01 - Buy The Stars

Era perto do meio dia, e apesar do horário, as ruas não apresentavam grande movimentação. A chuva caia, sendo um pouco forte, mas mais suportável se comparada com as tempestades de algumas semanas. As pessoas todas possuíam capas e guarda-chuvas, o jovem puxava o capuz do casaco para tentar se proteger.

Sayuri caminhava pelas ruas, sem ideia sobre como encontrar o centro de recrutamento da organização que desejava fazer parte. A única certeza era a de que não iria voltar, até ter ingressado aos Armagedons, apesar de esta tarefa poder ser mais complicada do que se podia imaginar. Não possuía pistas.

A fome começava a surgir, mas a falta de dinheiro limitava as opções. Passou em frente ao Nokori Hotel, vendo as pessoas rindo no interior. A história se repetia no Kazumi Hotel. Todos secos e sem problemas aparentes. O loiro continuou procurando algum local que vendesse comida barata, entrando em uma das ruas mais movimentadas e vendo um local com vários toldos oferecendo proteção. Cadeiras e mesas espalhadas, muitas delas ocupadas. O local estava incrivelmente cheio e movimentado, enquanto o garçom corria de um lado para o outro, tentando atender a todos.

Depois de passar em frente aos hotéis mais requintados da capital, Fumio chegara ao famoso restaurante Kiga que mais se assemelhava a um trailer. O jovem aspirante a gângster se aproximou do balcão com o desejo de escolher algo para comer e talvez conseguir alguma informação. Ao lado do trailer, um Poochyena dormia tranquilamente sem se preocupar com tempo fechado.

Kiga caminhava de um lado para o outro tentando atender a todos os pedidos. Quando percebeu a presença do loiro, se aproximou com um sorriso desajeitado.

― Olá meu jovem! Certamente deve ser novo na cidade. Hoje o prato do dia está maravilhoso e custa apenas Pk$ 20. Mas, se você é corajoso, pode pedir o número 9. Vou logo avisando que é somente para os fortes. Custa só Pk$ 30.

Kiga deixava o jovem pensando enquanto ia rapidamente olhar uma panela que estava quase queimando. O cozinheiro voltou para anotar o pedido do jovem. Antes que Fumio perguntasse sobre a localização da sede da gangue, uma jovem se aproximou e se sentou ao lado. O Meowth da jovem subiu no colo e se acomodou enquanto um Taillow pousou no ombro da mesma.

― Olá Kiga! ― a voz da jovem era animada e ela aparentava ser uma freguesa frequente. ― O de sempre pra mim, por favor!

Fumio começava a ficar nervoso devido a presença de uma cadete ali no Kiga. O jovem não tivera boas experiências com cadetes e isso havia deixado sequelas. A possibilidade de ser preso injustamente martirizava o aspirante. O jovem sabia que havia muita sujeira dentro da corporação e por isso desejava se tornar um Armageddon: pela verdadeira justiça. A mistura de raiva e medo eram perturbadoras e fez com que o jovem deixasse o balcão e se afastasse.

― Senhor! Senhor! Você não fez o seu pedido! Não gostou do atendimento?

Kiga gritava do balcão para chamar a atenção do jovem que já estava distante. A jovem cadete se virou e espiou por cima dos ombros para entender o que estava acontecendo.

Com toda a atenção que estava chamando devido aos gritos, Fumio percebeu que não fora uma boa ideia sair sorrateiramente. O jovem sabia que não poderia deixar o local sem ao menos se explicar para Kiga e sair correndo seria uma péssima ideia com a presença de uma cadete.

O jovem voltou ao balcão e se escusou explicando ter pensado ter sido chamado por alguém. O Meowth da oficial observava Fumio com seus grandes olhos enquanto o Taillow parecia não se importar muito. Kiga voltou com um copo d’água e fez uma expressão aliviada por não perder outro cliente. O aspirante a gangster se voltou para a cadete e tentou interagir com a mesma. Talvez assim qualquer suspeita sobre ele seria desfeita.

― As ruas continuam violentas como sempre, mas tentamos controlar tudo. Os gangsteres estão cada vez piores... ― a jovem olhava para cima um pouco pensativa enquanto acariciava a felina em seu colo. Kiga se aproximou e deixou a refeição da jovem o que a fez abrir um largo sorriso. ― Mas o pior de tudo é que a filha da comandante Thompson foi sequestrada. Como eles conseguem ter um coração tão duro assim? Envolver uma inocente criança... ― a jovem parou por um momento e suspirou ― mas nós iremos conseguir recuperá-la de volta.

O jovem ouvia com atenção a fala da cadete e via ali uma oportunidade. Criando um plano improvisado, Fumio tentou sugerir à jovem uma pequena missão de resgate. A jovem o fitou com uma expressão de surpresa e logo começou a rir.

― Você só pode estar brincando! Isso deve ter sido obra de alguma das irmãs Yushiram. Coisa de cachorro grande. E com certeza os sequestradores não estão mais na cidade ― a jovem tomava fôlego de tanto rir e prosseguia. ― Mas, se você veio se tornar um cadete, fico feliz por isso. Posso te acompanhar até a academia se quiser.

A cadete abriu um sorriso e voltou a comer.

O plano do jovem falhava e ainda levava de brinde uma cadete ansiosa em ajudá-lo a se tornar cadete. Fumio precisou pensar rápido antes que fosse levado a tornar-se algo que detestava. Só o fato da jovem querer “arrastá-lo” à academia já causava asco no aspirante a Armageddon.

― Poxa! É uma pena! Eu ia dar todas as dicas para você se sair bem no teste ― a jovem sorriu e comeu mais um pouco. — Mas mesmo assim desejo boa sorte. Em breve nos encontraremos nas ruas para combater o crime! ― a cadete voltou a se concentrar na refeição enquanto o jovem virava o rosto para dar um leve sinal de conversa encerrada.

Apesar dos contratempos que tivera até o momento, o loiro não iria desistir de ingressar já gangue. Ainda havia outra pista a ser explorada naquele restaurante/trailer: o Poochyena. O jovem chamou por Kiga e o questionou sobre o canino e a segurança dos clientes. Kiga se aproximou com uma colher de pau na mão e a boca um pouco suja de molho barbecue.

― Ele está aqui há anos! É praticamente um mascote. E não se preocupe. Ele é inofensivo. Ele vive andando pelos clientes pedindo comida e carinho. Todos o adoram! ― Kiga abriu um sorriso e olhou para o canino que estava se levantando.

O Poochyena se espreguiçou e caminhou até a cadete colocando as patinhas nas pernas dela para pedir um pedaço de carne. O canino nem se importava com o Meowth e o Taillow ali presentes. A jovem fez carinho na cabeça do dark e entregou a ele um pedaço de carne. Kiga olhou fitou o jovem por um momento e voltou a falar.

― Não irá fazer seu pedido? Como diz o velho ditado: “saco vazio não para em pé”

Fumio aos poucos desanimava ao ver seus planos não dando certo e ainda sem saber nada sobre a gangue que tanto almejava. O jovem resolvia por fazer um pedido e voltar a procurar pelos armageddons em outro lugar.

­­--- Vou caprichar na sua refeição! --- Kiga se afastou animado e pôs-se a trabalhar rapidamente à beira do fogão. Não demorou muito para que ele voltasse com uma quentinha pronta pra viagem. --- Fica por apenas Pk$20.

-20 Pk$ por refeição no Kiga

O jovem aspirante pagou a quantia e deixou o restaurante, mas com as devidas despedidas da simpática cadete. O plano de dividir a refeição com o canino não dera muito certo, já que o mesmo ficara no trailer do Kiga. Enquanto caminhava, o jovem percebeu um pequeno papel preso à quentinha. Pegando o papel, Fumio percebeu algumas informações nele.

papel escreveu:

Avenida Mewtwo

Não se sabia o porquê daquele papel com aquele endereço estar ali. Talvez Kiga tivesse colocado ali por engano. Ou talvez não.

A curiosidade do jovem loiro o incitava a ir à tal avenida Mewtwo. O desejo por encontrar o lugar e descobrir o que havia lá era forte o suficiente para inibir a fome do rapaz. Assim, Fumio partiu à procura da dita avenida. No meio do caminho, o jovem deixou a quentinha para um casal de Skittys que aparentavam estar com fome. Os felinos correram animados para o alimento sem nem ao menos se importarem com a presença de um estranho.

O jovem desceu pela Avenida Mew sempre atento a tudo à sua volta. Ao final da avenida, uma placa anunciava a outra: “Avenida Mewtwo” Fumio caminhou um pouco pelo local e resolveu aguardar se algo aconteceria. Não era nem um pouco gratificante esperar sob a chuva, mesmo ela estando fraca, mas o loiro estava disposto a sanar a própria curiosidade.

Depois de alguns minutos, o jovem avistou o Poochyena virando a esquina e correndo até ele. Em seu pescoço, o dark carrega uma pequena sacolinha. O aspirante a pegou e checou seu interior. Uma pokébola, que certamente era do canino, e uma pequena carta.

Carta escreveu:Percebe-se que você almeja entrar para a gangue de Miya, mas precisa aprender a ser um pouco mais discreto principalmente se um cadete estiver ao lado.

Para ingressar à gangue, precisa mostrar seu valor! Tenho um pequeno trabalho para você. É de meu conhecimento que um civil detetive está chegando de Erobring de trem a qualquer momento. Ele possui documentos e informações sobre alguns de nossos companheiros Armageddon. Um de nossos espiões descobriu que ele estará usando um cachecol amarelo. Sua missão é roubar esses documentos e entregá-los a mim. Poochyena irá te ajudar, mas não tente roubá-lo ou irá desejar muito mais a companhia de um cadete.

Fumio levantou a cabeça e viu que a estação estava a poucos metros dele. Um apito alto soava indicando que um trem estava chegando em breve.

A oportunidade para se tornar um Armageddon estava na frente de Fumio. Se completasse a missão, conseguiria adentrar para a gangue que buscava a verdadeira justiça e liberdade. O jovem não perdia tempo e aproveitava os minutos que tinha para montar um plano rápido. O jovem queria fazer tudo de forma rápida e sem chamar muita atenção, então batalhas desnecessárias estavam fora de questão. Com tudo combinado, o jovem e o canino se posicionaram.

Um segundo apito indicava que o trem já havia chegado à estação. Em poucos minutos, varias pessoas começaram a sair do local portando suas malas e mochilas. Entre eles, o aspirante avistou um homem com o dito cachecol amarelo. Era um homem alto, cabelos negros curtos e barba bem feita; em seu braço, trazia uma maleta executiva de couro. Fumio estava pronto para colocar o plano em prática quando percebeu algo intrigante. Outro homem saía da estação de cachecol amarelo, mas o mais intrigante ainda era que ele era idêntico ao primeiro homem além de portar uma maleta idêntica. Poder-se-ia dizer que um era clone do outro, ou irmão gêmeos. Cada um dos homens estava tomando uma direção diferente e o jovem precisaria adaptar o plano para conseguir a verdadeira maleta.

As coisas não aconteciam como o jovem esperava. Diante a péssima surpresa, o jovem montava uma nova estratégia improvisada. A tática agora seria uma abordagem para descobrir o verdadeiro homem. Um pouco distante, Poochyena observava tudo à espera do sinal do jovem. Fumio esperou o homem mais próximo chegar perto e colocou o plano em ação. A princípio o homem olhou surpreso para o e pôs-se a falar.

― Meu jovem, acho digno você procurar pelo dono do Pokémon, mas ele não me pertence. O meu único Pokémon está aqui comigo. Acredito que seja melhor você entregar a pokébola na delegacia.

O homem sorriu e continuou a caminhar. Era difícil saber se o que ele estava falando era verdade ou não, mas seria bom checar a segunda opção. Fumio chamou o canino e corre em direção ao segundo homem idêntico ao primeiro.

Usando a mesma estratégia, o jovem aguardou a reação do segundo detetive. O homem olhou com a mesma expressão de surpresa que o primeiro usou, porém não falou nada, apenas gesticulou negativamente e voltou a caminhar. A reação era estranha e até mesmo o Poochyena estranhava algo no homem. Sem esperar por algum comando, o canino se lançou contra o homem na tentativa de roubar a maleta, mas não a atingiu, simplesmente a atravessou como se fosse um holograma. Em poucos segundos a verdade surgia. A imagem do homem começava a se desfazer e um Zorua surgia. Aquele segundo homem era apenas uma ilusão do pokémon para confundir. O Zorua rosnou para o jovem e começou a correr em direção ao primeiro homem gritando para alertá-lo. O homem percebeu o que estava acontecendo e começou a correr. Se Fumio não agisse rápido, em poucos minutos os documentos estariam nas mãos dos cadetes e sua chance em se tornar um gangster iria desaparecer.

Ao ver o homem correr, Fumio pensou rápido para não ser deixado pra trás e nem perdê-lo de vista. Dando alguns comandos para o Poochyena, o novo plano era posto em prática. O canino começou a correr o mais rápido que podia para alcançar o homem enquanto o aspirante seguia para aproveitar a oportunidade para pegar a maleta. O ataque surpresa já não existia, pois o Zorua já havia alarmado o homem. E assim a perseguição era feita: o homem corria com a maleta, o Zorua seguia logo atrás, em seguida o Poochyena e por último Fumio. Algumas pessoas pela rua não entendiam a cena, outros acreditavam ser um assalto e ligavam para os cadetes. De qualquer modo, a cena chamava atenção.

Desviando de carros e caminhões a perseguição prosseguia. Um congestionamento fez o homem parar bruscamente. Poochyena saltou por cima dele e parou em frente enquanto Fumio permaneceu do outro lado. O homem e Zorua se viram cercados. O canino Armageddon não perdeu tempo e usou os golpes no detetive. O Astonish fez surgir um rosto demoníaco que assustou o homem e o fez cair no chão. Com o ataque de areia, Fumio aproveitou e pulou em cima do homem e deu um belo soco fazendo-o desmaiar. Algumas pessoas ficaram assustadas e começaram a gritar pelos cadetes. A maleta estava caída no chão. O Zorua tentava reanimar o dono, mas sem sucesso. Sons de sirenes já eram ouvidas. Era hora de fugir ou ser preso.