entalhada a mão. O estilo rústico e tradicional combinava com o lugar.

No segundo andar, a rosada abriu a porta de um quarto com duas camas e algumas para pokémons e pediu para que soltassem os pokémons menores. Os de muito grande porte teriam de esperar a chuva acalmar.

Os raios escarlates liberavam todos os pokémons no quarto e Aya começava a analisa-los enquanto contava da vez em que um Gladiador havia solto seu Snorlax no quarto. Por pouco o pesado Pokémon não quebrou uma viga ao cair para o andar de baixo. Dria sentou-se na cama que Lírio não havia ocupado e mirava o toque delicado de Aya nos pokémons.

- Imagino que foi você quem lutou contra a louca, não é? - A rosada perguntou para Léo quando começou a examina-lo. Os restos de gelo no pelo do leão eram reveladores e Aya passou a mão sobre a cabeça do Pokémon, parabenizando-o pela coragem e pelo excelente trabalho em proteger a todos. Em pouco tempo a atendente havia conquistado todos os pokémons.

- Sabe, eu tenho pena da Margareth. A história dela é muito triste e eu gostaria que ela encontrasse um pouco de paz. Mas, infelizmente, acho que só um batalhão inteiro de cadetes para detê-la.

Enquanto conversava, Aya pegava bandagens e curativos, tratando de cada arranhão que encontrava, inclusive de Dria e Lírio. Após revisar todos uma última vez, a atendente se retirou por alguns instantes, retornando com uma refeição quente para o grupo. Auros parecia satisfeito ao ouvir que já poderia lutar, embora a atendente recomendasse que ele não se esforçasse muito no começo e respeitasse quando as patas pedissem para ele parar um pouco. Aya, após verificar uma última vez todo o grupo, recomendou que dormissem um pouco após a refeição e se retirou do quarto.

Dria observava cada movimento de Aya, a jovem médica tratava a todos com carinho e gentileza deixando a sua volta uma aura propicia para a recuperação de seus pacientes, isto fez com que Dria sorrisse enquanto comia.

A jovem ainda olhava preocupada para Lírio que fora o mais atingido pela batalha contra Margareth, as palavras de Aya sobre a louca fazendo com que a Cadete respondesse de forma educada:

- Eu não conheço a historia dela, mas se ela não parar o que esta fazendo ela pode apenas se ferir mais ainda!

Terminando de comer e sentindo Auros se esfregar em suas pernas Dria sorri finalmente retirando suas botas e deitando na cama, o felino por sua vez segue o exemplo de sua mestra e pula na mesma cama deitando-se sobre a barriga da jovem enquanto ronronava feliz por poder voltar a lutar.

- Margareth perdeu tudo protegendo o vilarejo de Sekisetsu e nunca se recuperou. Realmente espero que consigam pega-la, ela está causando muito mal nas ruas, mas também espero que consigam trata-la.

Vendo que Dria se deitava, Aya retirou a bandeja e desejo um bom descanso para a mulher, alegando que qualquer coisa poderiam chama-la. Auros deitou-se sobre a barriga da cadete, aninhando-se feliz. Lola também se aproximava de Lírio, tentando animar o rapaz que se mantinha inexpressivo. O silêncio no quarto só era quebrado pelo ronronar de Auros e pelo som do vento na janela. Dria poderia descansar, porém sua mente fervilhava com pensamentos desconexos, como se tentasse achar a solução para um problema que ainda nem ao menos tinha formulado.

- Senhorita Dria... Ser cadete é... sempre assim?

As palavras eram baixas e inseguras, entretanto a mulher as ouviu com clareza. Pela primeira vez desde que chegaram no vilarejo, o menino falava. Antes porém que Dria respondesse, Auros miou para a janela. Quando Dria percebeu, um Taillow surgia, bicando o vidro enlouquecido. Quando a mulher abriu, a ave entrou e se balançou, secando as penas. Uma missão era entregue... A jovem se aproximava e retirava das costas do pássaro o tubo que continha suas novas instruções.

- Cadete, sentido! Esta bela ave que agora encontra-se ao seu lado foi mandada com o único propósito de entregar-lhe sua mais nova missão e retornar com o relatório da mesma. Acredito que meu fiel combatente não terá dificuldades com os desafios que rodeiam tal tarefa, afinal foi aprovado na força policial de Shinki, uma organização conhecida por sua força, destreza e organização. Os detalhes da missão encontram-se anexados abaixo. Espero o relatório em breve.

Angélica Thompson
Chefe Policial de Shinki

Obs.: Mande uma foto de seu adorável Meowth/Persian e informações sobre o mesmo. Quero me garantir de que está cuidando bem de tão adorável criatura.
Obs. 2: Não tente tocar em Taillow ou usá-lo em combate. Ele bica.

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Detalhes para a missão: O ministro do Ouro, Zuzu, requisita escolta policial da Estação de Trem de Chermont até a Arena da Confusão. Segundo o Ministro, o mesmo porta um item de muito valor e teme ser atacado por Gangster. Apesar de sua força, é dever dos Cadetes garantir essa segurança ao Ministro.

Experiência pela missão: 2000 Exp dividido entre todos os pokés e 1500Pk$ a serem retirados na delegacia de Chermont após a conclusão da missão.

Após terminar de ler a missão, Dria sentiu o Taillow lhe bicar a mão e a afastou rapidamente. A ave era corajosa ao enfrentar o temporal e mesmo assim lhe encontrar, entretanto também era audaciosa demais. Lírio ainda se mantinha quieto, aguardando uma resposta para sua pergunta. Uma missão de guarda de um ministro poderia ser tão perigoso quanto enfrentar a louca e exigiria sincronia entre os dois. Dria tinha pouco tempo para preparar o garoto.

Dria acompanha a movimentação do quarto com os olhos, apesar do cansaço a jovem não consegue relaxar ao ponto de adormecer, o som de batidas na janela a fizeram levantar e olhar o que poderia ser, surpreendida pela ave a Dria abre a janela recebendo uma nova missão.

Os olhos da jovem leem a carta com rapidez avaliando a dificuldade do que teria que fazer, mas a pergunta do garoto a pegou de surpresa, fechando a janela e encarando a chuva a jovem respira fundo, seus pensamentos vagavam pelas lembranças de sua infância, as escolhas e todas as dificuldades.

Andando até a cama e sentando-se a frente de Lírio esta tenta sorri de verdade desfazendo a faixa de seu pulso esquerdo puxando Auros para seu colo e alisando as cicatrizes do felino dizendo:

- Você é um garoto especial... Tem sorte de ter uma família e provavelmente pais amorosos... As coisas nem sempre são fáceis... Principalmente na vida dos Cadetes... Não posso te prometer que as coisas vão ser fáceis ou calmas... Mas posso te prometer que vou te proteger do melhor modo que eu posso... Que você no final você vai poder se proteger...

Apontando para a cicatriz de Auros esta sorriu dizendo:

- Mas pra isso você vai ter que se tornar um pouco mais duro...

Dria encarava o garoto esperando a reação dele.

Sentada de frente para o garoto que deveria treinar, Dria esperava por uma resposta. A cadete sabia que seria difícil treinar o jovem, porém era sua missão, assim como garantir a segurança dele. Auros permanecia no colo da mulher, com as patas em sua mão. O felino miava e olhava para cima, tentando focar o rosto da treinadora enquanto esfregava a cabeça no peito. Já Lírio tinha os olhos fixos nas cicatrizes do felino, refletindo sobre a fala de sua superior.

- Duro?... - A perguntava vagava no ar e a mulher esperava silenciosa enquanto o jovem digeria a informação. - Eu não quero ser duro... Só quero fazer as pessoas sorrirem...

O menino falava desviando o olhar para o chão. O silêncio era quebrado pelas gotas de chuva na janela e pelo uivo do vento do lado de fora do PEVOAK. Um relógio na parede marcava o passar dos segundos. Dria já começava a achar que o garoto não falaria mais nada, quando ele pareceu voltar a desabafar.

- Meu pai era um cadete duro... Ele morreu em missão... E minha mãe chorou por muito tempo... Eu não quero mais ver ninguém chorar... Quero fazer as pessoas rirem e esquecerem os problemas pelo menos um pouquinho... Isso é errado?

O garoto parava mais uma vez de falar, mas dessa vez olhando a cadete nos olhos. Dria agora tinha certeza de que ele não estava no treinamento por vontade própria, mas por outra pessoa. Possivelmente pela mãe, já que o pai havia morrido em combate.

As palavras da cadete pareciam fazer o garoto refletir. Lírio dobrava as pernas sobre a cama e as abraçava, apoiando a cabeça sobre os joelhos. O olhar ainda perdido em Auros, até que a cadete, com um afago, retirou o gato da cama.

- Proteger o sorriso das pessoas...

O garoto murmurava para si, claramente ainda refletindo sobre essa nova visão da tarefa dos cadetes, aparentemente muito diferente da descrição que tinha de seu falecido pai. A mais velha se aproximava e enrolava um cachecol vermelho ao redor do pescoço de Lírio. O garoto tocava no tecido com cuidado, reconhecendo a importância daquela peça.

- Obrigado.

O sorriso que surgia no rosto do garoto era superficial. Dria via nos olhos dele que ele ainda não tinha vontade de sorrir. Entretanto ele tentava e se esforçava, dando o máximo de vida que conseguia para o pequeno ato e apertando o cachecol contra o peito, em busca de proteção tanto para si quanto para a peça. Em silêncio, a mais velha percebia que o garoto prometia para si mesmo tentar orgulha-la e se tornar mais forte. A cadete sabia que teria ainda um longo trabalho, mas sabia também que um primeiro e importante passo havia sido dado. Lírio agora percebia uma nova face da organização, uma missão importante que o jovem até então desconhecia.

A jovem sorriu com a tentativa de Lírio de parecer mais animado, voltando-se para sua mochila Dria tira 3 tms para então ensinar Charge Beam para Auros, Flash para Léo e Shadow Claw para Lola, afagando de leve a cabeça da felina enquanto dizia:

- Vamos descansar um pouco, eu preciso que você me ajude a capturar o ultimo pokemon para a troca, e depois temos que rumar para Chermont. Temos uma missão importante lá!

Sentando-se em sua cama novamente Dria começa a se deitar dizendo:

- Talvez nós possamos escolher um terceiro pokemon para você! O que me diz?

O garoto ouvia atentamente às palavras da cadete, enquanto abraçava Lola e se aninhava com a felina sob as cobertas. Quando a mais velha falou em sair para capturar um terceiro parceiro, os olhos de Lírio brilharam. O brilho, entretanto, sumiu com o eco de um trovão.

- Só espero que não esteja mais chovendo...

Lola se enrolava embaixo do coberto contra a barriga de Lírio e ronronava. Auros se aconchegava à Dria também. Léo, por outro lado, optava por dormir sobre um tapete. O leão também possuía um cobertor para si no frio de Jorvet. O vento uivava e a tempestade prometia ser cruel, porém o calor do quarto, a refeição quente, a segurança de um teto e a atenção dedicada pela dona do ambiente, tranquilizavam o grupo. Quando Aya retornou, no meio da noite, todos dormiam. Auros foi o único a despertar e mirar a mulher com as orelhas erguidas, recebendo um afago da mesma. Logo depois, a gentil Aya verifica Léo uma vez mais, encontrando total colaboração do Pokémon. As ataduras eram trocadas e o felino logo voltava a dormir, assim como o Meowth mais velho.

Na manhã seguinte, a cadete despertava e notava que tinha uma coberta a mais acima de si. Possivelmente esfriará ao longo da noite, pois o cobertor extra era muito bem vindo. A chuva seguia forte do lado de fora. Se espreguiçando, Dria preparava-se para mais um dia. Léo ainda dormia, exausto após a batalha difícil do dia anterior. Já Auros parecia ansioso por uma atividade, após o repouso prolongado. Lírio ainda dormia e a mulher só conseguia ver o pé do garoto para fora da cama e destapado. O resto do corpo estava completamente coberto, inclusive a cabeça. Nidoran já arranhava a porta, querendo sair e reclamando de fome. A irritação do pequeno começava a aumentar ao ver seu objetivo barrado por uma simples porta.

Vozes no andar de baixo indicavam que a pequena loja já estava aberta e já tinha clientes. O pequeno estabelecimento era essencial para todo o funcionamento do vilarejo. Se esticando uma última vez, a cadete enfrentou o frio e abriu a porta para o Pokémon venenoso, deixando-o ir em busca de sua refeição. Para a surpresa da mulher, o Pokémon achou facilmente uma pequena sala no segundo andar que tinha uma mesa comprida e um café servido. Num dos cantos da mesa, um homem incrivelmente descabelado e de olhos fechados parecia passar margarina no pão e ter retomado o sono no meio do processo, diferente de um Purrloin que tinha o focinho todo sujo de leite e o prato praticamente limpo. O mais chamativo no gato era o blusão amarelo que usava e que parecia lhe aquecer muito bem. No quarto, Lírio e Léo se encolhiam ainda mais sob suas cobertas, fugindo do vento frio que entrava pela porta aberta.

O descanso fez com que Dria acordasse se sentindo ainda sonolenta mas de certa forma recuperada, o Nidoran arranhava a porta querendo comida e a jovem sorriu ao perceber que seu próprio estomago roncava, calçando suas botas e andando até a porta Dria da um leve tapinha na cabeça do Nidoran dizendo:

- Seja mais paciente Iroh!

Depois com uma leve caricia esta abre a porta para dar de frente com a mesa de Café da Manha, o vento frio que soprou a fez voltar e jogar uma de sua cobertas em cima de Lírio e Léo para depois sair do quarto encostando a porta.

A jovem observou a cena do felino e do homem descabelado com um leve sorriso, sem pressa Dria sentou-se na mesa servindo-se de uma grande caneca de café quente e leite morno, colocando uma tigela para Iroh no chão a garota também serviu o pequeno Nidoran com um pouco de leite, enquanto dava mais alguns minutos de descanso para Léo e Lírio

O café com leite aquecia o corpo da cadete enquanto a chuva retumbava sobre o telhado. Nidoran rapidamente acabava com o leite em seu pote e o empurrava até Dria, claramente querendo mais. O outro homem parecia desistir de passar a manteiga no pão e adormecia por completo na mesa. Já o Purrloin sondava Iroh, mirando o pote e possivelmente planejando roubar um pouco do líquido para si.

Antes que a cadete pudesse encher o prato de Iroh e, talvez, o de Purrloin, Aya surgia no andar, carregando uma bandeja com curativos e remédios. A rosada cumprimentava brevemente a oficial, prometendo já verificar mais uma vez Auros e Léo, e desaparecia em outro quarto. A julgar pelas medicações, a cadete facilmente deduzia que o outro hóspede estava com sérios problemas. Seria mais uma vítima da louca?

Dria sorvia mais um gole de sua bebida quente e atendia ao pedido dos dois pokémons enquanto refletia sobre a louca e as consequências que pessoas menos preparadas estariam sofrendo enquanto a mulher não fosse pega. Purrloin parecia grato por ter sido servido também e logo voltava sua atenção para o leite quente. Aya ressurgia no campo de visão da cadete e logo sumia novamente, dessa vez no quarto ocupado pela oficial, Lírio e seus pokémons.

Enquanto Dria observava a porta de seu quarto, esperando a dona do estabelecimento sair, o vendo colidia com força na janela, forçando-a. Quando menos se esperava, a tranca cedeu e a chuva gelou o ambiente, invadindo o lugar até alcançar a mulher. O outro homem, assim como purrloin, saltavam protestando o líquido gelado que açoitava a todos.

O leve calor que se espalhava pelo seu corpo fazia com que Dria suspirasse fundo, vendo Aya passar apressada para cuidar de um outro hospede a jovem sorriu para a mulher servindo Iroh e o Purrloin de mais uma tigela de leite morno, fazendo uma leve caricia na cabeça de ambos.

Assim que o vento forte abre a janela molhando a todos, Dria mais do que rapidamente corre até a janela do quarto fechando-a com rapidez deixando com que o ar frio invadisse seu corpo, olhando para Aya a jovem pergunta batendo sua roupa para tirar o excesso de água:

- Por acaso você vende capas de chuva e casacos? Acho que vamos precisar pra continuar a viagem!

Aya chegava na sala onde estava servido o café pouco depois de Dria fechar a janela. Enquanto a cadete batia nas roupas para retirar o excesso de água, a outra mulher se servia de uma xícara de café. A oficial aproveitava o momento de tranquilidade para questionar a dona do lugar sobre a venda de dois produtos. O homem no recinto esfregava a palma da mão nos olhos, reclamando do vento frio que o atingiu repentinamente. Purrloin e Iroh, logo depois da janela fechada, retomaram a seus potes de leite.

- Acredito que ainda tenha alguns. - Aya respondia entre um gole de café e outro. - Com esse tempo, tenho tido dificuldades em abastecer a loja. E para piorar, sofremos um assalto há três dias.

O relato da rosada chamava a atenção de Dria. Quem invadiria aquela loja? Aya nunca negou socorro a quem pedisse... A atendente terminava seu café e mirava a cadete, claramente refletindo sobre o assunto.

- Tenho uma proposta. Se eu ainda tiver casacos e capa de chuva adequadas para você e para seu ajudante, lhe dou de graça caso aceite me ajudar a achar os produtos roubados. - Dria mirou Aya, claramente surpresa com a proposta. Não era de conhecimento público o fato da mulher negociar desse jeito. - Muitos recursos médicos foram levados também e preciso deles para cuidar do Stylist no fim do corredor. - A mulher se explicava rapidamente perante o olhar inquisidor da cadete. - E como confio na palavra de um cadete, caso aceite, já lhe entrego as capas e os casacos, até por que é impossível não ficar doente saindo nessa chuva.

Dria ouviu atentamente as palavras da mulher a sua frente, a jovem por um momento pensou em recusar mas ao ouvir sobre o Stylist ferido e a dificuldade de abastecimento da loja em dias chuvosos esta concordou com a cabeça também servindo-se de mais café:

- Eu aceito! Mas vou precisar de uma descrição física do suspeito e de alguma indicação da onde ele possa ter ido!

Dizia a jovem enquanto tomava um bom gole do café e esperava pela resposta de Aya.

" Uma boa oportunidade de fazer Lírio acreditar nas minhas palavras!"

- Quero sim!

Foi a respostada dada por Dria enquanto esta terminava a caneca de café quente que segurava, Léo ronronou enquanto se aproximava da mesa farejando uma tigela de leite, rapidamente a jovem serve uma tigela para o felino indo arrumar suas coisas e finalmente acordar Lírio para encarar o dia chuvoso que os esperava:

- Lírio levante! Já esta na hora e vamos ter um dia longo!

Dizia a jovem balançando o rapaz ainda deitado.

Enquanto Aya se afastava para buscar o cachecol e Léo desfrutava de uma tigela de leite, Dria voltava para o quarto a fim de despertar Lírio. Após algumas tentativas o garoto finalmente saltava de sua cama, derrubando as cobertas no colo e questionando sobre o que havia acontecido com olhos ainda fechados, cabelo completamente desarrumado e um pequeno filete de baba no lado esquerdo da boca que logo era removido com um esfregar do pulso coberto pela camiseta.

Lola começava a se esfregar nas pernas de Dria enquanto ronronava, claramente pedindo um leite quente. Rosa, por outro lado, estava pousada ao lado do Taillow que trouxera a missão de Dria e ainda aguardava o relatório antes de retornar para Nyender. A mais nova tentava imitar a pose da ave mais velha, estufando o peito e fazendo de tudo para parecer maior do que realmente era. O outro ignorava por completo, mantendo-se silencioso e observando tudo ao redor.

O travesseiro de Lírio, caído no chão, servia de parada para Lola que, sentada sobre ele, encerrava seu pedido com um último miado acompanhado por um olhar suplicante. Ainda esfregando os olhos, Lírio parecia concordar com as palavras da oficial, por mais que o som da chuva na janela não o estimulasse a sair da cama. Se arrastando, o garoto ia até o banheiro realizar sua higiene matinal. Leo entrava pouco depois, ainda lambendo o pelo ao redor da boca e removendo todo e qualquer vestígio de leite, o que aumentava o olhar apelativo de Lola para Dria.

Dria sorriu ao ver Lírio se levantar e ir até o banheiro ainda sonolento, a jovem esfregou a cabeça de Lola indo buscar uma tigela de leite para esta e uma fruta para as duas aves dando um pedaço para cada uma, para entao servir a felina de Lírio.

A jovem Cadete releu a missão mais uma vez antes de dizer baixinho para a ave da Academia:

- Vamos rumar o mais rápido possível para Chermont!

Respondeu Dria abrindo a janela para que o Taillow pudesse sair e voltar a seus afazeres, olhando na direçao do banheiro, a Cadete espera por Lírio enquanto começava a arrumar a mochila do mais novo e adiantar a busca pelo assaltante.

Dria, após alimentar os últimos três pokémons, releu sua missão e afirmou realizá-la o mais rápido possível para então abrir a janela e permitir ao outro Taillow retornar para Nyender. A ave piou sem, no entanto, se mexer. Em seu pio era claro que esperaria o relatório escrito de conclusão da missão. Como Dria não poderia levar o relatório até Angélica, a ave o faria. Ciente do fato, a cadete voltou a arrumar a mochila de Lírio.

Um tempo considerável depois, o jovem se retirava do banheiro, completamente arrumado e usando o cachecol vermelho da oficial, fato que jamais passaria despercebido para a morena. Lola ainda lambia o prato já limpo, empurrando a tigela pelo chão do quarto. Rosa já havia terminado de comer e ainda estufava o peito para parecer tão grande quando o Taillow a seu lado, sem obter muito sucesso contudo.

Aya aguardava a oficial no andar de baixo. Em suas mãos as capas de chuva, os casacos e o cachecol cinza que o foragido deixara para trás durante sua fuga. O cachecol era velho e puído, indicando sua idade. Em uma das extremidades possuía as letras YO gravadas. As capas de chuva eram de um tom verde escuro acinzentado e compridas, chegando facilmente até metade da panturrilha da cadete. Também possuíam um capuz, o que era muito bem vindo, e mangas compridas e largas, permitindo mobilidade. Os casacos eram pretos e leves. Poderia-se facilmente duvidar de que realmente pudessem esquentar alguém no frio que dominava Jorvet, entretanto quem os analisasse melhor perceberia que tinham seu interior forrado com lã de marrep, garantindo assim proteção mais que suficiente.

Lírio perguntava se era necessário sair durante o temporal, obviamente desgostoso com a ideia. Lola também não apresentava o olhar mais animador de todos. Já Rosa simplesmente revirava os olhos, claramente disposta a enfrentar o mau tempo se assim lhe fosse requisitado. A sala do café estava vazia e o outro hospede não estava ao alcance dos olhos. Do lado de fora, o vento castigava os viajantes, empurrando a chuva contra si e inutilizando guardas-chuvas. As ruas estavam desertas e as casas fechadas. O olhar de Lírio implorava para que a mais velha reconsiderasse e esperasse o fim da tormenta antes de sair.

Dria sorriu ao receber as capas de chuva e os casacos, rapidamente a jovem vestiu o casaco e a capa dando a entender que realmente sairiam pela chuva, recebendo o cachecol do assaltante a jovem fez com que Léo e Auros cheirassem a peça antes de guarda-la por de baixo do casaco afim de mante-la seca e com o cheiro do estranho.

Olhando para Aya a jovem fala de maneira calma e segura:

- Espero poder resolver isso o mais rápido possível. Se por acaso eu não consiga eu volto com o dinheiro dos casacos e capas!

Olhando para Rosa a jovem da uma pequena ordem de forma que pudesse ganhar tempo naquela pequena missão por Jorvet:

-Rosa preciso que você fique sobrevoando nossas cabeças a procura de movimentação do suspeito! Careca e sem uma das orelhas! Deve ser fácil reconhece-lo!

Já olhando para Lírio a Cadete sorri dizendo:

- Eu adoraria esperar a chuva parar, mas tem um Stylist ferido no segundo andar, depois de passar pela Rota 2. A loja foi roubada e quem o fez levou muito dos suprimentos de remédios, precisamos encontra-lo antes de seguir viajem.

Devidamente vestidos para enfrentar o tempo hostil, cadete e aspirante se retiram do PEVOAK em busca dos remédios roubados. Na porta do estabelecimento, Aya agradecia a ajuda e deseja sorte para os dois oficiais. A mulher não perdia muito tempo observando a dupla desaparecer na chuva e logo retornava para o interior do estabelecimento.

O vento era gelado, porém o casaco e a capa protegiam o corpo da dupla. Lírio usava o cachecol vermelho de Dria, mantendo-se um pouco mais aquecido que a cadete. A chuva seguia seu ataque por todos os ângulos e o chão lamacento impedia um avanço mais rápido. O mais novo comentou que seria bom para o vilarejo se asfaltassem as vias, ou pelo menos os cobrissem com pedrinhas... Qualquer coisa que impedisse a formação do lamaçal pelo qual andavam no momento.

Rosa voava o mais alto que conseguia, sem no entanto obter muito sucesso para superar o vento. O segundo Taillow mantinha-se sobre o ombro da morena, sem queixar-se ou demonstrar qualquer reação perante o mau tempo. Auros, Leo e Lola seguiam a frente, farejando o chão em busca de uma pista.

Vias eram cruzadas sem nenhum sinal do suspeito. Casas eram passadas e, de suas janelas, o eterno convite para entrar emitido pela luz de uma possível lareira. Lírio suspirava, mas desde que soube o motivo da saída durante o temporal, não reclamou. O jovem permanecia sempre dois passos atrás de Dria e a seguia por onde ela fosse. A cadete, por sua vez, seguia os felinos que tentavam a todo custo farejar o suspeito.

Rosa piou alto, indicando ter visto uma pessoa. As ruas de Jorvet estavam desertas e com as pesadas nuvens impedindo a luz natural de chegar ao lugar, qualquer um que andasse pelas ruas era um suspeito. A mulher rapidamente empurrou Lírio contra a parede. O estranho, mais a frente, não carregava sacola ou mochila... Se fosse o alvo, não portava os itens furtados naquele momento...

Era difícil caminhar pelo meio do lamaçal que havia se tornado Jorvet, até mesmo as botas de Dria pareciam prende-la mais do que simplesmente aquece-la e manter seus pés secos, o vento frio abatia sobre o corpo da Cadete fazendo com que esta sentisse a falta do cachecol mas a certeza de que havia agido certo para incentivar a vontade de Lírio tornava o frio mais suportável.

Volta e meia a jovem olhava para os céus em busca de Rosa verificando o avanço da ave enquanto o peso confortável do Taillow enviado pela Academia ajudava conter um pouco da chuva que batia em seu rosto, o pio de Rosa alerta a Cadete que instintivamente empurra Lírio contra a parede mais próxima fazendo sinal para que este ficasse em silencio.

Observando com cuidado a figura do estranho, Dria procurava o indicativo de que precisava para ter certeza se aquele era realmente o assaltante e se tivesse sorte o lugar onde ele poderia ter levado os itens roubados da PEVOAK.

Olhando para Auros a jovem da uma ordem em voz baixa tentando ganhar terreno e a vantagem de um possível ataque surpresa:

- Auros suba no telhado da casa e busque um lugar a favor do vento para verificar o cheiro dele. Com essa chuva sera difícil encontrarmos rastros descentes mas se o cheiro vier da fonte sera mais fácil de reconhecer!