Nico's Notes
2 participantes
Página 1 de 1
Nico's Notes
Caderno de Anotações do Nico
Se você está lendo isso é porque mexeu nas minhas coisas, então largue o caderno agora ou sofrerá as consequências perante o grande Gunter. Ass, Nicolas Cannon. |
Espaço dedicado a construção de textos fictícios e a arranjos de possíveis apresentações teatrais.
Pag. 2 — O Velho Pérola fechado para publicação
Pag. 3 — A Lenda de Malu: O Legado de Lugia - Livro Um em andamento
Pag. 4 — Cartas para Meloetta publicado!
Pag. 5 — A noite dos ossos publicado!
Pag. 6 — Pânico em Elektrowni publicado!
Pag. 7 — Blue is the new black publicado!
Pag. 8 — A queda do último floco publicado!
Pag. 9 — Apaixonada por um criminoso publicado!
Pag. 10 — All I Ask fechado para publicação
Pag. 2 — O Velho Pérola fechado para publicação
Pag. 3 — A Lenda de Malu: O Legado de Lugia - Livro Um em andamento
Pag. 4 — Cartas para Meloetta publicado!
Pag. 5 — A noite dos ossos publicado!
Pag. 6 — Pânico em Elektrowni publicado!
Pag. 7 — Blue is the new black publicado!
Pag. 8 — A queda do último floco publicado!
Pag. 9 — Apaixonada por um criminoso publicado!
Pag. 10 — All I Ask fechado para publicação
copyright 2013 - All Rights Reserved for Lari
Última edição por Mathito em Sex 04 Nov 2016, 15:53, editado 5 vez(es)
Mathito
Re: Nico's Notes
O velho pérola
Conto: #001
A tarde não seria das melhores. E eles avisaram.
O barco de pesca do senhor Nicolau talvez não fosse aguentar mais um dia naquele vasto mar. Ou talvez fosse. Que humano pode prever o poder da natureza? Era o que Nicolau pensava e sempre dizia, nenhum.
O S.S. Pérola não era dos maiores nem ao menos sofisticado. O barco era de porte médio e abrigava o capitão e um ou dois serventes no máximo. Nicolau era velho e já tinha passado por coisas que muitos não acreditavam e insistiam em duvidar de sua sanidade. O velho, entretanto, não dava a mínima importância para o que as “maricas de terra firme” pensavam. Seu único e verdadeiro amor era o mar.
— Vamos logo seus preguiçosos. Aqueles finneon não pularão na rede de boa vontade – gritou o velho já cedo da manhã para seus empregados. – Não pago vocês para dar palpite e sim pra trabalhar!
Como se ele pagasse mais que uma refeição e 8% da pesca para cada um dos dois ajudantes que tinha. O fato era que os preguiçosos a qual o senhor Nicolau se referia estavam em dúvidas quanto a entrar no mar com uma previsão de temporal, contudo, ainda era o emprego deles. Jasão, um rapaz baixinho de cabelos loiros e lentes grossas para sua miopia e estigmatismo, ajudava com algumas redes enquanto Perceus, jovem alto próximo dos vinte de pele morena e olhos verdes, cuidava das velas e ajudava com alguns barris de iscas.
Quando estava tudo pronto para sair Perceus foi até o velho que estava na proa do pequeno navio namorando a embarcação e chamou por sua atenção de forma mais humilde que conseguia.
— Sr. Nicolau - e então o velho se voltou à ele com sua expressão rabugenta, mas permitindo que continuasse - se o senhor quiser partir o barco já está pronto, só que os bons estudiosos disseram que não é um bom dia para pesca. Veja só! Não há nenhuma embarcação à vista!
O moreno apontou para a imensidão afora perdendo em seguida o interesse do capitão do navio.
— Marujo, saia do meu barco.
Perceus ficou perplexo. Por mais que não gostasse de seu emprego estava com Nicolau havia mais de sete meses se aventurando com o senhor taxado de louco pela baía onde sempre atracava o velho Pérola.
— Mas senhor... - ele tentou retrucar antes de ser interrompido por um berro seguido de uma ação brusca do capitão.
Entendendo o recado, Perceus achou melhor ir e conversar depois. Nicolau varreu o convés com seus olhos atrás do outro e quando o encontrou ouvindo a conversa tratou logo de perguntar:
— Quer ir com ele? Se sim, ande logo na prancha que não tenho o dia todo!
Jasão queria muito, mas não tinha outra escolha se não ficar. A comida era o sustento que colocava em casa semanalmente e a família contava com o adolescente. Logo, o S.S. Pérola partia em aventura por alto mar com previsão de tempo ruim com três passageiros à bordo. Sr. Nicolau, Jasão e um clandestino que estava curioso com o andar da história.
Com o céu aberto e o mar tranquilo, o barco velejava com o bom vento que estimulava a pesca. Nicolau estava na popa com um sorriso besta no rosto até que soltou uma gargalhada, podendo ser considerado louco pelos tripulantes por fazer uma coisa dessas do nada. Ele logo explicava o por quê.
— Esses maricas se acham Arceus querendo especular sobre o clima! - ele puxou um catarro e cuspiu no mar. - Tolos! Todos eles! Principalmente os frescos que deram ouvidos.
Ele gargalhava uma última vez e chamava pelo nome de Jasão e entregava a direção para o loiro. O pedido para manter o timão em trinta graus à bombordo era respeitado com os braços gordos rígidos parecendo que tinham sido congelados ao objeto de controle. Era notório que o adolescente sentisse tensão ao pilotar o barco pela primeira vez sem supervisão. Geralmente fazia com o auxílio de Perceus. Agora, sozinho, ele tinha de manter a direção e ainda prestar atenção nos outros detalhes visto que era o único encarregado de tudo.
Nicolau foi para a ponta da proa mais uma vez. Queria sentir a brisa mais forte bater no rosto. O uniforme de comandante branco com detalhes azuis portava algumas medalhas de honra que diziam ele mesmo ter feito. O velho manteve a pose ereta e os olhos no horizonte. Foi assim até ouvir algo incoerente com o navio e desviar o olhar para trás percebendo um movimento estranho na embarcação. Ele virou de costas para o mar e percorreu os olhos por todo o convés. Sua intuição já tinha revelado que havia um clandestino no S.S. Pérola, mas ainda estava em dúvida para identificar onde. Eis que tirou uma vassoura do descanso e a arremessou na direção da entrada para o andar abaixo. Como se tivesse acertado um balão d'água invisível, um líquido explodiu e se espalhou por todo o convés principal. Nicolau foi até a ponta de entrada e percebeu que a presença que sentia não era humana. Ele pegou a vassoura e desceu uma pequena escada, esta também úmida, e vasculhou o primeiro quarto, depois a cozinha e então seu escritório. De todos, o último era o que tinha uma pegada marcada pela umidade. O velho Nicolau empurrou a porta e ouviu a dobradiça ranger. Como se já esperasse, um muco branco acertou o rosto do velho e um vulto passou correndo escadas a cima. A mucosa era tão grudenta que demorou para soltar mesmo com a força que era exercida sobre ela. Contudo, o tempo que teve foi o suficiente para a substância grudar nos pelos do rosto do velho, tirando consigo uma grande quantidade da barba e dos pelos nasais. Por culpa do intruso aquele senhor estava com falhas grotescas na face - não que fosse bonito antes -, mas todo o contexto deixou ele enraivecido. Ao subir para o convés, Jasão gritava pelo comandante. Por um segundo Nicolau pensou que seu ajudante tivesse capturá-do o intruso só que se deu conta de que o rapaz apontava para um lugar mais a frente. Sim, era o que procuravam. O cardume de Finneon!
— Marujo, a toda velocidade! - o velho gritou indo para as velas fazer como sua experiência mandava.
A força já lhe esvaia dos braços. A água começava a ficar agitada e eles se aproximavam ainda mais do cardume. A rede baixava e Nicolau gritava por ajuda sendo logo socorrido pelo baixinho de lentes grossas. Com força ele tiveram que segurar a tela entrelaçada e ainda mais para se segurarem na amurada do barco. Pareciam ter capturado uma grande quantidade dos peixes. Puxar a rede para dentro da embarcação foi uma tarefa ainda mais difícil. Somente com quatro braços, os homens cooperarem como se fossem um só gigante só. Mestre e aprendiz suaram para concretizar tal feito. Ao final, quando trouxeram o último peixe-borboleta, o mar ficou mais agitado. Os ventos estavam mais fortes, mas não era isso que preocupou Nicolau.
O velho que antes tinha um sorriso por causa da boa pescaria agora tinha uma preocupação com algo no mar. Mais uma vez ele sentia que aquilo estava prestes a acontecer. Algumas gotas caíam sobre o cap e a roupa, mas não era chuva. O barco tremeu até parar e jogar Jasão o outro lado da proa. Mais a frente, a figura de uma serpente do mar enorme se erguia bem junto ao transporte. Este ainda levantava água, mas revelava a coloração azul vibrante e as presas para fora demonstrando clara expressão de descontentamento. Estava mais para raiva percebendo o cenho arqueado. Então vinha a certeza quando este fitou os Finneon na superfície da embarcação e rugiu tão alto que Nicolau teve que tapar os ouvidos. Aquele Gyarados fez todo o navio tremer mais uma vez, mas agora o velho tinha certeza de que ele tinha danificado alguma coisa, mas torcia para que tivesse sido apenas o casco.
— Vá embora, besta! - esbravejava o senhor, tentando soar mais alto que o rival.
Não gostando da resposta, a cauda do monstro do mar acertou um mastro que caía sobre a perna do loirinho. Jasão fora completamente ignorado por Nicolau, pois a mesma parte vinha para cima do velho na tentativa de golpeá-lo. Então algo acertou a barriga do senhor do Pérola e o jogou contra a amurada direita. Tomando conta do próprio corpo o velho ainda sentia um peso sobre ele. Era um Froakie. O mesmo que invadiu seu escritório, vindo clandestinamente na expedição, o salvara do ataque que podia lhe tirar a vida.
O momento de tensão sobressaia os sentimentos do humano em relação ao pequeno sapo. Este tinha uma coloração mais brilhante que o habitual da espécie. O Froakie se virou logo contra o velho e na direção do gigante avançou com a palma da mão emanando uma energia em tom azul que logo se revelava numa esfera e foi lançada no rosto do oponente, explodindo em milhões de partículas de água como o que tinha ocorrido antes com a vassoura. Aquele era um estranho uso de um Pulso de Água visto que Gyarados também era do mesmo tipo, mas logo era entendido a intenção do "aliado". O Froakie tinha sumido e a explosão de água tinha sido apenas uma distração. De baixo, Nicolau via uma silhueta percorrendo o mastro e já na parte mais alta ele saltava indo de encontro com o rosto confuso e enfurecido da serpente do mar. A Camuflagem foi a tática com que o Pokémon se infiltrou no navio e que estava utilizando para e aproximar do adversário. Nicolau não sabia ainda a real intenção do sapo, mas não reclamou até então a ajuda dele. Lá encima, outro estrondo foi ouvido. Desta vez o Gyarados sentiu-se ameaçado, ao menos assim Nicolau pensou, pois o gigante largou do barco e mergulhou um pouco na água tentando suportar o golpe que recebera. Foi neste exato momento que o velho se desligou da batalha e voltou a posição de comandante e gritou por Jasão.
— Marujo, levante e dê meia volta! RÁPIDO!!!
Sua voz poderia parecer controlada, mas seus ânimos queriam xingar Arceus e o mundo. Como ele estava no convés, fez o trabalho de mexer com as velas e puxar a rede de pesca para um lado só da embarcação. Enquanto sentia o barco dando uma virada, via o gigante azul se erguendo e rugindo para um pontinho no alto do barco. Por um instante Nicolau pensou em subir lá e tacar o Froakie como oferenda para o Gyarados, mas relevou pelo anfíbio ter salvado sua vida. Em contra partida, a opção ainda não tinha sido descartada.
Jasão estava no timão. Ninguém percebeu até então, mas ele estava sangrando. A perna do loiro devia ter sofrido alguma fratura, pois a pele fora lhe tirado fora. Como estava lutando para sobreviver, o sangue devia ter esquentado e dado forças para cumprir o ordenado.
— Ele está atrás dos peixes!
Mas é claro que estava. Não havia motivos para um dragão atacar com tamanha raiva.
Com toda a agitação, Gyarados imergiu e subia na imensidão azul, reaparecendo metros a frente da nova direção e rugia igualmente feroz. Eles precisavam de um plano. E ao que parecia o Froakie tinha um. Agora o sapo estava ao lado de Nicolau e apontava para o lençol da vela. De forma rápida ele pegava um pedacinho da mucosa no pescoço e encenava a mão a ideia que tinha. Ao final olhou para o velho aguardando aprovação.
Enquanto eles agiam o Gyarados se mantinha forte na frente da embarcação. Jasão suava sem saber o que fazer. O barco começava a balançar e o ajudante começou a sentir o vento mudar e então gotas caindo das nuvens. Ele não queria acreditar. O senhor do Pérola estava ocupado, mas não tanto a ponto de ignorar o estrondo forte que ribombou acima de suas cabeças. Ele olhava para a serpente e colocava a culpa no Pokémon podendo ser uma simples Dança da Chuva. Olhando melhor, ele pensou que não era tão simples assim.
A dupla formada por Nicolau e Froakie já tinham colocado a vela na posição quando uma onda atingiu o barco varrendo o convés e quase levando o velho para o mar. Depois disso uma forte pancada estremeceu o Pérola e fez com que Jasão soltasse o timão. Froakie parecia mais agitado como se não aceitasse uma morte assim. Ele gritou com o velho que pareceu entender e tomou sua posição. Correndo pela amurada o sapo usava de uma técnica de clonagem e deixava aposto uma penca de ajudantes. Quando o original também se posicionou, junto, todos soltaram uma Cortina de Fumaça que parecia criar uma barreira escura ao redor do navio, confundindo o selvagem. Este rugiu mais alto e o som do mergulho foi ouvido por eles junto de mais uma nova onda forte que pegou a embarcação. A chuva não cessava e o mar parecia ficar ainda mais agitado, mas não era só isso. De repente o navio começou a tomar outra direção em um movimento circular. A fumaça produzida pelos Froakies foi ficando para trás e abrindo a visão para o que se formava ao entorno deles. O Gyarados estava tramando algo grande. Um Redemoinho!
A dimensão do plano circular era imensa. Do olho às bordas parecia ter no mínimo um raio de dezoito metros. O Dragão estava submerso no movimento rotatório e não parecia ter a intensão de parar. O navio começou a inclinar. Jasão estava paralisado e tinha urinado no uniforme.
— Mãe, socorro... - ele clamava baixinho na posição estática em que se encontrava para não ser arremessado para o mar.
Nicolau só conseguia pensar numa coisa. Como não tinha previsto aquilo? E ele não se referia à serpente. Era o outro monstro que surgia negro e tempestuoso acima de suas cabeças, rimbombando trovões e soprando ventos com um uivo em bom som. Ele sentia pelo barco e muito. Sua vida era resumida nas histórias que passara com ele. O velho viu, naquele instante, toda sua vida passar diante de seus olhos como uma lembrança de aroma fresco. O Froakie, àquela altura, já era apenas um e esperava reação do capitão, assim como o pobre baixinho. Eis que um trovão acertou o mastro de uma das velas e fez com que todos perdessem a visão momentaneamente por conta do clarão. Quando o sentido voltou, o senhor não estava mais de pé no convés. A madeira tinha caído num movimento diagonal empurrando alguns barris e o homem para o mar num golpe forte, capaz de tirar-lhe a consciência.
Agora, sem poder respirar e nem ao menos se despedir do amor de sua vida, Nicolau tinha uma visão de baixo de seu maior bem sendo destruído por um qualquer. Ele se culpava. Se não tivesse sido tão duro, talvez não estivesse em apuros. A visão do casco de madeira começava a ficar turva e ele a afundar depressa até tudo ficar no breu.
A sensação de estar submerso e sufocando sem ar na esperança de um milagre era triste. Nunca sentira tanta pena de si mesmo. Então via a água começando a entrar nos pulmões. Ele tentou parar. Mas não conseguia. A situação ficou ainda mais agoniante e ele desejava logo a morte. Se um dia ele tivesse de morrer, que fosse nas mãos cruéis do mar.
O que aconteceu a seguir não parecia mais real. Em sua mente ele viu uma pérola perfeita. Branca e esférica. E dela, uma voz feminina cantarolava uma canção somente com vogais. O coro foi tomando cor e a imagem na mente do velho ficou rosada e então tomou um brilho maior. Ele tentou alcançar o que tentava cegá-lo. Seus membros não respondiam mais. Então a luz se aproximou de forma muito veloz como se fosse matá-lo de uma vez até que se extinguiu por inteiro e foi tudo breu uma novamente. Só que a voz continuava lá. Ela cantava como um anjo.
Nicolau já não respondia mais. Contudo, seu corpo foi impulsionado para cima por um Pulso de Água forte que o colocou de volta na rota do redemoinho, mas, antes que ele se perdesse ali no meio, uma forma em espiral topou conta de seu corpo e o cuspiu com velocidade do mar.
— Sr. Nicolau! - gritou Jasão, ainda preocupado, tentando tirar a embarcação do caminho ao centro sem sucesso algum.
O Froakie também avistava o velho, mas não conseguia crer. Ele estava suspenso no meio de um redemoinho no mar dentro de um outro redemoinho que se estendia na vertical. Por mais que a cena fosse impossível, o sapo foi até a borda mais próxima e atirou sua mucosa até alcançar o homem em alto mar para que pudesse puxá-lo de volta. Assim que o fez, o que antes se estendia na vertical não existia mais e o enorme espiral no mar estava perdendo sua força, o que não era nem um pouco tranquilizador. Havia uma pergunta que se passava tanto na mente de Jasão quanto na de Froakie. O que estava acontecendo lá embaixo?
Enquanto o mar se acalmava na medida do possível, os dois tripulantes do S.S. Pérola tentavam socorrer aquele homem que tinha engolido tanta água salgada que já poderia estar morto. Ver ou outra a embarcação era atingida por uma onda que os encharcavam ainda mais. Entretanto, foi depois de um grande baque que o Gyarados saltou para fora d'água. Froakie franziu o cenho e já estava pronto para atacar quando viu uma outra serpente, igualmente enorme, mas de coloração rosa atrelada ao outro com a boca que era uma espécie de espada, encravada no dorso do dragão que sangrava e urrava de dor. Em segundos isto acontecia e em outra fração de tempo eles retornavam para o fundo, provavelmente para terminar o que um iniciou.
— Froakie, aquilo era um Gorebyss? - gritou Jasão questionando o sapo enquanto fazia massagem no peito do velho que não respondia - Está explicado porquê o redemoinho está parando. Eles são conhecidos como as sereias do mar. Elas são muito raras e assim como bonitas, elas são cruéis. Eu só não entendo a ligação deles dois.
O rapaz se referia ao senhor do Pérola e ao Pokémon mencionado.
Nicolau já estava para passar de cinco minutos desacordados quando esboçou um sinal de vida. Tossiu uma vez e cuspiu água. Jasão sorriu e continuou fazer mais forte a massagem mesmo que não sentisse seus músculos. O velho cuspiu mais água até que conseguiu sentar e vomitou um pouco.
— Q-que sujeira... lim-pe o convés marujo... - reclamou de forma fraca e baixa sr. Nicolau que o loiro conhecia. Se este não achasse que seria jogado para o mar, teria o abraçado. - O que aconteceu?
O velho ainda se recuperava quando ambos tentaram contar o que estava se desenrolando lá embaixo. Por mais que fosse difícil de acreditar aquele senhor sentiu a evolução do Clamperl que veio ao seu chamado em forma de Gorebyss. Ela tinha ajudado, mas estava dando sua vida pela dele e isto o experiente não conseguia tolerar.
— Tenho uma ideia. Tentem atraí-los para cima que já volto. - disse ele mal conseguindo ficar de pé, mas seguia para dentro da cabine atrás do que quer que fosse.
A chuva continuava intensa junto do céu negro e os estrondo rimbombando entre as nuvens. O mar reagia conforme a luta ia se desenrolando entre as serpentes marinhas. Gorebyss tinha agora marcas grande da mandíbula do azulão na expensão de seu corpo. Em troca, o rival estava todo cortado e não possuía mais um dos olhos. O ajudante junto do sapo clandestino não podia fazer muito mais do que gritar para a sereia que o velho Nico tinha um plano e precisava deles a vista. Em meio a distrações ela ganhava novas marcas de mordidas e mais sangue era derramado naquelas águas. A coitada já não aguentava mais. Recém evoluída ainda não tinha se acostumado com o novo corpo e mesmo assim defendia a honra de uma tripulação. Ela não entendia o motivo deles estarem parados. Por que não iam embora e se salvavam?
Naquele momento, todos os presentes ouviram o choro de lamentação de Gorebyss vindo como uma canção. Era melancólico e fazia com que todos quisessem voltar para suas conchas. O único que não se tocava com o som da rosada era o mesmo que almejava sua carne. Numa investida, Gyarados erguia Gorebyss no ar com ela presa entre os dentes. Ele a jogou para cima na esperança de quebra-la ao meio na queda. Ele só não imaginava que viraria alvo de um arpão antes disto acontecer. Era esse o plano de Nicolau. Ele só não pôde fazer antes por conta da distração e só tinha um tiro. O pesadelo aparentava ter tido fim e o Sol queria aparecer no meio de tanta escuridão. O monstro azul caiu para o lado, mas não afundou, pois estava preso no navio e seria comercializado no lugar dos Finneon. Contudo, a preocupação dele estava para com a outra.
— Marujo, - referiu ele ao Froakie - me leva até ela.
Passar pelo entorno de Gyarados era desconfortável, mas chegar até Gorebyss que respirava de forma tão pesada que era difícil até mesmo para um marinheiro experiente como o velho, aguentar sem se comover. O clima já estava estável, mas naquele pedacinho do mar choveu um pouco mais.
Jasão chegava no porto da cidade aguardando a boa notícia que Perseus comentou com ele. O velho Nicolau, na volta da aventura, danificou muito o S.S. Pérola com o peso do Gyarados e os acontecimentos anteriores. Os que entendiam de barcos avisaram que era melhor vender e comprar outro ou então contratar uma equipe para consertar os estragos. Mesmo contrariado, o velho acabou sedendo e com o dinheiro que conseguiu com a venda do "pescado" o Pérola foi para o conserto.
Cruzando alguns navios conhecidos no cais, o loiro encontrou o Froakie amigo por ali que o acompanhou até o melhorado Pérola II. Na proa, a imagem de anjo tinha destaque. Era a Gorebyss. A partir de sua estreia guiaria-os com segurança mar adentro.
O barco de pesca do senhor Nicolau talvez não fosse aguentar mais um dia naquele vasto mar. Ou talvez fosse. Que humano pode prever o poder da natureza? Era o que Nicolau pensava e sempre dizia, nenhum.
O S.S. Pérola não era dos maiores nem ao menos sofisticado. O barco era de porte médio e abrigava o capitão e um ou dois serventes no máximo. Nicolau era velho e já tinha passado por coisas que muitos não acreditavam e insistiam em duvidar de sua sanidade. O velho, entretanto, não dava a mínima importância para o que as “maricas de terra firme” pensavam. Seu único e verdadeiro amor era o mar.
— Vamos logo seus preguiçosos. Aqueles finneon não pularão na rede de boa vontade – gritou o velho já cedo da manhã para seus empregados. – Não pago vocês para dar palpite e sim pra trabalhar!
Como se ele pagasse mais que uma refeição e 8% da pesca para cada um dos dois ajudantes que tinha. O fato era que os preguiçosos a qual o senhor Nicolau se referia estavam em dúvidas quanto a entrar no mar com uma previsão de temporal, contudo, ainda era o emprego deles. Jasão, um rapaz baixinho de cabelos loiros e lentes grossas para sua miopia e estigmatismo, ajudava com algumas redes enquanto Perceus, jovem alto próximo dos vinte de pele morena e olhos verdes, cuidava das velas e ajudava com alguns barris de iscas.
Quando estava tudo pronto para sair Perceus foi até o velho que estava na proa do pequeno navio namorando a embarcação e chamou por sua atenção de forma mais humilde que conseguia.
— Sr. Nicolau - e então o velho se voltou à ele com sua expressão rabugenta, mas permitindo que continuasse - se o senhor quiser partir o barco já está pronto, só que os bons estudiosos disseram que não é um bom dia para pesca. Veja só! Não há nenhuma embarcação à vista!
O moreno apontou para a imensidão afora perdendo em seguida o interesse do capitão do navio.
— Marujo, saia do meu barco.
Perceus ficou perplexo. Por mais que não gostasse de seu emprego estava com Nicolau havia mais de sete meses se aventurando com o senhor taxado de louco pela baía onde sempre atracava o velho Pérola.
— Mas senhor... - ele tentou retrucar antes de ser interrompido por um berro seguido de uma ação brusca do capitão.
Entendendo o recado, Perceus achou melhor ir e conversar depois. Nicolau varreu o convés com seus olhos atrás do outro e quando o encontrou ouvindo a conversa tratou logo de perguntar:
— Quer ir com ele? Se sim, ande logo na prancha que não tenho o dia todo!
Jasão queria muito, mas não tinha outra escolha se não ficar. A comida era o sustento que colocava em casa semanalmente e a família contava com o adolescente. Logo, o S.S. Pérola partia em aventura por alto mar com previsão de tempo ruim com três passageiros à bordo. Sr. Nicolau, Jasão e um clandestino que estava curioso com o andar da história.
Com o céu aberto e o mar tranquilo, o barco velejava com o bom vento que estimulava a pesca. Nicolau estava na popa com um sorriso besta no rosto até que soltou uma gargalhada, podendo ser considerado louco pelos tripulantes por fazer uma coisa dessas do nada. Ele logo explicava o por quê.
— Esses maricas se acham Arceus querendo especular sobre o clima! - ele puxou um catarro e cuspiu no mar. - Tolos! Todos eles! Principalmente os frescos que deram ouvidos.
Ele gargalhava uma última vez e chamava pelo nome de Jasão e entregava a direção para o loiro. O pedido para manter o timão em trinta graus à bombordo era respeitado com os braços gordos rígidos parecendo que tinham sido congelados ao objeto de controle. Era notório que o adolescente sentisse tensão ao pilotar o barco pela primeira vez sem supervisão. Geralmente fazia com o auxílio de Perceus. Agora, sozinho, ele tinha de manter a direção e ainda prestar atenção nos outros detalhes visto que era o único encarregado de tudo.
Nicolau foi para a ponta da proa mais uma vez. Queria sentir a brisa mais forte bater no rosto. O uniforme de comandante branco com detalhes azuis portava algumas medalhas de honra que diziam ele mesmo ter feito. O velho manteve a pose ereta e os olhos no horizonte. Foi assim até ouvir algo incoerente com o navio e desviar o olhar para trás percebendo um movimento estranho na embarcação. Ele virou de costas para o mar e percorreu os olhos por todo o convés. Sua intuição já tinha revelado que havia um clandestino no S.S. Pérola, mas ainda estava em dúvida para identificar onde. Eis que tirou uma vassoura do descanso e a arremessou na direção da entrada para o andar abaixo. Como se tivesse acertado um balão d'água invisível, um líquido explodiu e se espalhou por todo o convés principal. Nicolau foi até a ponta de entrada e percebeu que a presença que sentia não era humana. Ele pegou a vassoura e desceu uma pequena escada, esta também úmida, e vasculhou o primeiro quarto, depois a cozinha e então seu escritório. De todos, o último era o que tinha uma pegada marcada pela umidade. O velho Nicolau empurrou a porta e ouviu a dobradiça ranger. Como se já esperasse, um muco branco acertou o rosto do velho e um vulto passou correndo escadas a cima. A mucosa era tão grudenta que demorou para soltar mesmo com a força que era exercida sobre ela. Contudo, o tempo que teve foi o suficiente para a substância grudar nos pelos do rosto do velho, tirando consigo uma grande quantidade da barba e dos pelos nasais. Por culpa do intruso aquele senhor estava com falhas grotescas na face - não que fosse bonito antes -, mas todo o contexto deixou ele enraivecido. Ao subir para o convés, Jasão gritava pelo comandante. Por um segundo Nicolau pensou que seu ajudante tivesse capturá-do o intruso só que se deu conta de que o rapaz apontava para um lugar mais a frente. Sim, era o que procuravam. O cardume de Finneon!
— Marujo, a toda velocidade! - o velho gritou indo para as velas fazer como sua experiência mandava.
A força já lhe esvaia dos braços. A água começava a ficar agitada e eles se aproximavam ainda mais do cardume. A rede baixava e Nicolau gritava por ajuda sendo logo socorrido pelo baixinho de lentes grossas. Com força ele tiveram que segurar a tela entrelaçada e ainda mais para se segurarem na amurada do barco. Pareciam ter capturado uma grande quantidade dos peixes. Puxar a rede para dentro da embarcação foi uma tarefa ainda mais difícil. Somente com quatro braços, os homens cooperarem como se fossem um só gigante só. Mestre e aprendiz suaram para concretizar tal feito. Ao final, quando trouxeram o último peixe-borboleta, o mar ficou mais agitado. Os ventos estavam mais fortes, mas não era isso que preocupou Nicolau.
O velho que antes tinha um sorriso por causa da boa pescaria agora tinha uma preocupação com algo no mar. Mais uma vez ele sentia que aquilo estava prestes a acontecer. Algumas gotas caíam sobre o cap e a roupa, mas não era chuva. O barco tremeu até parar e jogar Jasão o outro lado da proa. Mais a frente, a figura de uma serpente do mar enorme se erguia bem junto ao transporte. Este ainda levantava água, mas revelava a coloração azul vibrante e as presas para fora demonstrando clara expressão de descontentamento. Estava mais para raiva percebendo o cenho arqueado. Então vinha a certeza quando este fitou os Finneon na superfície da embarcação e rugiu tão alto que Nicolau teve que tapar os ouvidos. Aquele Gyarados fez todo o navio tremer mais uma vez, mas agora o velho tinha certeza de que ele tinha danificado alguma coisa, mas torcia para que tivesse sido apenas o casco.
— Vá embora, besta! - esbravejava o senhor, tentando soar mais alto que o rival.
Não gostando da resposta, a cauda do monstro do mar acertou um mastro que caía sobre a perna do loirinho. Jasão fora completamente ignorado por Nicolau, pois a mesma parte vinha para cima do velho na tentativa de golpeá-lo. Então algo acertou a barriga do senhor do Pérola e o jogou contra a amurada direita. Tomando conta do próprio corpo o velho ainda sentia um peso sobre ele. Era um Froakie. O mesmo que invadiu seu escritório, vindo clandestinamente na expedição, o salvara do ataque que podia lhe tirar a vida.
O momento de tensão sobressaia os sentimentos do humano em relação ao pequeno sapo. Este tinha uma coloração mais brilhante que o habitual da espécie. O Froakie se virou logo contra o velho e na direção do gigante avançou com a palma da mão emanando uma energia em tom azul que logo se revelava numa esfera e foi lançada no rosto do oponente, explodindo em milhões de partículas de água como o que tinha ocorrido antes com a vassoura. Aquele era um estranho uso de um Pulso de Água visto que Gyarados também era do mesmo tipo, mas logo era entendido a intenção do "aliado". O Froakie tinha sumido e a explosão de água tinha sido apenas uma distração. De baixo, Nicolau via uma silhueta percorrendo o mastro e já na parte mais alta ele saltava indo de encontro com o rosto confuso e enfurecido da serpente do mar. A Camuflagem foi a tática com que o Pokémon se infiltrou no navio e que estava utilizando para e aproximar do adversário. Nicolau não sabia ainda a real intenção do sapo, mas não reclamou até então a ajuda dele. Lá encima, outro estrondo foi ouvido. Desta vez o Gyarados sentiu-se ameaçado, ao menos assim Nicolau pensou, pois o gigante largou do barco e mergulhou um pouco na água tentando suportar o golpe que recebera. Foi neste exato momento que o velho se desligou da batalha e voltou a posição de comandante e gritou por Jasão.
— Marujo, levante e dê meia volta! RÁPIDO!!!
Sua voz poderia parecer controlada, mas seus ânimos queriam xingar Arceus e o mundo. Como ele estava no convés, fez o trabalho de mexer com as velas e puxar a rede de pesca para um lado só da embarcação. Enquanto sentia o barco dando uma virada, via o gigante azul se erguendo e rugindo para um pontinho no alto do barco. Por um instante Nicolau pensou em subir lá e tacar o Froakie como oferenda para o Gyarados, mas relevou pelo anfíbio ter salvado sua vida. Em contra partida, a opção ainda não tinha sido descartada.
Jasão estava no timão. Ninguém percebeu até então, mas ele estava sangrando. A perna do loiro devia ter sofrido alguma fratura, pois a pele fora lhe tirado fora. Como estava lutando para sobreviver, o sangue devia ter esquentado e dado forças para cumprir o ordenado.
— Ele está atrás dos peixes!
Mas é claro que estava. Não havia motivos para um dragão atacar com tamanha raiva.
Com toda a agitação, Gyarados imergiu e subia na imensidão azul, reaparecendo metros a frente da nova direção e rugia igualmente feroz. Eles precisavam de um plano. E ao que parecia o Froakie tinha um. Agora o sapo estava ao lado de Nicolau e apontava para o lençol da vela. De forma rápida ele pegava um pedacinho da mucosa no pescoço e encenava a mão a ideia que tinha. Ao final olhou para o velho aguardando aprovação.
Enquanto eles agiam o Gyarados se mantinha forte na frente da embarcação. Jasão suava sem saber o que fazer. O barco começava a balançar e o ajudante começou a sentir o vento mudar e então gotas caindo das nuvens. Ele não queria acreditar. O senhor do Pérola estava ocupado, mas não tanto a ponto de ignorar o estrondo forte que ribombou acima de suas cabeças. Ele olhava para a serpente e colocava a culpa no Pokémon podendo ser uma simples Dança da Chuva. Olhando melhor, ele pensou que não era tão simples assim.
A dupla formada por Nicolau e Froakie já tinham colocado a vela na posição quando uma onda atingiu o barco varrendo o convés e quase levando o velho para o mar. Depois disso uma forte pancada estremeceu o Pérola e fez com que Jasão soltasse o timão. Froakie parecia mais agitado como se não aceitasse uma morte assim. Ele gritou com o velho que pareceu entender e tomou sua posição. Correndo pela amurada o sapo usava de uma técnica de clonagem e deixava aposto uma penca de ajudantes. Quando o original também se posicionou, junto, todos soltaram uma Cortina de Fumaça que parecia criar uma barreira escura ao redor do navio, confundindo o selvagem. Este rugiu mais alto e o som do mergulho foi ouvido por eles junto de mais uma nova onda forte que pegou a embarcação. A chuva não cessava e o mar parecia ficar ainda mais agitado, mas não era só isso. De repente o navio começou a tomar outra direção em um movimento circular. A fumaça produzida pelos Froakies foi ficando para trás e abrindo a visão para o que se formava ao entorno deles. O Gyarados estava tramando algo grande. Um Redemoinho!
A dimensão do plano circular era imensa. Do olho às bordas parecia ter no mínimo um raio de dezoito metros. O Dragão estava submerso no movimento rotatório e não parecia ter a intensão de parar. O navio começou a inclinar. Jasão estava paralisado e tinha urinado no uniforme.
— Mãe, socorro... - ele clamava baixinho na posição estática em que se encontrava para não ser arremessado para o mar.
Nicolau só conseguia pensar numa coisa. Como não tinha previsto aquilo? E ele não se referia à serpente. Era o outro monstro que surgia negro e tempestuoso acima de suas cabeças, rimbombando trovões e soprando ventos com um uivo em bom som. Ele sentia pelo barco e muito. Sua vida era resumida nas histórias que passara com ele. O velho viu, naquele instante, toda sua vida passar diante de seus olhos como uma lembrança de aroma fresco. O Froakie, àquela altura, já era apenas um e esperava reação do capitão, assim como o pobre baixinho. Eis que um trovão acertou o mastro de uma das velas e fez com que todos perdessem a visão momentaneamente por conta do clarão. Quando o sentido voltou, o senhor não estava mais de pé no convés. A madeira tinha caído num movimento diagonal empurrando alguns barris e o homem para o mar num golpe forte, capaz de tirar-lhe a consciência.
Agora, sem poder respirar e nem ao menos se despedir do amor de sua vida, Nicolau tinha uma visão de baixo de seu maior bem sendo destruído por um qualquer. Ele se culpava. Se não tivesse sido tão duro, talvez não estivesse em apuros. A visão do casco de madeira começava a ficar turva e ele a afundar depressa até tudo ficar no breu.
A sensação de estar submerso e sufocando sem ar na esperança de um milagre era triste. Nunca sentira tanta pena de si mesmo. Então via a água começando a entrar nos pulmões. Ele tentou parar. Mas não conseguia. A situação ficou ainda mais agoniante e ele desejava logo a morte. Se um dia ele tivesse de morrer, que fosse nas mãos cruéis do mar.
O que aconteceu a seguir não parecia mais real. Em sua mente ele viu uma pérola perfeita. Branca e esférica. E dela, uma voz feminina cantarolava uma canção somente com vogais. O coro foi tomando cor e a imagem na mente do velho ficou rosada e então tomou um brilho maior. Ele tentou alcançar o que tentava cegá-lo. Seus membros não respondiam mais. Então a luz se aproximou de forma muito veloz como se fosse matá-lo de uma vez até que se extinguiu por inteiro e foi tudo breu uma novamente. Só que a voz continuava lá. Ela cantava como um anjo.
Nicolau já não respondia mais. Contudo, seu corpo foi impulsionado para cima por um Pulso de Água forte que o colocou de volta na rota do redemoinho, mas, antes que ele se perdesse ali no meio, uma forma em espiral topou conta de seu corpo e o cuspiu com velocidade do mar.
— Sr. Nicolau! - gritou Jasão, ainda preocupado, tentando tirar a embarcação do caminho ao centro sem sucesso algum.
O Froakie também avistava o velho, mas não conseguia crer. Ele estava suspenso no meio de um redemoinho no mar dentro de um outro redemoinho que se estendia na vertical. Por mais que a cena fosse impossível, o sapo foi até a borda mais próxima e atirou sua mucosa até alcançar o homem em alto mar para que pudesse puxá-lo de volta. Assim que o fez, o que antes se estendia na vertical não existia mais e o enorme espiral no mar estava perdendo sua força, o que não era nem um pouco tranquilizador. Havia uma pergunta que se passava tanto na mente de Jasão quanto na de Froakie. O que estava acontecendo lá embaixo?
Enquanto o mar se acalmava na medida do possível, os dois tripulantes do S.S. Pérola tentavam socorrer aquele homem que tinha engolido tanta água salgada que já poderia estar morto. Ver ou outra a embarcação era atingida por uma onda que os encharcavam ainda mais. Entretanto, foi depois de um grande baque que o Gyarados saltou para fora d'água. Froakie franziu o cenho e já estava pronto para atacar quando viu uma outra serpente, igualmente enorme, mas de coloração rosa atrelada ao outro com a boca que era uma espécie de espada, encravada no dorso do dragão que sangrava e urrava de dor. Em segundos isto acontecia e em outra fração de tempo eles retornavam para o fundo, provavelmente para terminar o que um iniciou.
— Froakie, aquilo era um Gorebyss? - gritou Jasão questionando o sapo enquanto fazia massagem no peito do velho que não respondia - Está explicado porquê o redemoinho está parando. Eles são conhecidos como as sereias do mar. Elas são muito raras e assim como bonitas, elas são cruéis. Eu só não entendo a ligação deles dois.
O rapaz se referia ao senhor do Pérola e ao Pokémon mencionado.
Nicolau já estava para passar de cinco minutos desacordados quando esboçou um sinal de vida. Tossiu uma vez e cuspiu água. Jasão sorriu e continuou fazer mais forte a massagem mesmo que não sentisse seus músculos. O velho cuspiu mais água até que conseguiu sentar e vomitou um pouco.
— Q-que sujeira... lim-pe o convés marujo... - reclamou de forma fraca e baixa sr. Nicolau que o loiro conhecia. Se este não achasse que seria jogado para o mar, teria o abraçado. - O que aconteceu?
O velho ainda se recuperava quando ambos tentaram contar o que estava se desenrolando lá embaixo. Por mais que fosse difícil de acreditar aquele senhor sentiu a evolução do Clamperl que veio ao seu chamado em forma de Gorebyss. Ela tinha ajudado, mas estava dando sua vida pela dele e isto o experiente não conseguia tolerar.
— Tenho uma ideia. Tentem atraí-los para cima que já volto. - disse ele mal conseguindo ficar de pé, mas seguia para dentro da cabine atrás do que quer que fosse.
A chuva continuava intensa junto do céu negro e os estrondo rimbombando entre as nuvens. O mar reagia conforme a luta ia se desenrolando entre as serpentes marinhas. Gorebyss tinha agora marcas grande da mandíbula do azulão na expensão de seu corpo. Em troca, o rival estava todo cortado e não possuía mais um dos olhos. O ajudante junto do sapo clandestino não podia fazer muito mais do que gritar para a sereia que o velho Nico tinha um plano e precisava deles a vista. Em meio a distrações ela ganhava novas marcas de mordidas e mais sangue era derramado naquelas águas. A coitada já não aguentava mais. Recém evoluída ainda não tinha se acostumado com o novo corpo e mesmo assim defendia a honra de uma tripulação. Ela não entendia o motivo deles estarem parados. Por que não iam embora e se salvavam?
Naquele momento, todos os presentes ouviram o choro de lamentação de Gorebyss vindo como uma canção. Era melancólico e fazia com que todos quisessem voltar para suas conchas. O único que não se tocava com o som da rosada era o mesmo que almejava sua carne. Numa investida, Gyarados erguia Gorebyss no ar com ela presa entre os dentes. Ele a jogou para cima na esperança de quebra-la ao meio na queda. Ele só não imaginava que viraria alvo de um arpão antes disto acontecer. Era esse o plano de Nicolau. Ele só não pôde fazer antes por conta da distração e só tinha um tiro. O pesadelo aparentava ter tido fim e o Sol queria aparecer no meio de tanta escuridão. O monstro azul caiu para o lado, mas não afundou, pois estava preso no navio e seria comercializado no lugar dos Finneon. Contudo, a preocupação dele estava para com a outra.
— Marujo, - referiu ele ao Froakie - me leva até ela.
Passar pelo entorno de Gyarados era desconfortável, mas chegar até Gorebyss que respirava de forma tão pesada que era difícil até mesmo para um marinheiro experiente como o velho, aguentar sem se comover. O clima já estava estável, mas naquele pedacinho do mar choveu um pouco mais.
.......................... EPÍLOGO ..........................
Jasão chegava no porto da cidade aguardando a boa notícia que Perseus comentou com ele. O velho Nicolau, na volta da aventura, danificou muito o S.S. Pérola com o peso do Gyarados e os acontecimentos anteriores. Os que entendiam de barcos avisaram que era melhor vender e comprar outro ou então contratar uma equipe para consertar os estragos. Mesmo contrariado, o velho acabou sedendo e com o dinheiro que conseguiu com a venda do "pescado" o Pérola foi para o conserto.
Cruzando alguns navios conhecidos no cais, o loiro encontrou o Froakie amigo por ali que o acompanhou até o melhorado Pérola II. Na proa, a imagem de anjo tinha destaque. Era a Gorebyss. A partir de sua estreia guiaria-os com segurança mar adentro.
Última edição por Mathito em Qua 27 Jul 2016, 04:56, editado 8 vez(es)
Mathito
Re: Nico's Notes
A lenda de Malu: O LEGADO de Lugia
Livro Um: Morte e ressurreição
ATO I
NASCIMENTO
NASCIMENTO
Nosso mundo estava um caos. Soube disto quando os senhores Articuno, Zapdos e Montres foram até os reinos de meu pai exigindo um conselho. Eu ainda era um filhote quando as três aves, cada qual com suas diferenças, mas unidas por um propósito, apareceram juntas para pedir a força de meu pai numa guerra contra a humanidade. Desde muito tempo ele já tinha provado a bravura dos heróis que andavam sobre duas patas a qual chamavam de pernas. Não enxergava tal ira dos três e os afastou dizendo que tinha afazeres maiores e de caráter particular. Este era eu. Malu, filho do grande Lugia.
Seis meses mundanos depois Mew estava morto. Todo o mundo Pokémon sentiu o quão importante era seu DNA para o equilíbrio da existência. Foi a primeira vez que verdadeiramente senti medo. Enquanto meu pai cuidava de meu treinamento, questionava-o se ele não devia estar auxiliando nosso povo em algo que poderia se tornar grotesco. Ele apenas me olhava de forma desaprovadora e dizia que já tinha tomado sua decisão. Naquele mesmo ano, o sr. Articuno teve seu declínio. A consequência de seus atos e sua queda trouxeram ao mundo um frio nunca visto. Tivemos que nos afastar da terra conhecida como Johto.
Durante nossa jornada conhecemos outros que também estavam preocupados com os conflitos, porém, não interferiam diretamente. Meu treinamento se intensificava e meu pai dizia sempre para ficar atento e nunca baixar a guarda. Ser corajoso e piedoso. Saber julgar e punir. Ser forte e gentil.
Mais tarde, quando viajávamos pelas águas de Hoenn, o príncipe Manaphy apareceu junto do senhor Kyogre. Papai pedia para não ter medo. Eles não estavam ali para fazer mal, mas para anunciar algo. Eles diziam sobre a queda dos senhores Montres e Zapdos. Aquilo fora o suficiente para fazer com ele mudasse de ideia e juntasse ao propósito. Ainda não sabia o que aquilo significava. Se soubesse, talvez teria forçado o adiamento de sua presença. Então começamos a acompanhar os senhores dos mares e oceanos. Conheci Phione e virei amigo dele. Uma vez me dissera que participaria de um avanço. No outono seguinte o filho do sr. Manaphy faleceu.
Não conseguia entender. Onde tanta destruição levaria tanto a humanidade quanto os Pokémon? Quando perguntava, meu pai dizia que os homens não eram mais dignos da nossa presença. Ele completava dizendo que os homens só queriam poder e destruição. Nós, como guardiões dos seres menores, tínhamos que que zelar por sua proteção.
E o tempo passava fazendo todos aqueles ataques virarem história. Uma história feia e marcada por egoísmo e discórdia. E então o senhor Manaphy caiu e em seguida o sr. Kyogre. O grande Lugia? Demonstrou fraqueza na minha frente pela primeira vez.
— Vamos ver uns amigos - ele disse. - Apesar de me preocupar com meu povo, você é meu real tesouro.
As águas por onde passávamos já não eram as mesmas. A vida que deveria existir ali era escassa. Chegamos num lugar nunca explorado antes por mim. Lá, estavam reunidos dois grandes.
Aqueles eram Dialga e Palkia.
E uma reunião decidia o meu destino. As palavras que foram proferidas pelo meu progenitor faziam minha existência não ter mais sentido.
— Que meu filho viva em terra nova e segura num lugar no tempo distante do nosso.
Eu não queria aquilo, entretanto não tinha poder de escolha. Diferente de Phione eu não era um guerreiro e não entedia o que era sacrifício. Não até ver Lugia se despedir do que ele dizia ser sua vida. Eu. Então um pedaço de matéria negra vindo da junção dos poderes de ambos os mestres do tempo e espaço envolveu o meu ser e só pude ouvir as palavras que ele proferia. Eram as mesmas do meu treinamento. Ele queria que eu tivesse vida nova.
Então tudo ficou preto.
...
Eu adormeci durante a viagem que fazia. Era como se me desprendesse do meu corpo e tomasse nova forma. A sensação era de liberdade. A mesma que sentia quando nadava a própria vontade sem rumo ou destino. Por mais que essa sensação de liberdade fosse incrível, me sentia etéreo, perdido. E realmente estava.
Não soube distinguir quando, mas uma luz forte cegou-me mesmo com as pálpebras fechadas e logo ouvi e senti novamente. Aos poucos conseguia enxergar também. Estava numa praia. O Sol irradiava sobre aquela terra com alegria. As ondas eram calmas como se nada tivesse acontecido. Gostava se sentir a brisa oceânica, mas algo estava errado. Eu estava numa superfície plana e arenosa só que isto era o menor dos diferenciais. Observando meu corpo percebia que não tinha nada de meu ali. Sentia uma coisa estanha nas minhas nadadeiras como um espaço entre as pontas. Quando fui explorar e tocá-las tomei um susto com as dianteiras. Eram coisas longas e afinadas que compunham elas. Nos inferiores era quase iguais sendo que menores. Haviam pequenos ossinhos em suas pontas, mas era impressionante a sensação de tato que as pontinhas me permitiam. Eu não fazia ideia do que acontecera comigo. Olhava para a água e então lembrava de um passado que parecia não me pertencer, mas ainda fazia parte de mim. Tentei me arrestar até a superfície úmida tendo pouco sucesso no começo, não conseguindo me aguentar por inteiro, mas acabei chegando lá. Então via minha face refletida e ficava com medo ao mesmo tempo que admirado. Eu tinha pelos na cabeça e um nariz pequeno e pontiagudo. Eu era a semelhança de um humano.
Imagem meramente ilustrativa
Após o esclarecimento, algo refletiu atrás de mim e senti sua aura. Ao olhar via uma lâmina extensa negra de dois gumes azuis com um cabo bem sugestivo.
Imagem meramente ilustrativa
Tentei tocá-la, mas só de chegar perto sentia uma força que há muito tempo foi presente em mim.
— Adeus pai... - disse tomando posse da espada de Lugia e tomando forças para me erguer.
Um novo mundo me aguardava naquela nova vida.
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
Mathito
Re: Nico's Notes
All I Ask
Conto: #009
Parado num pilar grego no canto de salão, empalado num smoking caro e desconfortável, me mutilava em meio a pessoas tão falsas quantos os nomes que usavam. Aqueles sorrisos forçados e os olhares, ora invejosos, ora venenosos. Era mesmo um ambiente hostil, mas talvez eu merecesse estar no meio deles. No fundo sabia que minha alma suja clamava por regeneração que não viria tão cedo.
Já estava cogitando a ideia de largar a festa quando senti a presença dela. Na entrada, a mulher com os cabelos crespos presos acima da cabeça e em vestido longo dourado chamava os olhares. O contraste daquela pele morena e dos olhos cor de avelã me lembravam o arrepio sentido quando a vi pela primeira vez. Além da beleza, ela tinha a mais bela voz que aqueles pecadores jamais se quer imaginariam ouvir. E a passos ritmados ela bailava pelo espaço afim de domar o palco. Ao encontrar meus olhos, o sorriso seguro que tinha desde a entrada ficou turvo e ela teve de se concentrar para mirar a frente uma nova vez. Envergonhado, facilitei para ela e abaixei a cabeça.
Ao ouvir a voz dela nas caixas de som me permiti ser fraco e o coração pesou. Olhos nela de novo. Belíssima! Que louco precisa olhar o céu para admirar uma estrela tendo ela na terra? Energia pura e própria que permitiu a mim roubar parte disso. Ao som da música que cantava, mais me sentia parte da corja que não merecia aquela voz. Em muito tempo não permitia uma lágrima escorrer em meu rosto como fazia na noite em questão, escondido para ninguém notar.
A noite chegava ao fim e os convidados do baile se retiravam aos poucos. Ainda com um drink em mãos eu a encarva de coração aberto. Talvez fosse o único que conseguia realmente escutar o que ela estava dizendo. Ao término da última balada fui ao encontro da dama que um dia me chamou de amor. Sem nada em mente, segurei em sua mão e senti o tempo parar ao passo que nossas almas se reconheciam. Senti também seu medo. Eu fui tolo em deixar que ela escapasse e agora ela não tinha coragem de me olhar nos olhos àquela distância. Como tinha ficado apenas por ela durante o restante da noite, não iria embora sem antes dizer o que queria. Melhor. Cantando, explanei:
Seu pulso ficou mais leve, então larguei. Os ombros relaxaram. Estávamos sozinhos num corredor e mesmo assim ela ainda não tinha se virado para mim.
Passei as costas dos dedos em seu braço do ombro às pontas dos dedos antes de a girar para me olhar.
E por bem ela cedeu uma última dança.
Já estava cogitando a ideia de largar a festa quando senti a presença dela. Na entrada, a mulher com os cabelos crespos presos acima da cabeça e em vestido longo dourado chamava os olhares. O contraste daquela pele morena e dos olhos cor de avelã me lembravam o arrepio sentido quando a vi pela primeira vez. Além da beleza, ela tinha a mais bela voz que aqueles pecadores jamais se quer imaginariam ouvir. E a passos ritmados ela bailava pelo espaço afim de domar o palco. Ao encontrar meus olhos, o sorriso seguro que tinha desde a entrada ficou turvo e ela teve de se concentrar para mirar a frente uma nova vez. Envergonhado, facilitei para ela e abaixei a cabeça.
Ao ouvir a voz dela nas caixas de som me permiti ser fraco e o coração pesou. Olhos nela de novo. Belíssima! Que louco precisa olhar o céu para admirar uma estrela tendo ela na terra? Energia pura e própria que permitiu a mim roubar parte disso. Ao som da música que cantava, mais me sentia parte da corja que não merecia aquela voz. Em muito tempo não permitia uma lágrima escorrer em meu rosto como fazia na noite em questão, escondido para ninguém notar.
A noite chegava ao fim e os convidados do baile se retiravam aos poucos. Ainda com um drink em mãos eu a encarva de coração aberto. Talvez fosse o único que conseguia realmente escutar o que ela estava dizendo. Ao término da última balada fui ao encontro da dama que um dia me chamou de amor. Sem nada em mente, segurei em sua mão e senti o tempo parar ao passo que nossas almas se reconheciam. Senti também seu medo. Eu fui tolo em deixar que ela escapasse e agora ela não tinha coragem de me olhar nos olhos àquela distância. Como tinha ficado apenas por ela durante o restante da noite, não iria embora sem antes dizer o que queria. Melhor. Cantando, explanei:
I don't wanna be cruel or vicious
and I ain't asking for forgiveness.
All I ask is
if this is my last night with you,
give me a memory I can use.
and I ain't asking for forgiveness.
All I ask is
if this is my last night with you,
give me a memory I can use.
Seu pulso ficou mais leve, então larguei. Os ombros relaxaram. Estávamos sozinhos num corredor e mesmo assim ela ainda não tinha se virado para mim.
You better hold me like I'm more than just a friend.
Passei as costas dos dedos em seu braço do ombro às pontas dos dedos antes de a girar para me olhar.
Cause what if I never love again?
E por bem ela cedeu uma última dança.
Mathito
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|