Cap.001: A primeira página é escrita!

O jovem Adryan batia na porta da sala indicada e entrava lentamente em seu interior, em busca da comandante para realizar o teste. O calor da tarde conseguira fazer o garoto suar muito, entretanto a vontade de realizar seu sonho era mais forte. A sala estava escura, com luzes totalmente apagadas, no entanto era possível ver uma mesa grande, com diversos papéis em sua superfície, além de uma estante, repleta de livros. O jovem observava tudo com muita curiosidade, receoso de tocar em algo.

No andar de baixo, a mulher que lhe indicou o caminho iniciava uma pequena sessão de apostas, ainda mais ao ver a comandante chegar na Academia e rumar para sua sala com Persian a seu lado. A felina, após farejar o ar, já iniciava um rosnado e acelerava o passo, alertando sua mestra. Adryan, no interior da sala, não ouviu os passos macios da felina, até ser tarde demais. O rosnado feroz o pegou de surpresa e, quando o garoto se virou para ver sua origem, deparou-se com o impacto das patas da gata o derrubando no chão. As presas próximas de seu rosto lhe calavam e, por mais que já tivesse encontrado Liepards selvagens, sabia que aquela gata era diferente, treinada para matar se achasse necessário e, até onde ela sabia, ele era um estranho invadindo a sala da comandante cadete... Ela não precisava de mais do que isso para eliminá-lo. A pata mantinha o pescoço rente ao chão e Adryan tentava deixar as mãos a mostra sem tocar a gata.

Quando a luz se acendeu, um trovão retumbou do lado de fora. Um temporal começava a castigar Nyender. O rugido do vento combinando com o rosnar da Pokémon. O sol, que inspirava a todos e dava vida a cidade inteira, substituído em segundos por pesadas nuvens de chuva. Na porta, a comandante observava a cena com ar superior. Sem pressa e, principalmente, sem recolher sua Pokémon, chamou o cadete que se encontrava mais próximo.

- Avise o responsável pelos uniformes que ele está sendo encaminhado para sessão de treinamento novamente e proibido de fazer missões até que eu reconsidere.

As palavras eram proferidas sem emoção. Angélica já se posicionava a sua mesa, confortavelmente em sua cadeira. Quando passou pelo corpo de Adryan, nem mesmo lhe dirigiu um olhar. O jovem pensava em uma maneira de se soltar, mas a gata mantinha sua postura superior e bloqueava qualquer possibilidade de evasiva. O outro cadete saia sem questionar a ordem da comandante, indo dar o recado para o responsável pelos uniformes.

- Agora, eu gostaria de saber quem o senhor pensa que é para ousar vestir esse uniforme sem autorização e ainda invadir minha sala sem ser convocado? - Ela falava pela primeira vez com Adryan, sem ainda libertá-lo das unhas de sua gata. A estrela no ombro da Persian em nada parecia um sinal de vitória para o aspirante. A voz da comandante não se permitia ser suprimida pelo som do temporal e não apresentava nenhuma gentileza ou simpatia. Muito pelo contrário, a julgar pelo que se falava nas ruas da cidade, Adryan possivelmente conseguira irritar demais a comandante.

Adryan tentava visualizar Angélica enquanto explicava a situação sem, no entanto, incitar o ataque da Persian que ainda permanecia lhe prendendo no chão. O jovem estava temeroso em ser expulso antes mesmo de iniciar a importante prova. A comandante, por sua vez, ouvia a fala do aspirantes sem mudar sua expressão, ou atender ao pedido do mesmo.

- Ela normalmente não mata sem ser ordenada... Embora nunca tenha sido repreendida pelo contrário...

O jovem não sabia se a fala o tranquilizava ou assustava mais ainda. A julgar pela voz, a comandante não tentara nem um, nem outro objetivo. O aspirante notava a total indiferença, quase como se a mulher estivesse falando do temporal que castigava a cidade. A única certeza de Adryan, após a comandante ficar em silêncio, era de que ela não pretendia chamar a felina tão cedo.

- Pretende ser cadete, hein... - Ela recomeçava com uma pergunta retórica após alguns minutos de silêncio em que o coração do jovem podia ser ouvido em sua mente junto com cada trovão e cada gotejar da chuva na janela. - Não passou nessa cabecinha, em nenhum momento, que entrar sem ser chamado na sala da comandante não é a melhor forma de iniciar um teste, especialmente para cadete? Ainda mais vestindo um uniforme antes de obter a licença?

O jovem Adryan respirava fundo e contava mentalmente até 10, além de tentar se convencer de que conhecera pessoas mais perigosas que a comandante, mesmo sabendo que só existiam 3 pessoas com poder para enfrenta-la e que , diferente do encontro com os arruaceiros que o sequestraram quando pequeno, qualquer um desses três o mataria com facilidade e sem remorso.

- O capitão Saint foi um cadete muito honrado.

A comandante voltava a falar com sua voz firme, citando o avô de Adryan. Ao som desta frase, Persian retirou-se calmamente de cima de Adryan, sentando-se elegantemente ao lado da mesa. Não foram necessárias ordens. A felina possuía um treinamento tão invejável que Angélica já não se preocupava em comandá-la a todo instante. O jovem aspirante se ergueu e, colocando a mão no peito na tentativa de regular a respiração, observou pela primeira vez a mulher de frente. A morena era belíssima, mas seu olhar emanava perigo. De repente a mente do garoto se recordou das histórias de seu avô sobre o antigo comandante, cruel e rigoroso, e sua filha e sucessora, poderosa, letal, mas justa. A mulher conquistara o respeito e a admiração de seus subordinados em pouquíssimo tempo.

- Entretanto, ser neto de Saint não o dispensa de responder minha pergunta anterior.

Ela voltava a falar séria, deixando claro que o jovem não escaparia de responder claramente a qualquer pergunta que a mesma fizesse. Se o jovem quisesse ser um cadete e, consequentemente, atuar sob as ordens da mulher a sua frente, precisaria provar seu valor. Angélica aguardava, calmamente, as palavras do jovem sentada atrás da mesa. Persian a seu lado. O uniforme impecável já marcando a barriga que começava a se formar devido a gestação.

O olhar de Angélica ainda era sério e imutável. O jovem aspirante não conseguia decifrar os pensamentos da comandante pelos olhos da mesma. Após suas palavras, a bela face não expressara nenhuma reação. Persian seguia sentada, soberana e altiva ao lado da mesa da comandante. A felina, uma das maiores da corporação, se portava como um símbolo vivo dos princípios cadetes.

- Seus motivos são compreensíveis, entretanto a postura de um cadete, assim como sua prudência, são sempre testados.

A mulher começava de forma não muito animadora. Contudo a voz era calma... Talvez até um pouco vazia. Por um momento Adryan pensou que a comandante o mandaria se retirar simplesmente por ter entrado em sua sala sem autorização, embora não tivesse mexido em nada.

- Portanto, antes de lhe permitir realizar o teste, deverá esperar outros cinco candidatos concluírem suas provas. Depois voltarei a avaliar o seu caso.

A decisão estava tomada. A comandante não o expulsara, o que era algo bom. Contudo também não lhe entregara a prova naquele momento, o que não era tão bom. Um pouco decepcionado, mas ainda esperançoso, o moreno se retirou da sala. Do lado de fora a secretaria de Angélica, que chegara pouco depois da comandante, apontou para uma sala ao lado onde diversas cadeiras, algumas ocupadas e outras vazias, estavam dispostas. A sala de espera.

- Ué... O que você faz aqui? - Um rapaz de aparência franzina e intrigado perguntava para Adryan ao vê-lo entrar na sala de espera. Era fácil entender a curiosidade do outro. Um homem, de uniforme cadete, sem Meowth, saindo da sala da comandante e indo para a sala de espera... O cenário todo era, no mínimo, contraditório.

Um pouco decepcionado com o destino, Adryan saiu da sala e foi para o banheiro, trocar de roupa. Ao sair, vestido como civil, o aspirante a cadete sentou-se e tentou dormir um pouco, contudo o som de cadeiras se arrastando e de livros sendo folheados, somados a sua própria angustia e ansiedade, lhe impediam de dormir tranquilamente.

Após acordar poucos minutos depois de fechar os olhos, Adryan percebeu que seu tempo de espera seria longo e, portanto, tentou puxar conversa com o aspirante a seu lado.

- Eu vou ser Stylist. - O homem começava após largar o livro que estava lendo em seu colo. - Mas na real, o que eu quero mesmo é ser repórter. Então depois que passar no teste, vou ir para Grung me especializar.

Ouvir sobre os planos do outro aspirante surpreendiam o jovem Adryan e ele comentava sobre o mesmo. O tic tac do relógio ainda era o som predominante da sala de espera e os jovens pareciam mais distraídos com suas leituras preparatórias.

- Mas o que nessa vida não é difícil? Você realmente acha que a vida de Cadete não vai te exigir provavelmente mais do que a vida de repórter vai exigir de mim?

A pergunta pegava o aspirante um pouco de surpresa e, enquanto pensava no assunto, Adryan pegou uma revista de fofocas para se distrair. Contudo a notícia na capa logo chamava mais a atenção do que a pergunta anterior e, impressionado, o aspirante a cadete mostrava a revista para o outro. A notícia da gravidez da Angélica se apresentava uma surpresa para Adryan, porém o jovem que queria ser Stylist mirava o outro com a sobrancelha erguida, parecendo muito familiarizado com a reportagem.

- Essa revista já tem dois meses.

A fala deixava Adryan ainda mais surpreso. A vida na fazenda, aparentemente, lhe distanciara de algumas noticias intrigantes. O tic tac do relógio de repente ecoava na mente do aspirante, ritmado com o lixar de unhas da secretaria da comandante.

- Quer saber o que é mais impressionante nisso tudo? - O outro começava após uns minutos de silêncio, recobrando a atenção de Adryan. O desconhecido se debruçou para mais perto, exigindo ao aspirante a cadete que fizesse o mesmo e, com um sussurro, revelou algo que mais parecia um segredo do que uma noticia pública. - O médico é o pai desse também.

O outro ouvia o comentário sobre a PokéNews, constantemente presa por invadir lugares que não devia a fim de obter mais informações. A vontade de proteger sua ídolo de repente muito visível nos olhos do outro aspirante. Contudo, antes de responder, o outro aguardou o comentário de Adryan sobre se informar e sobre a relação da comandante e do médico.

- Não sei dizer o que é pior... Você sabe que o antigo comandante ficou paralitico após uma missão, não é? Dizem que ele foi atingido nas costas e nem mesmo o dr. Gregory conseguiu reverter a situação. - Ele encerrava, ficando quieto por alguns segundos e voltando a falar antes que Adryan fizesse algum comentário. - E sobre a comandante... O que intriga é que ambos alegam não ter nenhuma relação em várias reportagens.

O vento frio ainda entrava pela janela, arrepiando todos os aspirantes. O terceiro aspirante saia da sala. Faltavam somente dois para Adryan ser chamado e poder tentar realizar seu teste. Um dos que faltavam era justamente o garoto com quem conversava e, até o momento, nenhum dos que realizara o teste fora aprovado. Situação preocupante...

Apesar do assunto pouco convencional, os dois aspirantes estavam muito distraídos e animados com a conversa. O frio que invadia o ambiente gelava a pele de Adryan, porém isto tinha menor importância no momento. O terceiro aspirante se retirava da sala da comandante e a dupla não reparava.

- Nem me fala. Ouvi dizer que a pequena Yasmin é a coisinha mais fofa e graciosa que esta cidade já viu. - O outro comentava sonhador, como se estivesse falando de um ursinho de pelúcia.

Adryan refletia na fama que rondava mãe e filha, ficando curioso sobre como a famosa por sua exigência e rigorosidade Angélica Thompson criou uma menina conhecida por sua ingenuidade e inocência e ainda ascender ao posto de comandante incrivelmente jovem... A morena com quem logo falaria era no mínimo peculiar e intrigange...

- Hey! - Os pensamentos do aspirante a cadete são detidos pelo jovem ao seu lado que tinha em mãos uma bolinha de papel arremessada pela secretaria de Angélica.

- Último aviso moleque. É a sua vez.

Claramente nervoso, o jovem cujo nome Adryan ainda desconhecia pediu que o outro lhe desejasse sorte e sumiu na sala de Angélica. O próximo seria o jovem garoto do interior... De repente a expressão borboletas no estômago fazia muito sentido...

Adryan observava o relógio na parede, marcando o tempo que deslizava por seus dedos, misturando-se a lembranças. Um segundo. O ataque dos Liepards. Dois Segundos. A morte de seu avô. Três segundos. O sequestro. Quatro segundos. O sonho de se tornar um cadete. Cinco segundos. A Persian de Angélica lhe derrubando...

Sua vida parecia correr, encaixando-se em poucos segundos. Emoções, medos e sonhos que não seria capaz de descrever em muitas horas, voavam atrás de seus olhos, como se o tempo nada representasse para eles.

A secretaria da comandante ignorava a presença do aspirante, parecendo mais entretida em lixar suas unhas. Os segundos seguiam correndo, acompanhados pelas memórias. O vento frio continuava invadindo o ambiente, parecendo atraído pelas diversas borboletas que dançavam no estômago do aspirante. Os segundos ainda corriam, lentamente transformando-se em minutos. A porta seguia fechada.

Adryan se deixava levar pelos sons que invadiam a sala de espera carregados pelo vento e pelo ritmo criado pelo lixar de unhas da secretaria, permitindo-se a cantar uma música que gostava. Apesar do tom de voz baixo, o aspirante se entregava a letra, sentindo as palavras dançarem em sua língua, cada uma com um gostinho especial para o moreno.

A distração do aspirante era tanta, que o mesmo já não se importava com o vento frio que o rodeava. A jaqueta puxada até a altura do queixo fornecia todo o abrigo que necessitava. Entretanto o aspirante também não percebia o fim do som da lixa da secretaria ou o silêncio que dominava a sala de espera, desafiando sua voz a se calar. Quando a música acabou, o jovem ficou parado, mirando a cidade de Nyender pela janela entreaberta. As nuvens escuras que ainda reinavam o céu, com seus raios que corriam coloridos e ameaçavam o retorno da chuva. Pessoas aproveitavam a trégua para saírem dos prédios e rumarem para seus destinos o mais rápido que suas pernas eram capazes de correr.

Após alguns segundos olhando a cidade, o garoto sentiu uma presença forte lhe mirando e, para sua tristeza, quando virou o rosto, se deparou com o olhar da Comandante. Angélica estava em frente sua porta com a expressão séria e indiferente. Persian a seu lado não rosnava, porém exibia as presas brancas. A secretaria estava em pé, com uma agenda em mãos, esperando a ordem para começar a falar sobre os compromissos da morena. Naquele momento, Adryan pode perceber que a gestação da mulher começava a pressionar o uniforme. Em alguns meses seria possível visualizar claramente.

O outro garoto, com quem Adryan conversara até pouco tempo, estava atrás da Comandante, aguardando espaço para sair do prédio. A julgar pelo olhar marejado, havia sido reprovado pela mulher. O aspirante a cadete pensou em fazer algum comentário, contudo antes que pudesse, a comandante se afastou com a agenda em mãos, sendo seguida por Persian e a secretaria. O outro se retirou do lugar, sem nem ao menos se despedir, obviamente optando por ficar sozinho.

Adryan respirou fundo, contudo logo reuniu a coragem e passou a seguir a comandante também. Ela havia dito que ele poderia realizar o teste depois de 5 outros candidatos... Portanto era sua vez por direito. O jovem seguia a dupla, aparentemente sendo ignorado por elas e pela felina, por inúmeros corredores. O aspirante nem ao menos tinha certeza de que conseguiria se localizar de volta para a sala de espera se fosse ordenado. No entanto logo Adryan percebeu que a comandante sabia de sua presença e que o mesmo fizera certo ao segui-la. Por outro lado, Adryan sentia-se dominado por um mau pressentimento.

- Cornélios!

A voz melodiosa e rigorosa soava repentinamente, chamando a atenção de todos na sala em que entraram. Um pequeno Meowth passou a pular sobre os pés da mulher, querendo brincar, até que a Persian o pegou pelo pescoço, carregando-o como se fosse seu filhote. Dos três cadetes que estavam na sala, um se aproximou, batendo continência. No momento em que viu os olhos negros do homem forte a frente, Adryan sabia que ele era a criatura mais perigosa e letal que já vira em sua vida. O aspirante se sentia frente a frente com a própria morte e não com um oficial da lei e protetor da justiça, isso que Cornélios nem ao menos havia lhe dirigido o olhar.

- Leve-o com você e teste.

Aparentemente Angélica não era influenciada pela presença do homem que parecia lhe obedecer. Contudo, quando o olhar de Cornélios caiu sobre Adryan, o jovem soube que sua existência seria facilmente apagada se o outro assim o desejasse.

- Sim comandante!

Ele respondia ainda batendo continência, para logo depois se afastar e pegar uma pokébola nas prateleiras. Enquanto Cornélios depositava sua arma em uma gaveta, claramente acreditando que ela não seria necessária (decisão que Adryan sentia ser verdadeira, já que o homem parecia ainda mais ameaçador sem a dita arma), Angélica se retirava, sendo acompanhada dessa vez somente por Persian, que ainda carregava o Meowth, e pela secretaria. Adryan ficou, mirando o homem e tentando entender o motivo de seu teste ter sido repassado para Cornélios.

Adryan torcia para não cometer erros e logo e apresentava com uma continência. Contudo Cornélios não esboçou nenhuma reação. O capitão mais temido de todo continente, que boatos alegavam agir sem o consentimento da comandante, o observava com seus olhos vazios e negros. Sem dizer uma palavra, a Estrela Sombria lançou uma esfera para Adryan e passou a andar pelo corredor que o aspirante percorreu para chegar até a sala. Por pouco a esfera não caiu no chão e Adryan se controlou para não liberar o Pokémon, mas sim seguir o homem.

Na entrada da Academia, o jovem percebia que seu teste seria prático, ao invés de escrito. Se isso era melhor ou pior, ele ainda não tinha certeza. Cornélios andava na frente, vestindo o paletó de seu uniforme, onde as 5 estrelas brilhavam em seu braço, pouco acima do brasão cadete.

- Vou deixar uma coisa bem clara. Você só está fazendo esse teste porque nossa Comandante tem o inexplicável hábito de conceder a chance de pelo menos tentar. - Cornélios começou e Adryan descobriu que preferia quando o homem ficava quieto. Por algum motivo a voz dele era mais assustadora do que seu silêncio. - Não espere a mesma misericórdia de mim.

As poucas palavras eram claras e Adryan descobria que estava agradecido pelo fato de não ser Cornélios o comandante. Angélica de repente parecia mais humana do que o ser a sua frente. O jovem aspirante reparava que Cornélios andava em linha reta, jamais tendo de desviar de qualquer outra pessoa. Pelo contrário. Os cidadãos se retiravam do caminho do oficial, afastando-se e abaixando a cabeça. O céu estava negro, ameaçando devolver o temporal. O vento era frio e invadia a roupa do aspirante. A pokébola com um Pokémon que ainda não conhecia pesava em seu bolso. A ansiedade em saber como seria testado lhe apertando o coração.

A visão das pessoas desviando de Cornélios evidenciava ainda mais o perigo que o homem representava, enervando o interior de Adryan. O jovem do interior mantinha o roto erguido, tentando parecer digno para o capitão a sua frente que, no entanto, nem ao menos o olhava nos olhos. A aura negra que o envolvia era intimidadora.

Sem dizer uma única palavra, Cornélios entrou em prédio, sendo seguido de perto por Adryan. O dono do estabelecimento não tentou barrar a entrada do capitão que, sem pedir autorização, subiu até o terceiro andar, posicionando-se próximo a uma janela e analisando o movimento abaixo.

- Um informante avisou de um possível ataque à delegacia hoje. - Cornélios começou, apontando para a delegacia. Do prédio que Adryan estava, era possível ver a parte superior do prédio há 2 quadras de distância em linha reta. - Irei intercepta-lo. Sua missão é impedir que qualquer criminoso fuja por este lado. Se falhar, estará reprovado.

Sem mais informações, Cornélios se retirou do lugar, deixando Adryan sozinho. Após olhar em volta, o aspirante a cadete percebeu que estava em um quarto usado como depósito. Diversas caixas estavam empilhadas pelo ambiente e nenhuma cadeira a vista. Ficaria sozinho por só Arceus saberia quanto tempo. A pokébola ainda pesando em seu bolso.