Arte ou Poder?

Hayato, o cadete-recruta rescem formado passeia pelas ruas da capital Nyender. O jovem caminha acompanhado do pokemon Mienfoo carinhosamente de mãos dadas, visão essa não muito apreciada pelos moradores que lhes dirigiam olhares contrários, não aprovando a atitude do policial para com um subordinado. A dupla caminha por minutos, a intenção do recruta era treinar seus pokemons, embora aquele dia não reservasse maiores surpresas para ele, o jovem não encontrava nenhum desafio até o momento, nas ruas pouco movimentadas não havia um pokemon selvagem sequer.

Mudando repentinamente de ideia o jovem cogita passar a procurar uma apresentação de algum stylist famoso ou simplesmente passear despreocupadamente enquanto observava as vitrines numerosas. Várias lojas, possuindo os mais diversos tipos de artigos passavam diante dos olhos policiais, Mienfoo olhava, um tanto impaciente por não encontrar algum desafio, aquilo a incomodava, fazendo-a rosnar baixinho.
Logo a dupla foi encontrada por um garoto que, surgindo sabe-se lá de onde, abordou os policiais pedindo ajuda, sumindo de forma tão rápida quanto surgiu. Hayato não perde tempo saindo rapidamente atrás do garoto enquanto é seguido por seu pokemon. O jovem garotinho de roupas imundas e aparência repugnante para os pedestres que abriam passagem para o menino, a impressão que se tinha era que o menino estivesse sendo perseguido pelo cadete.

O grupo seguia correndo pelo centro, o garoto era rápido e não parecia perder o fôlego mesmo correndo a tanta velocidade. Um pequeno tumulto se formava por onde o garoto passava, sua aparência assustava os moradores, dúvidas se formavam e não paravam de se formar na mente do recruta: Para onde o garoto o estará levando? Será uma armadilha ou o menino estaria realmente precisando da ajuda policial? Se é assim, o caso é urgente devido a velocidade dele, desesperado por levar ajuda e resolver seu problema. Quando Hayato chega a uma rua reta e extensa, vê um cadete ao fundo, talvez um alívio; uma ajuda em boa hora, no entanto não foi o que aconteceu: Ao avistar o menino correndo em sua direção, o misterioso policial, num movimento bastante rápido, gira o corpo, em suas mãos um grosso bastão de madeira, artefato pesado que ganhou grande força ao ser manuseado pelo homem, os ossos macios do jovem crânio não foram capazes de cumprir a função de proteger o interior frágil: O pobre menino não sabe o fim que teve e nem o porque, a alma jovem não habita mais no corpo cuja cabeça arrebentada pelo golpe jazia no chão desfigurada, uma poça de sangue tinge de vermelho as róseas pétalas, o cartão postal de Nyender fora manchado injustamente sob o olhar cheio do orgulho do ignorante cadete que olha cheio de si para Hayato e Mienfoo que acabavam de chegar.

A terrível cena choca os poucos pedestres presentes, tirando seus filhos de perto. Naquela hora, as linhas telefônicas do hospital ficaram congestionadas pelas toneladas de ligações que chegavam, todos a respeito de somente um caso: O menino morto. As suspeitas de Hayato nunca serão esclarecidas, e alguém que supostamente precisa de ajuda nunca a receberá.
-Missão cumprida! O cadete frio como a dama da neve virava as costas e caminhava assoviando, tendo no ombro direito o bastão que descansava, ainda gotejando o sangue infantil.

O clima na capital estava tornara-se tenso, pais escondiam de seus filhos a oportunidade de presenciar tamanha brutalidade, mesmo considerando o garoto como um delinquente, não desejavam que tal ato fosse feito contra o mesmo. O corpo inerte no chão ainda vertia o rio carmesim, a bela dama trajada de preto, cuja capa exalava o odor do mundo inferior, aquela que visita, visitou e com certeza visitará a todo o ser vivente, deleitava-se com a macabra visão, tal ato executado em plena luz do dia, na presença de várias pessoas a deixava contente, tendo em mãos a prateada lâmina, instrumento usado em seu serviço a mulher resolve se retirar, agora não há mais vidas a serem ceifadas, por hora... ou há?

Hayato olha pasmo o colega de profissão, cujo ofício resume-se a proteger os mais fracos, livrando-os das injustiças ser o executor, um justiceiro matando sem ao menos inteirar-se da situação. Como ficará a suposta pessoa que precisava de ajuda?Quem sabe a essa hora, tal ou tais vítimas já estão como esse garoto, reduzidos a corpos inertes, cascas, já sem vida. Quantas pessoas o cadete poderia ter salvo? Poderia sim tratar-se de uma armadilha, formada por algum gangster sem escrúpulos, gangsters possuem escrúpulos? Tal fato todavia existe como possibilidade e não como certeza.
Mienfoo, a pokemon lutadora, normalmente séria e recatada fica chocada com o ato do homem, observando o corpo estirado, tanto ele quanto seu mestre congelam por instantes, sem ação uma gota escorre dos olhos expressivos da lutadora, para misturar-se ao sangue da vítima desfigurada. O recruta verifica a pulsação do menino apenas para confirmar mais uma vez a certeza de que ele estava morto.

O grupo de pessoas que a essa altura havia se juntado e crescia continuamente cobrava e xingava os dois policiais, porém ninguém se atrevia a investir contra aqueles que representam a lei e a ordem, ao mesmo tempo que outros ainda ligavam para o hospital, insistindo que seja mandado socorro urgente. A confusão, congestionando as linhas médicas chamava a atenção até mesmo daqueles que estão no saguão aguardando atendimento, perguntando e comentando entre si o que poderá ter ocorrido. A ambulância já havia sido despachada, porém devido ao acúmulo de pedestres até mesmo o trânsito tornara-se lento no local, dificultando a passagem da viatura médica.
Hayato olha fixamente para o fluxo de sangue ainda vertente no corpo, ira, angústia passam a ferver em seu íntimo. sob o olhar triste de sua pokemon, o cadete levanta-se, correndo em direção do outro policial que caminhava tranquilamente. Ele segura a gola do uniforme, puxando o homem a fim de acertá-lo em cheio, no momento em que surge um gato, o Nyarth, que atinge a mão e o pulso de Hayato com Scratch, deixando vários cortes no local.
-Você pretendia fazer mesmo isso? São as únicas palavras proferidas pelo policial, seu olhar direcionado à dupla exprimia o mesmo desprezo com que encarou a o garoto, que a essa altura teve seu corpo coberto por um lençol branco trazido por alguém.

Hayato não responde com palavra alguma, a indignação é tanta que nesse momento seu desejo é apenas acertá-lo. A raiva rende nova investida, desta vez com Mienfoo ao seu lado, os olhos da pokemon antes meiga e educada, mostravam-se terríveis como o de uma guerreira indômita, Nyarth, o gato policial investe novamente com suas garras afiadas e retráteis à mostra, os ataques, tanto humanos quanto não humanos colidem-se. O cadete simplesmente se deixara socar, estará ele tramando algo, ou despreza o jovem que teve compaixão pelo garoto.
O cadete limpa uma gota de seu sangue que escorria no canto esquerdo de sua boca, sorrindo maliciosamente em seguida. -Oh! Você realmente fez... Dizia o homem, na hora em que a ambulância e uma viatura chegavam no local. -Quero um relato de tudo o que aconteceu aqui!! Gritava uma voz vinda do carro, um oficial de patente superior exigia explicações da dupla.