24/03

Eu não estava acreditando, serio que um merdinha de um garoto esta atrapalhando a fila? Em um mundo tão caótico e violento onde temos pouquíssimos meios de descanso um garoto fica simplesmente conversando com a Enfermeira, isso eu não admito, desligava a tela de meu celular, me inclinava um pouco para o lado e gritava para tal pessoa. -Querido, você não esta vendo que a fila esta enorme? Então né, muitas pessoas não tem tempo para isso e eu agradeceria muito se você para-se de enrolar falando com a enfermeira, aqui não é bate papo meu amor. 

Para falar a verdade após o meu pequeno discurso eu estava esperando que pelo menos umas das pessoas da fila falassem alguma coisa que deixasse claro que eu estava certa, mas ao invés disso um silêncio reinou no local e talvez esse tenha sido o motivo de eu não ter falado nada quando alguns cadetes cortaram a fila. 

Depois de um bom tempo esperando na fila, minha vez tinha chegado e eu não poderia-me sentir mais aliviada, pegava a folha de anotações retribuindo o sorriso da atendente. 

O silencio que tomou o hospital chegou a ser mórbido depois do grito de Lyli, o rapaz por sua vez logo saiu da fila indo se sentar de cara amarrada em um dos bancos de espera, quando finalmente a jovem foi entregar a ficha de atendimento encontrou uma enfermeira nao tão mais alegre ou vivaz, a pergunta sobre o quarto fez com que a mulher apontasse para o jovem dizendo:

- Nós disponibilizamos quartos para parentes de vitimas graves, como aquele rapaz que estava perguntando informações sobre a irmã mais velha e a sobrinha que sofreram um acidente de carro hoje pela manha! Se você não tem parentes em estado grave sente e espere como todo mundo!

Dizia a enfermeira quase arrancando a prancheta e as pokebolas de Lyli.

Quando fui entregar a ficha para a atendente, já não era mais a mesma e essa nova não parecia ser tão "legal" quanto a outra e ainda ficava fazendo arrumando desculpa para não me alojar, estava com mil e uma frases em minha mente e apenas não falei nenhuma delas por a enfermeira estar com meus pokemons e não queria um trabalho mal feito com eles. Tanto faz.  Dizia enquanto saia de perto da mesma e me sentava em um dos bancos do hospital. Deitava minha cabeça sobre meus joelhos e naquela posição ficava até que meu nome fosse chamado. 

A indiferença da jovem foi respondida do mesmo modo, sentar-se nas cadeiras de espera foi de certa forma relaxante para a jovem Stylist que deitando-se por cima de seu próprio colo acabou por adormecer.

O som de uma bandeja caindo no chão fez com que Lyli acordasse assustada, uma leve dormência nas costas da jovem indicava que a jovem havia passado tempo demais na mesma posição.

Já a enfermeira estava no mesmo lugar atendendo pessoas que chegavam para o atendimento, lá fora a cor do céu começava a mudar de azul para um leve alaranjado.

Estava deitado sobre meu colo, estava realmente cansada e com isso sem perceber peguei no sono. Para falar a verdade não me lembro do meu sonho mas me lembro muito bem quando a bandeja caiu e junto com sua queda veio meu despertar. Enquanto pressionava minhas costas com a mão, quase tinha esquecido de meus pokemons, andava em direção ao balcão de atendimento e sem me lembrar de tal enfermeira perguntava sobre meus pokemons com um olhar sonolento. -Olá eu gostaria de saber se meus pokemons já foram recuperados, meu nome é Lily, Lily Paskin. Após terminar a frase ficava parada na frente do balcão esperando a resposta da enfermeira. 

A enfermeira que atendeu a Stilyst parecia ser outra, e ao ouvir a voz dessa juntamente com o pedido sorriu de forma simples dizendo:

- Sinto muito tivemos uma tarde movimentada, eu já vou ver se eles estão prontos!

Disse a mulher ao se levantar carregando consigo algumas pranchetas e pokebolas para dentro da porta que separava o balcão do saguão do hospital.

Estava com sorte, o fato de mulher não ter se lembrado de mim era uma grande dadiva naquele momento, já que assim poderia pegar meus pokemons e sair de lá o mais rápido possível. Enquanto esperava com que a enfermeira volta-se com meus pokemons encostava meus dois cotovelos no balcão da recepção e apoiava minha cabeça na palmas de minhas mãos.   

Não demorou muito para que a enfermeira volta-se trazendo consigo uma bandeja de alumínio com duas pokebolas brilhantes em cima, esta sorriu de forma educada dizendo:

- Novamente nos desculpe a demora e tenha uma boa tarde!

Entregando as duas pokebolas e liberando a jovem Stylist para as ruas movimentadas de Nyender.

A mulher chegava com minhas duas pokebolas, dizia um silencioso "obrigado" e logo me retirava do hospital e me direcionava a saída da cidade de Nyeder indo em direção a Rota 1, já que tinha nada a fazer na cidade rosada.