Cap. 12 - A volta e a Despedida

A receita de preparo do pudim era demasiadamente fácil. Depois de bater os ingredientes, juntamente com o coco ralado para dar um toque especial, a jovem jogou o resultado na forma com a calda de caramelo que também já estava preparada. A massa do pudim fora levada ao forno em banho-maria e cozinhou por 40min como indicado na receita.

Depois de assado, a jovem retirou a forma com a ajuda de luvas e pediu a ajuda da vaporeon. Ao ouvir o pedido de Dria, Andrômeda respirou fundo e olhou para a forma com um olhar de quem estava se esforçando para se concentrar. Um finíssimo raio de gelo saiu de sua boca e atingiu a forma. De quente passou para gelada em segundos.

A cadete depositou a forma no congelador e pediu que Andrômeda vigiasse seu preparo para que nenhum cadete assaltante de geladeira violasse o pudim. Sentindo-se com o dever cumprido, a morena rumou para seu quarto para finalmente se arrumar para o jantar.

Com tudo preparado no tempo devido Dria rumou para o seu quarto, queria tomar um banho e tirar o suor do dia movimentado apesar de calmo. Um sorriso calmo era carregado pelos lábios da Cadete mesmo que a falta de Lírio já fosse sentida.

Dentro do quarto Dria liberou Auros, o felino se esfregou em suas pernas enquanto a jovem separava a roupa que usaria no jantar, observando seus atos a Cadete sorriu ao reconhecer as modificações que Lírio havia causado, preocupada com a aparência a jovem se enfiou dentro do chuveiro rindo baixo por conta disso.

A água quente de encontro ao corpo fez com que Dria suspirasse feliz, os ultimo dias haviam sido complexos e cansativos, descansar mesmo que por um dia era algo que a jovem quase não fazia, apesar de ser o correto.

Terminando o próprio banho Dria usou a toalha molhada para limpar a pelagem de Auros, mesmo que o felino não precisasse, para então ir se arrumar.

Modelo da roupa:

Abrindo os braços e dando uma pequena volta para que Auros a observasse a jovem sorriu ao perguntar.

- Então como estou grandão?!

Quando finalmente chegou no quarto, o brilho escarlate liberou Auros que logo se envolvia nas pernas da jovem cadete. Dria abriu o guarda-roupa à procura da roupa certa para o jantar. Ao ver os conjuntos ali presentes, a jovem sorriu. Lírio havia deixado sua marca em várias áreas da vida da recruta. Após escolher as peças que iria usar, se dirigiu ao banheiro para um bom banho quente ainda sorrindo mantendo as lembranças felizes com Lírio e suas influências.

A água era um verdadeiro bálsamo para o corpo dolorido devido aos últimos dois dias turbulentos. Mas o cansaço não vencia o sentimento de dever cumprido. A cadete havia salvado muitas vidas, atrapalhado o plano dos apocalipses e visto com seus próprios olhos os frutos de seus ensinamentos nas atitudes de Lírio. O banho se findara e a toalha envolvia o corpo da mulher e logo em seguida passava para o felino.

Dria pegou a roupa selecionada e se vestiu com cuidado. Algumas vezes sentia a leve dor nos músculos. Nada de grave, apenas o cansaço pelos esforços dos últimos dias. A recruta estava pronta, mas queria a aprovação de seu leal companheiro. Dando uma voltinha e com um sorriso no rosto a jovem aguardava a resposta. Auros soltou um miado agudo e longo quase numa espécie de assobio. Ao olhar pelo relógio, a jovem percebeu que havia gastado muito tempo no banho e a hora do jantar estava próxima.

Um riso calmo escapou da Cadete com o miado longo de Auros, acariciando a cabeça do felino a jovem franziu a testa ao perceber que havia passado muito tempo se arrumando.

- Vamos Auros, já estamos atrasados!

Comentava a jovem ao enrolar o cachecol vermelho em seu pescoço, o cheiro do perfume de Lírio a fez fechar os olhos por alguns instantes, abrindo a porta e indo para a cozinha a morena recolheu Andrômeda para então pegar o pudim.

Já com o doce em mãos Dria não perdeu tempo em rumar para a saída do Dormitório, escolhendo a rua lateral do mesmo para chamar um táxi com o endereço na ponta da língua.

O tempo não estava a favor da jovem que logo se apressou para a cozinha. Andrômeda parecia um pouco entediada, mas a postura estava firme mostrando que ninguém ousara se aproximar da sobremesa feita pela morena. Ao abrir o congelado e checar seu pudim, Dria percebeu que usar o ice beam fora uma ótima ideia. O doce estava firme e com uma aparência muito boa por sinal. A vaporeon fora recolhida em sua esfera e assim Dria e Auros deixavam o dormitório.

A vida de uma cadete tinha seus altos e baixos. No dia anterior, Dria não se imaginaria em vestes civis, com um pudim em mãos indo para um jantar na casa de um velho amigo. Assim que virou a rua, chamou por um táxi e informou o endereço desejado. Não demorou muito, já que a avenida Rocket ficava ao lado do dormitório, apesar do prédio ficar no final da mesma. Após pagar uma quantia de 15 Pk$, a cadete se via diante o Canto de Sunflora.

O porteiro já havia sido notificado sobre a visita e abria o portão assim que a morena se identificou. O elevador guiou a jovem até o segundo andar e logo a recruta estava diante a porta de número 203. A campainha era tocada e um Lucario abriu a porta. O fighting cumprimentou a amiga e Auros e deu passagem para que entrassem. O antigo riolu de Doumeki já havia evoluído e ajudava o homem com a recepção.

O apartamento de Doumeki era muito bem organizado. Assim que entrou, Dria se deparou com a sala de estar que era composta por um grande sofá negro e algumas almofadas rubras. Uma tv de led estava pendurada na parede oposta ao sofá acima de um hack negro que continha alguns aparelhos eletrônicos: blu-ray, home theater e um Xbox que dividia espaço com um WiiU. As paredes da sala eram brancas sendo a parede da tv vermelha. Um tapete branco ocupava quase toda a sala e, entre o sofá e o hack havia uma pequena mesa de centro com algumas revistas.

— Boa noite, famosa Dria! — Doumeki surgia com um sorriso no rosto. O patrulheiro usava uma bermuda cargo verde e uma camisa branca. Um avental com pinturas de folhas de outono cobria o corpo do homem. Em suas mãos, uma colher de pau que aparentava ter entrado em contato com algum molho. — Fico feliz que decidiu vir... Meu pudim! — os olhos do homem miraram o doce nas mãos da morena. — Lucario, leve o pudim à geladeira, por favor. — O pokémon aura se aproximou e pediu a travessa para Dria. Doumeki continuou a falar tentando explicar o motivo de ainda aparentar estar cozinhando. — Estava finalizando o molho. Gosto de fazê-lo antes de servir para dar um melhor sabor. A propósito, gosta de champignon?

Agradecendo Andrômeda com um longo afago em suas barbatanas, Dria sorriu ao ver que o pudim estava em perfeito estado e pronto para ser saboreado. Acompanhada de Auros a jovem não se importou de pegar o táxi mesmo para uma distância pequena, já estava atrasada e não queria que o pudim ficasse por muito tempo exposto ao sol.

Dentro do veículo a Cadete deixou que sua mente vagasse por alguns instantes, a comparação de seu dia de folga com as tarefas diárias de sua profissão era assustadoramente marcante. Pagando pela corrida a jovem se despediu do motorista com um educado “até logo”.

A rápida recepção do porteiro fez com que Dria começasse a sentir o pequeno nervosismo do acontecimento, a jovem ainda se lembrava bem do bilhete de Lírio e a brincadeira de que Doumeki era seu namorado, respirando fundo Dria apertou a campainha enquanto sentia Auros se enroscar em suas pernas.

Um sorriso surgiu na face da morena quando a porta foi aberta pelo Lucario, surpresa com isso a Cadete entrou no apartamento ainda sorrindo, a jovem havia batalhado ao lado do Riolu agora evoluído a sua frente, vê-lo em sua forma final a deixava feliz.

- Hei garoto você cresceu rápido!

Comentou a Cadete enquanto observava o apartamento ao sua volta, o ar arrumado e serio contrastava com os vídeo games ali dispostos, percebendo a presença de Doumeki a morena sorriu ao entregar o pudim para Lucario, acariciando as orelhas desse de leve.

- Não se preocupe, eu não quis chegar atrasada por isso vim o mais rápido possível... Bom se fama for igual trabalho, não sei se quero ficar famosa.

Dando uma pequena volta pelo apartamento de Doumeki a jovem concordou com um leve aceno para a explicação do mesmo, Auros farejou o ar com calma indo se deitar perto do sofá, relaxado o grande gato apenas observava a cena.

- Gosto sim, eu espero que você goste de coco. Coloquei um pouco na receita. Você quer ajuda na cozinha ou está tudo sobre controle?

— Infelizmente fama é mais trabalho sim, mas tem lá suas vantagens. — Doumeki sorriu. Auros decidiu deitar-se no sofá e deixar os humanos terem sua conversa. — Coco? Meu pudim é à-la-Dria! Já estou me sentindo especial. E não se preocupe com a cozinha. Tudo sob controle, mas se quiser já ir abrindo o vinho, sinta-se à vontade.

O cadete chamou Dria para a cozinha e mostrou uma mesa muito bem arrumada. A mesa não era grande e comportava até quatro cadeiras, mas somente duas estavam ali. Os pratos de porcelana branca possuíam um desenho vermelho que dava um toque bonito. Um candelabro ao centro da mesa exibia duas velas vermelhas ainda apagadas. Duas taças repousavam à frente de cada prato, uma para água e outra para o vinho que estava ao lado do candelabro. A safra era de antes da guerra e parecia ser muito raro. Um saca-rolhas estava um pouco mais a frente.

Doumeki caminhou até o armário e retirou uma travessa de porcelana do mesmo conjunto dos pratos. Pegou a panela com o macarrão já temperado e o colocou na travessa. Uma molheira de porcelana fora trazida para comportar o molho rosè. As duas travessas foram colocadas na mesa e o homem voltou para buscar um pequeno prato com os champignons que pareciam ter sido feitos junto com o molho.

— Como eu não sabia se você gostava, eu os tinha tirado e deixado à parte. — sorriu um pouco sem jeito. — Se incomoda de aguardar só mais um pouco? Preciso em trocar. Não estou à altura da sua beleza. Quero dizer... você está muito bem... — Doumeki pareceu enrubescer um pouco. — Persian e Mienshao, Dria está aqui!!

Do pequeno corredor que levava ao quarto veio correndo a grande felina que logo se aproximou da cadete com uma expressão contente. Um mienshao veio atrás da felilna logo saudando a cadete. Doumeki pediu licença e sumiu por alguns breves minutos antes de reaparecer com sua roupa para o jantar. O homem acendeu as velas e convidou Dria para se sentar.

— Achei que as velas dariam um toque interessante, mas agora, olhando bem elas, não sei se ficou bom... — O homem falava enquanto oferecia a Dria o macarrão querendo servi-la.

Fazendo uma cara de desalento Dria sorriu ao responder Doumeki.

- Ainda não vi vantagem nenhuma, embora acredite que uma hora eu vou ver. Só espero não ter quebrado nada até lá. – A morena não conseguiu se conter e teve que se esconder em seu cachecol quando Yokko elogiou o doce. – Você faz parecer que eu fiz muita coisa.

Seguindo para a cozinha atrás de Doumeki a morena sorriu ao ver a cozinha, o ambiente cuidadosamente decorado assim como a mesa posta, se aproximando desta Dria não pode deixar de tocar cuidadosamente no candelabro. Ouvindo o conselho de Doumeki a jovem tomou cuidado ao abrir a garrafa de vinho, deixando a rolha sobre a bancada mais próxima onde não pudesse sujar a toalha da mesa.

Os olhos azulados da jovem observaram com interesse os movimentos precisos de Doumeki, estar na casa do Cadete era uma novidade com a qual a jovem nunca esperou, ouvindo sobre os champignons Dria concordou de leve com a cabeça.

- O seguro morreu de velho, eu fiz uma escolha arriscada em colocar coco no pudim. Sorte minha que você gosta, caso contrário eu teria ficado sem saber o que fazer. – As palavras de Doumeki pegaram a morena de surpresa, por sorte a entrada da grande Persian fez com que Dria se abaixasse para brincar com a felina. – Hei garota! Você já está bem melhor não é!

Acariciando a Persian, Dria ainda cumprimentou o Mienshao chegando a oferecer um afago no mesmo. Recuperando-se do pequeno desconforto a morena se sentou na mesa para esperar Doumeki, ainda acariciando a Persian.

Um sorriso tímido tomou a face de Dria quando esta estendeu o prato para que Doumki a servisse, ouvindo sobre as velas a garota sentiu um leve frio na barriga, coçando de leve a garganta esta negou de leve com a cabeça comentando.

- Hamm... Porque não deixamos apagadas por enquanto. Acho que assim ficamos mais à vontade. Porque escolheu comprar um apartamento em Nyender?

O encontro na casa de Doumeki era uma realidade nova para a cadete. A presença das velas parecia marcar alguma intenção implícita. O homem hesitou por um momento quando ouviu sobre deixar as velas apagadas num primeiro momento e depois abriu um sorriso concordando. O cadete se serviu e sentou-se na cadeira oposta.

— Bem, antes de ser promovido a patrulheiro e ser alocado para Chermont, fiquei muito tempo aqui na capital. E gosto das cores que as cerejeiras dão à cidade. Além do fato de ser uma das cidades mais seguras para viver, apesar de alguns ataques aqui ou ali. — Doumeki falava enquanto levava uma garfada do macarrão à boca e fazendo um som de aprovação do sabor. — E seus planos? Pretende comprar algum lugarzinho só seu ou morar com alguém? — Doumeki interrompeu a própria fala bebendo um pouco do vinho enquanto olhava por cima dos olhos para Dria. Lucario tinha uma expressão de estar segurando um sorriso enquanto pegava a comida para os pokémon e os reunia na sala para comerem juntos.

A jovem concordou com um leve aceno as palavras de Doumeki, era inevitável que Nyender fosse segura e bem resguardada, porem as marcas das patas de Auros indicavam exatamente ao contrário para a morena.

Suspirando alto enquanto tentava afastar a velha e ruim lembrança Dria sorriu ao responder o homem a sua frente.

- Com essa vida agitada, acho que vou demorar um pouco para arranjar um canto meu... Eu pensei em Grung porque gosto de lá e as freiras do Orfanato sempre precisam de ajuda... Mas sinto que já não pertenço mais a cidade... Acho que gostaria de viajar mais um pouco... Sabe conhecer as outras cidades e ver se alguma delas me agrada...

Comentava a morena, bebericando de leve a taça de água Dria olhou com interesse para a taça de vinho, a Cadete tinha certeza de que não passaria muito além de uma possível taça.

A conversa fluía entre os dois amigos. Enquanto Dria se controlava para não passar da primeira taça de vinho, o homem já bebia sua terceira. Doumeki sorriu para a morena com a bochechas já ficando rosadas devido ao vinho.

— Gosto das pessoas de Grung, mas sempre me perco naquela cidade. — Sorriu mais uma vez. — Talvez você vá gostar de Ragnarök, apesar do frio o ano todo. Aceita mais? — O homem apontou para o macarrão ao perceber que Dria já estava acabando de comer. Antes que a jovem pudesse responder, o celular do homem tocou. Doumeki pediu licença e atendeu a ligação. — Sim sim.... Tudo bem. Claro que posso ajudar. — Doumeki desligou e pediu desculpas para Dria. — Pediram minha ajudar para uma missão amanhã. Seria uma honra trabalha com você novamente... — Outro celular vibrava, mas desta vez era o de Dria que anunciava uma mensagem de texto.

Lirio Flores escreveu:

- Então não posso mentir, mas se eu não prestar a atenção também me perco em Grung.

Comentou a morena percebendo as bochechas vermelhas de Doumeki, um leve aceno foi feito quando este pediu desculpas ao atender o telefone, evitando de prestar a atenção na conversa a Cadete se levantou levando seu prato para a pia.

O retorno de Doumeki com a pequena proposta da missão a fez sorrir, já o vibrar de seu celular fez com que Dria o tirasse do bolso do casaco, ler a mensagem recebida por Lirio fez com que a morena ficasse vermelha, engolindo em seco enquanto guardava o celular no bolso Dria sorriu sem graça ao responder de maneira breve.

- Hammm Claro, eu ainda não recebi minha próxima missão então acho que posso te ajudar... Doumeki eu preciso ir ao toilet.

A “mensagem” de Lírio não ajudava em nada para que a jovem se sentisse à vontade ali. Doumeki também levou seu prato à pia e já estava abrindo o armário à procura de pequenos pratinhos para a sobremesa.

— Pode seguir pelo corredor. É na segunda porta à esquerda. Quando chegar, vamos provar do meu pudim especial!! — O homem abriu um sorriso largo e inocente enquanto pegava as colheres e a espátula.

Dria seguiu pelo corredor que não era muito grande. Ele ficava localizado entre a sala de estar e a cozinha. A porta à direita, que estava entreaberta, parecia ser o quarto do cadete devido ser visível enxergar um pedaço da cama e de um grande guarda-roupa. A primeira porta à esquerda estava fechada com a chave pelo lado de fora. Por fim, a jovem chegava ao banheiro. O ambiente era muito bem organizado e possuía tudo que qualquer banheiro comum possui. A decoração com azulejos pretos dava um leve ar sofisticado. A jovem parou diante do espelho e viu seu reflexo olhar de volta para si. Os olhos azuis contrastavam com as bochechas que recentemente se enrubesceram.