Que se faça a Luz em minha mente...

Uma brisa fria chegou até nos, tornando a ameaça que vinha do templo quase palpável. O que quer que fizéssemos tinha que ser urgente pois só estaríamos a salvo quando chegássemos ao templo. Tinha fé que Arceus nos protegeria, mas tínhamos que fazer nossa parte com rapidez.

Olhei para o caminho a nossa frente e ele parecia nos chamar com certa urgência. Voltei meu olhar para o rapaz e lágrimas sinceras corriam elo seu rosto. Ele afinal havia visto uma pequena esperança de sair desse caminho sombrio, que o leva mais longe da luz e da bondade.

Uma linda sacerdotisa apareceu as portas do templo. Era uma presença forte e ameaçadora em seu manto de linho branco. Isso fez com que o jovem se ajoelhasse de imediato diante do medo que sentia. Ela falou uma simples frase, mas ela era carregada de uma enorme ameaça, tanto ao jovem quanto a mim. Sabia que não teria nenhuma simpatia nesse lugar, provavelmente seria vista como mais uma oferenda no ritual de sacrifício. Isso porem não me amedrontava, confiava meus passos e minha segurança a Arceus e sei que ele não me abandonaria.

Peguei a mão do rapaz e coloquei-o de pé. Olhei no fundo de seus olhos e com toda confiança disse:

- Arceus me colocou aqui para lhe mostrar o verdadeiro caminho da fé e da verdade. Onde você pode viver sem medo e protegido sob as asas do Grande Arceus. Não de ouvidos a ameças vãs. Nossos atos determinam nosso destino.  Confie, Arceus cuidará de nosso caminho. Vamos !

Então fiz o que precisava ser feito nessa situação. Não poderíamos nos defender, só nos restava fugir, e fugir rápido. Ainda bem que na descida todo santo ajuda. Agarrei a mão do rapaz e corri ladeira abaixo.

Algo na postura da sacerdotisa me fez acreditar que não sairíamos impunes por desafia-la. Ela comentou sobre os pais pagarem pelos pecados do filhos e isso deveria ter me dado uma pista. Mas não pensei que eles chegariam a extremos.

E foi exatamente isso que aconteceu, eles estavam dispostos a chegar a extremos. Ouvimos gritos aterrorizantes e carregados de agonia, vindos do interior do templo. Seguidos de um silencio sepulcral, que dizia tudo. Eles estavam torturando os pais adotivos do rapaz na tentativa de faze-lo mudar de ideia.

Um cheiro adocicado de ferro chegou a nossos narizes e o rapaz empalideceu. Provavelmente imaginando o que ocorria no interior do templo.

Arceus nos mostrou o que pensava do ocorrido, transformando a brisa que varria o local em uma furiosa tempestade. Isso ocultaria parcialmente nossa retirada do local.

A sacerdotisa com um breve movimento liberou Natu e ele pousou gentilmente em meu ombro, esfregando sua cabeça no meu pescoço, com forma de cumprimento. Fiquei feliz por ver que ele está bem e não sofrera nada no seu embate com Baltoy. Rapidamente fiz um carinho na cabeça de Natu.

Segurei firme a mão do rapaz que estava pálido e tremia levemente. Lágrimas escorriam pelo seu rosto e eu podia apenas supor o que se passava em seu interior. Ele devia estar confuso, pois apesar do grande medo que ele sentia de seus pais adotivos, ele devia sentir gratidão por eles terem retirado ele do inferno que era o orfanato onde ele vivia.  Haveria tempo mais tarde para a dor e o sofrimento pelos pais. O importante agora era encontrar um local seguro.

Com a ajuda de Natu seguimos enfrentando a tempestade, e sempre que me desviava do caminho mais curto, Natu nos colocava na rota certa.

E assim caminhamos por um tempo e finalmente pude ver a sombra do grande templo dedicado a Arceus. Como uma grande luz clara, um farol, indicando um porto seguro.

Conforme me aproximava do templo, fui invadida por uma sensação de retorno ao lar. A luz da esperança brilhava feito um farol inundando nossos corações com a segurança que o templo representava.

A tempestade se aquietou na forma de uma leve brisa que varria  o nosso caminho.  Quando nos aproximamos da entrada do templo as portas se abriram, como se nos desse boas vindas.

A ira de Arceus pelo sacrifício foi amenizada com a decisão do jovem e isso era evidente em todos os sinais que recebíamos.

Subimos os degraus um a um aproveitando ao máximo a sensação de segurança que aumentava a medida que chegávamos mais perto de suas portas.

Meu espirito se encheu de júbilo com o fato de ter cumprido a missão que me foi incumbida por Arceus. O jovem estava a salvo e seu pokemon receberia o tratamento adequado. Sua vida seria outra agora que ele havia visto a luz da verdade.

Como que para corroborar meus pensamentos, um raio de luz incidiu sobre os vitrais fazendo com que luzes multicoloridas brincassem ao nosso redor. E a imagem de Arceus formada pelas luzes em frente ao altar era quase real e palpável.

O rapaz estava agradecido pela mudança que eu havia provocado em sua vida. Eu apenas havia sido instrumento de Arceus que viera em socorro daquele coração que sofria em silencio e pedia ajuda para ser libertado.

Segurei sua mão para encorajá-lo e caminhei em direção ao altar a procura do sacerdote que poderia nos orientar no que deveria ser feito.

Caminhamos até o altar. Estava me sentindo abençoada e feliz por ter sido escolhida para vivenciar essa maravilhosa experiência. Havia sido instrumento para que a luz da verdade chegasse a esse jovem, a vida de um pokemon fora salva e uma linda amizade pode continuar existindo.

Ser recebido pelo padre em frente ao altar, de braços abertos, fez com que tudo se completasse. Natu deixou o meu ombro indo em direção ao padre e sob sua orientação levou o jovem e seu pokemon para o interior da igreja.

Pude ver o alivio estampado na face do jovem por ter sido aceito no seio da Santa Igreja. Ao caminhar atrás de Natu, o sorriso em seu rosto estava repleto de confiança e esperança em seu futuro. Fiquei observando até ele desaparecer em uma das portas laterais.

Oh grande Arceus, obrigada por me conduzir nessa jornada e poder realizar sua obra de forma tão pacifica. Perdoai aqueles que ainda estão na escuridão e perdidos, praticam atos que os levam pra longe de ti.

O padre peguntou-me sorrindo se eu estava preparada para o próximo passo. Eu esperei por muito tempo para dizer para mim mesma.
- Eu sou Morgana, filha e seguidora de Arceus,  agora estou pronta para assumir meu destino.

O padre estava sorrindo ainda quando respondi:

- Sinto me honrada em poder dar esse passo tão importante e humildemente me coloco nas mãos de Arceus que através do senhor irá me orientar no que virá a seguir.

Me aproximei do santo padre e me sentei em um banco próximo. Respirei fundo procurando organizar os fatos para fazer um breve relato englobando tudo que havia acontecido depois que deixei o templo.

- Vou fazer um relato conciso do que ocorreu desde que sai do templo com Natu.
Caminhei por um tempo em direção a parte mais alta da cidade. Quando vi, estava nas proximidades de um templo antigo existente na direção oposta a desse templo. Foi quando esse jovem apareceu, carregando esse pokemon ferido em seu braços. Ele estava acompanhado por um baltoy, e eu supus que ele estava em missão para os seguidores de Giratina. Natu, como pokemon inteligente que ele é, conseguiu eliminar baltoy da equação.
O jovem estava perdido e infeliz, e eu percebi que o Grande Arceus havia me colocado em seu caminho para lhe mostrar a verdadeira fé. Ele incutiu sabedoria em minhas palavras que conseguiram alcançar o coração do jovem.
Quando ele consentiu em me acompanhar, uma sacerdotisa apareceu e tentou iludir o pobre jovem. Mas Arceus abriu os olhos do jovem que não foi ludibriado pela sacerdotisa nem se rendeu à suas ameaças. Mas infelizmente os pais adotivos do jovem não foram poupados pela sacerdotisa. Por outro lado eles estavam apenas pagando pelas sua péssimas escolhas, e no devido tempo Arceus vai encontrar uma maneira de tocar seus corações e mostrar a verdadeira fé no Amor e na paz que ele representa.

Fomos agraciados novamente pela bondade infinita de Arceus que nos conduziu até aqui em segurança.

Fiz uma pausa no meu relato para que o padre pudesse assimilar tudo  que eu havia lhe contado. Enquanto isso olhei para a luz que incidia no grande vitral que ficava atrás do altar fazendo com que ele ganhasse vida e movimento.

Havia terminado meu relato e estava aguardando as sábias palavras do ancião a respeito do que havia informado.

Olhei para minha túnica branca que minha mãe havia feito para esse momento. Ela passou vários dias costurando-a especificamente para esse dia. Podia ver que em cada ponto e em cada pedra bordada, tinha sido colocado um pouco de seu amor por mim e toda a sua fé que eu realmente a usaria neste momento tão importante em minha vida.


Enquanto me trocava pensei no que havia acontecido nesta tarde enquanto falava com o padre. Uma sombra havia passado pelas feições dele quando falei do velho templo, mas ela logo se suavizou quando ele me pediu para escolher qual seria o pokemon que iria me acompanhar nessa minha nova etapa. Eu deveria escolher entre Cubone, Natu, Absol, Finneon e Yamask. Era uma escolha difícil e marcaria o inicio de minha nova etapa.

Meu plano inicial era escolher o Absol, mas aquele Natu me havia mostrado outras possibilidades e conquistado meu coração. E quando fui responder, nada me pareceu mais lógico que isso. Não poderia ter escolhido um pokemon mais adequado a minha situação que um Natu.

Passei atarde toda me preparando para esse momento. Havia escovado meu cabelo até ele ficar completamente desembaraçado, com muito brilho e caindo sobre minhas costas. A túnica estava lisa e não havia nenhuma marca que pudesse macular esse momento. Tudo estava perfeito.

O por do sol se aproximava tornando tudo avermelhado com os últimos raios de sol. As pedras de minha túnica ao redor de meu pescoço absorveram a luz do sol e formou uma aliança rubra sobre ele. Respirei fundo e caminhei até o domo do altar onde o padre me aguardava e finalmente pude firmar a santa aliança com Arceus que iria permear minha vida infinitamente.

-Recebido Natu lvl 5
-Mochila Atualizada

Off2: Rota encerrada e trancada, pode criar sua nova rota nas Ruas de Chermont