Depois da tempestade...

Por mais que Kyoichi quisesse ficar para tentar encontrar Lucia e Ângela na estação, Nancy assumia a postura de cuidadora e levava ele até o Kazumi Hotel. Durante o caminho, contudo, o Arruaceiro se perguntava como a ex-gladiadora poderia se livrar da bala que agora habitava seu ombro.

O Kazumi Hotel não ficava longe da estação de trem, para a sorte da dupla. Porém, durante a curta caminhada, puderam perceber o quanto a cidade tradicional era naturalmente sombria, não fosse a decoração para o festival. Ao chegarem no prédio, foram rapidamente direcionados para o subsolo, onde receberam um quarto típico para os gangsters e, pouco depois, um enfermeiro veio auxiliar Kyoichi em seu curativo.

O Arruaceiro apertava o punho fechado, tentando controlar a dor que sentia. A anestesia era muito fraca para que ele não sentisse dor no momento em que a agulha entrava em sua carne, fechando a ferida. O casaco, largado no chão, possuía diversas manchas vermelhas. A mente tentava se ocupar, relembrando o episódio da fuga e em como Morgana os teleportara no último segundo possível, porém era difícil.

Ao final, uma faixa era colocada ao redor de seu braço e o enfermeiro saía, sem dizer quanto tempo teria de ficar com o braço enfaixado, quando poderia tirar os pontos ou se precisava tomar algum medicamento para evitar infecções. Essas decisões estavam a cargo do Armagedon e de sua parceira de viagem, que a essa altura já estava caída na cama com Mightyena e Blake deitados ao lado.

Do lado de fora ainda era dia claro e ainda era possível procurar por Lúcia e Ângela ou tentar ver o festival. De dentro da mochila de Nancy, Kyoichi via um panfleto que falava do evento e que, inclusive, tinha uma mapa com a disposição das barraquinhas.

Com esperanças de encontrar Lucia no festival e falando da comida, Kyoichi convencia Nancy a se levantar e acompanhá-lo no festival. Porém, antes de ir para o mesmo, o grupo fazia uma parada rápida no museu local, onde vendiam 3 mega stones, ganhando 3 mil Pk$ em troca, dinheiro que ajudaria e muito a aproveitar o festival. Antes de sair do museu a dupla conseguia vislumbrar a Red Orb e a Blue Orb, gigantescas e dominantes em seu salão, rodeadas de imagens de Groudon e Kyogre, tanto em sua forma normal quanto em sua forma Primordial.

Zoe lutava contra o domínio de Morgana quando via um papel, mas a psíquica parecia tirar vantagem e conseguia domar sua montaria, pelo menos até a ave alçar voo. Kyoichi se dividia entre a preocupação e a análise das condições de sua pokémon, contudo, quando ela pousava cansada, percebia que ela ainda não estava em totais condições. Os efeitos do óleo já eram visíveis, mas o tratamento ainda não se encerrara afinal de contas.

Quando Morgana tentava colocar um focinheira na metálica, Kyoichi se via forçado a intervir, achando que aquilo já era demais. A fada sustentava o olhar dele, deixando claro que não gostava quando ele intervinha em seus assuntos. Contudo a troca de olhares logo foi interrompida pelo som do festival e, ao virarem para frente, perceberam a fila de barraquinhas com as mais diferentes ofertas: comida, kimonos, move tutors, cursos e jogos. No entanto, ao ver o grande movimento, o Arruaceiro percebia que não seria tão fácil assim achar sua amiga no meio da multidão.

Ao ouvir as palavras de Nancy, Kyoichi mais do que rapidamente se decidia por ir até a barraquinha onde a ministra era desafiada para um amistoso por quem quisesse. O lugar não era difícil de se encontrar, principalmente pelos gritos eufóricos de outros gladiadores.

Ao se aproximar, o ex-gladiador reparava que diversos oponentes saíam derrotados, mesmo a ministra não revelando suas verdadeiras técnicas de combate e muito menos o potencial de seus monstrinhos. Contudo também era bom ver que ela não estava tentando realmente ferir os oponentes. A análise, todavia, deixou de ter importância assim que os olhos do Arruaceiro caíram sobre Lynn, a Ministra da Alma.


- Será você o próximo competidor que irá brincar comigo? - Ela dizia liberando um Pawniard, deixando a mostra quem seria sua escolha e aguardando o pokémon de Kyoichi. Enquanto o pokémon dela parecia neutro com sua condição, ela exibia um sorriso quase doce, que combinava muito com a voz suave e melodiosa, mas nada com o olhar cruel.

- Não estou com um bom pressentimento... - Nancy murmurava para o moreno a seu lado.

Kyoichi se preparava para a batalha, tomando ciência pela primeira vez da postura de Blake perante um desafio. O cão rosnava para o oponente, enquanto Pawniard simplesmente afastava as pernas, encarando seu oponente.

- Blake comece utilizando Taunt, em seguida utilize Double Team e espalhe seus clones pelo campo.

- Use Taunt também! Depois suma com o Dig!- Lynn gritava imediatamente depois.

Com os dois comandos, ambos os pokémons provocavam o outro. Devido à mesma velocidade, os dois golpes atingiam seu alvo ao mesmo tempo, impedindo qualquer tipo de ataque de Status durante aquele conflito. A partir daquele momento caberia a eles somente o uso de técnicas ofensivas e de sua criatividade para controlá-las e manipulá-las.

Lynn soria para Kyoichi, aparentemente se divertido com o cenário construído. Em seguida, ciente de que Blake não conseguiria realizar o segundo comando ordenado e com toda calma do mundo, Pawniard sumia dentro de um buraco.

- Minha vez de começar? - Ela seguia com a voz doce. - Pawniard, meu bem, quando quiser com o Faint Attack.

Kyoichi refletia sobre como quebrar a estratégia da ministra, forçando Pawniard a surgir antes do esperado. A estratégia era boa e o ambiente era propício para o uso dos sentidos aguçados, não fosse o fato de não existir túnel abaixo do solo... Quando Blake se aproximou com o focinho, as chamas mal haviam saído de sua boca para Pawniard surgir com seu Faint Attack.

O Armagedon observava tentando entender o que havia acontecido quando Nancy falava que o Dig fora usado só como armadilha, para que Blake se aproximasse. O cão, contudo, conseguiu queimar o braço do metálico e causar sérios danos. Contudo agora ele tinha um corte imenso na lateral do rosto, pelo qual escorria sangue. Faint Attack era um golpe que não errava e Pawniard havia acertado bem onde queria: perto demais do olho esquerdo do cão.

- Está se divertindo? - Lynn perguntava ainda tratando aquela luta como uma brincadeira.

O Arruaceiro, por sua vez, se perguntava: se aquilo era sem a intenção de ferir, o que aconteceria se os Pokémons dela lutassem para ferir como em uma arena?

A vontade de conhecer uma arena e a saudade de ser um gladiador haviam deixado Kyoichi ao ver Blake com metade do rosto pingando sangue em um simples amistoso. Lynn não estava em sua arena, aquele era um campo neutro e ela não parecia se sentir afetada pelo braço queimado de seu Pawniard. Provavelmente os gladiadores que subiam de Rank se importavam da mesma forma com seus pokémons...

- Esconda-se no buraco e depois, Faint Attack!

O comando era simples, sem grandes estratégias, até mesmo porque aquele não era o objetivo do duelo demonstrativo. Blake abria a boca e soltava as chamas. Miradas para o horizonte, o fogo só não saiu da arena por causa de um Psychic do Espeon que saía de trás de Lynn. Os espectadores pareciam já acostumados ao psíquico os protegendo ali. Pawniard, por sua vez, fugia das chamas ocultando-se no buraco mais uma vez.

Quando ele saia e corria em ziguezague na direção de Blake, o cão preparava-se para o último confronto. As chamas já querendo surgir em sua boca. O ataque negro surgiu e Blake nem ao menos tentou desviar, ciente de que o golpe não errava. Por sua vez, quando a lâmina lhe raspou o pelo do lado direito, os dentes se fecharam no braço ferido do oponente, liberando o fogo por entre os dentes.

Com os dois pokémons ainda agarrados um no outro, o supervisor da barraquinha interrompia a luta, informando que Kyoichi havia vencido aquele combate. Pawniard era o primeiro a soltar e o cão o largava pouco depois, compreendendo que o duelo se encerrara. Antes que o Arruaceiro recolhesse seu Pokémon, o atendente o levava para o lado de fora da barraca e já iniciava um rápido curativo, informando que em dois dias ele já estaria muito melhor. O Armagedon também recebia 750Pk$, enquanto era informado da doação dos outros 250Pk$. No campo, o buraco era coberto de terra e Lynn liberava um Haunter contra o próximo oponente.

Após o desafio e de agradecer à ministra pela luta incrível, Nancy levava o companheiro Armagedon até outra barraquinha. Tochi os seguia, nem ao menos reclamando de carregar Houndour que já dormia em suas costas, o que era algo impressionante. O cão, por sua vez, não parecia incomodado com a ferida ou com o curativo no rosto que o acompanharia por dois dias, estando mais interessado em tirar seu merecido cochilo da tarde.

Na barraquinha de caixas surpresas, a dupla pagava por duas caixinhas, cada um abrindo a sua. O herdeiro dos Komuro ganhava um símbolo sagrado de Arceus, enquanto Nancy ganhava 1 caderno e 3 canetas coloridas. Não eram os prêmios mais úteis, ainda mais considerando o preço pago pelas caixas...

O relógio apontava já meio-dia, horário do almoço. Porém a barraquinha das caixas ainda tinha várias expostas, tentando os Armagedons a tentar um prêmio melhor.

off: agora já dá pra segurar a Zoe )o) já pensou em fazer bolinhas de papel e ficar jogando pra ela? =3

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Guardando os itens ganhos, principalmente o caderno que já começava a atrair muito a atenção de Zoe, e com uma sensação estranha no peito, Kyoichi comprava uma última caixa antes de pararem para o almoço, na esperança de obter algo melhor dessa vez.

A última caixa, contudo, trazia 10 bolinhos PEVOAK. Nancy pegava um e o batia na beirada da mesa, constatando que eles estavam tão duros quanto um recém saído do forno, o que indicava que ainda eram "novos".

- Nem morrendo de fome pra comer um desses... - Nancy comentava, largando o bolinho de volta na caixa de Kyoichi.

Após guardar os bolinhos, o grupo foi guiado pela barriga de Nancy até a barraquinha da Padaria e Confeitaria. Os pratos dispostos apeteciam e a dupla não se demorava a fazer o pedido e, com a comida em mãos, sentar em um banco de madeira para comer.

Kyoichi desfrutava de seu Dango, enquanto Nancy comia o dela e bebia o chão. Ao redor deles, cada pokémon comia o que lhe fora comprado, gostando da variação muito mais saborosa que a tradicional ração, embora não tão nutritiva.

Ao final do rápido lanche, o grupo se dirigia para a barraquinha de Tiro ao Alvo, onde um cartaz anunciava o grande prêmio de 20,000Pk$. Cada tentativa custava somente 50Pk$ e a pilha de bolinhas descansava no balcão de onde deveriam ser atiradas.

No Tiro ao ALvo, Kyoichi e Nancy se preparavam para uma melhor de 10 para cada um. O preço era baixo e o prêmio possível era alto. Blake e Muffin dormiam, sem muito interesse, porém Tochi parecia animado para ver o resultado, assim como Helena. Já Morgana, sem muito interesse no que confronto, provocava Zoe ao segurar um papel flutuando com o Psychic a frente da ave, mas longe do alcance da mesma.

Nancy foi a primeira a atirar as bolinhas, enquanto o herdeiro Komuro tentava parar a fada de irritar tanto a metálica. Das dez jogadas da ruiva, 5 terminavam em nada, 1 em um bicho de pelúcia pequeno, 1 em um bicho de pelúcia médio, 2 em bichos de pelúcia grandes e 1 no Grande Prêmio. Se sentindo muito satisfeita, ela abria espaço para o Arruaceiro.

O herdeiro Komuro parecia ter um desempenho geral muito melhor. Das dez jogadas, assim como a ruiva, ele terminava sem prêmio em cinco delas. Das outras cinco, contudo, conseguia 1 bicho de pelúcia grande, 3 TMs de Status e 1 Grande Prêmio. No final das contas ele acertava 58 dos 100 alvos, enquanto Nancy acertava somente 47.

Kyoichi logo escolhia suas TMs, aproveitando para ensinar os novos ataques a seus Pokémons antes de guardá-las. Com tudo arrumado e carregando somente uma pelúcia muito grande de Dragonair, o herdeiro Komuro ria da dificuldade que Nancy encontrava para equilibrar as pelúcias ganhas.

Após alguma caminhada, o primeiro ponto de parada para gastar o dinheiro ganho era a barraquinha de kimonos e a ruiva bem que tentou fugir da situação, sendo impedida pelo moreno que desejava experimentar as roupas tradicionais.

O preço de cada kimono era muito em conta e cada um desembolsava somente 120Pk$. Novamente com as mochilas nos ombros, com as pelúcias embaixo do braço e os pokémons do lado, a dupla voltava a andar pelo festival em busca de diversão e, quem sabe, de Lucia e Ângela.