Tape II - Fear of needles and a painful heel...

Shiro estava tão cansada, não pelo dia, mas pelo seu ritmo regrado que levava pelo hospital. Diante disso, Luna parecia tentar disfarça a falta de atenção da albina, o que fez Calavera voltar a se comunicar melhor. Bulbasaur ainda queria um pouco de carinho de Luna, afinal, esteve sob ordens dela um bom e precioso tempo. Shiro saia andando acompanhando a dupla, e assim repetia a pergunta da morena.

- Parece que está tudo bem. Os empregados despertaram sem aparentes sequelas. Amanhã vai voltar tudo ao normal, afinal, não pode parar o serviço de lá. – dizia o rapaz que com um sorriso chamava as duas para fora do hospital.

O vento de outono soprava naquela noite e assim o trio se estremecia. Nessa hora, Karako seria uma boa para aquecer a albina, mas não foi preciso, pois um luxuoso carro esperava o trio. Calavera abria a porta e assim a dupla entrava. Lá dentro, um homem de roupas finas e uma mulher de vestimentas belas estavam no banco da frente. O trio ficou atrás. O homem um pouco sobrepeso de bigode espesso e um sorriso bobo cumprimentava as duas jovens, assim como a mulher de cabelos curtos e azulados como de Calavera.

- Mãe e pai, essas são Luna e Shiro, as meninas da estação. – a bela voz de Calavera apresentava a dupla.
- Oi, queridas. Cal apresentou vocês para nós e como sabemos que Nyender recebe jovens de toda Shinki todos dias, desconfiamos que vocês precisariam de abrigo por hoje. Espero que isso seja como um modo de agradecer pela bela ação que fizeram por nossa cidade.

A mulher agradecia as meninas, enquanto o homem só ria e dirigia o carro. Saindo da rua do hospital, o carro passou por algumas ruas, sinaleiras e por fim chegou a uma grande avenida, onde estacionaram em um prédio. O grupo saia do veículo e entravam em um elevador, que passou a subir como se nunca fosse parar.

- Mamãe e papai tem um compromisso na empresa deles, mas vocês podem ficar a vontade. Temos um quarto para hóspedes com duas camas. Após a janta, vocês podem ficar lá. – informava Calavera, enquanto Bulbasaur cutucava os pés de Luna ainda.

No ultimo andar do prédio, o elevador parava e assim Calavera conduzia as duas para dentro de um grande apartamento. O local era enorme e super bem elaborado, com um piano de cauda no meio. Tinha um mezanino que dava acesso a ala dos quartos. A dupla se vangloriou pelo espaço e por onde andava via quadros belos e entre eles uma licença de stylist no nome de Calavera.

- Por aqui.

A dupla finalmente chegava a uma grande mesa posta, onde uma mulher com roupas de governanta sorria para o jovem e assim indicava que a comida estava na mesa. Havia um purê de batata, revogado de ervilhas, um molho tão cheiroso que só aumentava a fome das meninas e uma espécie de carne vermelha, mais arroz para acompanhar. Shiro pensava em tudo aquilo, mas principalmente porque um Stylist como Calavera, que possuía tão bela voz, trabalhava em uma estação de trem, quando poderia estar viajando...

As meninas se aproximavam da sala de jantar, onde estavam tudo pronto. Luna pensava como os stylists a rodeavam, passando a pensar se teria sido melhor ter pegado uma licença para tal área, repreendendo o pensamento e arrancando um sorriso do Pokémon bulbo. Calavera sorria do comentário de Shiro, quase que ignorando-a, mas a menina alva sabia que tudo ali tinha um toque de arte.

- Bem... Sempre gostei de artes, músicas, então a mamãe comprava coisas do tipo para me agradar. – ria, o garoto – Mas parece que não tenho prática para sair por ali. Ou coragem. – completava olhando para baixo pensativo. Aparentemente, o coração do rapaz de bela voz estava dividido e acabava sendo preso a ser apenas um locutor de estação de trem.

O grupo sentava-se a mesa e saboreava a comida que ali estava. Bulbasaur trazia algumas vasilhas com comida Pokémon. Apenas o cheiro foi o suficiente para passar a Pokébola e os Pokémons da dupla saírem por vontade própria. Violeta mostrava que ainda estava com fome, embora não estivesse desnutrida como da primeira vez que Luna a encontrou. A gata tinha um mover gracioso, já o orgulhoso pinguim só queria saber da comida, enquanto Karako olhava feliz para a dona.

O jantar seguiu bem, até a governanta perceber que todos tinham terminado e já providenciava uma sobremesa gelada, para compensar o calor da noite, apesar de estar ventando.

- O quarto delas está pronto, Cal. Não se importam de dormirem no mesmo quarto, não é? – perguntava a senhora loira de coque.

Realmente, após o incidente na estação de trem, as meninas tinham que só agradecer à hospitalidade que estavam desfrutando antes de amanhecer e irem para Grung. Os olhos das meninas se cruzavam e assim elas confirmavam que poderiam ficar no mesmo quarto. A governanta trazia um bolo de cenoura com chocolate amargo e entregava para os meninos da mesa, enquanto Shiro levantava questões com Luna, deixando Calavera rubro com o comentário da albina.

- Er... Bem.. Eu adoro cantar. Meu sonho sempre foi ser um cantor profissional e ir de teatro em teatro. Mas acontecesse que eu não me sinto seguro para cantar. Apenas aqui em casa. Um amigo do meu pai é acionista da estação de trem local e então me ofereceu um emprego lá, apenas para que eu não fique sem fazer nada na vida. Locutor de estação de trem foi o máximo que eu conseguir chegar.

O rapaz parecia ter um grande talento escondido, embora, talvez, a vergonha de expor seu canto era maior do que a vontade de inspirar os outros. Shiro assistia todo o relato do menino, enquanto ele saia e ia para perto delas, chamando o grupo para a sala de estar, antes de irem dormir. Todos foram. Karako parecia ter se familiarizado com o rapaz, enquanto Chico se familiarizava com Luna. Todos foram para a sala, onde o rapaz sentou em um banquinho e com um violão, começava a tocar ali mesmo.


A voz de Cal ecoava pela sala. O rapaz tinha uma bela voz e para ser cantor era daqui para ali. Parecia que aquela sala tinha sido imersa de notas musicais e quem mais adorou foi Violeta e Karako, que caiam de amores pelo stylist que era locutor de uma estação de trem. Aquele lugar era pequeno demais para tanto talento...

Quando Cal havia terminado de tocar e cantar a sua música, logo Luna se via perdida nas notas do rapaz e algo dentro dela começou a pulsar. Fertuz sabia bem o que era e começou e incentivar a menina a continuar, enquanto Violeta fazia o mesmo. Não demorou em começar uma nova música. Calavera, habilidoso, colocava o violão no chão e ia até o piando e apenas ouvindo a morena cantar, ele tirou a música no piano e acompanhou a jovem.

A música era doce e suave e Shiro se sentia incrivelmente abençoada por ter ouvido as vozes dos dois. A paz reinava naquele apartamento. De longe, a governanta assistia o grupo de jovens, cheios de sonhos e alguns medos. Ao terminar, Shiro não conseguiu se segurar e aceitar que Calavera era só um locutor de uma estação de trem, quando poderia ser um dos maiores stylists que já houve.

- Sério que gostou? – a voz do menino de cabelos azulados era de dúvida, enquanto Chico, seu Bulbasaur, se aproximou cutucando-o e acenando positivamente com a cabeça. – Eu não sei... Acho que eu sempre quis ir, mas não sei porque não fui... – a dúvida ainda percorria a mente do jovem.

- Porque você ama cegamente sua família. – dizia a governanta entrando na sala. – Você quer ir, mas de um lado acha que sua família ficaria triste. Saiba que ela ficará feliz ao te ver feliz. – completava a mulher que cuidava do apartamento, com palavras sábias, deixando o jovem pensativo, faltando apenas Shiro aproveitar essa oportunidade para encorajar os sonhos do rapaz...

A conversa subia para outro nível. Luna, Shiro e a governanta cooperavam para que Calavera pudesse mudar de opinião e assim voltar para perto do mundo das artes, como ele possivelmente sempre sonhou. As palavras de Luna pareceram um pouco cheio de paixão e Shiro logo era calada pela sua Pokémon, pois assim como a gladiador, a amanhecer usava de muita emoção na fala e ao ser convidado, Calavera possuía já algo em mente.

- Vocês têm razão! – dizia o rapaz se levantando e indo até a sua licença pendurada na parede na moldura. O rapaz logo a tirou dali, a segurando nas mãos. – Está na hora de tirar meus sonhos da parede, não é? – dizia o rapaz, sorrindo para o trio – Mas não posso ir amanhã. Não é bem assim... Tenho que prestar o aviso prévio do serviço, conversar com os meus pais, mas com certeza, eu vou tentar algo novo. Estou farto de dias monótonos e sei que fora de Nyender, não terá espaço para eles.

O rapaz estava motivado. Luna feliz. Shiro com sua primeira pessoa inspirada e todos bêbados de sono. A mulher conduzia as visitas para seus quartos, enquanto Calavera já parecia estar um pouco animado, com um brilho no olhar... No quarto, as meninas se deparavam com duas camas de solteiro e duas cômodas. Um abajur entre suas cômodas parecia ter sido esquecido acesso e um banheiro ao lado, onde as duas poderiam usar e passar a noite. No outro dia, elas iriam para Grung...

O corpo parecia fadigado após um longo tempo em pé, correndo, batalhando. A garganta de Luna estava seca, após cantar com Calavera. Embora o rapaz não pudesse ir de antemão com as jovens, o mesmo estava bem e iria seguir seus sonhos, sem deixar para trás uma família que o amava muito. Stylist e Gladiadora pareciam, naquele momento, criar uma amizade inusitada, cujo começou foi por conta de uma troca de Pokémons...

As duas dormiam profundamente. Seus corpos não aguentavam mais. Ao decorrer da noite, seus corpos restauravam a energia até o outro dia. Violeta foi a primeira a acordar no dia seguinte. Ela começou a usar suas garras para desfiar um tapete no chão. Quando Karako e Fertuz despertaram, trataram logo de um olhar para o outro e, sorrindo, pulavam em cima das meninas, acordando. No celular de ambas indicava que era 9 horas.

Com o despertar, sendo seguido do barulho dos Pokémons do quarto, enquanto Fertuz reclamava Violeta pelo o que a gatuna tinha aprontado no tapete, a gatinha beijava a bochecha do pinguim, que reclamava diante da ação. Karako ria e parecia tirar sarro de Fertuz, que ficava vermelho e pulava e piava protestando contra a Pokémon fire e a gata normal. Com o barulho que apareceu no quarto, deram três batidas na porta e a voz inconfundível de Calavera surgia.

- Bom dia, meninas. O Café está na mesa. Papai deixou o carro comigo, vou poder levarem vocês para a estação e aproveito para pedir minha exoneração do cargo.

Cada um levantava-se de um jeito. Uma mais feliz e bem animada com a manhã, a outra nem tanto. No meio da arrumação, as meninas trocavam contato, enquanto Calavera parecia chamar as duas para tomarem café-da-manhã. No meio disso tudo, Shiro entrava no banheiro e se arrumava de modo que pudesse parecer mais amigável.

Quando as duas estavam prontas, logo deixaram o quarto e foram tomar café-da-manhã. O menino deixou as duas bem à vontade na mesa. Haviam pães de queijo, bolo de trigo com chocolate, leite, café, queijo e requeijão. As duas comiam, assim como seus Pokémons. Fertuz pareceu viciado em um paté de nata e assim guardava o pote na bolsa de Luna, sem que ninguém percebesse. Quando as duas estavam prontas, Cal aparecia com o seu uniforme da estação de trem.

- Vamos? Liguei para o chefe e conversei com ele. Preciso ajuda-los por algumas semanas, além de treinar o meu substituto. Mas tenho uma notícia boa: consegui passagens para vocês, na classe de luxo do trem.

A notícia foi animadora, principalmente para o orgulhoso pinguim. O grupo despedia-se da governanta e deixavam o apartamento, indo para o carro no estacionamento, onde Calavera dirigia até a estação de trem. Luna na frente, ao lado do rapaz, Shiro no fundo.

A viagem até a estação de trem foi rápido e quando o grupo entrou na estação, Calavera fez questão de trocar os números com as meninas, alegando que um dia iria encontrar as meninas.

- Foi um prazer conhecer vocês, meninas. Tenho que trabalhar, mas vocês podem ir por ali e solicitar a passagem na recepção. Estão com os nomes de vocês. – dizia o rapaz, ainda no estacionamento da estação, despedindo-se e indo para uma área apenas para funcionários.

As duas eram deixadas na estação de trem. O movimento era constante. Algumas áreas estavam ainda tão lotadas que as pessoas se estressavam com isso. Apesar de Luna não querer se separar, Shiro parecia pensar melhor dividindo as funções para as duas. Dessa forma, a albina entrava no meio da multidão atrás das passagens que Calavera arranjou para as duas. Luna não teve opção até ir para a recepção.

A distância das duas não era muito longa, mas devido a presença de várias pessoas, parecia que estavam infinitamente longes. Shiro e Luna, em seus respectivos lugares, recebiam esbarrões de várias pessoas e assim elas chegaram até os guichês responsáveis.

Luna chegava em um balcão em forma de lua, que ocupava uma boa área da estação. Atrás, vários compartimentos com encomendas que chegavam e saiam o tempo todo. A menina observava tudo com grande cisma, enquanto aguardava na fila. A reclamação era constante, mas quando chegou no balcão, lá estava uma menina de longos cabelos, que parecia estressada por ter que atender tantas pessoas. Um dia sem trabalho custou-lhe muito caro, pelo visto.

- Nome e documento... – dizia com uma cara séria e sem ânimo para a gladiadora.

Enquanto isso, Shiro parecia demorar mais para encontrar o guiché; As pessoas estavam querendo viajar. Um novo trem chegava, mas a albina não soube de onde vinha e para onde ia. No guiché, os atendentes tentavam seguir os seus trabalhos da melhor forma possível. Assim que a amanhecer conseguiu chegar ao balcão, pequeno, onde um homem de cabelos negros digitava algo em um computador, ela foi atendida.

- Bom dia! Bem-vinda a estação de trem de Nyender. Aqui ao lado você confere os preços para as viagens para as principais cidades de toda Shinki. No que posso ajuda-la? – parecia que o humor daquele funcionário não tinha sido abalado após tanta gente para atender, o que era bom para a albina.