Correndo contra o tempo

De volta a mina, escondida nas sombras o mais próxima da entrada que tive coragem de ficar, tentei manter meus ouvidos atentos para qualquer conversa ou ordem que pudesse me dar mais informações do que estava acontecendo naquele lugar e quem sabe, alguma coisa que também me ajudasse a entender como eu tinha entrada no meio dessa confusão também seria bem útil.De inicio consegui ouvir apenas o som do meu coração acelerado de medo e ansiedade, mas logo Anthony cortou o silêncio, algo que era a especialidade dele.

Meu estômago vazio começou a se revirar enquanto ouvia Anthony informar sobre a cota diária poder ser atingida, mas como poderia ser apenas a fome querendo a minha atenção, decidi ignorar e continuar ouvindo. Era um pouco irritante não poder ver, pois não sabia dizer o porque de estar ouvindo tando o barulho de cascos, mas tentei não pensar tanto nisso, me concentrando mais na resposta de Angélica, que conseguiu fazer com que eu sentisse ainda mais raiva dela.

Uma guerra? Então nós estamos trabalhando para a "Grande Angélica" poder ter a guerra dela contra sabe-se-lá-quem? Apocalipses? Armagedons? O mundo? Isso quase não me importava, só o fato de eu estar contribuindo para que ELA pudesse entrar em uma guerra já fazia meu sangue ferver tanto que tinha certeza que meu rosto estava mais vermelho que um tomate naquele momento. Quase não ouvi quando Angélica se foi ou a respostas dos guardas do lado de fora. A única coisa que chamou minha atenção foi um outro chato chamando a minha atenção.

Ah é mesmo?! Quero ver você tentar! - Exclamei não me importando nem um pouco em ser discreta, pois quando o respondi, já estava dentro da mina o bastante para imaginar que o som dos outros trabalhando não deixaria que ninguém la fora escutasse o que eu tinha a dizer. Minha vontade era de dizer para aquele gorducho que ele podia muito bem ficar sem algumas refeições, mas decidi guardar isso só para mim. Ele não precisava sofrer por eu estar brava, então era melhor eu guardar para quando tivesse a chance de descontar em quem merece.

Mesmo com aquela luz e não parando de escavar mesmo para me contar que não tinha recebido respostas melhores enquanto estive lá fora, Erick percebeu que alguma coisa estava errada e que eu estava a ponto de jogar a picareta na testa de alguém. Pouco a pouco enquanto continuava trabalhando, contei pra ele o que tinha descoberto, mas foi um pouco complicado, pois quanto mais eu lembrava, mais tinha vontade de simplesmente jogar a picareta para fora e me recusar a trabalhar. Era impossível dizer o que era pior, fornecer fundos para uma guerra ou trabalhar para Angélica e Anthony.

Enquanto trabalhava minhas mãos não paravam de tremer, mas naquele momento eu sinceramente não sabia se era de fome, raiva ou simplesmente tudo combinado, mas isso não me importava muito. Mesmo usando muita força naquele momento, aquilo não era o bastante para me acalmar nem um pouco e ouvindo o silêncio de Erick, que também estava fazendo muito barulho enquanto escavava era o bastante para me dizer que ele estava tão revoltado quanto eu.

A única coisa que ainda me mantinha de pé, trabalhando com tanta intensidade eram a minha raiva e teimosia de não dar para ninguém o prazer de me ver desistir ou precisando de ajuda para continuar. Parte de mim agradecia que os outros estivessem tão cansados ou até mais do que eu, pois isso tinha acabado com todas as reclamações, mas lembrando do porque estávamos ali e sabendo que não poderia fazer muito para mudar aquilo sendo teimosa, eu também não me sentia bem por ter pensado em parar e deixar que eles sofressem por causa disso.

Depois que Angélica se foi, nada de diferente aconteceu enquanto juntávamos cada vez mais pedras preciosas e as entregávamos para Anthony e os outros guardas. Durante todo o tempo eu fiquei esperando encontrar alguma outra informação, talvez alguma coisa mais positiva ou simplesmente ver algum outro rosto conhecido, mas dessa vez que pudesse nos ajudar, mas infelizmente, não encontrei nada.

Quando eu já estava imaginando que não sairíamos mais daquele lugar, finalmente atingimos nossa cota diária e um dos guardas entregou nossa comida, o que com certeza não conseguiu me animar. Achava difícil que aquele miséria fosse o bastante para me satisfazer. Erick parecia concordar comigo, mas decidimos ficar em silêncio, apenas observando os guardas para vermos se uma hora ou outra, conseguiríamos uma chance de fugir daquela situação ridícula.

Sem ter a chance de comer, algo que em parte me agradou, já que eu não queria ter que comer toda suja e naquele ambiente horrível, mas me fez suspirar de desanimação também, pois estava com tanta fome e cansaço que começava a pensar se realmente conseguiria chegar até nossa prisão/casa sem desmaiar no meio do caminho. Erick também não parecia nada animado com o caminho de volta, mas ainda assim ficamos próximos, sempre atentos e buscando qualquer informação ou chance de melhorarmos nossa situação, e as vezes um tinha que beliscar o outro para impedir que respondêssemos quando algum dos guardas, principalmente Anthony começava a nos ofender.

---

off: sorry a demora ç.ç

off: nem demorou \o/

---

Já estava começando a desistir de encontrar qualquer jeito de fugir, já que mesmo que achasse seria meio inútil, pois duvidava muito que algum de nós estivesse em condições para fugir e ficar correndo entre as árvores, não consegui deixar de me animar quando vi a casa/prisão. Ser trancafiada nunca seria uma ideia legal, mas só de lembrar da cama e de imaginar um longo banho, nem que fosse frio, conseguiu me dar energias para continuar andando, sem nunca deixar de segurar com firmeza a única coisa que tinha para comer.

Entrando na casa não pude deixar de evitar ficar um pouco para trás, bem perto da porta, então nem precisei me esforçar para ouvirem fechar tantas trancas e o que parecia ser uma grade. Isso com as grades das janelas me tirou a esperanças de uma fuga noturna, a não ser que eu resolvesse cavar e cavar até criar um túnel, coisa que não tinha chances de eu conseguir fazer, nem mesmo com a ajuda de todos ali.

Quase tive vontade de chorar quando não vi um único lugar para tomar banho, mas assim que nos sentamos para comer, um pouco depois de eu desistir de tentar limpar as mãos esfregando uma na outra sem parar, entendi o porque da falta de banho. A água que tínhamos não bastava nem para molhar a garganta, então eu duvidava muito que algum deles além de mim estava imaginando em desperdiçá-la com um banho ou algo parecido.

O silêncio durante a "refeição" não foi como quando comemos com Minerva, onde estavam todos felizes demais para largar seus pratos. Ninguém parecia estar com animo para falar ou estavam como eu e Erick, usando todas as nossa concentração simplesmente para mandar aquela coisa que estavam querendo passar por comida para dentro. Se eu ainda tivesse forças, vomitaria vendo o estado nojento em que estava a porcaria da minha barba, que só piorou quando tentei limpá-la, então tentei deixar de lado esse pensamento.

Eu e Erick já estávamos  em nossa cama quando um dos outros anunciou que seria melhor tentar dormir. Quase ri quando ele falou que talvez conseguíssemos descansar antes do amanhecer. Era muito mais provável que um Mew shiny passasse para dar um oi, ou que do nada outros conhecidos nossos, como Hermione, Ângela e meus pokemon aparecessem ali para nos ajudar, mas decidi não comentar. Ele estava certo em tentar ao menos dar algum tipo de esperança, mesmo que fosse vazia.

- Onde será que os outros estão? Eles devem estar preocupados..... - Comentou Erick olhando distraidamente para o teto, me assustando um pouco, pois estava pensando praticamente a mesma coisa. Meu coração doía pensando em Minun, Gligar ou Chinchou sozinhos, talvez sofrendo tanto quanto nós.....

- Nem imagino. Mas quem sabe... talvez eles estejam melhor do que nós. Em algum lugar legal, comendo tudo o que quiserem...... - Comentei tentando me forçar a acreditar que assim com Anthony estava muito melhor do que nós, que eles estivessem felizes em algum lugar, só parando quando meu estômago começou a roncar só de pensar em comida.

- Será mesmo? - Comentou ele obviamente não acreditando muito, mas antes que ele pudesse falar algo, talvez as cenas que ele mesmo imaginou, com Minun, Naomi e os outros em situações tão ruins quanto as nossas, eu simplesmente me virei para o outro lado desejando boa noite. Não estava precisando de mais más noticias para encerrar aquele dia horrível, então fiquei olhando as estrelas através de uma pequena abertura na janela até finalmente adormecer.

---

off: sorry a demora, mas agora to de férias \o/ vamos recuperar o tempo perdido @w@

off: ressurgindo do limbo \o/
off²: sorry por não ter adiantado a rota como a gente queria e pelo post lixo >.>

---

Era difícil saber se estava ou não sonhando, ainda mais por eu não conseguir nem lembrar o que estava sonhando antes quando algo me jogou para fora da cama, onde eu fiquei até finalmente lembrar como se fazia para abrir meus olhos e me levantar do chão. Erick estava ao meu lado, mais furioso do que antes, mas com o sono sendo o principal sentimento dominando as expressões dele.

Com meu estômago roncando e a névoa do sono sendo a única coisa que passava por minha mente, fui seguindo para fora até que em algum ponto da floresta, a dor em meus pés fez com que eu terminasse de acordar, mas não fiquei muito feliz com isso. Não havia uma única boa noticia e a cada passo só conseguia sentir mais ódio de tudo o que estava acontecendo. Erick parecia pior que eu e não precisava perguntar para saber o que ele estava pensando. Nós dois queríamos acabar com tudo aquilo, mas como?

Não conseguia pensar em nada naquela situação. Eles estavam armados e os cavalos nos alcançaríamos nenhum tipo de esconderijo antes que eles pudessem nos alcançar ou abater com aquelas armas. Cada vez mais minha vontade de arranjar um jeito de criar uma distração, talvez assustando os cavalos para ganhar um pouco de tempo e sair correndo só aumentava, mas ainda assim me mantinha andando com os outros. Nossas chances eram minimas, então a não ser que surgisse uma grande oportunidade, eu preferia continuar pensando em uma solução melhor.

O dia nem havia amanhecido e o grupo lutava para se manter acordado. Lúcia e Erick, um após o outro, manifestava interesse em fugir. A escuridão da madrugara iria proporcionar tal ato para os dois, senão fosse pela óbvia pouca chance que eles tinham. Fome, sono, medo? Talvez tudo isso fosse relevante, senão fosse pelo fato de Angélica tivesse no meio disso tudo. A menina ainda não sabia se tudo aquilo era um sonho, mas a dor era tão real que poderia descartar a hipótese. Mais real que isso, era a sua barba presa no rosto. E a voz de Erick ao lado.

Os mineradores pequenos estavam fadigados. Parecia que ninguém tinha dormido direito, afinal, mal haviam deitados na cama e lá estava Anthony e outros guardas escoltando o grupo até a mina. Os passos dos cavalos estavam bem audíveis, até que lá na frente, um caia no chão e, pela fraqueza que sentia, não levantava mais. Os olhos de Lucia não enxergaram quem era, mas Anthony logo seguia à frente e com sua voz ordenava que o anão levantasse, a base de chicotadas. Lucia, instintivamente, tentou impedir, mas Erick a deteve. Parecia que o verdinho ainda pensava no bem dela.

Os guardas se reunião para assistir a tortura do anão e os detrás preferiam tomarem os olhos, para não presenciar a tortura de seu irmão. Eles não sabiam, que a retaguarda estava desprotegida, já que a atenção dos homens estava no pequeno show que aconteceu. Os olhos de muitos lagrimejavam, mas não tinham forças para chorar pelo seu amigo, que se continuasse a receber aquela surra, não teria mais vida. Foi ai que um cavalo deu dois passos para trás e acabou ferindo a sua pata traseira em algo.  O relinchar do animal foi alto o suficiente para derrubar o seu cavaleiro e assustar os demais, fazendo com que os guardas tivessem que se preocupar em manter os seus animais sob controle. Ali, Lucia parecia encontrar a situação perfeita para fugir, pena que sob a custa de um anão... A floresta escura ao funda chamava a dupla e, por que não, os anões?

off: \o/
off²: vamos acabar logo com ela \o/

---

O cansaço e a fome que estava sentindo eram as únicas diferenças que estava vendo de ontem para hoje. Nenhuma chance surgia e parecia que nunca teríamos nenhuma saída, além de morrer de exaustão, coisa que eu não me surpreenderia nada se acontecesse antes mesmo de conseguirmos ver aquela porcaria de mina. Não sabia mais como ainda estava conseguindo me manter de pé, talvez fosse a força da fúria que estava sentindo, mas tinha medo de pensar muito nisso e acabar desabando, então continuei me concentrando em um plano de fuga e continuar andando.

Erick a meu lado parecia tão ruim quanto eu, mas antes que eu pudesse perguntar algo, minha pequena "previsão" se tornou realidade com um dos anões do começo da fila caindo sem forças para continuar. Não consegui ver quem era antes de todos os guardas o rodearem e começarem a bater nele sem a menor piedade. Nesse momento senti meu sangue ferver e um gosto ruim chegar na minha boca enquanto tentava correr para fazer alguma coisa, mas tudo o que consegui foi quase cair de cara no chão quando Erick me impedia.

Eu o empurrei para o lado, quase não prestando atenção em nada no que via e muito menos escutando algo enquanto tentava empurrar ou chutar Erick para longe para ir impedir que batessem no outro até a morte. Não me importava contra quantos estava tentando ir enfrentar e muito menos quais eram as minhas chances, eu só não queria ficar parada ali vendo essa cena, então quando uma confusão estranha começou, eu fui a ultima a entender o que estava acontecendo.

Foi uma verdadeira confusão com os cavalos e os guardas sendo jogados no chão, algumas vezes sendo pisoteados. Era difícil ver o que estava acontecendo, mas a chance que aquilo nos dava não poderia estar mais clara, era agora ou nunca! Com um sinal de mãos, já que eu não queria alertar ninguém mais que nos que queríamos fugir, avisei para todos fugirmos para a floresta, mas antes de começar a correr olhei para a confusão mais a frente, tentando ver o outro anão. Ainda tinha esperanças de conseguir levá-lo junto, mas se ficasse muito arriscado, teria que correr sem ele, o que não me agradaria.

A confusão foi o momento perfeito para que Lucia e Erick traçassem o seu plano de fuga. A morena de barba ainda tentava pegar o anão que foi atacado, mas parecia que nenhum anão estava notando aquele que proporcionou a fuga de todos. Os anões partiam em disparada para a floresta ao lado e demorou para que os guardas voltassem a tomar controle de seus cavalos. Lucia e Erick optaram por deixar o seu irmão para trás, em troca de salvar a própria vida. Os anões eram abatidos por redes, um a um. Lucia e Erick, por sorte, conseguiam evitar serem pegos.

Anthony gritava, urrava. Com sua besta, atirava e por pouco a flecha não havia atravessado a cabeça da morena, que via a flecha cravada em uma árvore ao lado. A dupla continuava seguindo, percebendo que ao lado estavam os demais anões nas redes. Sem olhar para trás mais, Erick assumia o caminho e logo a floresta engolia a dupla. Escura e úmida, Lucia quase tropeçava seguidas vezes e continuava a sua corrida. O barulho dos cacos do cavalo de Anthony parecia ir e vim como se tivessem em toda parte. A floresta escura pregava peças, hora assumindo a forma de um monstro assustador, cujos galhos aparentavam mãos raquíticas de dedos pontiagudos. As folhas que caiam do alto assumiam a forma de morcegos e assustavam os dois.

O grass parecia perdido por onde ir, mas mesmo assim os dois corriam. As forças que eles assumiam vinham de uma fonte desconhecida. Naquele momento, não tinha sono ou fome que fizesse Lúcia e seu parceiro pararem ali. A mente deles parecia ficar a mercê da floresta, que constantemente pregava peças nos dois, e quando davam conta que se tratava de uma pedra ou tronco, já tinham mudado de caminho. Foi ai que depois de correr como se não houvesse amanhã (e realmente não haveria se fossem pegos) Lúcia sentia uma grande dor na cabeça, fazendo-a apagar. Caia no chão sujo do local e rolava para o lado, vendo apenas Anthony com um porrete nas mãos como única imagem final, puxando Erick pela barba estranha.


A cabeça da morena ainda pesava quando ela acordava. O chão gélido era mais sólido do que a da floresta e surpresa foi a dela ao perceber que estava viva ainda. O local cinzento abrigava a pequena que parecia perdida em se encontrar. O local aparentava uma masmorra e nas grades da prisão Erick passava uma caneca nelas, fazendo barulho. O Grass parecia desanimado e suspirava.

- O que é pior: morrer trabalhando nas minas ou ser decapitado perante a rainha por tentativa de fuga? – Erick informava Lúcia.

A menina ainda estava atordoada com a pancada que recebeu e surpresa maior foi quando ouviu uma voz que nem ela nem Erick souberam explicar de onde vinha.

- Pelo menos decapitados vocês morrem mais cedo e sofrem menos. - dizia a estranha voz, estranhamente animada, com estranhos sorrisinhos.

off: nossa XD to desde o ano passado pra responder XD -apanha

---

Uma verdadeira confusão acontecia enquanto eu apenas tentava encontrar uma chance de não deixar ninguém para trás, mas assim que vi o primeiro guarda conseguir acalmar seu cavalo e ir ajudar um outro, eu logo percebi que meu tempo estava no fim e simplesmente sai correndo. Ao meu redor tudo parecia um borrão confuso, então tentei me concentrar apenas no caminho e em não ser pega, o que infelizmente, era a coisa mais natural e conhecida que havia acontecido comigo nesses últimos dias...

Pouco a pouco os ruídos da confusão foram diminuindo, até que chegou um ponto em que eu apenas podia ouvir eu e Erick correndo sem nunca olhar para trás. Enquanto corria não queria pensar em nada além de simplesmente não tropeçar e continuar correndo, mas mesmo isso estava começando a ficar complicado, pois aquela floresta não era comum.

A todo o momento eu me sentia observada e que os guardas ainda estavam próximos, mas o que mais preocupava eram as coisas que estava vendo. Monstros, fantasmas, guardas e até mesmo morcegos tentando nos atacar eu via no lugar de árvores, rochas e até mesmo simples folhas mortas caindo de seus galhos, que acabavam nos fazendo desviar e começar a andar em círculos em vez de continuar fugindo para longe.

Em algum momento Erick desistiu completamente de ficar decidindo apara que lado devíamos ir, então íamos lado a lado e cada vez que encontrávamos um obstáculo, o primeiro que reagia acabava   decidindo o caminho para os dois, pois logo era seguido pelo outro. Estava pronta para surgir pararmos um pouco e procurar um esconderijo quando senti uma forte dor na cabeça e só tive tempo de chamar o Erick antes de tudo ficar escuro.

Minha cabeça estava doendo tanto que antes mesmo de terminar de acordar, me encolhi onde estava e segurei com minhas duas mãos onde doía. O chão duro foi uma surpresa não muito agradável, mas nem mesmo ele me deu coragem de abrir os olhos, coisa que só fiz quando ouvi um estranho som de algo batendo em metal. Lentamente fui me levantando e não pude deixar de suspirar ao notar que estava em algum tipo de cela ou masmorra.

Erick parecia desanimado enquanto usava uma caneca para fazer aquele estranho barulho que tinha escutado e sem nem olhar para mim, fazia uma pergunta que se ele já não soubesse a resposta, então estava longe de realmente me conhecer. Estava em duvida se respondia ou não, mas logo uma outra voz chamou nossa atenção e até fez com que Erick parasse com a caneca para tentar achar quem tinha falado.

- Ia falar que morrer tentando é melhor que morrer daquele jeito, mas o que você disse da na mesma.... Posso saber quem é você? - Perguntei ainda sentada no chão daquela masmorra, mas olhando para todos os lados procurando da onde poderia estar vindo aquela voz.

A escuridão daquele lugar sucumbia a dupla. Erick, desanimado, estava tão surpreso quanto Lucia, pela voz que mesmo diante daquela situação, parecia bem mais humorada do que a dos dois anões. A tentativa de fuga foi frustrada e embora a dor na cabeça da morena estivesse latejante, a mesma sentia que ainda estava viva. O frio do chão ainda empurrava Lucia para se levantar, mas ao tentar, sentiu-se tonta o bastante para permanecer sentada e quietinha em seu canto. Erick saia correndo pela “jaula”, na qual parecia pequena e sua luminosidade parecia se restringir apenas aquele local.

-Er... Não estamos só...

O comentário do grass fora desnecessário, mas diante de uma voz cuja fonte era notoriamente desconhecida, não tinha outra coisa para se falar. Aos poucos. Lucia olhava para trás e uma luz branda saia da parece. Foi ai que a dupla se deparava com um espelho totalmente ornamentado de um metal de cobre, mas a função não era refletir a imagem de nada. Lucia até pensou que a pouco luminosidade deixou o espelho negro, mas ao se aproximar percebia uma fumaça roxa sendo refletida. A dupla até olhou para trás, na procura de tal fumaça, mas não encontrava nada do tipo.

- Perdoe os meus modos. Sou o Espelho Mágico.

Dentro as nuvens de fumaça roxa dentro do espelho, uma mulher baixinha aparecia refletida. A dupla procurava mais uma vez a forma real que estava sendo refletida no espelho, só que mais uma vez foi uma busca frustrada, já que a baixinha estava apenas no espelho. Sua imagem desbotada apagava um pouco as cores. Seu cabelo rosa ainda era visto, assim como seu jeito tagarela. Lucia teve uma leve impressão de que conhecia tal figura.

- E então? Vocês fizeram o quê para a grande rainha Branca? Aaah! Com certeza são anões, então fugiram das minas? Ao amanhecer, terão as suas cabeças cortadas... Ou é enfocada?

A notícia do espelho não era nada animadora. Entre cabeças cortadas ou enforcadas, o resultado era o mesmo: a morte. Erick ainda olhava boquiaberto para a figura que surgia no espelho, ainda desacreditado sobre como era possível. Mas depois de acordar como um anão, tudo era possível...

Com Erick agora ao meu lado deixando a pequena caneca para trás, que logo desaparecia em um canto escura da cela, nós dois ficamos olhando para todos os lados procurando de onde podia estar vindo aquela voz estranha. Não importava o quanto procurávamos, nós não conseguimos encontrar nada e eu não conseguia deixar de pensar que a voz podia vir de uma cela ao lado ou de um lugar ainda mais distante.

Um pouco antes de desistir de vez da busca e simplesmente continuar falando com a misteriosa voz de sei-lá-aonde, algo chamou nossa atenção e logo me vi olhando para um estranho espelho, que mais parecia uma pintura roxa com um vidro na frente, já que não refletia absolutamente nada. Não entendi o que aquilo estava fazendo ali e logo aquilo ficou ainda mais confuso, quando percebi que o que eu achava ser uma pintura, era na verdade um tipo estranho de fumaça roxa.

A voz misteriosa estava começando a deixar de ser estranha, ainda mais com aquele estranho espelho a nossa frente. Olhando para aquele espelho comecei a achar que estava vendo coisas, mas logo uma figura surgia ali e assim que notei que ela também não era um reflexo, cai no chão de susto e me afastei um pouco, apenas por garantia.

Ela parecia uma imagem meio desfocada em uma televisão, mas seja lá o que ela fosse, também era a dona daquela voz misteriosa. Depois de tudo o que a gente tinha visto e talvez um pouco por causa da pancada na minha cabeça, isso não parecia nem um pouco estranho ou suspeito. Olhando para Erick, percebi que ele parecia estranhar tudo aqui, então ficamos prestando atenção no espelho falante, que estava com um humor bom demais para quem estava trancado na cela também.

- Ta você já descobriu o que a gente fez e eu faria de novo para não ficar pagando por uma guerra, mas e você? Por que te deixaram aqui? - Perguntei contendo a vontade de cutucar o vidro ou simplesmente pegar aquele espelho para ver melhor se era realmente mágico ou se era só uma tela transmitindo uma imagem.

Sem saber como um espelho poderia emitir tal imagem, Lucia se afastava temendo que o mesmo causasse algo de ruim nela. Apesar de ser uma anã e viver em um conto de fadas, a morena ainda procurava motivos para que aquele estranho objeto não seja encantado e fosse uma televisão. Mas a mulher de cabelos rosados parecia ser bem mais real do que uma televisão. Era como se fosse mágica! A mulher ajustava os seus finos óculos vermelhos e puxava o seu blazer amarronzado, ajustando. Seu boné rosado era virado de lado, revelando atrás um coraçãozinho deixando-a bem “cute” ao invés de misteriosa.

Os questionamentos continuavam enquanto Lucia tentava recobrar a sanidade. Erick já tinha se acostumado com a ideia de ser morto, mas para o Espelho mágico, aquilo era inevitável... Não para a exilada! Lucia preferiria lutar pela liberdade milhares de vezes do que ficar ali e morrer todos os dias aos poucos. Mas como seu destino parecia já traçado, a morena apenas optou por saber o que levou um objeto místico tão inusitado e talvez merecedor de olhares dos mais diversos estar preso em uma masmorra como ela.

- Presa? Bem, eu já estou presa em um espelho, então, minha noção de liberdade é bem mais complicada do que aparenta. Estou aqui por não jura lealdade a nossa querida e feliz Rainha.

Dizia a voz da rosada, mas foi só ai que velas na cela do lado eram envoltas por chamas e, com elas, iluminavam a cela, revelando um quarto prisioneiro. Na verdade, a prisioneira ao lado parecia bem mais misteriosa do que o espelho mágico. Portava belas vestimentas, embora suas pontas estivessem desgastadas ou rasgadas. Ainda portava uma coroa, que naquela masmorra tinha apenas uma função: enfeitar. Seus olhos ainda trêmulos, estavam borrados de maquiagem de um bom tempo.

- Só existe uma rainha, e essa sou eu. – dizia a mulher da cela ao lado, tão convicta do seu poder quanto Branca está.


:: Rainha ::

off: uhuuuuu \o/

---

Erick e eu observamos lado a lado a estranha mulher do espelho, que a cada momento parecia ficar cada vez mais real, me fazendo descartar a ideia de ser uma simples imagem sendo reproduzida ali. O bom humor dela, falando da nossa morte inevitável como alguém comentando sobre o tempo ou uma história sem graça que ouviu me incomodava, mas decidi esperar um pouco para ver o que ela faria antes de decidir se valia a pena simplesmente quebrar aquilo com uma pedra ou não.

Era estranho como ela me era familiar ao mesmo tempo em que eu simplesmente não conseguia reconhecer ela, ainda mais com aquela roupas, que só não chamariam atenção em uma convenção de Stylists ou algo do gênero. Ao meu lado Erick continuava incomodado, mas parecia pouco a pouco se acostumar com aquele espelho e até ficava um pouco ansioso para ouvir o que ela responderia.

A resposta da mulher do espelho fez sentido, embora eu ainda achasse que era um pouco surpreendente ela não ter sido destruída por isso. Mas antes que eu pudesse pensar melhor no assunto ou perguntar qualquer outra coisa, me assustei ao ver a cela se iluminando com velas se ascendendo do nada, fato que logo foi esquecido quando notei que havia mais alguém naquela cela.

Num primeiro momento eu apenas me assustei, imaginando a quanto tempo ela estava ali oculta nas sombras, apenas nos observando e escutando a conversa, mas assim que ela falou, o susto se transformou em curiosidade. O que estava acontecendo naquele lugar? Será que ela era mesmo uma rainha que teve seu trono roubado por Angélica, ou teria alguma outra história por trás disso?

- Então você é...ou melhor, era a rainha. Como veio parar aqui? - Perguntei sem me mover de onde estava, contendo a continuação da pergunta, pois achei que não seria uma boa ideia simplesmente perguntar o porque dela não ter sido simplesmente morta pela pessoa que roubou seu título de rainha.

A situação sinistra batia o recorde até o momento. Um espelho mágico, uma rainha deposta de seu cargo e dois anões fujões. Aos poucos, aquela masmorra batia pontos extras em esquisitice. Lucia mantinha-se controlada, apesar do susto da aparição da mulher. A rainha parecia bem mais intimidadora do que Branca de Neve e sua guerra, embora diminuísse um pouco por causa da situação que se encontrava. As perguntas preenchiam a cabeça da morena, que diante da situação, apenas via-se diante do calabouço com as duas pessoas (ou coisas) que poderiam esclarecer as suas devidas situações. A noite continuava lá fora, mas parecia que a conversa na cela seria longa.

Os olhos de Erick pairavam sobre o local. Já acostumado com as novas presenças, o Grass chegava mais perto do espelho e tocava, provando para ele mesmo que era real. A mulher de cabelos rosados no espelho fazia um momento com a mão, pedindo para que o Pokémon não manchasse o vidro, que ela detestava. A rainha mantinha-se sentada em uma cama dura em sua cela. Apenas grades separavam a cela de Lucia com a da rainha. Sua posição ereta mostrava um pouco de nobreza, embora estivesse visivelmente cansada de estar sentada.

- Eu sou a rainha. Aquela mimada não tem nada de nobreza... Só o sangue não determina isso. – a resposta era rude. – Digamos que ela está dando uma de rebelde e decidiu que deveria me prender aqui como ela ficou presa até completar a maior idade. – explicava um pouco desconfortável, parecia uma humilhação o que a rainha estava passando, talvez para ela, pior que a morte.

- Isso por conta do desentendimento dela por causa do príncipe. Vossa majestade bem que poderia ter feito uma poção do amor para os dois ficarem juntos enquanto tinha tempo. – complementava e retrucava o espelho.

- Poção do amor? Não é bem o meu gênero! – repudiava a rainha

off: pontos @w@ eu preciso @¬@ mais \o/

---

Depois de acordar com uma barba nojenta no rosto, perceber que estava com menos da metade do meu tamanho e logo depois ser obrigada a trabalhar em uma mina o dia inteiro, eu já achava que as coisas não podiam ficar piores ou mais estranhas, mas a cada minuto eu ficava só mais confusa com tudo aquilo. Agora estava diante de uma rainha que perdeu seu trono e com certeza seu bom humor.

Erick estava mais interessado no espelho e na mulher que estava presa ali ou algo assim, então achei melhor prestar atenção na rainha, esperando que ao menos ela pudesse esclarecer tudo. Mesmo presa daquele jeito e com as roupas já tendo visto dias melhores, aquela rainha conseguia me deixar apreensiva e parecia não ser um boa ideia fica irritando ela.

Mostrando que também tinha perdido sua educação em algum lugar, a "rainha" esclareceu um pouco mais sobre o motivo daquela guerra, o que só me deixava mais feliz por não estar mais trabalhando para pagar ela, e também explicou como foi parar ali, o que não solucionou todas as duvidas, pois ainda achava mais lógico matar os líderes quando se toma seus poderes, mas achei melhor continuar não comentando isso.

- Nada como uma boa e velha vingança para começar uma bela confusão. - Comentei, mais para mim do que para qualquer outro naquela cela, mas logo parei de pensar nisso quando ouvi o espelho comentar sobre uma tal poção do amor. A ideia surgiu aos poucos e mesmo que dificilmente ela fosse ajudar a evitar minha morte, achei que ao menos valia a pena comentar com alguém.

- Pode até não ser o seu estilo, mas já parou para pensar que se ela e o príncipe se apaixonarem, a guerra acabaria e melhor, ela iria embora, pois se me lembro bem, a tradição manda que assim que se casem, a princesa vai para o reino do príncipe.... - Falei sem muita certeza e ainda pensando melhor nessa ideia, tentando talvez incluir um plano de fuga para que eu Erick pudéssemos sair vivos de toda essa bagunça. Infelizmente nada me ocorria e estava ficando com medo, pois nosso tempo estava acabando....

Apesar de tudo que Lucia havia passado, agora a rainha e o espelho estavam esclarecendo melhor a situação em que ela vivia. Branca de Neve teve um desentendimento sério com o príncipe, o que fez com que ela decretasse guerra ao reino dele. Para financiar a guerra, ela teve que depor sua rainha, talvez madrasta, e assim assumir o trono, escravizando anões para coletar pedras preciosas e manter os custos de sua cruzada. Parecia que esse tal príncipe havia feito algo bem sério para ela.

Embora os cacos da história estivessem se unindo naquele momento, Lucia percebia que a mal-humorada rainha poderia ter acabado com tudo naquele momento, usando uma poção do amor, mas parecia que por orgulho, assim não fez. A guerra estava ceifando vidas, seja nos campos de batalhas ou nas minas de carvão. A noite passava pela prisão de modo silenciosa. Ao amanhecer, Lucia estaria morta, assim como Erick, ambos por terem hesitado uma revolução nas minas.

- De certo eu errei enquanto tive tempo... Mas agora é tarde demais! Uma poção do amor agora está fora das possibilidades. Estamos presos aqui e pelo menos vocês terão o prazer de morrer enquanto passarei um bom tempo aqui. – a rainha se lamentava, abaixando um pouco a guarda dessa vez.

- Pelo menos você morre, e eu que nem posso me quebrar? Caso contrário, serei eterna. – explicava o espelho.

- Eu mesma deveria ter arrancado o coração dela quando tive oportunidade... – lamentava mais uma vez a rainha.

- E vocês, o que gostariam de vê como último desejo? Posso mostrar as mais variadas maravilhas do mundo. Posso mostrar Atlântida, os montes mais belos... Pelo menos uma bela imagem antes de serem enforcados ou decapitados.

off: ótimo \o\ só falta mais uns 248 posts e eu vou poder comprar parte do que preciso @w@

---

Com minha cabeça ainda doendo, pelo menos o bastante para me incomodar e atrapalhar um pouco meus pensamentos que sempre se desviavam para o desejo de ter um analgésico ou ao menos uma bolsa de gelo, vi Erick desistir de ficar se distraindo com o espelho, já que depois de um tempo ele realmente deixava der algo interessante e logo se sentava ao meu lado, com a expressão que eu tanto conhecia, querendo que eu tirasse um plano milagroso da orelha.

Não conseguia pensar em mais nada de útil, fiquei ouvindo as duas deixarem bem claro que a minha ideia teria sido muito mais útil a muito tempo atrás, quando eu nem sabia que esse lugar maluco existia. Era desanimador, mas ao mesmo tempo curioso ver que quem não corria risco de vida tinha desistido, enquanto eu e Erick que tínhamos motivos de sobra para simplesmente ficar lamentando e esperando a morte continuávamos mantendo as esperanças tentando pensar em um jeito de resolver tudo....

- Tem que ter algum jeito... alguma coisa que a gente possa fazer... não podemos ficar aqui sem fazer nada só esperando a morte. - Falei olhando para Erick, depois para a rainha e por fim para o espelho, que nos oferecia ao menos algo bonito para se ver antes de morrermos pela manhã.

- Mostrar uma saída daqui ia ser muito bom.- Comentou Erick com seu "bom" humor ficando cada vez pior naquela situação. Ele parecia cansado de tudo aquilo e mesmo que não dissesse, ele devia estar me culpando por causa do "plano" de fuga e pela falta de ideias agora, só para variar um pouco....

- Mostrar uma solução, essa provavelmente seria uma das coisas mais lindas que eu poderia  ver. - Falei deitando no chão de pedra e olhando para o teto, preferindo não dizer que o que eu mais queria agora era ver como estavam os outros. Naomi, Minun, Gligar, Minerva.... será que eles estavam bem? Será que se eu pedisse isso, o espelho saberia o que mostrar ou só se eu conseguisse dizer exatamente onde eles estavam? Com a minha sorte, ela não conseguiria mostrar nada....

Desiludida com a vida, com o que havia passado, com a rainha, com o espelho e até com Erick, a jovem morena deitava-se no chão gélido, pedindo uma saída ou algum remédio para a dor de cabeça que tinha. A rainha apenas continuava sentada, olhando para o chão como quem se arrependeu do que havia feito. O Espelho compreendeu o clima na cela, embora ainda tentasse mostrar algo que alegrasse os prisioneiros antes da execução da sentença de morte. Lucia tentava levantar as esperanças de todos ali, mas todos estavam tão desiludidos que nada que eles fizessem poderia estar à altura de deter a rainha.

Mesmo assim, Lucia desejava uma saída daquela situação, enquanto Erick pedia uma saída dali. Erick olhou para os lados, já desiludido, mas o espelho encarou o pedido como se fosse sério. A fumaça circulava lá dentro, como um redemoinho e logo a imagem da mulher baixinha de cabelos rosados eram substituídos pela imagem de um reino, na verdade, era o salão da rainha e lá estava ela, com seus cabelos negros e com vestido de realeza. A rainha presa estava com alguns guardas, ao redor de uma mesa redonda e pareciam discutir algo.

- Se ele vai estar na guerra amanhã, eu também vou. – os lábios vermelhos que ela tinha pareciam bem mais carnudos naquele momento.

- Majestade, e o enforcamento? – perguntava um guarda.

- Enforque-os assim que amanhecer, nos primeiros raios de sol. Não vou perder o meu tempo assistindo rebeldes sendo mortos, enquanto tem uma guerra lá fora. – retrucava.

A imagem no espelho se desvanecia, enquanto a rosada reassumia a sua posição no espelho. Foi ai que a rainha na cela ao lado se erguia e começava andar de um lado para o outro da cela, como se pensasse em algo.

- Eles vão se encontrar? Eles nunca se encontram em batalhas... – dizia mais para ela mesma, do que para os presentes.

- Bem, vocês vão morrer quando o sol nascer, mas acredito que a princesa não verá a morte de vocês... – dizia com certo toque de humor.

- Temos que arrumar um jeito de sair daqui... Talvez, uma poção do amor não seja um problema hoje... – dizia a rainha olhando para Lucia.

off: sim sim \o/

---

Deitada naquele chão frio e duro um pouco da minha dor de cabeça melhorava, mas não o bastante para que eu me sentisse melhor ou ao menos confortável no que pareciam ser minhas ultimas horas de vida. Erick ao meu lado me imitava, mas ficava de costas para mim, como sempre fazia quando estava chateado e não queria mostrar o quanto me culpava. Como se isso funcionasse....

Demorei um pouco para perceber que alguém estava fazendo alguma coisa naquela cela, mas logo comecei a notar uma estranha luz, que logo vi que vinha do espelho mostrando alguma coisa. No começo fiquei confusa, pois nenhum de nós realmente tinha pedido por algo, mas logo deixei isso de lado e comecei a prestar atenção na cena, ainda mais quando a rainha com poderes surgiu e começou a falar da guerra.

A cena foi rápida e logo a mulher do espelho retornava, mas eu não lhe dava muita atenção, preferindo me virar para escutar o que a rainha prisioneira murmurava em sua cela. Ela parecia surpresa em saber que os dois iriam se encontrar, mas o que mais chamava a minha atenção era o fato que não estaria nem perto quando nossa sentença de morte fosse executada. Isso me fez lembrar imediatamente da minha segunda fuga em Nyender, quando eu só precisei esperar Angélica se afastar para conseguir fugir de novo. Seria essa a nossa chance?

- Sair daqui.... - Murmurei entendendo que só precisávamos disso, pois aparentemente a Rainha formou um plano para acabar com tudo, só precisando estar lá fora para começar a executá-lo. - Sozinhos não temos chances, mas e se tentássemos algo quando vierem nos buscar? Para o enforcamento precisam nos tirar daqui, então se conseguirmos dar um jeito nos guardas, seria apenas uma questão de pegar as chave para abrir a sua cela e....... - Falei começando animada com o plano, mas logo parando de falar quando percebi que não tinha ideia de para onde ir para achar a saída e muito menos o que fazer se conseguisse sair do castelo.

Os passos da rainha pareciam tediosos. Apesar de tudo, ela parecia ser uma gênia para pensar em planos e em situações como aquele colocou Branca de Neve sob a maldição que ela comentou. Mas mesmo assim, a rainha deixava os seus pensamentos só para si. Depois de tentar pensar em algo, Lucia desistia, deixando a madrasta só em seus devaneios, mas alertava que a única chance deles era se unir e não agir sozinhos. O espelho observava a sua mestra inicial andar de um lado para o outro e só depois que a rainha parou e sentou na dura cama, todos a ouviram.

- Então a cela de vocês será aberta... – continuava pensando em voz alta.

- Claro! Vocês podem se esconder na parte escura da cela e eu crio a imagem de vocês no espelho, fazendo os guardas ficarem confusos enquanto entram para pegar vocês. – dizia a rosada no espelho, socando a mão como se o plano fosse perfeito.

- Mas claro que dois anões têm que ser bem espertos para poder conseguir as chaves da cela, pois sem elas não poderão me libertar e sem mim vocês continuaram sendo perseguidos por Branca até a morte de vocês. A única chance de terem êxito é comigo... E vocês não conhecem o meu castelo como eu... – advertia a rainha, como se ela tivesse criado justificativas para que Lucia e Erick não traísse a rainha naquele momento.

Depois de um longo tempo, parecia que um plano se formava, já que Lucia teria que contar com a ajuda do Espelho mágico e da antiga rainha. Talvez o plano da poção do amor seria o suficiente para unir Branca com o Príncipe.

- Mas o mais importante é que eu preciso de você, anão. – dizia a rainha, apontando para Lucia. – Uma poção do amor não pode ser feita por alguém com um coração como o meu. Então você fará para mim a poção, senão, nada funcionará. E Branca e Encantado não voltaram a se amar. – dizia a mulher, fazendo referencia de que o príncipe era chamado de Encantado.

off: que venham os pontos \o\

---

Ficar esperando a Rainha ficar pensando, repensando e planejando era tedioso, me fazendo lembrar de uma vez que Erick quase me bateu por eu ficar demorando muito para falar o que estava planejando. Agora eu entendia bem como ele tinha se sentido e concordava com ele, mesmo que nunca fosse admitir isso em voz alta. Ele já era convencido o bastante sem isso....

Quando o resto do plano começou a ser discutido em voz alta eu fui pega de surpresa, então acabei perdendo o começo, mas nada que me impedisse de entender o raciocínio. Tentei ignorar a sutil ameaça no meio do plano, apenas concordando e fazendo sinais sutis para que ele ficasse quieto e deixasse que eu resolvesse qualquer problema depois, de preferencia, quando estivéssemos livres.

- Não se preocupe com a nossa parte, se concentre na sua que tudo vai dar certo. - Falei já procurando um bom canto escuro onde nós dois pudéssemos nos esconder e ficar em uma boa posição para surpreender os guardas, roubar as chaves e sair sem precisar de muita confusão. Se eu achasse uma pedra para atacá-los, melhor ainda.

- Infelizmente acho que você vai ter que ficar aqui até resolvermos tudo. - Falei um pouco triste para o espelho enquanto ainda procurava uma boa arma e um esconderijo, que eu só entraria quando faltasse pouco para o amanhecer. A cela já era desconfortável demais para que eu e Erick ficássemos espremidos em algum canto.