Passeando por Nyender... Preciso de dinheiro!

Correndo atrás da Squirtle que saiu correndo atrás do som que ouvia, eu logo percebi que tinha que orientar à pequena para não entrar em lugares em que ela achasse pertinente. Eu fiquei temendo pela segurança da pequena, afinal, lutar contra Cornélios a deixou um pouco fragilizada e embora ela estivesse no hospital há poucas horas, ainda não sentia a confiança em comandá-la em alguma batalha. No prédio em que entrei, os destroços davam a impressão de que cairiam em nossas cabeças a qualquer momento.

Skitty se mexia em meus braços, mas eu fazia o suficiente para não deixá-la fugir. Squirtle estava parado diante de algumas pilastras e quando eu me abaixei para pegá-la, via que uma batalha estava acontecendo ali, contra um gangster apocalipse de mesmo nome que o meu. Maravilha! Sabia que aquele lugar não era para mim e por conta disso eu poderia acabar entrando em alguma enrascada. Para evitar que Squirtle fosse pego, eu recolhia a pequena e assim começava a sair discretamente do local.

Sabia que poderia estar acontecendo algo sério, mas sabia mais ainda que isso não me dissesse respeito. Não era de incriminar os gangsteres, mas sabia que os apocalipses eram radicais demais, não que alguns armagedons ficassem atrás, muito menos os cadetes, já que pelo visto, conheci o pior deles. Sai do prédio deixando o acontecido para trás.

Era curioso conhecer outra pessoal com o mesmo nome do que eu (ou apelido). Ficava surpreso a over que um apocalipse era o meu xará, mas ainda preocupado, uma vez que ele poderia facilmente jogar a culpa em mim, mesmo eu não ter feito nada. Mesmo assim, resolvi ignorar o fato e sair dali, deixando Squirtle na Pokébola e eu com um sentimento evasivo daquele local. Felizmente, a gatinha rosada agora dormia de forma melosa em meu braço e entendia que ela era inocente demais para receber a culpa por qualquer coisa.

Mas foi só dá dois passos para sair dali, que o temia acontecia. Primeiro ouvia um estalo ao alto, não sabia se era impressão ou não. Depois, uma voz dava o comando. O “Marcel 2” pedia para o seu Pokémon usar um golpe imprevisível e aquilo era um tanto arriscado para um local como aquele. O que temia aconteceu! O metronome virava um golpe de tremor e assim o prédio começava a ceder diante de mim.

Engoli em seco e minha barriga tremeu de medo. Sai correndo dali enquanto as coisas caiam ao meu redor, principalmente na arena de batalha dos dois. Começava a pedir misericórdia, pois não poderia morrer no primeiro dia como gladiador. Eu tentava deixar Skitty bem em meus braços, enquanto abraçava também a minha bolsa com o ovo Pokémon. Estava temendo sempre o pior, mas ai tirava Squirtle de sua Pokébola e assim a Pokémon aparecia feliz, de modo que não conhecia a verdadeira seriedade da situação.


Dizia para a pequena, pedindo que ela nos protegesse enquanto tentávamos sair do prédio que estava desabando. Era perigoso ali, mas sabia que o escudo de proteção dela poderia nos guiar para fora do prédio e ainda forçar a passagem para que saíssemos dali com segurança...

Os pedaços de madeira, concreto e coisas que eu nem conseguia analisar começavam a cair de modo ameaçador em cima de mim. Aos poucos eu saia correndo, na verdade, andando rápido. Aproveitava que os meus passos eram enormes e conseguia avançar bem, enquanto as coisas caiam de modo ameaçador ao meu redor. Squirtle aparecia e ficava nas minhas costas, junto da mochila. Para ela, a coisa mais importante estava ali: o ovo. Meus olhos pareciam estar passando de um lado para o outro, mas uma cena me chamava a atenção no meio de tanto caos ao redor.

Skitty, toda rosada, fofa e outrora agitada, agora dormia profundamente. Agradecia pelo momento em que a gata rosada fazia isso e por mais que me sentisse um pouco estranho diante dela, agradecia por ela ter conseguido sobreviver à queda de tudo e agora estava dormindo como se nada acontecesse ao nosso redor. Squirtle invocava seu escudo verde, que cobria o nosso redor com uma força que começava a expelir poeira ao redor. A imagem ficava sobre um filtro verde, como se eu estivesse vendo tudo através de uma câmera de filtro. No momento, a única coisa que eu pensei foi isso, mas o resto era “perna pra quê te quero”.

O alívio foi grande quando consegui (pegando um caminho mais longo) sair do prédio e invadir as ruas de Nyender mais uma vez. A poeira começava a se espalhar por todos os lados e o escudo de Squirtle sumia. Ao olhar para cima, sentia que o prédio estava caindo e teria que me afastar ainda mais caso queira sobreviver. Continuei correndo. Alguns destroços eram impedidos por Water Pulse da tartaruga e já imaginava a situação quando bombeiros e cadetes chegassem aqui.


Comecei a ficar ofegante enquanto pegava um ar, já longe da destruição do prédio. Não havia visto homem ou nenhuma pessoa gangster ao sair e agradecia muito a isso. Caminhei mais rápido, mesmo fora da área de perigo, para entregar aquela gata logo para a menina e pensar mais de duas vezes ao ver olhos brilhosos pedindo coisas...

O caminho de volta para a praça Sakura parecia longo. Squirtle caminhava ao meu lado e eu suspirava de tanto cansaço. Não era para menos! Corri atrás de uma felina veloz, fui até um prédio. Presenciei uma cena que não das melhores. Fugi de um desmoronamento e tentei ficar vivo, enquanto protegia quatro Pokémons (um nem nascido estava). Se fosse para ter um dia desses todos os dias da minha vida, preferia continuar aparando flores na vila onde minha mãe estava. Pelo menos era o que eu pensava...

No caminho, Skitty ameaçou pular fora e sair correndo pelo local, de modo que eu voltaria a procurar a gata de modo tortuoso. Choraminguei quando ela se espreguiçou, temendo que a energética gata fizesse algo assim, mas Skitty preferiu voltar a dormir. Talvez o clima de fim de tarde desse sono. No céu, cores nunca vistas por mim, ainda mais quando se comparada a cena que era Nyender, com aqueles pés de cerejeiras espalhados pela cidade. Senti vontade de fotografar, mas meus braços e mãos estavam ocupados. Squirtle estava adorando a cena. Seus olhos brilhavam mais que o sol que se colocava no horizonte. Apesar um sorriso expressava a satisfação de ver aquela cena, mas não a que se seguiu...

Ao chegar à praça em que eu combinei com a garota, eu apenas percebia que a mesma não estava ali. Os meus medos se tornavam realidade e no momento não tinha nem pista... Eu fiquei olhando para os lados procurando a garota e assim percebi que ela havia sumido de vez... Eu e Skitty e Squirtle fomos abandonados. Eu fiquei um pouco furioso, tinha que confessar... Tanto trabalho para nada! A dona da gatuna não estava ali e eu estava com ela nos meus braços. Eu suspirei e sentei no banco da praça. Squirtle seguiu sentando-se ao meu lado. Ela cruzava os dedinhos como uma criança e eu pensava no que fazer.


Squirtle acenava sorrindo para mim, apoiando a situação. Eu me levantei e fui para a Academia ou delegacia, o que tivesse aberto primeiro, buscando deixar a Pokémon sobre cuidados dos cadetes competentes. Afinal, a minha responsabilidade (que não é bem minha) havia acabado no momento...

Ainda olhava para a Skitty que dormia aconchegante em meus braços e assim percebia que teria que torcer para que os cadetes conseguissem encontrar a dona dela. Squirtle caminhava ao meu lado, ainda feliz e observando o crepúsculo. Percebia que poucas coisas deixavam a pequena Pokémon triste e quase tudo fazia um sorriso abrir-se em seu rosto. Eu sorri para a Pokémon, pelo menos estava totalmente limpa e feliz. Mas assim que dei alguns paços, escuto uma voz atrás de mim. Surpresa foi a minha quando avistei a mesma garota correndo em minha direção e acenando para mim.

Ela parecia ofegante e eu suspirei aliviado por ela estar de volta. Sorri e fui até o encontro dela, entregando a Pokémon que desaparecia para sua respectiva Pokébola. Era uma gata agitada e sabia que ela poderia demorar em aprender a concentrar sua energia em outra coisa, mas pelo menos estava com sua dona de volta, que iria cuidar dela melhor. A menina sorria para mim e entregava uma caixa, eu nem tive tempo para agradecer, quando ela saia correndo de novo para casa, parecendo a Skitty.

- Tome cuidado com ela!

Gritei tentando chamar a atenção da menina e ver se um dia ela aprenderia a cuidar da Pokémon. Com Squirtle, sentava no banco de volta e nossos olhos brilhavam ao ver a comida que tinha na caixa. Os onigiris estavam deliciosos, Squirtle quem diga. Estava lotada de onigiris deliciosos, que pareciam encher os olhos de brilho e a boca de saliva. Comíamos com gosto e parecia que não havíamos comida há séculos. Guardei o resto na bolsa e acariciei a cabeça da pequena.

- É... Parece que teremos que ir procurar um lugar para passar a noite, né? Afinal, não temos dinheiro para viajar para Chermont...

Assim que terminamos nossa refeição, voltava a caminhar pelas ruas de Nyender, procurando um lugar para ficar. Squirtle me seguia de perto e parecia não se importar em dormir naquele banco mesmo, mas a segurança ali era pouca e apesar de estarmos no verão, acredito que a noite na capital era fria...

---

Agora de barriga cheia, começava a andar pela praça ao lado de Squirtle. Uma diária em um hotel mais barato seria cara de mais para poder pagar, o que indicaria que eu não poderia contar com isso. Sobre o fato de ficar em uma estalagem normal, seria perigoso, afinal de conta, quem garante quem esteja lá? Eu estava um pouco preocupado com o que havia acabado de passar também, afinal, fiquei dentro de um prédio com um gangster contra alguém, mas por ninguém ter me visto, acreditava que não era nada sério.

Depois de caminhar um pouco, uma voz de autoridade chamava a minha atenção. Squirtle ao meu lado parecia preocupada quando uma cadete se aproximou de mim e parecia disposta a me interrogar. De começo, fiquei com medo, uma vez que um cadete atrás de mim significa problemas. Depois, avaliei meu dia e percebi que não tinha feito nada que fosse errado, a não ser ter ajudado os primeiros olhos tristonhos que vi (o que não era tão errado assim).


- Desculpe-me, mas acho que pode estar se confundindo... Até porque se eu fosse alguém que você estivesse procurando por um crime, não estaria caminhando na praça Sakura, de frente da Academia. Vim para aqui pois sei que ninguém seria idiota de me assaltar por aqui... Mas bem, chamo-me Marcellus Gerard Summers... – respondia tentando ficar tranquilo, mas já estava bem agitado.

Squirtle grudava nas barras da minha calça e escondia a cara da cadete. Pensei que se fosse para passar uma noite na cadeia, era melhor do que uma noite nas ruas, mas fora isso, eu tinha problemas demais na minha vida para ter agora problemas com a lei... O que será que acha que eu fiz?

Engoli em seco e o meu coração entrava em desespero. Parecia que no momento eu estava diante de uma autoridade faminta por prender pessoas. Na verdade, eu estava querendo mais era sumir em uma cama gostosa e aconchegante, após um bom banho. A cadete parecia muito experiente e segundo ela tinha a minha descrição completa. Eu até gaguejava um pouco, mas quem não gaguejaria diante da autoridade presente? Meu medo era ser culpado de algo que não fiz e direto via na minha mente o nome do gangster que estava batalhando no prédio quase abandonado.

- Sim, estou preocupado mesmo. Acabei de ganhar uma licença, estou procurando dinheiro para ir para Chermont e não tenho como achar. – dizia pegando Squirtle no colo, deixando-a mais confortável, mas o olhar da pequena ainda era de medo. – Sim, mais cedo uma garotinha me pediu para pegar a Skitty para ela, já que tinha fugido. Estou empoeirado, pois houve um desmoronamento de um prédio velho em um bairro afastado... Mas por que estou sendo interrogado e procurado? Fiz algo contra a lei? – perguntava sério, embora temesse a resposta da oficial.

Já estava preparando a coluna para me deitar no chão da delegacia, quando, de repente, o tom de voz dela mudava para poder ficar mais amigável e menos autoritária. Logo descobria que a cadete era mais da menina de grandes olhos e queria me agradecer mais, apesar de já ter jantado com a deliciosa refeição que a pequena trouxe. Fiquei esperando algo menos violento da mulher oficial, mas eu compreendia que ela estava fazendo isso não por mal, mas porque estava habituada a ser assim.

- Nossa, agradeço muito a sua hospitalidade. Eu não sou muito de aceitar, mas devido a minha condição no momento, eu aceito e farei feliz em te ajudar com os documentos. – dizia para ela.

Acontece que mesmo sabendo que estava recebendo uma missão a mais, eu sabia que não poderia negar quando ela me daria abrigo. Apenas ergui a mão pedindo-a para me mostrar o caminho...

Um alívio invadia o meu coração. Meu corpo parecia trêmulo e meio saltitante. Eu tentava pensar melhor nas coisas ao meu redor, mas tudo o que acontecia era um pouco surreal. A cadete que outrora parecia exigente comigo, agora se tornava uma pessoa muito interessante e diante disso eu me sentia melhor conversando com a outra personalidade dela. Mais do que isso, Ellinor me convocava para uma missão, na qual daria um dinheiro e por conta disso me deixaria muito mais feliz com tudo aquilo. Precisa de dinheiro para fazer mais dinheiro...

Fomos até a casa da oficial e percebia que era enorme e bonita. O pequeno espaço atrás era tão arrumado e cheio de coisas que mais parecia uma casa. A cama enchia os meus olhos de ansiedade em querer dormir. Squirtle saia correndo pelo local e saia observando tudo, da cama a banheira.

- Obrigado, dona Ellinor. Você não sabe o que está fazendo por mim...

Dizia me despedindo. Eu fiquei parado ainda diante da porta. Observava tudo, com um olhar bobo. Era incrível como minha sorte havia mudado do nada e agora eu estava ali, diante de um espaço que era só meu. Eu respirei ofegantemente ao perceber que havia acabado o dia de modo ótimo.

Depois de um tempo, lá estava eu pulando na banheira de calção vermelho, junto de Squirlte. A pequena saia nadando de modo que parece estar em um rio. Ela adorou as bolhas do local e queria mais e mais. Eu sorria para ela enquanto mergulhava e a via no fundo. Divertia-nos jogando água no outro e começávamos a nos relacionar muito melhor do que o começo trágico. Estávamos bem mais unidos depois de tudo...

Depois de tudo, procuramos toalhas para limpar o local, afinal, tínhamos molhado boa parte. Aquilo era tão confortável, melhor do que na minha casa. Parecia um sonho e se fosse eu não queria acordar em um banco diante da Academia de Polícia por Cornélios e seu Persian. Enquanto bebia alguma coisa no bar, Squirtle, já seca, saia correndo para a poltrona e ligava a tv, mudando de canal em canal até pairar em uma apresentação de teatro, que fez os olhos da pequena saltarem.

- Quer dizer que você gosta de teatro e música? – dizia bebendo um refrigerante e sorrindo para ela, que só acenava positivamente com a cabeça.

Ainda não estava acreditando em tudo o que estava acontecendo. Tentava acordar, pensando que ao invés de siar procurando lugar para ficar, eu tinha adormecido na praça e até agora estava sonhando. Fiquei um pouco constrangido pelo fato de estar usando de tanto luxo na casa de Ellinor, mas como ela parecia ter gostado de mim, por conta da filha, eu até não me importei. Isso porque outrora estava reclamando por estar ajudando à pequena... Primeiro os males, agora, o bem! Fiquei animado com a situação e logo percebi que alguém batia na porta.

Um delicioso jantar era deixado na porta, mais comida Pokémon. Só de olhar, minha boca concentrou boa quantidade de saliva e logo percebi que estava verdadeiramente no paraíso. Quando chamei Squirtle para comer, a pequena ainda demorou um pouco, afinal, estava vidrada na voz da mulher que passava na tv, enquanto eu apreciava aquela barca cheia de comida só para mim.

- Bom apetite!!!

Comemos muito, até que nossas barrigas ficaram mais inchadas. Squirtle parecia feliz em estar ali comigo, mesmo depois de ter lutado contra o Persian do capitão. Comemos tanto que parecíamos estar pesando uns cinco quilos a mais do que o normal. Passamos a noite vendo as fotos que tinha tirado e a tartaruga tinha gostado mais da que tirei no crepúsculo. E depois conversamos sobre algumas coisas. Contei minha história para a water e acho que ela queria contar a dela, mas não iria entender direito. O sono castigou e só acordei no dia seguinte.

Acordei bem confortável na cama, não querendo sair. Mas parecia que o café-da-manhã havia sido servido. Peguei e aproveitei, sabendo que ao ir para Twister, eu teria muito que procurar lá. Teria que agradecer Ellinor por toda hospitalidade e feito de tudo um sonho. Mas antes de elevar a xícara na boca, a companhia tocou e eu recebia dois envelopes.

- Parece que os detalhes da missão chegaram.

A pequena já se deliciava com uma torrada, certamente havia engordado da noite passada até agora. Enquanto tomava café, lia as instruções...