XII - O Regresso

Asura tentava se ocultar na multidão, fugindo de uma possível fotografia para o jornal. Por sorte, porém, os jornalistas estavam mais interessados em fotografar as relíquias, especialmente o Plate encontrado. Certamente seu nome apareceria na reportagem, mas não sua imagem, o que no momento também era sorte.

Dentro do Nokori, o Vigarista reparou no trio que agora lhe acompanhava. Kenjiro tentava fazer caretas para Keiko, obviamente querendo arrancar alguma risada da Pokémon, porém não obtinha nenhum sucesso. Carlos estava lendo o jornal e foi o primeiro a lhe ver, acenando feliz pelo seu retorno. Julia estava atirada na poltrona, olhando para o teto e estourando uma bola de chiclete. Dessa cena o que deteve a atenção do Vigarista foi a chama de Keiko, forte e brilhante como nunca.

Ao se aproximar, o primeiro comentário que ouviu foi de Julia sobre seu cheiro, lembrando-o que um banho era medida urgente, mas antes o homem perguntava da rabugenta fire que não dava nenhum sinal de felicidade em revê-lo, vivo, após duas semanas longe.

- Carlos cuidou do tratamento dela enquanto você brincava no deserto, mas sério, vai tomar um banho antes de contar as histórias. - Julia pedia de forma razoavelmente educada para seus padrões. Porém Asura a decepcionava, primeiro pedindo por seus itens e Pokémon e deixando para falar que fora o grande campeão quando estivessem sozinhos no quarto, quem sabe até só depois que acordasse na manhã seguinte?

- O senhor tem cinco Pokémon para retirar conosco e está carregando dois. Quem quer que enviemos para o Storage? - O atendente perguntava após entregar os itens e antes de entregar os Pokémon.

off: ficha atualizada, mais uma rota para o Egg e tudo nos conformes ^^

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O grupo ria do desespero que Asura parecia sentir por descanso, comida e banho. As condições do Gladiador eram deploráveis e, após a retirada de todos os itens e Pokémon, todos saíram do Nokori Hotel, pegando um táxi e parando no Kazumi Hotel.

O Vigarista chegou a questionar o motivo, recebendo como resposta somente que eles não tinham dinheiro para esperar por duas semanas no Nokori. O custo era elevado demais...

No Kazumi, Asura se alegrou ao ver que o grupo pegou um quarto para quatro pessoas, deixando claro que o esperavam desde sempre. Julia assumia o telefone, pedindo uma refeição no quarto e, enquanto esperava, o Gladiador finalmente pode se dar o merecido banho, que demorou mais do que ele imaginara inicialmente.

Ao final, já razoavelmente revigorado, tanto o Vigarista quanto Safira (que também havia desfrutado do chuveiro para se recompor) comiam feito condenados, acabando com a fome que os atormentara por dias. Naquele momento Asura reparava que Safira também havia perdido um pouco de peso, mas a axolote não reclamou ou hesitou em nenhum momento daquela jornada. Era realmente uma parceira e tanto.

Depois de comer e com a barriga dilatada, Asura caía na cama já ouvindo as perguntas de Kenjiro sobre o evento. Do lado de fora, a lua reinava alto, deixando claro que a noite já estava em seu auge. Chegara em Twister às 22h e com certeza já passara da meia-noite fácil naquele momento, mas o mais jovem do grupo ainda parecia ligado na tomada e ansioso pelas novas histórias. Asura teria de se acostumar com esse tipo de recepção, já que com crianças não seria muito diferente...

Somente quando ouvia a própria voz, Asura percebia como passara por perigos e aventuras durante as duas últimas semanas. O misterioso Jigglypuff e o Onix gigantesco ainda lhe intrigavam, visto não serem nativos daquela região e estarem desacompanhados. Safira ainda estremecia ao ouvir falar da dupla, como se esperasse algo de ruim vindo daqueles Pokémon.

Kenjiro se animava com a narrativa e fazia diversas perguntas, prolongando o arrastar das horas, o que deixava o mais velho ainda mais cansado. Julia e Carlos se mantinham mais quietos, provavelmente imaginando que não demoraria para Asura dormir no meio de uma narrativa.

Quando Asura falava que era o campeão e entregava o esticava o envelope com o dinheiro para que Julia pegasse, a garota congelou. O envelope era mirado com claro sinal de descrença, como se ela não esperasse por um presente desse nível. A recuperação de Max se tornara realmente possível a partir daquele momento e, perdida nessa reflexão, ela ignorava a óbvia pergunta seguinte.

O Vigarista, quando percebeu que ainda segurava o envelope e que não recebera resposta nenhuma, mirou a jovem irritante e desbocada somente para ser surpreendido por um selinho. Um beijo inocente e Julia se afastava, soltando Max e juntando os 100,000Pk$ com o que já tinha acumulado. Um simples "não se acostume" revelava que ela estava plenamente consciente do que fizera.

Kenjiro logo começava com risinhos e insinuações dignas de crianças. Carlos também esboçava um sorriso, mas era mais contido, apesar de claramente querer fazer brincadeiras com o mais velho também. Asura, por sua vez, percebia que sim, Julia era uma garota. Afinal, se não o fosse, a reação dele seria muito diversa... E falando em garotas, qual foi a última vez que beijara uma mesmo? Um selinho contava como um beijo?

A reflexão era cortada por Max, que abraçava o mais velho com gratidão e entusiasmo, para soltá-lo e se aproximar da outra Vigarista. Ambos claramente animados com a perspectiva que o dinheiro dava.

Além do sono, agora a única certeza do Gladiador era que aquela donzela nada inocente e indefesa, desbocada, que falara abertamente que um Gladiador deveria estar pronto para perder um Pokémon em batalha (situação que ela já passara e, talvez, ainda não tivesse superado), baixinha e sem delicadeza alguma tinha pegada.

- Sei lá, algumas gostam e outras não. - Julia respondia antes de se jogar na cama após guardar o envelope gordo na mochila e recolher Max a esfera novamente.

Asura dormia tentando colocar a mente em ordem. A tarefa, contudo, era difícil. Havia muito cansaço, muitas tarefas, ainda mais cansaço e os novos parceiros. Precisava se atualizar sobre os acontecimentos nas últimas duas semanas e não conseguia nem ao menos definir qual seria sua primeira parada no dia seguinte.

Entre pensamentos e listas mentais confusas, o Vigarista adormeceu. Na manhã seguinte, cedo demais em sua opinião, o rádio relógio o despertou com as notícias da manhã. O pior era acordar após não dormir o suficiente e não se sentir descansado ouvindo mensagem para o dia das mães. Essa palavra lhe atingia de várias formas... Seu passado se misturava ao desejado futuro em sua mente. Medos e sonhos sem limites claros entre si. Faziam quase 20 anos desde que perdera sua mãe e o rosto dela surgia em sua mente de forma um pouco disforme, mesclando-se ao rosto de sua amada assassinada e diversas candidatas a mãe de seus filhos.

O anúncio do batizado de Eggs quase passava desapercebido pelo Gladiador. A hora indicava que já haviam perdido a missa daquele dia e, se quisesse batizar seu futuro Pokémon, teria de acordar muito cedo no dia seguinte. Após desligar o rádio, o Gladiador olhou para a cama ao lado da sua, onde Kenjiro dormia novamente com de barriga para baixo, com os joelhos dobrados, de forma a deixar o quadril muito erguido e os braços esticados ao lado do corpo. A cabeça estava virada para o outro lado, mas Asura podia visualizar a trilha de saliva sobre o travesseiro.

Do outro lado, Carlos dormia de forma serena, perfeitamente coberto e aparentando tentar dormir da forma correta, se é que isso existia. Além dele, Julia estava semi tapada e abraçada com pernas e braços no travesseiro. O segundo travesseiro da garota já estava no chão e Asura não entendia o motivo dela precisar dos dois para dormir sendo que nenhum ficava embaixo de sua cabeça muito tempo...

Após ouvir as notícias e organizar os locais por onde desejava passar, o Vigarista deixou um recado para o grupo e deixou o quarto, não sem antes olhar o trio que ainda dormia. Kenjiro certamente agia como um filho, mas que papel caberia a Júlia e Carlos naquela família? A imagem de Júlia ocupando o papel de esposa causava todos os tipos de arrepio possíveis e fazia o Gladiador rir do absurdo da ideia. Carlos poderia ocupar o papel de irmão, quem sabe? Talvez Júlia pudesse ser a filha adolescente difícil, embora ele já tivesse conhecimento teórico suficiente para saber como evitar que uma filha ficasse desbocada e desrespeitosa como ela às vezes era...

Refletindo, o homem chegou ao restaurante, onde pegou um sanduíche com muitos frios e um copo descartável com café, bem como uma maçã que encontrou o bolso da calça. Poderia até parar para tomar um café decente, mas queria fazer muitas coisas antes de retornar ao hotel para o almoço, então precisava correr.

Por sorte, a estação de trem era do outro lado da rua e, após morder a maçã, pediu pelos itens que poderia ter recebido. Havia somente um Egg no lugar e Asura se impressionava mais uma vez por ver o ovo sumir quando o tocou. Novamente fazia as contas e percebia que estava portando seis Pokémon, no entanto ficava se perguntando como o sistema conseguia fazer um egg sumir na sua frente após um simples toque.

Egg Misterioso retirado da estação e enviado diretamente para o Storage

Para a sorte de Asura, os primeiros pontos de passagem eram próximos um dos outros e ele podia ir a pé até a Delegacia, chegando lá em poucos minutos. O relógio do celular indicava que já eram quase 11h.

Chegando no lugar, o Vigarista reparava em um certo acumulo de Cadetes, Gladiadores e Stylists. Aparentemente estava acontecendo uma convocação e, enquanto fazia a retirada de seus Pokémon, troca de itens e depósitos para nova retirada, um oficial lhe pedia alguns dados como profissão, nome completo e número da licença, deixando claro que o Gladiador não poderia se afastar da cidade para além de uma rota, de forma que pudesse retornar no mesmo dia caso fosse necessário.

O encontro deixava o moreno intrigado e ele saía da delegacia com seu novo egg Pokémon e os Lucky Eggs. Era hora de fazer a próxima parada e rápido, antes de Julia acordar e decidir que não valia a pena esperá-lo para algo que ela ainda nem sabia o que era. Do jeito que a morena era geniosa, não precisaria de muito tempo para ela chegar a essa conclusão.

Com os Pokémon já trocados e organizados como desejava, Asura partia para a próxima parada: mercado. Infelizmente, após 45 minutos de caminhada em ritmo acelerado,  o Vigarista acreditava que teria sido melhor pegar um táxi. Com o tempo perdido na delegacia, o relógio começava a indicar às 14h.
A fome começava a bater, uma vez que Asura ainda não parara para almoçar.

O mercado local surgia repentinamente a sua frente, na esquina entre a rua Lumiose e a rua Electabuss. Era hora de vender os itens sobressalentes. Ao entrar, a primeira coisa que percebeu foi o vendedor se abanando com um leque e levando na mão um copo com uísque. Algo no homem era familiar, apesar de não se recordar de já tê-lo visto antes.

- Yare, yare. Um cliente em potencial?

A pergunta era um pouco óbvia para um vendedor, mas inusitadamente a resposta era incomum. Após explicar que estava lá para vender alguns itens, Asura começou a expor a "mercadoria", tentando negociar um bom preço.

Damon começava oferecendo 200Pk$ pelas Smooth Rock e somente 100Pk$ pelas Sandstorm. O Gladiador logo optava por recusar a oferta, acreditando que o preço era muito baixo. As horas começavam a transcorrer enquanto os dois homens tentavam chegar a um acordo. Asura tentando majorar o valor e Damon, obviamente, tentando comprar por um preço vil.

Após uma hora e meia de negociação, o Vigarista arrancava do mercador a proposta de 500Pk$ por cada Smooth Rock e 375Pk$ por cada Sandstorm. Damon parecia irredutível em aumentar o valor, cabia agora ao homem aceitar ou não. O celular já marcando 15:30 e a barriga roncando alto ao ponto de se tornar audível para o outro que insistia em começar cada frase com yare, yare.

Após vender os itens e aumentar um pouco mais o dinheiro na carteira (que há menos de 24h estava mais cheia do que ele já tinha visto), Asura retornava para o hotel, satisfeito com o avanço de seus objetivos para a cidade. O tempo passava rápido e o dia era incrivelmente produtivo.

Quando finalmente entrou no quarto do hotel que dividia com o grupo, o Vigarista ouviu o barulho do chuveiro, constatando com um chamado que se tratava de Julia. Aproveitando o tempo que aparentemente teria, o homem ligava para a recepção, pedindo por uma refeição altamente calórica e capaz de lhe saciar a fome.

A refeição chegara, Asura limpara os pratos e Julia ainda estava em seu banho. O homem começava a achar que ela fazia de propósito, como castigo por ter pedido para que ela lhe esperasse ainda pela manhã, tendo retornado somente durante a tarde. A morena não parecia ser o tipo de mulher vaidosa que perde altas horas com cremes e em banhos produzidos, ou seria e só disfarçava muito bem?

Quando ela finalmente se designou a sair do suposto banho, com o cabelo pingando água no chão e de pé no chão, questionando que favor ele queria (milagrosamente não aparentando mau humor), Asura se viu interrompido antes de falar por buzinas e o som distante de explosões. Pouco depois, a luz acabava.

Olhando pela janela, a dupla percebeu que diversos carros haviam batido, derrubando inclusive postes. Julia comentava que alguém seria demitido, se referindo provavelmente ao responsável pela manutenção das sinaleiras, e se sentava na cama, secando os cabelos com uma toalha que lhe cobria totalmente a cabeça. A voz abafada voltava a questionar sobre o favor que Asura queria, não dando nenhum sinal de que estava disposta a descer para descobrir o que estava acontecendo na cidade e deixando isso a cargo dos cadetes. O relógio indicando que já eram mais de 16h.

Julia mirava Asura, tentando se decidir se o que ouvira era sério ou não. Dicas de moda? A menina não conseguiu se conter e acabou rindo alto, o que não agradou o outro Vigarista.

- Resolveu ouvir sua mulher interior? - Ela perguntava em certa provocação e um sorriso matreiro no rosto. Asura logo tentava se explicar, sem muito sucesso. - Muito bem, acho que posso te ajudar. Primeiro: precisa tirar essa aparência de homem das cavernas. Pode ter barba, mas cuide dela e vá na Jeito&Estilo. Corte fora a parte seca do cabelo e cuide dele. Segundo: que tipo de mulher você quer atrair? Se for uma Barbie clássica, precisa parecer um Ken clássico e passar a imagem de homem da família margarina. Aparência de vadio que dorme embaixo da ponte só vai te garantir algumas garotas  que querem uma aventura e aparência de naufrago não irá te render nada que aparente ser uma mulher...

Asura refletia sobre o que Julia falava mexendo na farta barba e selvagem barba. As pontas do cabelo realmente estavam secas devido ao sol do deserto. Julia, como se fosse a capitã do grupo no momento, dizia para Asura refletir sobre a imagem desejada durante a noite, pois na manhã seguinte iriam primeiro na Jeito&Estilo e depois na FashionStyle, ao que Asura falava da missa.

Enquanto a dupla discutia sobre os planos do dia seguinte, Kenjiro e Carlos entravam no quarto. O mais novo tinha o rosto pintado como se fosse um Emolga, usava na cabeça uma tiara de orelhas de Emolgas gigantescas e carregava na mão um algodão doce mordido.

- Gente, o parque de diversões é muito legal!

off: XD pois é ^^
off2: Eggs ganharam mais uma rota e ficha atualizada o/

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Na manhã seguinte, Asura seguia para a missa a fim de lutar contra o sono durante o sermão do padre. Antes de sair, ele mirou o grupo que o acompanhava mais uma vez. Como na noite anterior, Carlos parecia pensar que havia uma forma correta de dormir, Kenjiro ainda dormia com as pernas dobradas e o quadril erguido, enquanto Julia estava agarrada com braços e pernas em um travesseiro, com o segundo no chão.

Em silêncio, o Vigarista deixou o grupo descansar, enquanto descia para mais um café e caminhava até a igreja. Durante a missa, os bocejos foram inevitáveis, tanto pela hora quanto pela forma de falar do padre. Ao final, o que Asura realmente buscava: o batismo. Um a um o padre tocava os Eggs com ambas as mãos, rezando baixo. Para surpresa do Gladiador, a casca dos Eggs pareceu se aquecer por um instante, como se respondendo ao homem religioso.

Com o batismo encerrado, Asura se dirigiu à delegacia, depositando o segundo e retirando Keiko mais uma vez. A casca do primeiro ovo ainda era mirada com certa intriga, tentando descobrir se o calor que sentira fora real ou não.

Ao sair da missa, o Vigarista retornou para o hotel, a fim de encontrar o grupo que com sorte já estaria acordando. Por sorte, estava certo e era recebido por três perguntas simultâneas:

- Então, onde vamos hoje? - Kenjiro perguntava animado.
- Onde foi tão cedo? - Carlos indagava entre a curiosidade e a preocupação.
- Pronto para cuidar do cabelo? - Julia questionava sorrindo.

O grupo parecia não interrogar muito sobre o lugar onde Asura estivera durante a manhã e o Gladiador agradecia a esse fato. Com todos reunidos, o grupo Asura se retirava do hotel, rumando para a primeira parada: o salão de beleza. Era um tanto inesperado o destino, mas fazia o coração de Asura bater mais forte, ao imaginar que lá avançaria mais um passo na construção de sua família.

Durante a caminhada, ouvindo os relatos de Kenjiro sobre o estranho sonho que tivera, onde ele era um Chimchar em uma jangada em direção à Arima, acompanhado de um Seedot, Asura sentia-se relaxado. Apesar da pouca convivência, o grupo parecia entrosado e unido.

O Vigarista repentinamente se desligava das palavras, travando em sua caminhada. Ao notarem, Carlos e Julia também travaram e olharam na mesma direção, deparando-se com Luciano. Kenjiro, por sua vez, seguira andando e falando, parando alguns bons passos mais a frente e retornando de ré.

- Paramos por quê? - Ele questionou o grupo, tendo o rosto conduzido ao alvo por Julia.

Do outro lado da rua, o terrível e sem escrúpulos Apocalipse estava sentado, tomando café em uma das mesas que ficava ao ar livre do estabelecimento. O jornal que ele estava lendo esquecido sobre a mesa, ao lado da xícara, enquanto ele entregava um pedaço do sanduíche para um Zorua de rua, que corria para os becos após conseguir seu lanche. Pura falsidade. Movida pela raiva, Julia atravessou a rua a passos duros, parando em frente de Luciano.

- Hey Juju, oi pessoal, estão fazendo o quê por aqui? - Ele perguntava como se cumprimentasse velhos amigos.

Na capa do jornal duas manchetes se destacavam além das tradicionais sobre as disputas por dominação de território: as explosões do dia anterior e um assalto grandioso do outro lado da cidade, onde restaram dois mortos.

- Eu? Sendo um canalha? Assim você me ofende.

Asura mirava Luciano que parecia realmente ofendido com as acusações feitas. O homem era um ótimo ator, isso não podia ser negado. Julia, Kenjiro e Carlos sentavam-se à mesa também, mirando o Apocalipse a espera de algum ataque.

- Eu só vim resolver alguns problemas a pedido de uma amiga e pensei em aproveitar para tirar uma folga. Talvez visitar o cassino Lótus e tentar a sorte. Já pensou nisso? Embora, pelo que ouvi falar, dinheiro não seja mais um problema para vocês, não é?

O garçom logo se aproximava, deixando na frente de Asura um sanduíche de croissant e uma xícara de café. Alguns cardápios eram oferecidos aos demais, mas somente Kenjiro aceitava, escolhendo pouco depois uma torta de chocolate para si.

Julia parecia a mais inquieta sobre a cadeira, sentindo-se enjoada com toda a encenação do antigo amigo. Carlos tentava acalmar a garota, sem muito sucesso. A morena parecia deduzir milhares de frases nas entrelinhas e não se sentia bem com nenhuma delas, ainda mais quando somadas às manchetes expostas na mesa.