Partida para Grung

A menina repetia constantemente para si própria, dizendo que não era uma ameaça para si mesma. Diante do que estava acontecendo ali, ela sabia demais e por conta desse saber poderia arrumar encrenca. Mesmo assim, o monge nem se importava com a presença dela. Mais do que isso, parecia que a albina era uma fantasma ali, invisível. O monge tratava do rapaz no meio do templo, com extremo cuidado, deixando a ferida bem fechada. Ao terminar, Geodude começava a puxá-la para fora, para outro cômodo.

- Eu não disse que não era para entrar? – a voz do monge quebrava o silêncio depois da pergunta da jovem. – Espero que não tenha profanado o nosso templo, sua menina estúpida. Quando eu falo uma coisa, é para ser cumprida. – Kanako se contorcia nos braços da menina, enquanto o monge falava. Parecia que o fire queria ataca-lo e Shiro tinha dificuldades de contê-lo. – Desça a rua da Monte até entrar na Rua das Pedras, que te levará até a Avenida Rocket e à direita tem a Avenida Mewtwo. Lá fica a estação. – a voz do monge era ríspida e queria dizer que ele estava mais do que irritado com ela. – Garota! Qualquer coisa que acontecer aqui... Se eu sonhar que você fez alguma coisa para que profanasse esse lugar, com certeza, mandarei uma praga até você.- o homem ameaçava albina, que já se sentia desconfortável e assustada ali. Talvez aquilo fosse um "código" para que Shiro não contasse para ninguém sobre o local...

Ouvindo claramente o que o monge tinha para te dizer, Shiro deixava o templo querendo esquecer o que houve ali. Ser perseguida por gangsteres era a última coisa que a albina queria e por isso ela não desejava se lembrar nunca mais daquilo que aconteceu ali. Sua expressão era cansada e um pouco abatida. Kanako seguia com a sua treinadora pelas ruas da cidade, tentando orientá-la melhor do que ela para chegar até a estação de trem. Enquanto no céu havia um crepúsculo enorme e bonito, que enfeitava as ruas já ornamentadas pelas árvores de cerejeiras, Shiro caminhava.

A menina via a calmaria da cidade, que parecia parada. Kanako parecia feliz em liderar, mas quando chegaram até a estação de trem, a menina logo se surpreendeu ao ouvir um barulho estrondoso atrás de si. Uma explosão acontecia em um prédio próximo e assim começava a pegar fogo. Uma mulher saia correndo de telhado em telhado nas casas, acompanhada por um Pokémon que voava, certamente uma bola roxa que expelia fumaça, que se chocava contra outro prédio e explodia o mesmo. O prédio já velho e aparentemente abandonado começava a desabar e várias pessoas saiam dali.

Uma garota recolhia sua Pokémon rosada e segurando um ovo misterioso saia correndo, sumindo de vista da albina. A mesma estava desorientada e por conta disso se chocava contra outra menina morena, diferente da do ovo misterioso, e com seu Pokémon, um pinguim azulado que caia no seu colo. Shiro mal percebia Kanako saindo e várias pessoas correndo de um lado para o outro. A albina era praticamente levada pela multidão, levando consigo o Pokémon, apertando de modo bem forte.

Com a grande quantidade de pessoas movendo-se de um lado para o outro, a menina conseguia, com dificuldade, entrar na estação de trem, que estava lotada e quando deu conta de si, estava sentindo seu Pokémon fire muito agitado e foi só ai que a albina havia percebido que estava com o Piplup que havia caído sobre si lá fora.

Ainda confusa por tudo o que tinha acontecido em um espaço de tempo pequeno, Shiro se deparava com o Pokémon em seus braços. O Piplup parecia ter percebido a troca antes mesmo da stylist. Agora, a albina parecia querer saber o que se passava e encontrar uma solução para o caso todo, mas tudo o que conseguia não passava de um mal entendido. Parecia que sua viagem para Grung iria demorar...

Mesmo assim, a amanhecer saia passando pelas pessoas, sendo apertadas no lugar. Shiro percebia que nem a Pokébola do Pokémon tinha em mãos, então, o Piplup era apertado de igual forma. Ia se apertando até chegar a uma cabine em que um homem uniformizado estava falando e dando informações sobre os trens e os atrasos, pedindo principalmente calma. Mas infelizmente, as pessoas não estavam ali por informações ou viagens, mas para se proteger das explosões lá fora.

O cara da cabine começava a falar em alto e bom som para que a troca fosse desfeita, pedindo para que a pessoa fosse até ali na cabine. O loiro de olhos castanhos claros tentava manter a calma, mas parecia que as pessoas falavam mais alto do que o som do local e por isso ninguém prestava muita atenção.

- Desculpe, mas acho que nessa situação, eu não vou poder ajudar muito. – a voz do funcionário parecia tensa no momento, ao passo de que até ele estava pronto para surtar, como todos ali.

Revoltada porque o sistema de som da estação não era o suficiente para poder conter o avanço da multidão e reparar a desordem, Shiro se retirava, deixando o frustrado operário de voz atraente para trás. O homem tentou comunicar ao supervisor, mas isso não era bem um caso que poderia se resolver facilmente. A menina saia com o pinguim em seus braços e assim tentava manter a calma. Assim, perguntava para o water quais os golpes sabia. O pinguim, bastante orgulhoso e contrariado por não estar perto de sua mestra verdadeira, abria um berro no local, agudo, que quase deixou a menina surda e chamou mais atenção das pessoas do que o som dos alto-falantes.

O Growl do pinguim chamou a atenção de todos ao redor da amanhecer, isso porque aparentemente foi fraco o grito, podendo mostrar que o pinguim poderia gritar muito mais. Houve um silêncio e várias cabeças olharam para Shiro e o water, mas logo voltaram a conversar e a encontrar  o desespero. Uma criança ao lado começava a chorar alto e estava sozinha. O berreiro chamou a atenção da albina e quando se aproximou dela, o menino a abraçava e grita.

- Quero a mamãe, quero a mamãe!

Shiro se encontrava com duas problemáticas em mãos. De um lado, um Pokémon perdido e outro sobre sua posse, cujo orgulho traria para a menina um pouco mais de trabalho. Por outro lado, um menino chorão, que queria apenas encontrar-se com sua mãe. Os dois problemas pareciam urgente e a menina só tinha um plano: usar o Piplup. A primeira coisa que iria fazer era convencer o Pokémon, mas enquanto a criança estava abraçada em suas pernas e o Pokémon remexendo-se em seus braços, a albina tinha pouca opção.

Mas quando Shiro deu a ideia, Piplup pareceu feliz e se soltava dos braços da menina e ia para o chão. Com o peito estufado como um bom pinguim orgulhoso, Shiro cutucou o ponto certo e o incentivo foi mais do que o suficiente para o pinguim erguer um grito enorme em campo e chamar a atenção de todos ali. As ondas sonoras se espalhavam na estação de trem e ali as pessoas começavam a se calar para colocar as mãos no ouvido para impedir o som agudo do Pokémon water.

Diante disso, o menino chorava mais ainda e abraçava mais forte as pernas da albina, que também tentava bloquear o grito do Pokémon em campo. Engolindo em seco, a menina só pode ver que estava diante de uma situação bem mais complicada do que antes, mas aos poucos via-se no meio da multidão uma felina de cauda longa saltar e sorrir para Piplup. A glameow ronronava ali, enquanto uma mãe desesperada saia do meio da multidão, acompanhada por uma morena de mesma altura de Shiro com Kanako em seus braços.

Parecia que a confusão havia acabado, pelo menos, pela parte da troca dos Pokémons e pelo encontro entre mãe e filho. A mulher, ao ver que o menino estava perto de Shiro, saia correndo e já chorosa abraçava o garoto e o apertava o pequeno que ainda soluçava. Mesmo assim, diante do que havia acontecido, o grito de Piplup havia parado e Luna parecia quebrar o gelo entre ela e o Pokémon. Torchic estava grudada no colo da albina, enquanto Piplup estufava o peito, como quem dissesse que ele salvou o dia.

As primeiras palavras da dupla eram de reconhecimento, mas logo se tornou difícil ouvir alguma coisa, já que depois que o pinguim terminou seu grito, as pessoas voltavam a conversar e a pedir informações ao mesmo tempo, enquanto glameow balançava a sua calda vagarosamente no ar. Enquanto isso, as meninas recebiam o agradecimento da mulher e se conheciam, enquanto o motivo da confusão permanecia um mistério que poderia demorar em ser descoberto.

Mas logo a conversa das duas por informações era frustrada, quando o som que outrora estava baixinho, começou a ficar mais alto e com isso chamava a atenção de todos. Shiro, que já sabia onde ficava a cabine do microfone, direcionou seu olhar para lá, sendo seguida pela morena e ambos avistaram não o locutor, funcionário da estação, mas uma jovem de cabelos negros e olhos grandes falava, enquanto um menino de cabelos de mesmo tons ficava nos portões da estão, fechando-os e isolado as pessoas de dentro da estação. De primeira vista, eles eram no mínimo, irmãos, se não fossem irmãos gêmeos.

- Atenção população que está um caos de Nyender. Aqui quem fala é a Arruaceira Apocalipse, Katia. Eu e o meu irmão, Kaleb, estamos aqui para parabenizar vocês por serem escolhidos para serem nossos primeiros alvos de um ataque em massa Apocalipse. Agradeço a atenção de vocês e... Viva a anarquia!

As pessoas ficavam mais desesperadas e tentavam avançar para a saída, mas logo um Pokémon inseto lançava vários espinhos roxos, que saia fazendo várias pessoas caírem no chão, possivelmente envenenadas. A morena e a albina começavam a serem empurradas enquanto protestava e quando Katia passava no meio de todos, um corredor era aberto e a menina ia para perto do seu irmão, acompanhada pelo mesmo inseto, só que de cor diferente.

Aproximando-se da jovem de pele pálida, Luna estendeu a mão para cumprimentá-la da mesma forma que esta o fez. Seus olhos por alguns instantes se alegraram por ver que por ora, menos um problema para ela se preocupar.

- Temo em dizer que os ataques dos arruaceiros chegaram a capital e isso é muito ruim, minha cara Stylist... - antes que pudesse terminar ou ao menos, concluir sua resposta uma voz feminina tomou o local, seguindo os olhos da jovem albina a Gladiadora mirou a cabine de comunicação da estação e em sua mente algo ecoou... "Isso não vai ser nada bom".

Antes que as coisas piorassem, Luna em um simples e rápido movimento recolheu seus dois Pokémons, afinal, além de não querer perdê-los, ela também queria evitar que o orgulho de Fertuz lhe causasse novos problemas. E logo a noticia ruim apareceu, estávamos agora todos presos dentro da estação de trem e acuados por dois Apocalipses e mais, irmãos.

A Gladiadora apertou os punhos com força e deu alguns passos para trás, buscando evitar esbarrões e mantendo-se perto de Shiro. Preocupada!

- Não corre. Mantenha-se calma! - sussurrou, Luna. - Os cadetes não sabem que eles estão aqui, tão pouco na estação de trem, precisamos fazer alguma coisa ou Nyender vai ruir. - dizia ela, ainda em tom reduzido e cabeça abaixada.

A multidão parecia se aglomerar no meio da estação. Lá fora, um caos que deixava todos desnorteados, ali dentro, mais um, só que aparentemente, esquecido pelas autoridades. Diante disso, Luna recolhia os seus Pokémons, enquanto Shiro se questionava sobre a capacidade da estação em manter-se em segurança. Os irmãos pareciam ter provocado todos. Alguns corpos estavam no chão, fruto dos espinhos venenosos dos insetos e das pisaduras da multidão. Ao lado, em uma escada que levava para o segundo andar da estação, um Drowzee saia andando com seus olhos brilhando vermelhos e o corpo de funcionários da estação saindo em filas, cada um com um olhar de zumbi.

Do gerente aos faxineiros, a multidão pareciam zumbis pegos pelo Hypnosis de Drowzee. Ao lado dele, a garota apocalipse acariciava a cabeça do Pokémon. Os insetos ainda deixavam as pessoas acuadas, enquanto cada um dos funcionários pegos pelo Drowzee tinham ferramentas em mãos que indicava que eram armas. Grandes chaves de fendas, vassouras e algumas ferramentas. Ao alto, um telão negro, indicando que faltavam alguns minutos para o trem chegar de Chermont.

- É o seguinte! Nossa estreia, como ordenadores do caos, começará aqui e por isso peço que ninguém se mexa a não ser se eu ou meu maninho mandar. Vamos fazer o seguinte, quem sair do “bolo” de gente, recebem agulhadas dos nossos Pokémons. Quem ficar, receberá um zumbi hipnotizado na cara.

A menina morena tinha um péssimo humor. Havia hipnotizado os funcionários para que esses cometessem assassinato ali na estação, enquanto quem tentasse fugir, eram pegos pelos insetos. Nada agradável e aparentemente apenas Shiro e Luna estavam ali para defender. Mas ao olhar para o lado, Amanhecer e Vigarista olhavam o locutor da estação, que estava no meio do povo com uma esfera bicolor na mão, porém tremia...

Luna estava decidida em agir, afinal, ficar ali assistindo vários zumbis sobre o poder de um Drowzee atacar os civis não era reconfortante para a gladiadora. Todavia, Shiro parecia mais indecisa. O medo, talvez, impedia a stylist de agir, afinal de conta, ela tirou a licença para poder ser uma batalhadora, mas sim, para encontrar um motivo para viver. Naquele momento, o motivo para viver era não morrer! Apressada, Luna erguia a sua esfera e Glameow aparecia mais uma vez em campo, enquanto Os insetos e os irmãos reparavam na presença de mais um Pokémon ali.


Enquanto Luna dava a cara para lutar, Shiro se recolhia entre a multidão, claramente tentando outra solução. No meio da multidão, o locutor parecia se camuflar e era o único funcionário que estava ali e não estava sobre o controle do Pokémon psíquico presente. No entanto, tremia muito e tentava folgar sua mão da esfera que possivelmente continha um Pokémon. Shiro percebeu e tentava agir com suas palavras.

- B-bulbasaur... Não sou gladiador! Sou péssimo em batalhas, apenas peguei a licença, pois é mais fácil ter amigos Pokémons do que normais... – dizia o homem de bela voz.

Enquanto isso, a gatuna sedutora aparecia com seus olhos puxados e sua cauda que mexia no ar de forma hipnotizante. Os insetos lançavam suas agulhas venenosas, e a multidão gritava se afastando, destacando a morena de fone de ouvidos no meio. A gatuna veloz, desviava com classe, mas mesmo assim era pega no ar pelo Confusion do Pokémon paranormal.

- Dorga! – o locutor parecia erguer sua esfera e mais ou menos sem pensar direito, Bulbasaur aparecia em campo. – Chico, ajude-a!

O Pokémon bulbo erguia seus chicotes e atacava o Pokémon dos irmãos, que pareceram não gostar nada do que estava havendo ali. Drowzee se desconcentrava e largava a gata no chão.