E Aqui Estamos Mais Uma Vez...

A batalha chegava ao fim relativamente rápido. Talvez o sonambulo estivesse realmente sonolento, ou ele fosse ruim de batalha, vai saber. Não vou reclamar de qualquer forma, fico feliz em ver a bolota de aço caindo, mas acabo esquecendo tudo quando vejo Hellhound uivar e emitir um forte brilho.

Miro admirada enquanto ele cresce e se desenvolve, demorando para processar a informação. Meu saquinho de pulgas evoluiu? Isso era realmente verdade? Nem reparo no Apocalipse, na Chantilly, ou nas coisas ao meu redor. Como poderia? Meu Pokémon evoluiu! Sorrio de forma boba, bagunçando o pelo do meu não mais pequeno saco de pulgas.

-Parabéns sarnento. Agora você ficou legal e não vai mais implicar comigo quando eu for beber?

Pergunto, esperançosa. Já ouvi falar de muitas alterações de personalidade quando o Pokémon evoluiu, então talvez agora ele pare de me morder. Infelizmente, ele começou a rosnar... Acho que isso é um não... Não da pra ter certeza, visto que agora estou meio ocupada fugindo dele, para não levar mordidas. Será que tem alguma árvore por perto que eu possa escalar? Seria muito bom agora... É... Aparentemente, ele está implicando mais com a minha bebida do que antes... Que tristeza... Mas ele se acostuma algum dia.

Comprovando que o cão estava implicando muito mais com sua bebida, Kate se viu sem escolhas a não ser sair correndo para não ser mordida, afinal, se já doía antes, o que irá ser agora que ele ficou maior? Mordida de cão grande não seria engraçada ou inofensiva como de quando ele era pequeno...

Atrás da Armagedon, seu inicial corria latindo para ela, como se repetisse que estava mais forte e que agora ela teria de ouvir ele e parar de beber. Chantilly, por sua vez, voava atrás de Kate, acreditando que a ansiedade era para lhe comprar os doces de parabéns por ter vencido a batalha.

- Não fuja sua covarde! - O Apocalipse gritava, também correndo atrás de Kate.

O grupo acabava por chamar mais atenção do que deveria, porém eram ignorados pelos cidadãos locais. A noite começava a se manifestar e a padaria logo fecharia, porém a prioridade de Kate em sua lista passara a ser não ser mordida.

Ao avistar uma árvore, as habilidade de Kate se mostraram e em poucos segundos a Arruaceira estava em alto galho do qual não conseguiria descer. Isso era um problema... Aos pés da árvore, Mightyena ainda latia e o Apocalipse a mandava descer. Chantilly pousava ao lado de Kate e em seus olhos era claro o pedido por doces, além da paciência se estourando.

Não quero descobrir se mordida de cachorro grande dói, não mesmo. Como fazer para evitar fazer essa descoberta? Correr! Fico correndo o máximo que posso, ouvindo os latidos de Hellhound logo atrás (provavelmente dizendo que ia me fazer parar de beber agora que está forte, mas não tenho certeza...), Chantilly voando pouco atrás (acredito que pensando em doces), e finalmente o Apocalipse mandando eu não fugir por último.

Ainda bem que já está tarde, pois acho que essa cena ia chamar alguma atenção... Se bem que uma adolescente correndo, fugindo de um cão, um pássaro e um cara, não tem nada demais. Pensamentos a parte, finalmente encontro abrigo numa árvore, sentada num galho alto demais para meu sarnento me morder, há! Infelizmente não será fácil descer... O sonambulo ainda me ameaçando e Chantilly ficando impaciente também não é legal...

-Miau.

"Respondo" para o Apocalipse, continuando sentada no galho. Se ele continuar reclamando, vai levar meu sapato na cabeça. Miro Hellhound e Chantilly, em dúvida sobre o que fazer.

-Hellhound, enquanto você não parar de me ameaçar, não tem como irmos comprar doces. Você não quer doces?

Espero que ele seja, mesmo que só um pouco, viciado por doces e considere. Chantilly grasna para ele, talvez mandando ele parar de ser chato e me deixar ir até a padaria.

De cima da árvore, Kate tentava convencer seu Pokémon a parar de latir e, principalmente, parar de ameaçar morde - la. Ao lado da adolescente, Chantilly grasnava, igualmente mandando o cão se aquietar, para que assim a Armagedon pudesse comprar os doces.

Mightyena parecia não ouvir...

Sem muito a fazer, Kate miava para o Apocalipse, irritando -o ainda mais. Enquanto ele esbraveja ainda mais pela audácia da morena, a Armagedon acabava por retirar um dos tênis e jogar nele.

- Então é assim, é? - ele perguntava segurando o tênis e mirando a garota deitada no galho que assobiava muito mal. - Growlithe, queime a árvore!

O cão não esperou um segundo comando antes de abrir a boca e liberar poderosas chamas. Mightyena mirava satisfeito, como se dissesse que agora Kate não poderia fugir da bronca.

Será que Hellhound desenvolveu algum problema de audição? Ele parece não estar me escutando, nem a Chantilly... Potencialmente problemático isso, preciso arrumar uma forma de convencer ele a não me morder...

Desvio minha atenção e olho para o Apocalipse, agora com meu sapato e mandando um Pokémon queimar a árvore... O que fazer? Churrasquinho de Kate não é legal... Levar mordida também não é legal... Nem levar bronca de um saco de pulgas... Infelizmente, o churrasquinho pode ser mais prejudicial, então vou ter que descer, mas eis a questão: como descer?

Sem pensar muito, simplesmente pulo com a intenção de cair em cima do Apocalipse. Espero que ele sirva como um bom amortecedor. Talvez consiga nocautear ele, dai já levo a mochila dele comigo de "brinde". Que foi? Achado não é roubado, e quem mando ele dormir no ponto? Não é minha culpa!

-Hellhound, doce primeiro, pode ser? Padaria não fica aberta a noite toda.

Pergunto para meu sarnento, esperando que ele tenha mais vontade de comer doce, ou que Chantilly consiga infernizar ele o suficiente até ele ceder. Não espero muito a reação dele para ser sincera, já caminhando até a padaria e dizendo que todo mundo ia ganhar um saquinho de doces.

Mightyena não parecia exatamente inclinado a se vender por doces, mas concordou em deixar o debate para outra hora. Aproveitando a deixa, Kate se lançou em cima do Apocalipse que, por não esperar o movimento, não conseguiu desviar. Growlithe parecia ainda mais perdido, farejando seu dono em claro sinal de confusão. Atrás do grupo, a árvore pegava fogo.

Ao som das sirenes dos bombeiros, Kate se ergueu carregando a mochila do Apocalipse e sendo seguida por sua dupla dinâmica. Por sorte a padaria não estava longe e, do lado de dentro, a adolescente pode ver os bombeiros apagando o fogo da árvore e recolhendo o Apocalipse nocauteado. Ele teria sérios problemas se realmente o estivessem levando para o hospital.

- Olá, em que posso ajudá-la? - A atendente perguntava saindo do interior da loja e parando ao se deparar com a árvore em chamas. - Meu santo Arceus, o que houve lá fora?

Enquanto Kate contava uma história qualquer, apoiando a mochila roubada no ombro como se fosse sua e agradecendo ao fato de ter deixado a outra no hotel, Chantilly abraçava um enorme pote com balas, claramente babando em ansiedade pelo conteúdo.

Ainda bem que a padaria era perto, então pude me afastar rapidinho e entrar nela, fingindo não saber de nada do que havia acontecido antes que os bombeiros chegassem. Assisto o fogo ser apagado e o Apocalipse ser recolhido, imaginando o quão encrencado ele estaria. Portando um Ferroseed, com Pokébola normal, sem documento algum e causando um incêndio, ele teria muito o que explicar. Ainda bem que consegui uma "lembrancinha" para não sentir saudades...

Miro a atendente, já fazendo as contas de quantos saquinhos de doces teria que comprar, quando ela nota o fogo do lado de fora e perguntava o que havia acontecido.

-Acho que é um Gladiador... Não tenho certeza, mas um cara desmiolado estava treinando o Growlithe, quando um golpe atingiu a árvore. Tentando apagar o fogo, acho eu que ele tropeçou e desmaiou...

Invento uma história, deixando algumas lacunas, como se fosse uma civil que viu a história se desenrolar de longe, não tendo certeza de tudo. A mentira saia tão natural, como se fosse o que eu realmente achava. Nada de muito importante, começo a separar alguns itens que pretendo comprar. Vamos ver... Uns sete Whipped Dream? É, acho que sete já está de bom tamanho.

Entrego os itens e o dinheiro necessário, revendo a lista de tarefas mentalmente. Vou vasculhar a mochila que peguei "emprestada" só depois, quando estiver na segurança do hotel, então não tem pressa. Também quero pegar alguns números de telefone, principalmente da Natasha... Mas vamos ver:

1) Passar na estação e ver se tinha algo para "mim": feito;
2) Comparecer a um jantar para uma negociação importante: feito;
3) Comprar doces para Chantilly - feito;
4) Resgatar meu bongo;
5) Encontrar Leonard e implorar pela receita do Fogo de Raposa - Prioridade;
6) Pintar Pokébola de Hellhound para ficar igual a Pokébola do orfanato - É recomendável;
7) Pegar números de telegone do pessoal que foi na festa;
8) Verificar itens úteis na mochila que o Apocalipse me deu de presente - Só quando estiver no hotel.

A atendente da Padaria parecia ficar satisfeita com a explicação de Kate, resmungando algo sobre Gladiadores nunca aprenderem e serem às vezes piores até que os Gangsters. A morena não precisou ouvir muito para saber que aquela atendente em particular era muito preconceituosa com a classe de guerreiros.

O pedido de 7 Whipped Dream era feito e em uma sacola os 7 saquinhos eram depositados com velocidade. O valor de 175Pk$ era pago e, com a mochila nos ombros, a adolescente se preparava para voltar ao hotel. Queria verificar os itens, pintar a Pokébola de Mightyena e, principalmente, caçar Leonard para conseguir a receita do Fogo de Raposa.

Contudo, pouco antes de alcançar a porta, Chantilly impedia o avanço, com as asas bem abertas e um papel na boca. Confusa, Kate pegou o papel e impressionada viu marcas das garras da ave ao lado de alguns cursos, tais como Sobremesas, Doces e Bolos. Uma grande dúvida surgia: Chantilly sabia ler? Porém, durante o protesto de não querer fazer curso de culinária, Kate percebeu um outro curso mais abaixo, sobre Drinks e Coquetéis. Teriam eles a receita do Fogo de Raposa?

Minha explicação pareceu ser o suficiente para a atendente, que se mostrou nem um pouco amante de Gladiadores. Não é da minha conta, então apenas vou concordando com o que ela diz, acomodando a minha nova mochila e segurando a sacola, pronta para ir embora, mas fiquei confusa quando Chantilly me impediu.

-O que foi?

Perguntei, me abaixando e pegando o papel, me surpreendendo quando notei alguns cursos marcados. Spearows sabiam ler? Isso é novo, mas por agora... Quem quer saber de cozinhar? Eu que não! Não tem coisa mais chata! Posso comprar doces, mas fazer? Por fav... Drinques e coquetéis? Aprender a cozinhar não parece tão ruim assim...

-Tudo bem, você ganhou.

Digo com um sorriso, acho que falei meio ronronado, alcançando o panfleto para a atendente e marcando um novo curso, o adicionando a lista e já tirando o dinheiro para pagar. Cozinha básica; Bolos e Tortas; Doces, Salgadinhos, Aperitivos e Lanches; Sobremesas e, por fim, Drinques e Coquetéis. Cinco cursos até o nível cinco, vai sair meio caro, mas acho que vai valer a pena.

Após reconsiderar um pouco a ideia de fazer os cursos (curso de Drinks e Bebidas, por que não?), Kate retornava para o interior da padaria, para a felicidade de Chantilly. Mightyena, desconhecendo o novo curso marcado pela adolescente, esperou do lado de fora da cozinha.

Kate poderia jurar que vira um pouco de desgosto na expressão da atendente, mas certamente essa não era pelos 3,750Pk$ que lucrara. O relógio na parede indicando que já eram quase 19h. Muito possivelmente os cinco cursos manteriam Kate presa na padaria por algumas boas horas...

Após fechar a porta, a atendente guiou Kate para uma equipada cozinha na parte de trás da loja. Naquele ambiente, Kate aprendeu a fritar um ovo em primeiro lugar, fazer arroz e feijão, cozinhar uma massa e a fritar um bife ou, melhor ainda, pastel e batata frita. Coisas básicas do dia-a-dia. Depois de diversas receitas, básicas para o dia-a-dia, Kate passou para o segundo curso.

A parte do pão de ló foi fácil, porém quando começou os recheios, a Armagedon sentia o olhar de Chantilly atravessando a porta e fincando-se em cada coisa que fazia. A ave provavelmente estava farejando o cheiro de chocolate (e a essa altura Kate não se impressionaria se a visse deitada, de barriga pra cima, em frente à porta, fazendo festinha por um doce.

Depois de muitos bolos e tortas, Kate aprendeu a fazer docinhos e sobremesas diversas, desde o negrinho tradicional, até mousse de limão e pavês mais elaborados. Ao final, muitas horas noite a dentro, o curso mais esperado: Drinks e Coquetéis.

Contudo, para o desgosto de Kate, a padaria nunca havia ouvido falar no Fogo de Raposa, que aparentemente era invenção de Leonard. No entanto o curso rendia diversas outras receitas de bebidas maravilhosas, as quais Kate podia degustar. O dinheiro parecia melhor investido depois de diversos cálices das mais variadas bebidas preparadas.

Ao sair da cozinha, notando que já eram quase 3h da madrugada, Kate reparava que Chantilly estava no limite de seu auto controle. Se a ave não comesse algo doce em poucos segundos, a Arruaceira podia se preparar para abrir a carteira e desembolsar uma boa grana.

Acho que a atendente não gostou muito da ideia de me ensinar algumas coisinhas a essa hora da noite, mas estou pagando, ela que aguente. Sem falar que, se eu não fizer, acho que Chantilly vai querer se vingar, algo que não quero que aconteça.

Bom, comecei a aprender a cozinhar. Algumas coisas foram fáceis, outras nem tanto. Em geral, achei meio tedioso, mas é bom aprender algumas receitas para o dia a dia, caso eu não possa contar com o hotel por qualquer motivo que seja. No entanto, na parte das tortas, em especial o recheio, algo me dizia que Chantilly farejava o chocolate... Talvez aprender isso tudo não tenha sido boa ideia, já que agora ela vai me infernizar todos os momentos... Mas pelo último curso, valia a pena!

Infelizmente, eles não conhecem o Fogo de Raposa... Isso dói no coração... Mas pude afogar as mágoas com outras receitas incríveis. Esse foi o melhor investimento que já fiz na vida! Estou tão feliz!

Quando terminei, já era madrugada, mas estava feliz. Levei os doces que havia preparado durante o curso, vendo Chantilly devorar tudo que eu havia preparado. É, pelo visto ou eu fiz bem, ou ela estava desesperada... Mas agora, conforme ela vai comendo alguns negrinhos, continuo caminhando para o hotel e jogando vez ou outra algum outro doce para Hellhound. Pelo menos os saquinhos de doces ficaram intocados, enquanto houverem tortas para Chantilly comer, eles estarão a salvo.

Kate mantinha Chantilly distraída com as degustações dos pratos preparados, mantendo assim os saquinhos de doce a salvo da ave. Contudo, ao chegar no hotel, a morena já estava sem seu estoque reserva e a Spearow ainda parecia querer mais doce. Já Mightyena parecia tranquilo, não tão viciado, embora fosse difícil ser tão viciado em chocolate quanto Chantilly.

No interior do quarto, Kate assistia a Haunter, rodeado por garrafas vazias e praticamente tendo zerado o estoque particular da adolescente. O desespero a fez retirar o sapato e constatar que a chave não estava mais lá. Quando o fantasma pegou era um mistério. Para fechar o quadro, ele usava uma calcinha sua de chapéu.

Buneary, Amore e Lief pareciam distraídas, pintando unhas e escovando pelo (com a escova de cabeço da Arruaceira). O trio esbanjava satisfação, enquanto a porta do banheiro estava aberta para uma parede de espuma de banho. Nem mesmo o som do ronco do fantasma vermelho parecia perturbá-las.

Kate chegava a se esquecer da mochila roubada e dos doces que tinha comprado para todos. Pouco antes de explodir, contudo, avistava o bilhete para a festa do dia seguinte. Era seu único consolo naquele momento de terrível perda.

Meu santo Arceus, como essa Spearow come! Vai ficar obesa assim! E terminou já com todo o estoque reserva... Vou ir a falência... Mas isso logo deixa de ter menos importância quando chego no hotel e vejo que o maldito Haunter terminou meu estoque de bebidas particular. Se ele não fosse fantasma, eu matava ele!

Pego minha roupa de volta e o acerto com a frigideira, arrancando um olhar choroso do mesmo, mas acho que meu olhar irritado o fez suar frio. Não tenho certeza... Tudo estava tão vermelho...

-Haunter, ou você me da um novo estoque de bebidas, ou diga adeus as festas e olá a pokébola.

Ameaço ele, sabendo o quanto ele não gostava dos dois itens. Enquanto ele desaparece (espero que seja para me dar bebida), entrego um saquinho de doces para cada Pink Lady, um para Hellhound (que parecia se divertir com a minha falta de bebida e o desespero de Haunter), um para mim, e finalmente, dois para Chantilly.

-Chantilly, pega leve, ou você vai ficar diabética.

Alerto, me jogando na cama e abrindo o notebook, achando uma esfera do orfanato e pegando a Pokébola de Hellhound, mirando o trio rosado depois.

-Meninas, conseguem deixar a Pokébola do Hellhound assim?

Pergunto, esperando a resposta. Depois que elas começassem a deixar a Pokébola branca, começaria a verificar os itens que o Apocalipse tinha na mochila. Depois tomar alguns drinques que eu mesma preparei e deixei escondido na mochila para Hellhound não ver e dormir. Amanhã resgato meu bongo, pego os telefones do pessoal da festa, depois ligo para Leonard e peço a receita.

Kate estava enfurecida com Haunter pelo feito do mesmo e rapidamente o castigava. Mightyena ria da situação, claramente satisfeito pelo fato da morena não ter mais um único drink em seu estoque. No fundo, o cão negro rezava para que Haunter falhasse em sua busca e que Kate fosse obrigada a ficar sóbria.

Caída na cama enquanto esperava, a garota procurava uma imagem de uma pokébola do orfanato pela internet, mostrando em seguida a imagem para as Pink Ladies e pedindo para que deixassem a esfera de Mightyena daquela cor. Amore aceitou de bom grado o desafio, demonstrando sucesso em sua missão, graças a ajuda de Aishi e Lief (que Kate ainda não sabia que lhe pertencia graças a cantoria desafinada no apartamento de Natasha).

Ainda na espera de Haunter retornar, Kate começava a vasculhar a mochila do apocalipse. O interior não estava tão afortunando, tendo somente 200Pk$, duas calças masculinas (uma preta com um Rayquaza estampado por toda a perna esquerda e outra cinza sem nenhum detalhe), uma cueca samba canção com vários Chatots estampados, duas camisas de manga curta básicas (uma branca e uma azul), três pokébolas e uma lanterna.

Kate deixava a analise dos itens para depois quando via Haunter se aproximando com duas garrafas de vinho. Os demais pokémons estavam acomodados com seus saquinhos de doce (com um rosnando ao ver as garrafas) e Kate atirava-se de costas na cama, bebendo o vinho quase como se fosse um bebê com sua mamadeira.

Para o dia seguinte ficaria: resgatar o bongo, pegar o telefone do pessoal que foi na festa, ir na festa 2 e pegar a receita com Leonard. Com isso em mente, Kate adormeceu bem. Preparada para um novo dia. Todavia ser desperta às 8 horas da manhã com um balde de água na cara não era exatamente a forma que ela queria para iniciar um dia tão promissor.

Em pé, ao lado da cama, estavam o gerente do hotel e o professor do curso de etiqueta. Sem dar tempo para a garota se manifestar, os dois a arrastaram (descabelada e sem café da manhã) para o salão onde o curso aconteceria. Kate era obrigada a fazer o curso (que só depois descobriria que foi pago com seu próprio dinheiro) e já levava bronca por ter feito o professor esperar além da hora. Durante a manhã ficara aprendendo sobre talheres, como se sentar, como andar, como cumprimentar e diversos cumprimentos diferentes. Até como rir e como comer tentaram lhe ensinar.

Após algumas horas de curso, Kate retornava para o quarto, protestando muito. Sobre sua cama, estava uma sacola com a fantasia para usar na festa. Talvez aquilo pudesse animar seu dia, mas a verdade é que a adolescente precisava de alguns litros de fogo de raposa para superar o dinheiro gasto com um curso que não queria fazer.

Amore tinha sucesso em seu pequeno desafio. Agora que Hellhound havia sido "adotado", não teria muita dificuldade em me explicar para qualquer um que estranhasse um inicial Armagedon ao meu lado. Com uma preocupação a menos, começo a vasculhar a mochila do Apocalipse e ver o que tem de interessante.

Pouca coisa realmente legal, mas fico com o dinheiro, as calças, camisetas, Pokébolas e lanterna. Resumindo, tudo, exceto a cueca de Chatots, que era entregue para Haunter após ele ser muito gentil e me entregar uma garrafa de vinho.

Dormi muito bem. Faltava pouca coisa a ser feita, como resgatar o bongo, pegar números de telefone, festa e pegar refeita. Realmente, seria um dia agradável, mas que começou de forma horrível... Quem ia gostar de acordar com um balde de água na cara, descobrindo que seria obrigada a fazer um curso inútil, e o pior, descontado do meu dinheiro?! E nem pude dizer não, já que fui arrastada pelo Zé e pelo professor. Nem pude tomar café da manhã ou lavar o rosto, e olha que ainda levei bronca por deixar eles esperando, sendo que nem sabia que tinha esse curso aqui!

E nunca vi curso mais inútil... O que eu quero saber de talheres? Ou como rir?! Sério que tem gente que ensina a rir?! Esse está sendo um dos momentos mais entediantes da minha vida...

Quando finalmente sai do curso, planejando minha vingança contra o Zé, fui tomar um banho, vestir e pedir café da manhã pra todo mundo. Talvez eu vá visitar a Natasha e começar a coletar os telefones... Dai eu ligo para o Leonard e peço a receita do fogo de raposa!

Após tomar o café da manhã (reclamando muito do jeito que despertara), Kate se vestia com uma roupa comum, para tentar encontrar Natasha e assim adquirir os telefones de quem estava na festa. Contudo, ao começar a se afastar, passou pela frente do quarto de Ethan e o viu cuidando de Jolteon. Ver o pokémon com partes do pelo raspado não era algo realmente atraente, mas não era o mais importante.

Rapidamente a morena tentava conseguir com o ruivo os telefones e, com um sorriso arteiro, ele pegou seu celular e começou a passar alguns números, dentre eles o dele, o de Natasha, de Amu, Camila, Aline, Gustavo, Eduardo e Jack. Quando Sakura perguntou sobre o número de Leonard, o que mais queria, Ethan lhe disse que Leonard não usa telefone celular. Achá-lo só dando sorte de estar na mesma cidade e a última informação que tinha era de que ele estava indo para Erobring.

Entristecida, Kate pegou os 8 números de telefones e foi para seu quarto, se arrumar para a festa. Foram perdidas algumas horas se arrumando para a festa e a fantasia de Purrloin (embora um pouco provocante demais) lhe parecia adequada. Kate perdeu alguns segundos testando miados na frente do espelho, antes de sair do hotel, acompanhada somente de Haunter e ouvindo os protestos do cão negro.

A recepção do hotel estranhou ver uma adolescente usando uma fantasia sensual de purrloin desfilando em direção aos táxis. Quando a garota chegou na festa, sem casaco e sem carteira, tirando somente algumas notas de dentro do decote para pagar o táxi, ganhou a atenção de muitas pessoas e entrou quase sem apresentar o convite.

A missão era clara: beba e chame a atenção. Kate não demorou a obedecer e se colocar atrás dos garçons. Sempre com duas taças de champagne nas mãos. Em determinado momento, passou por Sakura e Ethan (além de um outro ruivo que não reconheceu), acenou para eles e voltou a perseguir os garçons.

Enquanto caminho, acabo passando pelo quarto de Ethan, pensando alguns segundos e entrando ali. Jolteon ainda estava fora de condições, mas logo consigo alguns telefones com o cabeça de fósforo. Por mais que o número de Natasha fosse um colírio para meus olhos, foi uma grande tristeza descobrir que Leonard não tinha telefone. Bom, depois da festa, acho que posso dar um pulinho e ir até Erobring.

Me arrumo, vestindo a fantasia de Purrloin. Não estou acostumada a algo do gênero, mas até que foi uma escolha interessante. Olho para Haunter, que mantêm um olhar pidão para mim.

-Pode vir. - Comento para o fantasma, saindo antes que Hellhound pudesse me morder.

Não me preocupo em levar qualquer coisa, só um dinheirinho pro táxi. Casaco e outros itens eram dispensáveis. Provavelmente o Zé não gostou muito da situação, mas minha vingança ainda virá! E acho que a parte de chamar a atenção já está sendo feita, tem muita gente me olhando... Quase consegui entrar sem o convite, foi divertido. Apenas miei para o recepcionista e, depois de entrar na festa, comecei a caçar os garçons.

Ethan, eu te amo! Essa é a melhor missão do mundo! Ficar bebendo até não poder mais! Vejo ele e Sakura, piscando para eles, antes de voltar a me focar na missão. Haunter utiliza o Psyhic para pegar taça atrás de taça. Começo a rir sozinha e obter um microfone começa a ficar tentador...

Após uma ou duas taças, ou quem sabe cinco ou sei... Embora esteja mais para onze ou doze... Kate não sabia precisar, mas o certo era: após algumas boas taças o microfone começava a se tornar tentador. A vontade de cantar recomeçava a surgir na adolescente, contudo Haunter ainda não estava vermelho o suficiente.

A banda ainda assumia sua posição de louvor e Kate fazia o que lhe fora ordenado: entornava uma taça após a outra. Ao longe, a adolescente via o ruivo que acompanhava Sakura e Ethan começar a prender a atenção do Ministro da Confusão, enquanto a Stylist prendia a atenção da Diretora. Seria aquele um sinal?

Sem saber ao certo, Kate pegava algumas bebidas a mais, distribuindo taças vazias pelo grande salão do teatro e vendo Haunter fazer o mesmo. Pobres rapazes que tentavam convidá-la para dançar eram totalmente ignorados, para a tristeza deles.

Após cerca de uma hora bebendo e sem saber muito bem como, Sakura se viu mirando a pequena confusão que ocorria quando John tentava abordar Sakura de novo. Demorou para que a adolescente percebesse que via a cena de um ângulo estranho e demorou para perceber ainda mais que, de alguma fora, estava nos trapézios. Ficar pensando em como Ethan era bonzinho por ter lhe dado tantos telefones bons e uma missão melhor ainda a deixava distraída aparentemente... Sem falar em todo álcool que ingerira... Começava a agir por impulso e isso era potencialmente perigoso ou muito útil para a missão...

Quantas taças será que já foram?... Não devem ter sido muitas ainda... Haunter não está totalmente vermelho e me considero totalmente sóbria, embora já tenha muita vontade de cantar. Quando será que vão começar o Karaokê? Dar uma agitadinha na festa cairia bem.

Noto que Saki e um ruivo estão conversando com a diretora e o ministro, será que era agora que eu devia chamar a atenção? Não faço idéia... Vou dispensando alguns rapazes, quando não entrego os copos vazios para eles e roubo as taças que antes seguravam, quando noto que tudo está de um angulo estranho...

Talvez seja só impressão minha, mas desconfio que, de alguma forma, estou nos trapézios... Nhá, não importa. Subi, que me façam descer, se bem que tem uma questão: como conseguir mais bebida? Chego rapidamente a conclusão de que beber enquanto estou me balançando de um lado para o outro seria complicado, então melhor descer.

Simplesmente me jogo em cima do cabeça de limão, o usando como um colchão (rimou, há há).

-Vozê podia zer mais maxio...

Comento, cutucando a cabeça dele enquanto reclamo, antes de pular e ir atrás de um garçom com uma bandeja cheia de taças com muita bebida, o chamando de Honey. Talvez eu tenha pisado na cabeça do limão... Mas não tenho certeza...

Após nocautear o suposto noivo de Sakura, Kate se erguia, reclamando da falta de maciez dele. John mal começava a erguer a cabeça, pronto para xingar a adolescente que quase lhe quebrara a coluna, e recebera um pisão que empurrou sua face de volta contra o chão e fez o favor de lhe quebrar o nariz.

Alguns garçons se reunião para ajudar o pobre Apocalipse, que tinha a face ensanguentada, enquanto Kate terminava de beber a champagne que outro carregava. Ao finalizar com as taças de mais duas ou três (talvez quatro) bandejas e verificar que Haunter já estava tão vermelho quanto o Red Mew das histórias de terror, Kate considerou ser aquele um bom momento para subir ao palco.

A banda tocava de forma alegre e harmônica, animando a festa que a Diretora fizera em homenagem ao Ministro. Ethan já não era visível há algum tempo, mas isso não importava. Sakura ainda estava distraindo a diretora e o outro ruivo ainda conversava com o Ministro. Era hora de soltar sua voz.

Sem pedir permissão, a morena pegou o microfone da mão do vocalista e afirmou que agora quem faria o show era ela, empurrando-o para trás e miando para o mesmo. Natasha começava a dizer um "não se atreva", porém a voz chegou ao microfone e ao equipamento de som de última geração primeiro.

Ignoro totalmente o limão, bem como os garçons que se reuniam ao redor dele. Estou ocupada demais sendo feliz! Vou bebendo taça atrás de taça, seqüestrando bandejas e as esvaziando, uma atrás da outra. Acho que esvaziei umas cinco bandejas... Talvez menos... Talvez mais... Quem se importa? Vamos beber!

Queria cantar e Haunter já parecia ter dado um passeio num balde de tinta vermelha, então apenas o chamei e fomos até o palco e começar o nosso show. Nem me preocupo em pedir, apenas miando para o antigo cantor enquanto pegava o microfone para mim.

Soltei minha voz alegremente, cantando... Que música era mesmo? Não lembro... Mas vou improvisando mesmo e acabo me empolgando, atingindo notas mais altas e chamando Haunter para fazer um dueto. Não lembro de nada, só da bebida e do microfone. Estou tendo um ótimo dia!

A voz de Kate se elevava a níveis surpreendentes, fazendo diversas taças se estilhaçarem no ar. Diversas pessoas começavam a protestar, mandando Kate descer do palco e, inclusive, duas já estavam desmaiadas devido ao choque com o som desafinado.

O cantor tentava pegar o microfone de volta, porém Kate desviava e, com a ajuda de Haunter, seguia sua cantoria. Quando ele a puxou pela cauda da fantasia, a Arruaceira deu uma pirueta, o forçando a segurar sua perna como num passo de dança.

O resto da banda seguia cantando, tentando superar o som emitido pela jovem. Quando perceberam que não iriam conseguir, tentaram derrubá-la, falhando miseravelmente. Todos os convidados, com mãos molhadas pelo champagne que derramou das taças destruídas, ficaram encarando a garota que, de posse do microfone, perguntava qual era a próxima música, ficando em pé sobre os diversos corpos da banda derrubados.

- VOCÊ! - Uma voz conhecida, de um cadete muito irritado, surgia na plateia. O homem ainda não reconhecia a morena como uma gangster, porém sabia que a odiava e que ela lhe tirava do sério, principalmente com o bilhete que ela deixara sobre seu Meowth e seu Mienfoo.

Não sei bem como, mas quando notei, estava dançando com o antigo vocalista e não demorou para os outros tentarem dançar também... Mas não sei que dança é essa... Parecia que queriam se jogar em cima de mim, então fui desviando e não dei muita bola para eles, ou para a reclamação da platéia. Eles não tem que gostar, só tem que me ouvir.

Queria cantar mais, perguntando qual era a próxima música, mas logo sou forçada a mirar o cadete furioso que me encarava. O reconheci rapidinho.

-Zangadinho! Como cê tá? Já compro um calmante?

Pergunto com um sorriso arteiro, mantendo o microfone ainda perto e, provavelmente, fazendo todo mundo ouvir o apelido. Haunter usava Psychic nele, o puxando para o palco, embora errasse o lado e o deixasse de cabeça para baixo. Não vai ter muita diferença mesmo.

-Essa é em homenagem ao Zangadinho!

E volto a cantar com Haunter, sem me importar se ele ia gostar ou não.

O cadete espumava de raiva e as pessoas riam dele, pelo menos até Kate recomeçar a cantar. Era inegável que ela tinha toda a atenção dos convidados e dos anfitriões da festa. Haunter bem que tentou manter o oficial estressado virado de ponta cabeça, contudo se juntar à cantoria da Arruaceira era mais divertido.

O oficial era largado no meio do palco e se erguia rapidamente.Enfurecido, ele se unia à banda que terminava de se desenroscar para avançar contra a garota. Naquele momento, Kate descobriu como era difícil fugir de seis pessoas enfurecidas, continuar cantando e estando limitada pelo fio do microfone. Não demorou para a garota ser capturada.

O protesto era alto e Kate se debatia nos braços dos cantores que a haviam pego. O cadete também era segurado, mandando o soltarem para que pudesse esganá-la. No entanto a medida adotada pela banda foi mais prática.

Na frente do teatro, uma garota Purrloin e seu Haunter vermelho eram despejados da festa. Kate protestava muito, batendo na porta e exigindo que a deixassem entrar. Quando o segurança tentou jogar água nela, ela silvou feito um gato de rua e saiu correndo de volta para o hotel, com seu fantasma do lado.

Ao chegar no hotel, Kate se deparava com as Pink Ladies, reivindicando alguns Lucky Eggs e expulsando Mightyena para o canto do quarto. Amore, liderando a rebelião, parecia completamente insatisfeita com o fato de não ser a mais poderosa. Tanto que, quando viu Kate, bateu com a caneta que usava de vara no chão, se apoiou nela como uma rainha em seu mastro, e exigiu um treinamento urgente. Para Kate, contudo, só uma coisa passava na mente: onde estava o bongo?

Zangadinho continuava espumando... Talvez tivesse raiva e não tivesse tomado vacina, o que era bem provável. Quantas pessoas espumam dessa forma? Mas todos riam, então não dei importância, voltando a cantar, ou tentava... Céus, como é difícil cantar e desviar de tanta gente, ainda mais com um fio me limitando!

Eles me pegaram e me jogaram para fora da festa, magoei. E ainda tentaram jogar água em mim, então fui forçada a voltar para o hotel. Missão cumprida, chamei muita atenção, mas queria ter bebido muito mais...

Dentro do hotel, vejo meu saco de pulgas encolhido no canto, as três rosadas com Lucky Egg e Amore exigindo treinamento. Estava tarde e eu queria meu bongo...

-Teeenhoooo que busHIC uma coiza... HIC... Dezpoizzzz vamoz pra HIC Erobrrrrring e lá nozzzzz treiHICmos....

Comento, mandando Haunter farejar o nosso querido bongo e pedir para o Zé o devolver. Não importa que seja madrugada, todos estejam dormindo e que eu ainda esteja com fantasia de Purrloin. Meu bongo é o mais importante!