Allez . Première aventure.

ISABELLE LAGRIEVER

Um alívio imenso chegou à mente de Isabelle quando ela pode ver Mudkip e Cubone felizes, brincando com a criança. Era bom que seu Pokémon aquático tivesse feito amizade com o Pokémon de Mikaze e achava que isso poderia ajudar o rapaz de cabelos e olhos azuis a voltar a ser o que era antes dos acontecimentos terríveis que aconteceram em sua vida. Como crianças que brincam muito e depois caem de repente no sono, Cubone e Mudkip teriam uma noite de sono muito pesada. E ela sorri.

Fechou a porta e continuou ouvindo as palavras de Tiago. Desta vez ela ficara calada até o fim de tudo que ele dissera. Pegou o endereço de Angélica Thompson e guardou-o no bolso. Não tinha muito o que dizer sobre Miya, se ela estava ajudando de alguma forma a população, então ela poderia ser uma pessoa boa. Pessoas ruins existem em todos os grupos e em todo mundo, então é provável que os acontecimentos assombrosos que falavam sobre os Armagedons viessem de casos isolados. Para saber de fato aquilo, ela teria que se infiltrar entre os gangsters.

Depois que guardou o papel com o endereço de Angélica, ela percebeu que Litwick estava dormindo. A chama da vela tinha diminuído e somente por isso ela se deu conta de que a Pokémon adormecera. Sem querer acordá-la, Isabelle pega a pokébola vermelha e devolve a Pokémon vela ao seu local de outrora, assim ela teria certeza de que não acordaria a pequena Pokémon de cera.

-Padre...suas palavras são sábias e eu as seguirei e não vou partir sozinha.

Colocou a mão direita sobre o ombro de Tiago e continuou falando:

-Minha cabeça pensa como uma cientista, mas confesso que vi coisas essa noite, aqui nesta igreja, que não consegui chegar a uma explicação lógica. Mas se o senhor, com sua fé, me diz que Arceus pode me ter colocado no caminho de Mikaze para chegar aqui, não posso duvidar depois de tudo que vi aqui hoje. Espero com toda certeza poder ajudar de alguma forma, seja servindo sopa aos necessitados ou resgatando gente sequestrada.

Já era tarde e ela sentia o cansaço chegando. Precisava dormir e era claro que o padre também:

-Pensarei com calma sobre o que fazer padre. Agradeço seus conselhos e concordo que precisamos descansar para amanhã. Mas antes...

Tirou a mão do ombro de Tiago e então tirou sua mochila das costas, tirando sua carteira que possuía desenhos de flores. De dentro da carteira ela pegou Pk$200 e estendeu ao padre:

-Quero que aceite esse pouco dinheiro que tenho. Os ingredientes da sopa precisam ser comprados, não é mesmo? Não quero que o trabalho que está fazendo acabe.

ISABELLE LAGRIEVER

-Conversão?

Dizia de forma um pouco confusa. Mas caiu a ficha rápido. Isabelle estava sendo convertida pelos arceusianos? Não, ela não poderia ser uma Seguidora de Arceus. Não teria licença para ter pokémons e isso não era uma opção. Até poderia ajudar a igreja de alguma forma, ou ajudando a alimentar os necessitados ou doando dinheiro, mas ser de fato uma Seguidora não era sua meta. Não desejava ficar na clandestinidade, ainda mais com Cornélios no poder.

Apenas sorriu um pouco sem jeito. Afinal de contas as palavras de Tiago eram de elogio e Isabelle não sabia lidar tão bem com elogios. Queria mesmo que o padre pegasse todo o seu dinheiro, mas era possível perceber que ele recusaria. Ela poderia ganhar mais dinheiro durante o dia, lavando pratos ou atendendo clientes em algum lugar, coisas das quais ela já estava acostumada a fazer no mercadinho do pai em Piesok.

-Tudo bem então padre. Fique com metade. Mandarei mais dinheiro assim que tiver. Vou lhe ajudar a continuar o trabalho feito aqui na igreja. Obrigada pela oportunidade de ajudar tanta gente.

Saíram os dois do confessionário e ela se deparou, quando chegou ao pátio onde foi servida a sopa, com Mudkip dormindo junto de Cubone. Os dois pareciam ter feito uma amizade e tanto, talvez pela proximidade de comportamento. Como por instinto, Mudkip despertou ao ver sua mestra e ela o pegou no colo, amparando-o com carinho para que ele voltasse a dormir. Mikaze estava com aquela cara de sempre, sem sorrisos, sem sono, sem nada. Olhou em volta a procura da Xatu e balbuciou um “obrigada” para a Pokémon psíquica por ter cuidado de Mudkip.

Respondeu à Tiago.

-Obrigada Padre e tenha uma ótima noite.

Deu um tchau para Mikaze e seguiu a irmã Lurdes. Chegou ao quarto, agradeceu a irmã, fechou a porta e deitou-se com Mudkip ao seu lado, adormecendo logo em seguida. Estava muito cansada com todos os acontecimentos recentes. Tinha vindo ser uma gladiadora e caiu de paraquedas em um conflito político permeava de uma guerra.

Teve um sono terrível onde Cornélios e seu Persian a perseguiam com o olhar. Aterrador. O sono foi tão rápido que ela podia jurar que tinha fechado os olhos durante cinco minutos. Mas ao acordar, com batidas na porta e a voz sem emoção de Mikaze, ela se sentia revigorada completamente.

-Mikaze...bom dia.

Dizia ela da cama e de dentro do quarto. Se levantou, com cuidado para não acordar Mudkip. Caminhou até a porta e a abriu, ainda com cara de sono, seu cabelo todo desarrumado.

-Entra....eu vou lavar o rosto e arrumar meu cabelo e já vou.

Sem esperar resposta, ela pega na mão direita dele e o puxa para dentro do quarto, sentando-o na cama, ao lado de Mudkip.

Caminhou até o banheiro e lavou o rosto, escovou os dentes e agora penteava o cabelo, abrindo um tópico de conversa com Mikaze.

-Seu Pokémon parece ter gostado do Mudkip né? Seu Cubone parece bem animado e é lindo demais. Está com ele aí?

Já pretendia pedir que Mikaze o libertasse para acordar Mudkip, se o Pokémon água já não estivesse acordado.

ISABELLE LAGRIEVER

Saindo do banheiro, ela vê Mudkip acordado e abre um sorriso enorme para ele. Estava com a consciência um pouco pesada por tê-lo deixado sem comer o dia inteiro. Teria que se atentar melhor a isso daqui para a frente. Mikaze ainda estava sentado na cama e parecia nem respirar ou mesmo ter se movido.

-Bom dia Mudkip. Espero que tenha descansado. Me desculpa ter deixado você com fome. Prometo que não vai acontecer de novo.

Mikaze então deixa seu Pokémon, que era fêmea, sair da pokébola e uma nova rodada de perseguição se dá início dentro do quarto. O comportamento da Cubone era completamente diferente do que Isabelle conhecia daquele tipo de Pokémon que era mais territorial e solitário. Mas a felicidade dos dois em ficar correndo para lá e para cá era contagiante.

-Ah sim. É ela....e ela é linda. Tem uma Pokémon maravilhosa Mikaze.

A diferença entre a Cubone e Mikaze era como água e óleo. Seria por isso que ele a mantinha dentro da pokébola a maior parte do tempo? Pensou em deixar Litwick livre, mas já tinha percebido na noite anterior que ela não era muito dada a brincadeiras.

-Vamos?

E deixou Mikaze guiá-la até onde o café estava sendo servido. Para sua surpresa, o local era o mesmo de onde a sopa tinha sido servida na noite anterior. A mesa posta era enorme e com variados alimentos para o desjejum. Mas a quantidade de pessoas ali era bem menor do que na noite anterior. Mikaze se senta sem cerimônia alguma e antes de se acomodar ao lado dele, ela retira sua pokébola e deixa Litwick livre. A pegaria no colo, caso ela quisesse:

-Bom dia Litwick. Vamos tomar o café da manhã.

E então se sentou. Olhou para as pessoas ao seu lado e sorriu, como se aquilo fosse um bom dia. Não viu Tiago em lugar algum e muito menos a Xatu e resolveu perguntar à Mikaze:

-O padre Tiago não vai tomar café?

E então sentiu que alguém a olhava, em sua neurose de perseguição, achou que fosse Cornélios ou o Persian dele, do sonho que tivera e quando se virou, seu coração a mil, viu os olhos pidões de Mudkip e Cubone, querendo pão. Riu gostosamente e pegou uma fatia de pão para cada um e deu um para cada. Olhou para Litwick e perguntou:

-Querida....o que você quer comer? Frutas? Pão? Café? Leite?

E só depois de servir a Pokémon vela, Isabelle resolve pegar um pedaço de pão com manteiga e uma xícara de café preto. Adorava café. Quando viu uma freira, pediu licença e questionou:

-Desculpa incomodar...mas que seria a irmã Lurdes? O padre Tiago disse que ela poderia me passar a receita da deliciosa sopa de ontem. Poderia me ajudar?

E tentava ser o mais simpática possível.

ISABELLE LAGRIEVER

Ficou um pouco assustada com a velocidade de Mudkip e Cubone ao comer o pedaço de pão dado. Achou que eles tentariam comer sua mão, mas depois achou que era uma competição para ver quem comia mais rápido. Não soube ao certo o que de fato acontecia com aqueles dois. Talvez fosse somente fome. E uma fome de Dratini. Cubone parecia um pouco mais faminta e logo pegou outro pedaço de pão com seu osso. Desta vez tanto ela quanto Mudkip comiam do mesmo pedaço.

-Ahá...te peguei pegando pão.

Disse em tom de brincadeira à Pokémon de Mikaze. Fez um carinho na cabeça da Pokémon e então deu atenção à Litwick que estava em seu colo. Ela mesma se servia de um pedçao bem pequeno de pão e o torrava com sua chama. Achou aquilo bárbaro e poderia usar a chama da pequena para cozinhar algumas coisas. Acariciou o corpo da pequena Pokémon.

E como um fantasma, Mikaze responde onde Tiago estava. Apenas meneou positivamente a cabeça para ele, sem dizer qualquer coisa. Possivelmente Tiago apareceria em breve para o desjejum. E depois de perguntar onde e quem seria irmã Lurdes, ela praticamente se materializa em um canto da mesa. Prestou atenção nela assim que conseguiu identificar de onde vinha a voz.

-Eu simplesmente amei, irmã Lurdes.

E se virou para a outra freira, agradecendo. Retornou a atenção para irmã Lurdes que se aproximou e sentou ao lado da Gladiadora. Gostou muito da irmã Lurdes, era faladeira e Isabelle gostava muito de conversar. Só de olhar já percebeu que se daria muito bem com a atarracada freira.

Ouvia tudo que Lurdes dizia, sem nem piscar. Seu café preto estava esfriando na xícara, mas ela nem se importava com isso. Seu pão com manteiga ainda estava praticamente completo, dera apenas duas mordidas nele. Isabelle ficou maravilhada com o que ela contava e a imaginou como uma stylist especializada em contar histórias.

-É mesmo...que cabeça a minha. Desculpe irmã.

E imediatamente abriu a mochila e pegou um bloco de notas e uma caneta para começar a anotar a receita. Mesmo as partes mais inúteis da conversa ela anotava.

-Aham...sei. Continue irmã. Tô anotando tudo.

E anotava mesmo. Riu alto junto da irmã quando ela comentou sobre as cebolas. Depois de tudo anotado, Isabelle, de rabo de olho e antes de se despedir de Lurdes, vê que Cubone e Mudkip estavam cheios de comida. Provavelmente de pães que Cubone alcançara com seu osso. Eram duas crianças sem limites aqueles dois.

Se despediu de Lurdes com dois beijinhos, um em cada bochecha e disse:

-Muito obrigada pela receita e pelos segredinhos da sopa. Se precisar de ajuda com o almoço, tipo ralar umas cebolas, eu te ajudo. Adorei te conhecer.

E piscou para a irmã, rindo. Depois de Lurdes deixar a presença de Isabelle, ela se vira para Mudkip e Cubone e fala com os dois:

-Hey...vocês dois. Não comam tanto assim ou podem passar mal. Mikaze...

E ia dar um sermão nele:

-...deixa para lá.

E deixou os dois pokémons encostados um no outro enquanto terminava de comer seu pão e tomar seu café, já meio frio. Entre uma mordida no pão e um gole de café, voltou a atenção para Mikaze:

-Mikaze.....precisamos conversar. Hoje à tarde irei para Kalled e acho que nossos caminhos vão se separar, já que você tem responsabilidades com a igreja. Quando saber da localização de Litwicks, posso entrar em contato com você e te indicar exatamente o local....se quiser.

Tinha medo da resposta de Mikaze diante disso.

ISABELLE LAGRIEVER

Guardou a receita na mochila, em um compartimento meio secreto em um bolso escondido. Costumava guardar seu bloco de anotações naquele bolso e resolveu guardar a receita também. A irmã Lurdes era ótima, super animada e provavelmente uma ótima companhia para um café da tarde ou mesmo aquele encontro chato de família aos domingos. Não respondeu Lurdes quanto a recusa da sua ajuda, se ela precisasse de ajuda na cozinha, era certo que ela teria dito.

Mudkip e Cubone cochilavam depois de ficarem um pouco chateados pela bronca de Isabelle, que nem tinha sido tão bronca assim. Dormir depois de comer era uma ótima tática para a digestão, ou não. Mikaze a respondia como sempre e infelizmente a resposta que ele dera não era a que ela queria. Mesmo já sabendo o que tinha por trás do jeito de Mikaze, ela ficou um pouco chateada por isso. Queria que Mikaze a acompanhasse, seria bom ter um amigo ao seu lado em uma aventura tão perigosa. A ruiva não iria deixar claro que o queria ao seu lado, então engoliu sua frustração e pegou o papel com o número de celular do rapaz, guardando-o no mesmo bolso meio secreto que tinha guardado a receita e seu bloco de anotações.

A voz de Tiago lhe enche os ouvidos e ela o responde de pronto:

-Bom dia padre Tiago. Obrigada.

Não tinha visto de onde ele tinha vindo, mas sabia que ele apareceria a qualquer momento. Ele e sua Xatu. Enquanto respondia Tiago, colocou Litwick de volta na pokébola, afinal a hora de partir estava próxima e a Pokémon vela já tinha comido.

-Bom dia Xatu. Como você está? Quer comer alguma coisa?

Era gentil com a Pokémon, mesmo sabendo que talvez ela a ignorasse por completo. Diante das outras palavras de Tiago, ela diz:

-Imagina padre. O senhor me ajudou demais. Seus conselhos serão muito bem vindos e terei apenas uma conversa rápida com Angélica. Apenas sondarei o que realmente está acontecendo. Tomarei o máximo cuidado possível.

Sorriu para Tiago e dependendo da resposta da Xatu, Isabelle a serviria de bom grado enquanto dizia para padre:

-Fico feliz em saber que a igreja de Arceus estará aberta para mim.

E retira seu bloco de notas e anota seu celular duas vezes. Rasga o papel em dois, e entrega um pedaço para Mikaze e outro para Tiago.

-Aqui está meu contato telefônico. Se precisarem de alguma coisa, me liguem que eu tentarei vir o mais rápido possível.

Isabelle então se levanta, pega a pokébola de Mudkip, mas não o coloca de volta imediatamente, afinal se o fizesse, Cubone cairia no chão e poderia acordar. Ela pega Cubone e a arruma no chão, para não sofrer nenhuma queda e então coloca Mudkip de volta na pokébola.

-Bem...é hora de ir. Muito obrigada por tudo padre....e até mais Mikaze.

Ela abraça o padre por um instante e depois abraça Mikaze, mas com este último o abraço demora uns dez/doze segundos. Ela não queria de fato se separar dele. Depois dos abraços, ela caminha na direção da porta que a levaria ao átrio da igreja onde acontecera o culto e acena, em tom de despedida.

-Tchauzinho.

E seguiu para dentro da igreja, saindo logo em seguida em busca da rua das pedras em Nyender.

ISABELLE LAGRIEVER

Não esperava que Tiago, Xatu, Mikaze e Cubone, mesmo dormindo, fossem se despedir dela. As emoções, todas positivas, que foram vivenciadas na igreja de Nyender serão levadas por toda a vida de Isabelle. Ela já sabia ajudar o próximo, mas participar ativamente de uma ação que ajudava os necessitados foi revelador para ela. Talvez no fundo ela fosse realmente uma Seguidora de Arceus.

Depois de descer as escadas da entrada do templo, viu o padre e Xatu entrarem na igreja e Mikaze ficara observando-a com Cubone no colo. Pensou, em sua inocência, que Mikaze correria até ela, mas se enganou redondamente. Não tinha problema. O que tinha que fazer teria que ser feito somente por ela e não queria colocar ninguém em perigo. Se fosse para Mikaze se juntar com ela, isso aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Não precisou pedir informação, a rua das Pedras era de fácil localização devido às placas colocadas de forma bem clara por toda a cidade. O clima também ajudava, estava mais quente que no dia anterior e isso agradava Isabelle que estava acostumada com o calor do deserto. O frio era sempre uma batalha, apesar de ela apreciar o clima do qual ela não tinha tanto conhecimento. Achou que o problema poderia ser encontrar uma desculpa para entrar na casa de Angélica sem chamar a atenção, afinal poderia estar sendo vigiada, tanto a Vigarista quanto a ex comandante.

Isabelle estava na frente da casa de Angélica quando uma gama de acontecimentos inusitados acontece e ela fica meio estática. E quando percebe, tinha uma bebê maravilhosa nos braços, o que a lembra de seus irmãos mais novos, que ela, claro, ajudou a cuidar quando eram pequenos. O homem de cabelos grisalhos fala sobre um Houdoom que parecia não estar bem e Isabelle fica atenta para tentar pegar alguma informação importante, enquanto começava a brincar com a criança, como fazia com seus irmãos, tentando fazer com que ela parasse de chorar. Cuidar de bebês não era um problema tão grande assim perto do que ela pretendia fazer. Tentava identificar, pela entonação do choro da criança, se ela tinha fome, cólica, sono ou estava com a fralda suja. Cada choro tinha um pedido diferente e com seus irmãos, de tanto cuidar deles, já sabia o que eles queriam pelo choro.

-Calma lindinha...eu vou cuidar de você. Shhh, shhhh, shhhhh, shhhhh...

E ia embalando ela em seus braços. E depois de tentar, com ou sem sucesso, fazer a criança parar de chorar, ela perceb um Gilgar grudado na perna do homem que até o momento não tinha se apresentado, mas que parecia ser um médico, pelo que comentava. O Gilgar era bem bonito e Isabelle ficou impressionada, mas não poderia deixar de ninar a criança e de cuidar dela. Sua mente de pesquisadora era sedenta por novos dados, mas a vida humana era mais importante que qualquer coisa.

Quando o homem diz que ela deveria entrar, ela o faz sem questionar. O problema de entrar na casa de Angélica estava mais do que resolvido e de uma forma completamente inesperada.

Queria saber o nome dele antes de falar alguma coisa e o jaleco branco dele o denunciara. O homem tinha pressa e um táxi parava à frente da casa, não dando tempo algum de Isabelle se explicar.

”Ótimo. Se eu tivesse planejado...não teria saído melhor.”

Pensava a Gladiadora.

-Oks senhor Haltz. Obrigada e tenha um ótimo dia.

Era tudo que ela dizia, enquanto esperava o táxi desaparecer de vista para que Isabelle de fato cuidasse da criança e evitasse que o cachorro comesse o sofá. Esperou o táxi partir, com um aceno e um sorriso simpático no rosto, e então entrou na casa de Angélica, trancando a porta em seguida. Não queria curiosos entrando sem aviso.

Dentro da casa, ela conversava com a criança, que esperava que estivesse mais calma.

-Oi querida....eu sou a Isa. Vamos resolver seu problema? Onde está o cachorrinho? Cadê o cachorrinho?

Isabella então puxa um pouquinho a fralda da criança para ver se estava suja. E esperava que o cachorro da casa ouvisse sua palavra e se aproximasse. Se a fralda estivesse suja, ela tentaria encontrar o quarto da criança para trocá-la. Caso não estivesse, seguiria até a cozinha e prepararia uma mamadeira para ela. Provavelmente era fome.

-Olá....tem alguém em casa?

”Além do cachorro, claro.”

ISABELLE LAGRIEVER

Quando entrou na casa, ela quase teve um infarto. A casa estava super bagunçada com roupas por todo o lugar, móveis em locais nunca antes visto por Isabelle e alimentos industrializados por todo canto, coisa que criança não poderia comer com tanta frequência. A criança não parava de chorar e a ruiva sabia o porquê. A menina estava com a fralda suja e isso irritava qualquer criança. Era hora de um banho gostoso e quentinho para deixa-la toda cheirosa e pronta para uma mamada e depois quem sabe um sono tranquilo.

Eis que os planos de Isabelle se vão por água abaixo como um submarino atingido por torpedos fatais. Ela não tinha somente uma criança para cuidar e uma casa para arrumar, mas um filhote de Growlithe e um Mienshao para dar conta. O Growlithe era quase uma criança com dentes poderosos para arrancar um braço e que surgiu mastigando um sapato já destruído. Mienshao, por outro lado, vinha da cozinha com uma mamadeira em mãos e que deixa-a cair em cima do sofá já cheio de sujeira. Entendeu o sentimento de proteção de Mienshao e achou aquilo bonitinho. Mas ver o Growlithe mamando na mamadeira da criança não foi muito legal.

A bebê chorava mais alto ainda e seu choro estridente. A confusão no lugar estava criada. E era uma confusão com pitadas de caos desregrado. Isabelle tinha que trocar uma fralda, educar um Growlithe e, até o momento, achou que poderia contar com a ajuda de Mienshao.

Pegou a bebê das mãos de Mienshao e disse:

-Oi Mienshao, tudo bem? Meu nome é Isabelle e eu sou a babá. Vou trocar a fralda dela e preciso que você me mostre onde é o quarto. Pode me ajudar?

Era super simpática. Com Growlithe, ela diz:

-Growlithe....não mastigue nada até segunda ordem. Termine seu leite e depois nos acompanhe. Vou precisar de você.

Duvidava bastante que ele faria o que ela estava pedindo. Mas poderia usar Mudkip para poder brincar com ele e zerar a energia que parecia possuir. Quem sabe até uma batalha Pokémon para que Mudkip ganhasse um pouco mais de experiência.

Aguardou Mienshao levá-la até o quarto/sala de troca para trocar a criança.

”Onde eu fui me meter?”

Mas era uma situação engraçadíssima.

ISABELLE LAGRIEVER

Conhecia Mienshaos somente do que seu pai falava ou dos estudos que faia, o que não era muito. Ela sabia que Mienshaos eram bem disciplinados e mortais com seus golpes, o que poderia deixar Isabelle em maus lençóis caso o Pokémon resolvesse ter a ruiva como seu alvo. Mas acreditou que quando dissera que era a nova babá, ele poderia ter acreditado e não a atacaria. A esperança era a última que morria, não é mesmo? E ela nutriria essa esperança até o último momento.

Provavelmente aquela casa era muito maior do que a casa de Isabelle em Piesok e ela se perguntava para que tanto espaço se apenas uma bebê, três pokémons, e duas pessoas adultas moravam ali. Tirando a bagunça toda, que ela pretendia arrumar depois da bebê dormir, a casa era bem bonita. Mas homens, em sua maioria e não todos, não tinham o mesmo trato e cuidado do que as mulheres quando se tratava da casa e de várias outras coisas.

Growlithe continuava mamando a mamadeira da bebê e aparentemente já tinha esquecido o que Isabelle tinha falado. Mienshao, por sua vez, guiava Isabelle, pegando a criança de seus braços. Era engraçado ver aquela cena, mas o sentimento de proteção que o Pokémon tinha para com a bebê era fantástico e lhe causava certo medo.

-Mienshao...acalme-se. Ela só fez cocô. É natural.

E sorria. Entraram em um quarto todo rosa, bem clichê, e o nome Layla estava em alguns lugares. Típico de mães babonas. Mas o quarto era lindo demais. A pestatividade de Mienshao era notória e ela ficava imaginando se Mudkip ou Litwick seriam assim um dia. Acreditava mais em Litwick. Se aproximou da criança, que agora estava em sofá, e encontrou um local onde pudesse trocá-la, provavelmente um trocador, coisa típica de um quarto de bebê. Deitou a menina, e tirou sua fralda suja. Dobrou a fralda e usou a fita que tinha para manter bem fechada e evitar que o cheiro ou mesmo o cocô ali deixasse o interior da fralda. Colocou-a de lado, longe de Layla, crianças eram tão rápidas que poderiam agarrar as coisas em um piscar de olhos, e Isabelle queria evitar isso.

Usou um dos lenços umedecidos para tirar o excesso de cocô do bumbum da criança e ficou fazendo caras e bocas para Layla se animar.

-E quem é a Layla? Quem é? Quem é?

E ficava fazendo barulho com a boca para fazer Layla rir. Esperava Mienshao trazer a água para poder tirar, definitivamente, a camiseta de Layla. Não queria tirar antes para não correr o risco de deixa-la resfriada. A banheira já estava preparada, só faltava a água.

Pegou uma fralda aleatória, de pano, e cobriu as perninhas da pequena para evitar que ela tomasse alguma friagem. O cocô já não existia mais no corpo de Layla e esperava que ela não chorasse mais. Mas um banho a animaria, com toda certeza.

-Vamos tomar um banho bem gostoso...Layla, Layla, Layla....

Ia inventando uma música para atrair a atenção de Layla. E em determinado momento, chamou:

-Growlithe? Cadê você? Já terminou a mamadeira? Vem aqui que vou te apresentar alguém para brincar com você.

E voltou aos caras e bocas para a pequena bebê.

ISABELLE LAGRIEVER

Era natural que Layla ficasse desconfiada, já que a “transição” entre Gregory e a própria Isabelle foi feita de forma tão brusca que a criança poderia ter se assustado. Pelo menos, depois de ter limpado a pequena, e de ela estar se acostumando, sorriso eram perceptíveis na face da pequena. E isso era uma grande vitória. Tinha que tomar cuidado com as brincadeiras para não assustá-la. Pegou uma pelúcia e começou a brincar com ela, esperando Mienshao e o Growlithe aparecerem.

O primeiro a aparecer foi Mienshao, com cara de poucos amigos e com um jeito de que se Layla chorasse ou coisa parecida, Isabelle estaria perdida. Imaginou que Litwick poderia se dar bem com ele, mas poderia estar errada nesse quesito. Pegou Layla no colo, tirou a fralda de pano que a cobria e tirou sua camisetinha, deixando-a pronta para o banho. Antes de colocar a pequena dentro da banheirinha, colocou sua própria mão dentro da água temperada e se estivesse muito quente ou fria, a temperaria de forma adequada para a pele da pequena.

-Você é muito responsável Mienshao....parabéns. E agradeço muito sua ajuda.

Aos poucos, foi colocando Layla dentro da banheira, e segurando as costas dela com uma das mãos, a manteve segura da água dentro da banheira, para não afogar. Com a outra mão ela jogava um pouquinho de água pelo corpinho dela, limpando-a e tirando qualquer resquício de cocô do bumbum dela. Depois do banho, ela pede a Mienshao:

-Pode me trazer uma toalha?

E então Growlithe chega e acaba por trombar na perna de Isabelle. Fazendo-a se desequilibrar um pouco, mas retomou o equilíbrio antes que pudesse cair ou mesmo deixar Layla cair de suas mãos.

-Growlithe....tome cuidado ou pode se machucar ou machucar a Layla. Solte esse chinelo ou não te apresentarei ao Mudkip. Fica sentadinho aí que eu já te apresentarei a ele. Tudo bem lindinho?

Apesar de chamar a atenção do Pokémon, ela era bem gentil. Pegou a toalha que Mienshao trouxera, caso tenha trazido, do contrário ela mesma se viraria. Enxugaria a pequena com muito cuidado e a deitaria de novo no trocador, passaria uma pomadinha nas assaduras e jogaria um pouco talco, depois colocaria a camisetinha, uma fralda limpinha e Layla estava pronta para outra.

-Está melhor Laylinha? Que lindinha que você é. Está com fome?

E deixando a pequena deitadinha, mantendo uma mão sobre ela para evitar que ela rolasse, Isabelle pega a pokébola de Mudkip e o deixa livre, falando diretamente com ele:

-Mudkip...esses são Mienshao e Growlithe. Essa pequena linda aqui é a Layla. Você pode brincar um pouco com o Growlithe? Mas sem derrubar as coisas? E sem destruir ou mastigar nada?

Olhou para Mienshao:

-Mienshao...você poderia levá-los ao quintal dos fundos para brincarem? Eu vou dar um jeito na fralda suja e tentarei limpar a sala para ficar tudo limpinho. Depois se quiser voltar para me ajudar.

E sorriu simpática. Também estava querendo ganhar a confiança do pokémon antes que ele destruísse seu crânio.

ISABELLE LAGRIEVER

Estava tudo indo bem. O banho terminara, Layla tinha parado d chorar e estava cheirosa e calma. A única coisa que não estava em seu eixo eram Growlithe que conseguia ser mais infantil que o próprio Mudkip. A correria no quarto começou e com isso, o chinelo que era mastigado, esquecido por Growlithe. Menos mal. Mienshao pareceu não ter gostado de que Isabelle tivesse um Pokémon, o entendia muito bem, já que o sentimento de proteção do Pokémon era bem alto. Pelo menos ele obedeceu Isabelle, levando os dois, ou seguindo-os enquanto rolavam escada abaixo, para o quintal.

-Acalme-se Mienshao...não sou uma ameaça só porque tenho pokémons. Fique tranquilo.

Era tranquilo ou tranquila? Não sabia ainda.

Não demora muito e Mienshao volta, desta vez com uma mamadeira, que julgava ser para Layla e não para Growlithe.

-Você é muito responsável....nem sei direito o que estou fazendo aqui. Só você daria conta das coisas, com um algumas regrinhas para Growlithe, claro.

E sorriu ao Pokémon, pegando a mamadeira e testando a temperatura nas costas de sua mão, assim como Mieshao o tinha feito. Caso julgasse que a mamadeira estivesse em uma temperatura agradável, tentaria dar o leite para a pequena Layla. Se estivesse muito quente, esfriaria mais um pouco e se estivesse muito frio, sugeriria para que Mienshao esquentasse mais um pouco. Torcia para que Layla mamasse e dormisse, para que pudesse arrumar a sala no térreo que estava uma bagunça enorme, graças à Growlithe e à Gregory, que não parecia ter habilidade alguma em fazer várias coisas ao mesmo tempo, pelo menos em relação à arrumação da casa. Não queria nem ver a cozinha.

Enquanto dava mamadeira para Layla, Isabelle começa uma conversa com Mienshao.

-Mienshao...onde está a senhorita Thompson? Gostaria de falar com ela sobre algumas coisas.

E imediatamente se lembrou de Yasmin sequestrada por Miya. Sentiu pesar pela filha de Angélica estar desaparecida. Era claro que a família toda sofria, mesmo que pudessem não demonstrar.

ISABELLE LAGRIEVER

O contato pelo olhar, segundo sua mãe, era essencial para o desenvolvimento do bebê e para o reconhecimento da face de quem a cuidava. Isso era um pouco ruim do ponto de vista de Isabelle, pois ela sabia que a pequena Layla tinha que estar tendo aquele contato com Angélica e não com a ruiva que cuidava da pequena criança. Enquanto ela mamava, Isabelle questionou Mienshao sobre a mãe de Layla, e a resposta não foi aquilo que ela imaginava. Isabelle adorava crianças, na verdade era complicado ela não gostar de alguém, mas não poderia ficar presa ali, cuidando de Layla, ela tinha que encontrar Angélica.

Assim que Layla terminou de mamar, ela a segurou no colo para que arrotasse e depois disso, ela adormeceu quase que imediatamente. Estava limpa, cheirosa e alimentada, agora era só dormir por algum tempo. Enquanto colocava a pequena criança dentro do berço, de lado, para que ela não gorfasse e se afogasse, ela continuou conversando com Mienshao, estava com medo de que ele a atacasse e tinha que ser sincera com ele:

-Mienshao...eu sou uma gladiadora e quero ajudar Angélica. Eu preciso que você me diga onde ela está.

E então encarava Mienshao. Esperava um Poison Jab em seu peito, mas esperava que o Pokémon não lhe atacasse pela sua sinceridade.

-Me ajude, por favor. Preciso saber onde ela está. Angélica precisa voltar...

E então a campainha da casa é acionada. Tinha alguém na porta.

”Isso é hora para alguém chegar?”

-Cuide de Layla que eu vou atender a porta. Tome cuidado que ela pode gorfar...não a deixe engasgar que eu já volto.

Identificou alguém chamando Gregory. Então era alguém conhecido. Desceu as escadas, deixando Mienshao cuidando de Layla e atendeu a porta, abrindo-a e dizendo, muito simpática:

-Bom dia. Pois não?

Estava bem calma, apesar da situação estranha em que tinha sido colocada. Seria a babá? Esperava que sim.

ISABELLE LAGRIEVER

Ao atender a porta, uma senhora a cumprimenta. Isabelle arqueia a sobrancelha esquerda e a responde de pronto:

-Bom dia.

E a senhora já vai entrando na casa como se ela já conhecesse o lugar. Achou aquilo bem estranho e estava pronta para se defender caso fosse necessário. Já bastava Mienshao prestes a atacá-la agora uma estranha estava dentro da casa de Angélica Thopmson. Manteve a porta aberta e olhava a senhora, aparentemente simpática, com o mesmo ar inquisidor que ela recebia da idosa.

-Hum...o senhor Haus saiu apressado. Provavelmente para o hospital, acho.

Encostou a porta com cuidado e trancou-a. Não queria deixar mais ninguém entrar ali, e pensando nisso, ela deveria ter encontrado outra forma de ver quem estava a porta. Virou para a senhora e disse, sincera:

-É uma longa história...e a senhora seria quem?

Abriu um sorriso muito simpático, esperava que suas gentilezas fizessem a idosa falar mais sobre ela. Imaginava que a velha poderia ser uma espiã de Cornélios e não poderia, de jeito algum, que ela descobrisse que Isabelle tinha ido ali conseguir informações.

Caminhou até uma parte da bagunça da casa e começou a recolher as coisas aos poucos e arrumar o que dava para arrumar, enquanto aguardava a resposta da idosa sobre seu questionamento. Do contrário, ela já sabia mais ou menos onde Mudkip estava e partiria para lá, para recuperá-lo e fugir dali o mais depressa possível.

ISABELLE LAGRIEVER

Se aliviou quando a senhora disse que era a mãe de Angélica. Mas mesmo assim ela não poderia fingir que estava tudo bem e que ela não era suspeita. Poderia ser qualquer idosa a serviço de Cornélios. Isabelle estava ficando neurótica? Aparentemente sim. Quando a idosa, que parecia conhecer bem a casa, começou a ajudar Isabelle a arrumar a casa, ela logo disse:

-Senhora Thompson...pode deixar que eu arrumo a sala. Acabei de chegar e não tive tempo de colocar as coisas em ordem. O Growlithe é muito bagunceiro.

Riu do comentário. Mas era bom ter ajuda de alguém que conhecia de fato a casa. Mienshao aparece rápido, descendo pelas escadas como se tivesse visto algum amigo de longa data. Então Isabelle fica mais tranquila em saber que Mienshao a conhecia, talvez ela não fosse uma espiã de Cornélios. Talvez.

Ela então responde as perguntas da Senhora Thompson.

-Eu dei banho na pequena Layla, troquei e alimentei. Ela está dormindo agora. Mas pedi para que Mienshao ficasse de olho nela enquanto eu atendia a porta, para caso ela gorfasse, como não sei se ela costuma fazer isso, fiquei preocupada.

E continuava a arrumar a sala. O local parecia mais organizado agora. A preocupação de Isabelle passa então para Mudkip e Growlithe.

-Na verdade eu vim falar com a senhorita Thompson e acabei sendo pega no furacão da saída do senhor Haltz. Não tive nem tempo de responder nada e acabei aceitando cuidar da pequena Layla. Confesso que adoro crianças e que tenho experiência com elas, devido a ter ajudado a criar meus irmãos.

Olhou para a idosa e comentou:

-Apesar do que acontece na cidade, eu queria muito ajudar a senhorita Thompson e conhecer a filhinha dela.

Abriu um sorriso carismático e não queria ser expulsa da casa, mas a idosa poderia expulsá-la e tinha todo o direito de fazê-lo.