Little Kitty, Hellhound and... Amore?

Spoiler:

Finalmente um pouco de paz! Ou pelo menos... É o que espero... Não me entendam mal, não é que eu goste de sair por ai arrumando confusão, na verdade eu sou relativamente discreta, mas algumas vezes é impossível não resistir! Como não provocar aquele cadete? Foi divertido demais! Fico imaginando a expressão dele quando viu meu bilhete e me permito sorrir enquanto olho para trás. Ele ainda deve estar revirando aquela cidade atrás de minha pessoa.

O.K Kate, mantenha o foco. Este caminho é íngreme e você pode escorregar e quebrar o pescoço, e digamos que esta não entra na lista de sensações que acho interessante sentir. Sabe como é, não é? Ossos partindo não costumam ser divertidos.

Meus olhos se voltam a olhar a paisagem, em busca de algum lugar onde possa me esticar mais calmamente. Poochy lutou muito bem, mas ainda não tive tempo de parabenizá-lo, e ainda “ganhei” uma nova companheira. Sim, usei o termo Ganhar. Não é roubo, já que o cara lá que me entregou! Claro que eu podia ter desfeito a confusão, mas neste caso: Considere um “Pegar emprestado, mas sem data de devolução”. Viu? Não fica tão feio nestes termos, sendo que é a mesma coisa bem ao fundo.

Puxo minha capa para trás, revelando mais meu rosto para a rota, e consequentemente, o rabo felpudo e rosa de minha nova parceira, que no atual momento, se parece com um cachecol enrolado em meu pescoço. Minha mais nova diabinha, que no primeiro contato tentou me morder, mas quando sorri e disse que nos daríamos bem, relaxou... Relaxou até demais... Esta folgada é teoricamente rápida e pensei que fosse uma espécie energética, mas andar que é bom, ela anda? Nem pensar! Fica me pedindo para carregá-la como se suas patas estivessem cansadas demais, sendo que nem havia dado três passinhos! Bom, ao menos ela é leve e já sei que terei um cachecol vivo nos dias frios. Ela também dispensa muitas palavras, sendo outro ponto a favor dela. É bom não ter um Pokémon babá moralista desta vez.

Dou uma leve risada com o pensamento. Poochy provavelmente revidaria com uma mordida se tivesse ouvido isso, mas ele está na pokébola e não lê pensamentos, então estou salva! Há há! Amore se remexe e se acomoda melhor. Sim, esse é o nome dela, mas não é por ser uma Pachirisu Enamorada. Ela de fato parece ser amorosa, mas amor dói, não é? E também, ela parecia não querer atender apenas por Pachirisu, ou abreviações, de qualquer maneira. Fico curiosa em saber quem é... Como era o nome? Susan? Deve ser, mas deve ser alguém com alguma influencia, ou dinheiro, ou ter contatos “negros” para obter tal Pokémon. Não vou reclamar de ter uma sósia que tem acesso a coisas raras, ao contrário, quero até agradecer pela contribuição, e para agradecer, vou cuidar muito bem de Amore e de todos os itens!

Kate se aventurava pela Rota 18 após conseguir fugir de Chermont sem ser capturada. A mais nova armagedon se divertia imaginando a expressão do cadete ao encontrar seu bilhete para, logo em seguida, recobrar a atenção no caminho que trilhava, afinal de contas, o caminho era perigoso e a sensação de ossos fraturados não era algo desejado pela morena.

Amore, a mais nova companheira de viagens de Kate, se mexia em seus ombros, curiosa com o cenário, mas indisposta a abandonar sua "carona" para explorá-lo. Kate mirava com o canto dos olhos a rara Pachirisu que conseguira em um golpe de sorte. Fosse quem fosse Susan, a adolescente agradecia pela influência da mesma, do contrário não teria agora a esquila cor-de-rosa. Também agradecia ao fato de serem parecidas e, assim, ter sido confundida com a real dona do pokémon. Por outro lado, dependendo do nível de influência/riqueza/poder de Susan, Kate deveria tomar cuidado com essa mania da esquila de se mostrar, pois seria facilmente reconhecida e, talvez, ter a pokémon confiscada e, para piorar, ser possivelmente presa... Teorias nada boas... Kate rezava para que Susan se esquecesse da esquila, o que também era pouco provável. Quem se esqueceria que teve um pokémon único roubado?

Apesar de tudo, a garota conseguia se distrair de seus possíveis problemas futuros (se são possíveis, podem ser ignorados no momento) ao comparar Amore com Poochyena. Uma risada escapava de seus lábios ao recordar que o cão certamente lhe morderia se ouvisse seus pensamentos, mas para sua sorte, o mesmo estava na pokébola. Intrigada com a risada, Amore se aproximou e farejou o rosto da Kate, para logo depois apoiar a pata em sua bochecha e pegar impulso para subir em sua cabeça.

Kate apoiava as mãos na parede ao seu lado. O vento frio lhe bagunçava os cabelos, mas a jovem estava impedida de colocar seu capuz novamente, já que Amore seguia em pé sobre sua cabeça. A pokémon parecia muito distraída, admirando a paisagem de pedra, algo que a morena jamais entenderia. Um vento mais forte quase desequilibrou a adolescente, fazendo-a se abaixar e se segurar nas pedras. Pega de surpresa, Amore caiu de seu pedestal e ficou pendurada nos cabelos da morena, arrancando alguns fios durante a queda. Quando a ventania cedeu, a pokémon retomou seu posto de observação.

Miro a Pachirisu pelo cantos dos olhos, pensando no golpe de sorte que havia dado em ser confundida com a verdadeira dona daquela pestinha. Mas isso também me preocupa um pouco... Digo, é um Pokémon único e que gosta de se mostrar, as chances de ser reconhecida seriam altas... E ser presa não parece agradável... Mas depois penso nisso. São apenas possibilidades, então não tem razão para me focar nisto agora. Quando chegar a hora, penso melhor.

Miro novamente a esquila, quando esta me fareja. Não evito dar um sorrisinho, parando enquanto Amore se coloca em minha cabeça. Realmente, uma grande folgada. Preguiçosa demais para andar e explorar, mas ainda assim queria ter uma visão do local. No entanto, um ventinho muito chato me faz ficar mais rente a parede.

Que frio! Ventinho sacana! Mas graças ao meu novo “chapéu” rosa, não posso colocar meu capuz... Que tentação retornar essa Pachirisu para a pokébola... O que tem de interessante num monte de pedras? E tenho que ficar mais atenta... Quase caio e pensei ter visto minha vida passar diante dos meus olhos... E nem tive tempo para me despedir de alguns fios de cabelo que minha “doce” Pokémon arrancou... Não que eu seja apegada ao meu cabelo (acho que qualquer um que já me viu de cabelo longo, ou o cortando eu mesma, deve perceber isso com facilidade), mas tenha um Pachirisu usando o teu cabelo como corda pra usar tua cabeça como pedestal, daí me diz se é divertido!

Suspiro desanimada, me mantendo rente a parede e, desta forma, evitar lições de voo com resultados desastrosos. É pedir muito um lugar calmo, onde eu possa beber um pouco? Acho que tem uma rota com menos precipícios mais adiante, mas também não é simpática, ou convidativa... Ó Arceus, porque não fui pela rota três e Jorvet? Seria mais fácil... Sabe como é, menos altura, menos risco de quedas... Talvez encontrasse algum bom samaritano que me emprestasse a carteira sem perceber e não se importasse em não ter devolução...

Kate seguia seu caminho questionando-se se havia escolhido a melhor rota, porém logo chegando a conclusão que o percurso que passava pela rota 3 e por Jorvet seria, possivelmente, muito mais tranquilo. Amore, ao invés de colaborar com Kate, permanecia em seu pedestal mirando tudo ao seu redor, para grande intrigada da morena.

- Pacha...

Amore de repente saltava sobre a cabeça de Kate, chamando a atenção da mesma e a forçando a virar a cabeça para onde a esquila apontava. Para desgosto da morena, um grupo de Mankeys deslizava sobre as pedras e parou ao escutar o chamado de Amore. A esquila, aparentemente, não queria permitir que os macacos se afastassem sem antes a adorarem. Para conseguir tal feito, a esquila usou seu Attract nos pokémons lutadores, ganhando a atenção dos machos imediatamente. Enquanto eles desciam com ar apaixonado, as duas fêmeas os seguiam não aparentando satisfação em terem seus pretendentes roubados por uma esquila cor-de-rosa. Kate sabia que em poucos segundos ficaria no meio de um duelo de Mankeys pela atenção de Amore.

Potencialmente complicado...

Amore, por sua vez, parecia satisfeita e seguia acenando e chamando por seus pretendentes. A pequena parecia ansiosa por fazê-los lutar por sua atenção. A vaidade da mesma parecia não ter fim...

Adoro escalar e ficar em lugares alto, tendo até facilidade nisso, mas não gosto de quebrar ossos, então imagine minha felicidade estar num lugar cheio de precipícios e muito vento... E ainda tendo que tomar cuidado, visto que Pachirisu não parecia querer sair da minha cabeça, e digamos que foi muito difícil consegui-la para correr o risco de perder Amore. Tá, não foi difícil, foi mamão com açúcar junto com uma boa dose de sorte de ele vir pronto, servido numa bandeja ainda por cima, mas imagino que o próximo será muito difícil. Quer dizer, quantas vezes posso dar essa sorte?

Sou tirada de meus pensamentos por Amore, que saltava de minha cabeça. Viro-me para ela, mirando-a com alguma confusão. O que ela pretendia? A resposta? Simples: me fazer ver que sorte de adquiri-la só se for no inferno! Que partes de “não quero ter ossos quebrados” a vida não entendeu?!

Peguei Amore e sai correndo, para desgosto dessa Pachirisu vaidosa. Ela protestava, enquanto eu ainda corria, começando a contra argumentar.

-Tudo bem que você quer ser adorada, mas precisava ser por Mankeys?! – Ele fez um gesto de desdém. – Se quer se adorada, pelo menos tenta fazer eles nocautearam as fêmeas, que com certeza vão tentar bater em você... – Ela dizia seu nome, como quem dizia que eu a protegeria. Folgadinha, hein? – Claro... Visto que eles me matariam em dois toques e conhecem esse terreno muito melhor, te achando antes que possa se mandar... Sem falar que você ia ter que andar até Chermont pra arrumar outra pessoa pra te sustentar se algo acontecer comigo, e como pode ver, o terreno aqui é bem difícil e cansativo. – Amore pareceu refletir nessa possibilidade, mas não moveu nem uma pata para tentar impedir os Mankeys de nos seguirem. Continuou refletindo entre ser adorada, correr risco de ter que lutar contra as Mankeys fêmeas, e ter que andar até Chermont para arrumar outro otário para servir de carona e sustentá-la, ou de não ser adorada e me deixar fugir com ela de um bando de lutadores...

Sabe que eu estaria nessa mesma duvida no lugar dela? –sqn

Reviro os meus olhos enquanto continuo correndo, rezando para que o efeito do Attract passasse logo e eles nos deixassem em paz. Nunca vou entender essa gente (e Pokémon) que adora atenção.

Kate corria pela rota 18, deslizando por pedras e agradecendo a Arceus por cada vez que evitava cair precipício abaixo. Durante a corrida, a Armagedon falava com a esquila sobre as probabilidades que lhe restavam, obrigando-a a refletir sobre todas as possíveis consequências. Para Kate, era muito simples escolher uma das opções, porém a esquila parecia estar tendo dificuldades em se decidir. Obviamente que ela não se sentia pressionada pela situação de quase morte em que se encontravam.

- Pacha...

A esquila dizia com desdém, como se dissesse "então tá, né...". Os bracinhos e os ombros erguidos confirmavam a provável frase, assim como a falta de pressa em subir no ombro da Armagedon e falar algo para os Mankeys macho. Kate mirou admirada aos quatro Mankeys macho que pararam e, além de começarem a brigar entre si, começaram a brigar com as fêmeas, movidos pela paixão. Logo depois, enquanto Kate não reduzia o ritmo para ver até onde a influência de sua esquila manipuladora iria, Amore deu tapinhas na bochecha da morena, como se falasse "Viu? Resolvi o problema. Agora me adore por isso.", deixando Kate entre o perplexa e o frustrada por perceber que o Attract lhe traria inúmeros problemas futuros..

Muito distante da horda, Kate finalmente parava de "correr". Suas pernas e braços possuíam arranhões e seu cabelo estava além do despenteado. Amore, com a pausa, começava a lamber e arrumar sua cauda, alinhando cada fiozinho. Apesar da longa distância alcançada graças a "ajuda" dos Mankeys, Kate ainda não tinha se deparado com nenhuma árvore ou arbusto, somente pedras, como se a vida não quisesse chegar perto do lugar da qual a Armagedon se aproximava.

Correr, definitivamente, é o melhor para não morrer! Obrigada Arceus por evitar muitas quedas! Não tenho asas, então não quero aulas de voo! Mas não posso agradecer dessa mesma forma por Amore... Ela parecia ter dificuldades, e nem um pouco de pressa, diga-se de passagem, para fazer uma escolha óbvia.

No estilo de “então tá, né...”, ela finalmente se decidia e falava algo para o grupo de macacos. Não sei o que ela disse, mas fez o grupo brigar entre si. Voltei a gostar dela. Mas além de surpresa, não pude evitar ficar um pouco frustrada... Amore com certeza me daria muita dor de cabeça, principalmente com o Attract... Espero que, pelo menos por agora, tenha uma trégua e não problemas maiores...

Só me permiti sossegar quando estava longe da horda de Mankeys, respirando fundo e tentando recuperar o fôlego. Enquanto Amore se limpava, aproveitei para ver o estrago em meus braços, fazendo uma leve careta enquanto passava os dedos pelo meu cabelo, sentando em uma pedra que pudesse ser usada de cadeira e remexendo na mochila. Alguns doces cairiam bem.

-Hey.

Chamei por Amore, que me encarou por breves instantes, antes de me escalar de novo e ficar em meu ombro. Alcancei um doce para ela e mordi outro. Liberei Poochyena da Pokébola e também entreguei um doce para o mesmo. Senti um olhar desaprovador vindo desse monte de pelo em forma de cão, quando avaliou meu estado. Hora, não estava tão ruim assim! Eu acho... Bom, alguns minutos de descanso não farão mal nenhum, depois volto a caminhada.

Após fugir da horda de Mankeys, Kate sentava-se com Amore para respirar e recuperar as forças. A adolescente pressentia que precisaria de todas suas forças para viajar ao lado de um pokémon como Amore, afinal a esquila parecia gostar de atrair problemas e, quando eles não vinham naturalmente, Attract estava lá para corrigir o problema.

Kate suspirava e, após analisar suas condições rapidamente, soltava Poochyena. O cão a mirava com desgosto, reparando em cada arranhão que a Armagedon apresentava após a arriscada fuga. A arruaceira ignorou a análise, acreditando que seu pokémon só estava sendo um pouco dramático demais, e retirou o saquinho de doces que possuía na bolsa. Não haviam muitos doces em seu interior, porém seriam mais do que suficientes para animar a equipe durante o descanso.

Amore, sentada sobre o ombro de Kate e com o auxílio de um lenço que ninguém sabia de onde ela havia tirado, saboreava o seu doce. Kate mantinha o seu em uma mão e com a outra lançou outro para Poochyena. O cão abriu a boca e fechou os olhos a espera do doce que nunca chegou. Frustrado, ele procurou por seu petisco e começou a chamar por sua dona de forma indignada, acreditando que ela o havia enganado e negado o doce.

Descobri que minhas pernas não gostam de fugir de um bando de Mankeys em uma rota montanhosa... Precisei respirar algumas muitas vezes até que meu coração se acalmasse e parece de parecer um tambor. Amore vai ser um imã para problemas, isso não resta duvidas. Mas fazer o que... Vou ser treinada para correr a maratona na marra...

Bom, pelo menos teremos um momento de repouso, e nada melhor do que aproveitar as guloseimas compradas na padaria! Pena que não eram muitos, mas seria o suficiente no momento. O gosto fazia valer a pena o gasto aparentemente desnecessário! Se eu pudesse, viveria disso! Amore parecia ter gostado também, já Poochyena... Já havia terminado?

-Come mais devagar, não são doces infinitos...

Digo enquanto jogo mais um doce pra ele. Ele parecia indignado, mas não entendo o motivo...

Kate se impressionava com a velocidade com a qual Poochyena e, orientando o pokémon para comer mais lentamente, alcançou outra guloseima para o cão. Amore encerrava seu doce e, enquanto usava o lenço para limpar a boca cerimoniosamente, assistiu impressionada ao doce de seu colega de equipe sumir em pleno ar.

Novamente Poochyena aguardava com a boca aberta e os olhos fechados pelo doce que nunca chegou. Indignado e acreditando ter sido enganado, Poochyena avançou e mordeu a perna já arranhada da Arruaceira, o que a indignou de diversas formas. Para começar a listagem: era seu pokémon lhe atacando após ganhar doces; não havia feito nada de mais, se ele não gostou dos doces, que parecesse de comer; como correria a maratona com a perna ferida?

A adolescente começava a brigar com seu cão, enquanto Amore começava a pensar se valeria a pena sair de seu pedestal e verificar a criatura que pegara os doces e se escondera atrás da terceira pedra a esquerda. Sim, Amore era rápida demais para ser enganada e o estranho não fora tão cuidadoso. Enquanto refletia, mantendo o equilíbrio no ombro de Kate que ainda brigava com Poochyena, a esquila exigiu mais um doce.

Realmente, alguns instantes de repouso com doces, é simplesmente reparador. Respiro profundamente, aproveitando cada momento de paz, quando do nada, Poochyena me mordeu... O que deu nele?! Dou doces pra ele, e ele retribui com mordidas?! Se é essa a forma dele demonstrar afeto, tenho medo de saber como ele demonstra ódio!

-O que deu em você Hellhound?! Se não gosta de doce, não come!

Estou indignada, e ele parece estar também. E agora minha perna está doendo... Bicho infeliz, acho que vou transformá-lo num par de luvas... Fico brigando com Hellhound, quando percebo Amore pedir mais um doce. Sem desviar o olhar do Pokémon Dark, ergo um doce próximo da rosada, perto o suficiente para pegá-lo.

Kate seguia brigando com Poochyena, questionando o comportamento do mesmo e demonstrando clara desaprovação pela mordida. O cão, por sua vez, ainda acreditava ter sido vítima de uma brincadeira de mau gosto e rosnava indignado, refutando as palavras da adolescente. Para ele era incompreensível, afinal, estava recebendo bronca por ter caído na péssima brincadeira?

Enquanto Kate e Poochyena debatiam enfurecidos, Amore enfrentava seu próprio drama. Quando pediu por um novo doce, imaginou que receberia um e poderia desfrutas calmamente do petisco. Contudo a realidade se mostrou bem diferente. A armagedon estava tão distraída com a briga com o pokémon dark que não percebeu o peso em sua mão, contudo isso mudou rapidamente quando ouviu Amore gritar indignada.

Poochyena, atraído pela briga na mão de Kate, viu antes que sua dona a Spearow que passou a usar o braço da garota como poleiro, enquanto impedia que Amore se aproximasse do doce, ficando de costas e deixando as asas abertas para isso, e terminava o petisco com gosto. Kate só percebeu o fato quando, tentando ultrapassar a abusada ave e chegar à guloseima, acertou o rosto da morena com a cauda.

Minha pequena briguinha com esse cão sarnento e pulguento continuava. Eu não sou nenhum mordedor ambulante, oras! Mas ele também parecia indignado, o problema era com o que... Bom, não importa. O que importa é que ele não pode me morder, ponto final.

Estava tão focada na discussão, que demorei pra notar a outra briga que acontecia. Só ouvi o grito de Amore e me virei para olhá-la. Curiosidade e confusão batendo, sabe? Agora a pergunta do momento: de onde veio essa Spearow? E como não notei ela usando meu braço de poleiro? E ela impedia a Pachirisu de comer, o que explica a indignação dela. Como se não bastasse, ainda levei uma rabada na cara...

Suspirei desanimada, já imaginando o que tinha acontecido.

-Hellhound, você chegou a pegar algum doce? – Ele apenas balançou a cabeça de forma negativa, ainda encarando a ave com desgosto. Abri um sorriso pra ele. – Bom então, nesse caso, você me deve desculpas pela mordida! – Poochyena rosnou. Eternamente mal-humorado. – Não seja rabugento. Vou comprar mais doces assim que possível, e com sorte, você vai conseguir provar.

Tentei animar Poochyena, o que pareceu não funcionar muito, mas ele não rosnou, nem me mordeu. Já é um avanço. Amore me ignorou, queria o doce que Spearow ainda comia, e meu braço começava a cansar... Ora, é um Spearow e um Pachirisu num só braço, fica cansativo ficar erguendo o braço quando serve de banco pra dois Pokémon!

Após conseguir uma pequena trégua com Poochyena, Kate voltava sua atenção ao pequeno combate que ocorria em seu braço. Spearow seguia de costas, com as asas abertas e impedindo Amore de alcançar o doce. Pachirisu, por sua vez, já estava quase totalmente montada nas costas da ave, determinada a pegar sua guloseima, até que, para seu desespero, a ave jogou o último pedaço para cima e engoliu em uma única bicada. Indignada, Amore mordeu a cauda da ave, que por sua vez bateu as asas indignadas e se voltou para a esquila.

Kate, após cuspir as penas que pararam em sua boca, voltou a refletir sobre o que fazer. A jovem Armagedon sentia seu braço latejar de cansaço para se manter erguido com os dois pokémons que, por sua vez, não estavam pensando nenhum pouco em colaborar com a garota. Frente a frente, Spearow e Amore pareciam trocar ofensas uma para a outra e, a julgar pelo gesto de patas da esquila, o assunto ainda era o doce.

Poochyena saltava sobre Kate, mantendo as patas traseiras no outro ombro e as dianteiras na cabeça da adolescente, entrando assim no debate e questionando se realmente havia sido a Spearow quem havia pego seus doces. O cão ficou possesso quando a ave, sem se importar com as consequências, afirmou, dando de ombros em seguida. Kate servia de palco para o "debate" dos três pokémons e o cansaço começava a se espalhar por todo seu corpo.

Meu braço virou uma espécie de arena de combate... Uhu, que felicidade... Espero que você tenha notado o sarcasmo nesta última frase. Amore parecia realmente determinada em obter seu doce, mas Spearow acabou devorando numa só mordida... Bicada... Abocanhada... Ou seja lá qual for o termo correto. Isso resultou numa mordida de Amore, que fez Spearow abrir as asas do nada, o que me fez ficar com a boca cheia de penas.

Gosto de pena, não é legal. Perdi algum tempo cuspindo as que ainda persistiam em minha boca e rezei para ter mais doces e poder tirar esse gosto. Meu braço começava a latejar e nenhuma das duas parecia querer colaborar, ocupadas demais brigando por um doce...

E para finalizar: Hellhound entrou na brincadeira! Apoiou suas patas na minha cabeça e as de trás no meu ombro e também foi brigar com a Spearow! Hoje, definitivamente, não é meu dia de sorte! Será que tenho cara de palco? Minha paciência começava a se esgotar.

-Muito bem, já chega os três! Se o problema é o doce eu compro mais depois, mas parem de brigar em cima de mim!

Digo em alto e bom tom. Tá, minha paciência já havia esgotado na verdade...

Kate perdia a paciência com a disputa que ocorria sobre sua cabeça e log verbalizava a frase que mudaria toda a situação. Imediatamente após terminar de falar, todos os pokémons pararam de se debater. Amore seguia no ombro esquerdo da garota, Spearow na mão esquerda e Poochyena no ombro direito. Todos fazendo o possível para manter o equilíbrio sem perturbar a adolescente e a mirando com ansiedade. Poochyena chegava a balançar a cauda, na expectativa de finalmente ganhar um doce. Para a morena, no entanto, o curioso era o fato de nenhum dos três ter descido para o chão. Por acaso eles pretendiam ser carregados até Chermont e ganhar doces na boquinha?

Antes que a Armagedon pudesse mandá-los descer, um Gligar pousou em sua mão direito e, sem se importar com a clara superpopulação sobre a garota, esticou a pinça onde havia um envelope. Kate somente mirou o envelope sem acreditar que Gligar realmente esperava que ela o pegasse e lesse naquelas condições. Uma suave brisa, que gentilmente poderia ser apelidada de vendaval, soprou pela rota 18, quase desequilibrando a garota, porém todos os quatro pokémons seguiram firmes em seus lugares. Estar sentada há pouco mais de 5 metros da beira de um penhasco com quatro pokémons em cima de si, durante um vendaval era uma experiência única que a morena esperava não ter de repetir.

Para a sorte, ou azar de Kate, não eram somente aqueles quatro pokémons com quem teria de lidar, já que ao longe pode ouvir o grito de Mankeys. Com dificuldade, a morena olhou para trás e se deparou com a horda de antes, ainda sob a influência do Attract. Amore, em seu infinito espírito de bom senso, acenou para os mankeys, dando um sorrisinho e piscando o olho, até mais do que suficiente para fazê-los começarem a se aproximar em alta velocidade. A esquila parecia ter memória curta quando queria ser adorada...

Lado positivo: todos se aquietaram após eu ter me pronunciado. Lado negativo: ainda ficavam em cima de mim... Esperavam o que? Que eu carregasse todo mundo até Chermont e desse doce na boquinha pra eles?! Tenho cara de que? De transporte grátis?! Minha paciência estava sendo realmente ameaçada...

Aparentemente eu devo ter alguma placa dizendo “Descanse aqui”, já que mais um se juntou a festa dos folgados e pousou no meu braço. Encarei o Gligar por alguns segundos, esperando que ele notasse que eu não tinha como pegar aquele papel, mas aparentemente, superestimei a inteligência dele... Como se ser usada de pedestal por quatro preguiçosos não fosse o suficiente, começava um vendaval. Obrigada Arceus, era tudo o que eu queria... –mentira.

Adivinha se alguém saiu, mesmo depois de eu ter quase caído? Se você respondeu não, acertou!

-Gligar, eu não tenho como ler agora... E vocês pretendem acampar em cima de mim?! Carregar um é uma coisa, acima disso é demais!

Novamente bronqueio com eles, incluindo o recém-chegado e o Spearow selvagem. Adivinha se a situação melhorou? Se você respondeu não novamente, sua adivinhação é muito boa! Se continuar acertando assim, vou querer saber em que números da loteria você acha que eu devia jogar!

O grupo de Mankeys voltou e Amore queria ser adorada, então os chamou novamente... Isso não é divertido... Só tive tempo de murmurar uma praga antes de sair correndo de novo. Hellhound pulou para o chão (obrigada senhor!) e corria ao meu lado. Amore continuava em meu ombro, se segurando para não cair. Spearow permanecia bem fixa no meu braço, bem como Gligar. Corrida com pesos na montanha enquanto foge de Mankeys não está entre meus esportes favoritos, sabe?

Kate possuía vários motivos para se questionar o motivo de, um dia, ter desejado um Pokémon. A lembrança do Poochyena de Natasha, descansando comportado, obedecendo e agindo com inteligência invadiu sua mente. Por um momento quis um pokémon como aquele, mas ganhou um que parecia lhe ver como um mordedor ou ponto de descanso, sem falar em outros três pokémons (dois que nem lhe pertenciam) que também a usavam de ponto de parada.

Quando os Mankeys ressurgiram, a vida de Amore correu perigo, já que a paciência de Kate estava além do limite. Querer ser adorada por pokémons selvagens e agressivos em um ambiente de risco era o cumulo na concepção da adolescente. A única coisa boa que resultou da situação foi a descida de Poochyena. Obviamente que o cão teria mais dificuldades para se equilibrar e, correndo, ele possuía menos chances de cair. Spearow, por sua vez, mantinha as garras bem fechadas no punho de Kate, sem correr o menor risco de cair. Já Amore suava para se segurar no ombro de Kate e a esquila protestava veementemente contra a corrida, acreditando ser desnecessário. Gligar, usando suas pinças na roupa da morena, também tentava se manter firme e, não gostando da situação, pegou a mão da morena, forçou a carta que logo ficou firme em seus dedos e abriu as asas, planando para longe.

Kate quase escorregou com o movimento de Gligar, mas ficou feliz ao perceber que era mais um que não tinha mais de carregar. Satisfeita, deixou a carta entre seus dedos e seguiu correndo. Atrás de si, os Mankeys saltavam sobre as pedras, conseguindo reduzir a distância. Em um passo em falso, Kate ouviu uma pedra começar a cair, mas não ficou parada tempo o suficiente para saber quanto tempo levaria para a pedra parar de cair, supondo que ela parasse em algum momento...

O que eu peço: Um Pokémon comportado, obediente, inteligente, igual ao Poochyena de Natasha. O que eu ganho: Um pulguento sarnento que me usa como mordedor, além de ponto de descanso. Além disso, de brinde, ganhei mais uma folgada que adora ser idolatrada. E agora uma galinha e um... Sei lá o que é um Gligar resolveram entrar na festa... Parece que tenho a propaganda “Me use de ponto de descanso você também!”...

Okay Arceus, já entendi... Sou uma garota má, maliciosa, espaçosa, antissocial, que não quer nada da vida... Já entendi a lição, não precisa reforçar mais...

Que parte do não precisa reforçar não entendeu?! Não precisava mandar os Mankeys reaparecerem! Ou será que é um sinal de que Amore não me pertence e que eu devo devolvê-la?... Nááááá, da trabalho demais fazer isso... Mais fácil deixá-la sendo adorada, mas deu tanto “trabalho” pegá-la... Não gosto de jogar fora o investimento de terceiros... Mas não muda que é o cumulo querer ser adorada por Pokémon selvagens em ambientes de risco! Eu também sou fofa e não fico querendo ser adorada! Tá, talvez “fofa” não se enquadre bem pra mim... Se bem que é tudo questão de ponto de vista, então ninguém tem que opinar.

Bom, Gligar me entregou a carta e foi pra longe. Um peso a menos, ótimo! Espero que quem mandou essa carta seja atacado por hordas de pulgas mutantes... Agora só tinha mais uma folgada que não me pertencia, além dos Mankeys estarem se aproximando... Potencialmente desagradável...

-Tenho três aperitivos Pokémon comigo. Que tal aquele que vencer mais Mankeys ganhar os três aperitivos?

Pergunto para Poochyena e Amore. Talvez Spearow se interesse também e de uma forçinha... Três contra só-Arceus-sabe-quantos-Mankeys-são-já-que-não-tenho-interesse-em-parar-para-contar seria melhor...

Kate seguia fugindo dos Mankeys, enquanto diversos pensamentos cruzavam sua mente. A adolescente refletia se os problemas não representavam um sinal de que não deveria ter roubado Amore, mas a morena logo descartava essa possibilidade. Gligar, não gostando da situação, entregou a carta e desapareceu de vista, sendo um peso a menos para a Armagedon carregar enquanto fugia. Após amaldiçoar o desconhecido autor da carta, a garota oferecia os últimos três petiscos para aquele que derrotasse o maior número de Mankeys.

Como um passe de mágica, Kate repentinamente se sentiu mais leve...

Amore, Spearow e Poochyena estavam lado a lado, mirando os Mankeys que se aproximavam. Pela primeira vez há algum tempinho, a adolescente não servia de suporte para ninguém e isso agora chegava a ser estranho. O vento correu pela trilha, agitando os cabelos estranhos e carregando o grito de guerra de Spearow e Poochyena. A Armagedon sentia que a batalha seria tensa, mas então, como se não fosse nada, Amore piscou os olhos mais uma vez para os Mankeys e falou meia dúzia de palavras. No segundo seguinte os macacos sumiam em busca do que quer que Amore tenha pedido. A esquila se virou para Kate, deslizando a pata pela bochecha como se falasse "Moleza. Agora meus doces, sim?". Poochyena e Spearow, por sua vez, começavam a questionar sobre a validade da batalha, claramente sem querer ceder as guloseimas. A carta ainda firme na mão da garota e a rota 18 ainda se mostrando árida e sem uma única vegetação para aliviar os olhos.

Inacreditável... Encontrei três monstrinhos que se vendem por doces... Bom, pelo menos, já não tem ninguém em cima de mim e me sinto infinitamente mais leve. Até mesmo a Spearow saiu do meu braço e foi encarar os macacos! O que será que tem nesses doces? Seja o que for, vou ter comprar mais.

Aproveitei para esticar os braços enquanto imaginava o que aquele trio iria aprontar, as estratégias que usariam para tentar vencer mais que os outros. No entanto, não imaginei que Amore iria passar a perna em todos e vencer aquela pequena competição. Não sei o que ela falou, mas aquele bando de macacos lutadores se foi rapidinho. Pisquei algumas vezes, realmente surpresa, enquanto os outros dois começavam a discutir.

-Bom, trato é trato... Amore ganho. Mas dependendo da renda, posso comprar mais doces quando voltarmos para Chermont.

Falei, tentando evitar uma discutição por parte do Hellhound e de Spearow, mesmo esta teoricamente não sendo minha. Alcançava o primeiro aperitivo para a esquila, abrindo a carta em seguida. Confesso que estou um pouco curiosa, não é comum receber correspondência via Gligar Correio, se bem que... Nunca recebi cartas... E a primeira que recebo veio em um momento realmente ruim.

Kate se surpreendia com a facilidade que os pokémons a obedeciam em troca de doces e chegava a conclusão de que teria de comprar mais rapidamente. Essa promessa fez Poochyena e Spearow sorrirem, porém este sorriso morreu ao verem Amore comer o primeiro doce. A esquila parecia satisfeita e logo pedia o segundo, porém a adolescente parecia paralisada enquanto lia a carta, por sinal a primeira, que se recebia.

Você está recebendo este comunicado para que saiba que foi escolhido para realizar esta missão. Tenho certeza de que suas habilidades serão o suficiente para concluir tal tarefa com competência. Se falhar, bem... Ouse falhar para saber o que vai acontecer. Seguem abaixo os detalhes da missão.

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Detalhes da missão: Você deve ir até a Silent City, encontrar 5 Mega Stones e leva-las até o Kazumi Hotel. É imprescindível que haja ao menos 3 Mega Stones diferentes e também é imprescindível que essas Mega Stones sejam entregues até o dia 31 de Outubro.

Recompensa: 2500 de Exp dividido entre todos os pokés, 1,000 Pk$

Assim que finalizar, vá para o Kazumi Hotel e entregue um relatório para o gerente, bem como os itens requisitados.

Era uma missão... Enviada pela líder Armagedon... Sua chefe... Que em breve deveria ser atacada por pulgas mutantes conforme o desejo da morena... A situação não parecia muito boa repentinamente... Se bem que, desde que entrara na rota 18, não podia dizer que teve uma situação realmente boa...

Bom, a promessa de doces fez com que Poochyena e Spearow se alegrassem um pouco, embora a segunda Pokémon nem me pertença, mas okay... Logo me distraio lendo a carta, enquanto Amore comia sua guloseima e os outros dois fechavam a cara, claramente insatisfeitos. Mas logo nada disso tinha mais importância após eu ver de quem era a maldita carta.

Era da minha chefe! Ai meu pai do céu! Pulgas mutantes, voltem pro rabo do Hellhound! Que ela nunca saiba que mandei uma praga... Mas o que estou falando, é claro que ela deve saber! Eu to perdida!

Respirei fundo, tentando me focar na missão. Se fosse bem... Mas o que? ACHAR MEGA STONES NO MEIO DE RUÍNAS E AINDA CORRIDA CONTRA O TEMPO?!?!?!?!?! Ela já devia saber que eu iria mandar essa praga! Só pode! Não acredi – Epa... 1,000Pk$? Ela não parece ser tão ruim assim... Só cinco pedrinhas, parece algo bem interessante...

Olho para os três monstrinhos, dando uma segunda guloseima para Amore e sorrindo de forma travessa.

-Sabem, os doces vão demorar um pouco mais por causa de um trabalho, mas podemos fazer mais uma pequena competição, valendo um saquinho de doces inteirinho só pro vencedor... Estão de acordo?

Os olhos dos três brilharam e pareceram se animar com a possibilidade. Chamei eles para me acompanharem até Silent City. Teria que ser rápida para terminar a tempo, mas se os quatro procurassem juntos, daria tudo certo.

Tentada pelo dinheiro que receberia ao término da missão e motivando os monstrinhos com a promessa de doces, Kate caminhava em direção a Silent city. Spearow, apesar de selvagem, seguia com a Armagedon, na expectativa dos doces e determinada a ser a que mais encontrasse pedras, mesmo não conhecendo a região para onde ia...

Não demorou muito para que a caminhada revelasse a entrada das ruínas. Kate suspirou mais uma vez, antes de entrar no lugar que era senhor das histórias de terror por Shinki. Com 4 olhos e somente 5 pedras para encontrar, o tempo não seria um problema, não é mesmo? E talvez, só talvez, a missão não se tornasse um castigo pela praga que a chefe dela provavelmente sabia que receberia no momento em que enviou a missão que desencadearia a praga...