04. Conclusões e Treinamentos

Sair daquela ponte foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, mas ainda conseguia sentir a emoção de ter deslumbrado um pôr-do sol tão belo como aquele. Era bom saber que ainda estava vivo e poderia apreciar algo assim mais vezes. E minha mente, fiz uma prece à Arceus agradecendo-o pela proteção. Logo conseguimos avistar as primeiras luzes de Chermont e um alívio percorreu meu corpo. Emily entusiasmou-se e já soltara alguns "Graças à Arceus!", era a vista que queríamos vislumbrar.

Passava das 18 horas quando chegamos à Avenida Unova, eu não sabia como andar pela cidade, mas tudo ali era bem informado e placas conseguiam nos orientar bem. Então, já descíamos a Avenida Unova para chegarmos à rua Uxie e chegaríamos ao Hospital para tratar dos machucados. Estávamos cansados e já queríamos dormir em algum lugar, mas isso só seria possível após curarmos nossas feridas da angustiante batalha contra o Caçador. Eu ainda sentia o calafrio de estar voando nas costas do Braviary e eu continuava a sentir toda a tensão durante cada segundo que passamos na ponte da rota 3. O sorriso debochado do Caçador continuava em minha mente e eu já sabia que ele poderia estar em qualquer lugar, à solta e pronto para roubar e capturar inocentes pokémon para fins duvidosos.

Roy caminhava à frente, conversando com Emily de forma descontraída, enquanto que eu caminhava mais atrás ao lado de Sentury. Durante todo o caminho o explorador não saíra o meu lado, preocupado comigo. Dizem que os pokémon podem sentir as emoções de seus mestres, será isso verdade? Será que Sentury sentia que eu estava confuso e com dúvidas sobre aquele que eu julgava e acreditava amar? Sobre ter sido idiota o bastante para confiar nele levado à impulsos? Eu estava confuso. A última ação dele comigo deixara-me mais confuso ainda. Era difícil de esquecer o quanto era bom estar evolvido em seus braços, na sensação de conforto e calor que eu sentia toda vez que ele se aproximava, além das palavras que ele sussurrou em meu ouvido. O que havia de errado nesse cara que eu não podia notar? O que será que ele esconde de mim? Eram tantas perguntas que minha cabeça parecia que iria explodir. Meu coração parecia bater sem forças. Quando dei por mim, já estávamos dobrando na rua Starly e chegando ao Hospital.

Todos estavam mais aliviados por chegarem em Chermont. Roy e Emily seguiam um pouco à frente enquanto conversavam sobre a beleza da cidade. As luzes da cidade se acendiam e davam passagem ao trio. Emme ainda seguia atrás com seus pensamentos sobre os últimos acontecimentos. O voo involuntário. O caçador. O bebê Sentret. Roy... a mente do jovem era um turbilhão de pensamentos confusos. Sentury seguia ao lado de Emme observando as expressões no rosto do jovem. Roy ainda era a maior incógnita. O stylist não conseguia entender as atitudes do gladiador. Uma pequena linha dividia o bom e velho Roy do frio e sombrio Roy.

O grande hospital surgia diante os olhos de Emme. Roy e Emily já estavam adentrando o prédio e foram logo seguidos pelo stylist. A recepção estava repleta de pessoas como usualmente. As pessoas estavam bem divididas entre aquelas que buscavam atendimento para si e aquelas que buscavam atendimento para seus pokémons. Roy deixou Emily sentada e se dirigiu ao balcão ao lado de Emme. O ruivo mirou o stylist de relance e perguntou.

― Você está bem? Veio afastado de nós durante todo o caminho... ― A voz do ruivo transparecia bem a preocupação que o mesmo estava sentindo.

― Vocês vão conversar ou serem atendidos? ― a enfermeira atendente mirava os dois com uma expressão impaciente enquanto mascava um chiclete. Sobre o balcão já estava os formulários a serem preenchidos.

― Desculpa aí! Vamos preencher tudo. ― O ruivo pegou dois formulários e preencheu um com as informações de seus pokémons e o outro com as informações de Emily. Logo em seguida entregou suas duas pokébolas para a enfermeira.

Dados pessoais

Nome: ___________________________________________________
Data de Nascimento: __/__/__
Sexo : ( ) M ( ) F
Ocupação: _________________
Motivo: ___________________________________________________

Dados do Pokémon

Nome: ____________________________________________________
Tipo: _____________________________________________________
Sexo : ( ) M ( ) F
HP: _________________________Status: _______________________

Evento Sexta-feira 13

Pollaree ganhou 150 xp

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Off: Dinheiro que esqueci de colocar no post da vitória contra o caçador x.x
Emme ganhou +800 Pk$
Emily ganhou +1.000 Pk$
Roy ganhou +1.800 Pk$

O Hospital era muito parecido com o de Nyender até mesmo o atendimento na recepção era como eu lembrava: mau humor e descaso. Estava ainda perdido em pensamentos quando nos aproximamos do Hospital, então meus olhos acostumaram-se tardiamente à iluminação forte do local. Roy e Emily já pegavam suas fichas para preencher, e eu tomei a minha em mãos. Fitei-a por alguns instantes lembrando da imagem de Blazy caída após uma batalha angustiante contra uma Glaceon mortal. Eu estava triste e haviam vários motivos.

- Hum...? - Roy falara comigo, mas eu não queria ouvir a voz dela pois um calafrio percorria meu corpo - Hunrum.

Apenas me afastei um pouco para preencher a ficha do Hospital e receber algum atendimento médico. Eu só conseguia pensar em Roy e a imagem de seus olhos frios e distantes de uma realidade que eu nunca presenciara até hoje, eu estava com medo daquele que meu coração palpitava, acelerava e queimava. Como reagir à isso? Eu sentira medo quando levaram minha mãe, e por causa desse medo não pude defendê-la e esse medo não era diferente. O que Roy escondia? Estaria eu preparado para saber?

Entreguei a ficha preenchida junto com a pokébola de Blazy e aguardei meu atendimento. Estava nervoso, não queria pensar em nada mais porque minha cabeça estava totalmente perdida e confusa. Só queria comer algo, tomar um banho e dormir, amanhã seria um novo dia e tudo não passaria de um sonho. Assim eu esperava...

Emme ainda estava incerto em como trataria o ruivo que o acompanhava. O coração do stylist amava o ruivo, mas a mente insistia em trazer a lembrança de um Roy assustador e frio. Era difícil para o jovem entender o comportamento que o gladiador tivera. Talvez a única saída fosse conhecer o companheiro a fundo.

Depois de preencher o formulário, o stylist o entregou à atendente. A mulher apenas pegou os três formulários e os colocou de lado de dizer nada. Roy lançou um olhar apreensivo para Emme, mas permaneceu em silêncio. Os dois voltaram para as cadeiras. Emily olhava de um para o outro sem entender o que estava acontecendo. Todos permaneceram em silêncio.

Depois de alguns minutos, a voz da enfermeira chamou pelos três jovens. De volta à recepção, todos receberam suas pokébolas enquanto Emily recebia as instruções da direção que deveria tomar para ser atendida pelo médico.

― Vou acompanhar a Emily, mas talvez demore. Você deve estar cansado. Vá na frente e descanse um pouco. ― Roy falou, mas mantendo o olhar em Emily. Os dois seguiram para o elevador enquanto Emme permaneceu ali na recepção para decidir o que faria a seguir.

Recebendo minha pokébola, fiquei doido pra ver Blazy, conversar com ela e saber como minha pequena fire estava, não importando meu cansaço e fadiga. Roy decidiu acompanhar Emily e ambos seguiram para o atendimento direcionado pela enfermeira, além de ter me dito para ir descansar. Apenas assenti e saí do Hospital, não antes de pedir informações de algum hotel barato e bom. Decidido, caminhei até o Kazumi Hotel.

As instruções foram simples e eu seguia andando pela rua Uxie, pegando à esquerda na Avenida Capitão Sakamoto, depois à direita na Mesprit e ir direto. Seria uma boa caminhada e daria-me tempo para pensar no que fazer. Estava de noite tudo que eu queria era ir pra casa. Foi quando, assim que entrei na rua Uxie, vi a estação de trem e pensei ser uma boa ideia comprar uma passagem de volta à Nyender e esquecer toda aquela viagem. Segui pra Estação.

A Estação era um lugar grande e iluminado, com diversos pilares para sustentar o teto alto. Mesmo à noite, pessoas e pokémon saltavam e embarcavam constantemente nos trens, apitos e gritarias eram ouvidas o tempo todo, à esquerda um balcão exibia uma tabela com os valores das passagens para todas as cidades shinkinianas e os preços para retiradas de itens. Olhando a tabela com o nome daqueles que deveriam retirar itens, estava o meu.

- Com licença, pode me dizer os itens que estão destinados à Emme Roinuj? Aqui está minha licença.

Uma grande alegria invadiu o coração do jovem ao receber a pokébola de Blazy. Saber que a fire já estava bem e curada era um alívio, mas o jovem queria ter a chance de conversar com a companheira depois daquela experiência terrível na ponte. Depois dos companheiros terem sumido pelo elevador, o jovem se retirou da estação.

O desejo era o de descansar, deixar a mente colocar tudo no lugar, mas a visão da estação despertou um sentimento de desistência no stylist. Deixar toda aquela confusão para trás era uma saída tentadora. Sem pensar muito, o jovem seguiu para a estação.

Emme seguiu diretamente para o balcão de entregas quando viu seu nome na tabela. O atendente olhou com uma cara nem um pouco agradável. Talvez o homem não estava nem um pouco feliz por ter sido escalado para o turno da noite. Após checar o nome do jovem no sistema, ele se retirou para os fundos. Depois de alguns minutos, retornou com uma caixa repleta de coisas e a colocou sobre o balcão. Haviam muitos itens ali, TMs, uma pokébola e um ovo pokémon. Depois de tanto sofrimento na ponte, o jovem acabava de ganhar muitos presentes úteis.

Peguei os itens e me perguntei de onde teriam vindo, se alguém teria me enviado tais itens. A pokébola ainda era novidade e eu estava muito curioso pra saber qual pokémon estava dentro, mas contive-me e apenas guardei a pokébola. Um ovo pokémon intrigava-me e eu apenas guardei-o em minha mochila confortavelmente e segui para o Kazumi. Ainda iria estudar todos aqueles itens assim que tomasse um banho e descansasse um pouco.

Feito todo o trajeto até o hotel, reparei no quão luxuoso ele era, iluminado e aconchegante. Pedi um quarto e logo fui conduzido até o andar do quarto para que eu me instalasse, antes de deixar a recepção reparei em um folheto que comentava sobre o batismo de ovos pokémon na Igreja de Arceus e era pra lá que eu iria assim que acordasse. Chegando ao quarto, tomei um banho demorado e revigorante, precisava livrar-me de toda a angústia vivida na rota 3, toda a tensão e medo de voar nas costas de uma ave gigantesca e da sensação de quase morrer a todo instante. Em minha mente o rosto frio de Roy assombrava-me como em um pesadelo. Como iria esquecer aquilo? Como encará-lo novamente? Eram muitas perguntas... Gritei. Apenas deixei tudo sair em um grito alto e grave. Era o que eu precisava e as lágrimas vieram em seguida.

Troquei de roupa e nem pensei na janta, meu estômago embrulhava só de pensar em comer, então preferi descansar um pouco. Estava com a cabeça cheia e só queria parar de pensar em quão pouco eu conhecia aqueles que viajavam comigo, assim como eles também não me conheciam. Talvez estar em Chermont ajudaria a nos conhecermos melhor. Talvez... Pensando nisso, eu apaguei.

O celular despertaria às 7 horas, mas acordei assustado após um pesadelo 10 minutos antes, desliguei o alarme e fui trocar de roupa para sair. A missa logo iniciaria e eu não podia chegar atrasado. Seria um grande dia e eu planejava fazer muitas coisas hoje, além de um treino especial com meus pequenos, estava na hora de nos prepararmos melhor para nosso primeiro desafio no Teatro da cidade e tínhamos que fazer algumas apresentações livres para ganharmos confiança. Tomei café no hotel e segui para a Igreja de Arceus de táxi, já que o recepcionista informara-me que a Igreja ficava do outro lado da cidade e esperar transporte público poderia demorar um pouco. Ansioso, entrei no primeiro táxi que parou e parti rumo à benção na Igreja. De lá, tinha planos apenas de passear.

O jovem ficara surpreso com os itens que recebera, mas, por mais que a curiosidade o impelisse a analisar tudo o que ganhara, o cansaço do corpo pesava mais. Deixando de lado qualquer ideia de fugir para a capital e abandonar os companheiros, o stylist decidiu seguir para o hotel Kazumi. Com um quarto e depois de um banho onde as emoções falaram alto, finalmente o jovem pode dormir.

Emme acordara devido a um pesadelo. Ao fundo, os sinos das igrejas bradavam o começo da missa. O stylist desejava frequentar a celebração e buscar a bênção de Arceus. Para não atrasar, tomou um táxi e rumou para em direção ao som dos sinos.

A igreja estava cheia. Várias pessoas carregavam consigo seus ovos pokémons para o grande batismo que aconteceria. As colunas se erguiam majestosas enquanto a luz do sol ganhava novas tonalidades quando passava pelos imensos vitrais. Emme se sentou e esperou a cerimônia começar.

Ester Valvierk, a pregadora da Igreja local, entrou em uma procissão. Dois jovens seguidores iam à frente segurando turíbulos que liberavam a fumaça do incenso. O odor se espalhou por todo o templo dando uma sensação de prazer a todos ali. Ester estava vestindo um longo vestido branco com detalhes em dourado. Uma bela tiara ajeitava os cabelos. Ao chegar ao altar, a mulher se virou e começou a falar. O olhar sereno parecia levar paz aos corações de todos. As palavras doces falavam sobre o amor e o sacrifício. Algumas senhoras já estavam chorando com a pregação.

Depois de alguns minutos de pregação e oração, Ester pediu que todos fizessem uma fila e trouxessem os ovos para o batismo. Quando chegou a vez de Emme, a sacerdotisa sorriu para ele e falou:

― Minha criança, ore a Arceus e peça que ele traga boas virtudes para seu futuro companheiro. Assim que eu jogar a água sobre o ovo, mentalize uma virtude que você deseja para seu pokémon que irá nascer.

A missa fora ótima e espirituosa, senti uma energia tão boa sendo canalizada para mim, meus pokémon e o ovo em meus braços. Era tão bom sentir a presença do Criador e com ele decidi deixar todas minhas frustrações, medos e incertezas sobre os últimos acontecimentos em minha vida e senti que devia tomar uma iniciativa. Saí da Igreja com o coração leve.

A rua Ho-Oh estava movimentada, provavelmente devido à grande quantidade de fiéis na missa que agora seguiam para suas casas ou trabalho, então decidi passear um pouco pela cidade do chão quadrado. As pessoas ali pareciam não se importar muito umas com as outras, seguiam suas vidas de forma bem "quadrada" e a simpatia não parecia ser o forte dessas pessoas. Desci a rua Air Cutter, não queria voltar para o hotel, nem andar de taxi, apenas caminhar. Liberei Blazy, Sentury e Pollaree para termos uma conversinha.

- Pessoal, queria agradecer pela ajuda de vocês na ponte e... - lágrimas começaram à queimar meus olhos - Eu sinto muito por não ter sido um mestre melhor, mas prometo que vou buscar melhorar para termos nosso melhor desempenho. Vamos fazer isso juntos?

Sorri amigavelmente e abracei meus monstrinhos queridos, estava feliz de estar com eles novamente e queria dar meu melhor por eles.

- Bem, acho que precisamos ir treinar um pouco, o que me dizem?

Sentury e Pollaree ficaram alegres, mas Blazy parecia estar abalada com a derrota e talvez o treino ajudasse-a encontrar seu calor habitual. Com o explorador e a fire ao meu lado e Pollaree repousava em meus braços, o casulo parecia gostar de ficar próximo à mim. Seguimos à procura de algum lugar para treinar, e assim que encontrássemos um.bom lugar para um treino, eles conheceriam nossa mais nova companheira.

Estar naquela missa parecia revigorar as forças do jovem stylist. Poder sentir a presença de Arceus trazia paz ao coração de Emme. Deixando a igreja, o jovem seguiu pela rua Ho-oh. Por ser de manhã, muitas pessoas que moravam ali estavam indo para seus trabalhos o que deixava a rua bem movimentada. As pessoas de Chermont não eram muito amigáveis, daí era fácil entender o porquê do teatro e a arena serem de temática circense. Descendo pela rua Air Cutter, Emme liberou seus pokémons, exceto a nova integrante, para uma pequena conversa.

Blazy e Sentury foram muito importantes na ponte e foram de grande ajuda. Se ambos não tivessem ajudado, talvez o pior tivesse acontecido. O stylist se emocionava, mas logo reafirmava a promessa de se tornar um mestre melhor para eles. A conversa era finalizada com um abraço grupal.

Ao ouvirem sobre o treinamento, Sentury e Pollaree ficaram animados, enquanto Blazy estava um pouco aérea, distante dali. Para a fire, fora uma grande humilhação ter sido derrotada por Killer Frost depois de tantos insultos e desprezos. Emme seguiu para um beco ali mesmo na Air Cutter onde estava bem calmo e sem movimentação.

Chegando ao beco calmo, Blazy e Sentury ficaram à minha frente, enquanto Pollaree estava em meus braços. Sentury e Pollaree mostravam-se empolgados com o treinamento, enquanto Blazy parecia aérea e eu sabia que a derrota para Killer Frost fora algo que machucara muito minha pequena fire, talvez o treinamento levantasse seu ânimo. Enquanto estavam me olhando, Sentury explorou um pouco o beco pra saber se estava tudo tranquilo e parecia estar mesmo. Coloquei a mão na minha mochila e tirei a pokébola da minha mais nova companheira, liberando-a para conhecermos a pokémon.

- Bem pessoal, conheçam Mimmy, nossa mais nova companheira! Vamos ser amigos e nos apoiar, certo pessoal?

A gata rosa saiu da pokébola meio desconfiada, sem saber bem o que fazer, apenas sentou sobre as patas traseiras e nos olhou com desconfiança. Pollaree foi o primeiro à falar, seguido por um apaixonado Sentury e depois Blazy piou cabisbaixa. Mimmy ignorou o explorador e a fire, vindo ficar ao meu lado e apenas falando com Pollaree.

- Mimmy, obrigado por nos fazer companhia. - sorri para a gata que apenas olhou-me com desdém, mas acabou soltando um "nyah" com um sorriso. Virei-me para Pollaree - Parece que ela gostou de você, parceiro! Bem, já que estão todos aqui, tenho uns presentinhos para vocês!

Peguei as TMs em minha mochila e comecei à entregar algumas aos meus pequenos. Blazy foi a primeira e encostei 3 TMs nela, um de cada vez, Swords Dance, Flamethrower e Double Team. Assim que eu chegava perto dela, o CD brilhava forte e Blazy piava de alegria, parecia sentir-se mais poderosa. Sentury veio logo depois e o brilho apareceu novamente, cada vez que eu encostei um CD no explorador, Ice Punch, Thunder Punch, Brick Break e Flash. Mimmy veio logo depois e recebeu Swift, Protect, Calm Mind e Dream Eater. Pollaree parecia esperar sua vez, mas tive que desanimá-lo um pouco quando disse que ele ainda teria que esperar um pouquinho mais, e o inseto pareceu ficar desapontado. Tentando animar mais as coisas, dei à Skitty um Experience Share, Blazy e Sentury receberam um Lucky Egg cada um. Era hora de treinar.

- Mimmy e Blazy, vamos iniciar um treinamento? Blazy, você vai pra lá e Mimmy fica aqui. - a gata fez uma cara de desgosto ao saber que ia ter que batalhar contra Blazy, mas estava disposta à batalhar. Blazy ainda não parecia muito feliz, mas talvez ficasse animada após usar os novos golpes - Blazy, vamos começar com Double Team seguido de Ember. Mimmy, quero que destrua os clones com o Swift e depois use Protect!

A rosa parecia desafiar a fire com um olhar intimidador e eu me perguntava se Blazy gostaria de uma oponente à altura.

Todos saudaram a nova integrante do grupo, mas a Skitty não parecia estar muito interessada no assunto. Emme ficava feliz com a presença de uma nova amiga e já se preparava para o treino. Pegando na mochila algumas TMs, o jovem foi tocando os pokémons com elas. Exceto a TM Flash não surtiu efeito em Sentury, mas todos ficaram felizes com suas novas capacidades. “Todos” ficaram felizes. Blazy sentia dentro de si novas possibilidades de golpes, mas ainda não se mostrava muito animada com o treino.

Blazy e Mimmy se dirigiram para lados opostos do beco. A felina andava como se estivesse pisando em ovos. Ao olhar para o lado e ver o lixo e sentir seu cheiro nada agradável, Mimmy torceu o rosto em protesto. As duas ouviram os comandos de Emme e suspiraram desanimadas. Se quisesse voltar para o conforto da pokébola, Mimmy precisaria acabar logo com aquilo. Ficando em posição de ataque, lançou um olhar intimidador para a oponente.

Blazy se dividiu em cinco cópias que começaram logo a correr pelo beco. Mimmy simplesmente saltou e lançou sua rajada de estrelas em cada um dos clones. Um a um foram-se desfazendo. A felina pousou levemente no chão e lambeu um pelo que parecia ter saído do lugar. Blazy olhou aquela cena e, sem aviso prévio, lançou suas brasas em direção à Skitty. Mimmy continuava a se lambem sem se importar com o perigo. Quando as brasas já estavam próximas, a barreira de proteção surgiu bloqueando o ataque. Do lado de dentro, a Skitty lançou outro sorriso desafiador. A Blazy desanimada de antes parecia desaparecer. Na mente da Torchic, ela comparava o comportamento da Skitty com Killer Frost. Agora a fire iria dar tudo de si.

Parecia que as duas pokémon estavam em clima de rivalidade. Mimmy parecia um pouco desconfortável por causa do fedor do lixo, mas aquele fora o melhor lugar que eu encontrara para treinar ali perto. Blazy pareceu distante nos primeiros momentos do treinamento, mas logo após os comandos serem executados pude sentir a energia dela expandindo-se pelo beco.

- Ótima execução de movimentos, Mimmy, mas peço um pouco mais de atenção! Que tal seguirmos com Calm Mind e depois um poderoso Swift!! Blazy, é bom revê-la com tamanha vibração, vamos com mais um Double Team e depois Flamethrower.

Talvez explorar a rivalidade das meninas fosse um a boa ideia. Mimmy ainda precisaria de mais treino, mas eu sabia que ela iria dominar os palcos com seu jeito gracioso com um leve toque de soberba. O treinamento seria uma forma de aproximar todos nós. Sentury estava ao meu lado, torcendo pela fofa Skitty, enquanto que Pollaree mantinha-se fiel à fire.

Emme percebia a rivalidade nascendo entre as duas. Talvez, por parte de Mimmy, apenas era deboche ou falta de vontade em treinar; mas, para Blazy, uma rivalidade invadia o coração. O jovem stylist tentaria explorar essa relação entre elas. Enquanto isso, Sentury e Pollaree seguiam em suas torcidas.

Enquanto Blazy se dividia em novas cópias, a Skitty fechava os olhos enquanto tentava se concentrar em uma meditação. O corpo da felina ganhou um brilho branco que logo desapareceu deixando uma expressão mais tranquila no rosto da mesma. Os olhos da Torchic pareciam pegar fogo. Enchendo o pulmão de ar, todas as cópias lançaram seu lança-chamas simultaneamente. Mimmy começou a correr e deu piruetas para esquivar de todos os ataques. Como uma ex-gata de rua, a felina sabia como se virar. Com o fogo dissipado, a Skitty lançou suas estrelas e destruiu os clones novamente. Outro sorriso debochado em direção à Blazy enquanto se lambia como se aquilo não fosse nada.

Mimmy movia-se com delicadeza e superioridade, costuma ser uma gata de rua, mas eu diria que era de uma madame. A gata exibia movimentos graciosos e rápidos, escapando do poder do Flamethrower de Blazy e destruindo os clones da fire. Olhei para Blazy e ela parecia estar em êxtase, podia ver seus olhos em chamas e era bom tê-la de volta à sua forma natural e sabia que a rivalidade entre as meninas seria uma ponto positivo.

Mimmy lambia-se como qualquer gato, mas sem deixar de lançar um olhar debochado à fire do outro lado do campo de batalha. Blazy piou de raiva e eu percebi que algo a mais estava acontecendo entre elas e, antes que eu desse os comandos, Blazy lançou um poderoso Flamethrower em direção à gata que, rapidamente levantou a barreira verde. Fiquei pasmo com a ousadia de Blazy.

- BLAZY!! O que foi isso?! Blazy, pare agora mesmo!!

Minha voz parecia ser incapaz de chegar aos ouvidos da fire que avançou pra cima da gata com as garras brilhando e com um olhar vazio que me deu arrepios. Eu não entendia por que Blazy estava daquela maneira, consumida pela batalha. O que eu havia feito de errado? Mimmy usou Attract em Sentury e ordenou que ele atacasse Blazy. Eu estava sem controle sobre meus pokémon e Pollaree estava agitado em meus braços. Com uma das mãos, peguei a pokébola de Blazy e Sentury, pronto para retorná-los.

A batalha de treino seguia, mas o jovem stylist não percebia a tensão que estava sendo construída ali. Mimmy sabia executar bem seus movimentos como se já houvesse sido treinada antes ou talvez a própria rua fora sua gran-mestra. Mas o comportamento da felina ativou em Blazy as lembranças de Killer Frost.

Emitindo um pio furioso, a Torchic lançou mais um flamethrower sem a ordem de Emme. No último instante, a barreira verde era erguida impedindo o contato do golpe. A situação saía de controle. Blazy ficava com mais ódio e já corria com as garras brilhando em direção a Mimmy. Corações surgiram no ar e tocaram Sentury que logo pôs-se entre as duas. Emme tentava fazer com Blazy o ouvisse, mas a mesma continuava partindo para o ataque. Pollaree observava tudo aquilo e ficava agitado nos braços do jovem.

Tentando impedir que algo pior ocorresse, Emme tomou as duas pokébolas e recolheu Blazy e Sentury. Mas, nesse movimento, Pollaree acabou se soltando e caindo no chão. O coração de Emme apertou. O ar faltou em seus pulmões. Se não já bastasse todo aquele caos que havia se formado ali. Pollaree havia parado de se mexer. Os olhos ficaram desfocados. O stylist se abaixou para ajudar o casulo, mas este não respondia. Pollaree estava frio e a casca parecia estar rachada. Mimmy se aproximou e parecia estar um pouco atordoada com os últimos acontecimentos. A felina não parecia ser acostumada a passar por esse tipo de situação. O jovem stylist ainda tentava reanimar o casulo quando o mesmo começou a se mexer. A casca foi se abrindo cada vez mais e um imenso brilho surgiu. Duas grandes asas surgiram diante os olhos de Emme. Um belo butterfree surgia na sua frente. Apesar de ter evoluído, o semblante de Pollaree só mostrava dor.

Na pressa para impedir que Blazy e Sentury iniciassem um combate insano e fora de qualquer ordem minha, acabei derrubando Pollaree dos meus braços, já que o bug não parava de se debater enquanto assistia o desenrolar sombrio e tenso da batalha entre a normal e a fire. Meu coração gelou quando percebi o casulo imóvel e frio, após retornar uma Blazy distante e um Sentury amaldiçoado pelo Attract. Minha respiração descompassou e lágrimas caíam de meus olhos.

- Pollaree... Pollaree!! Acorde... Va-vamos...

O casulo estava frio e rachado. Mimmy parecia aflita com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, aposto que a rosada nunca havia presenciado tanta emoção como daquela vez. Ainda com certa desconfiança, a gata aproximou-se lentamente de mim, mas não chegou a tocar-me, seria muito se o fizesse, apenas consolou-me com um olhar terno que até aquele momento não havia sinal dele. Parecia que a gata gostava de Pollaree.

Quando menos pensei ou esperei, o casulo inerte começou a movimentar-se, de um lado para o outro. A casca começou a rachar mais e um brilho intenso inundou o beco fedorento e frio. Mimmy e eu ficamos maravilhados com o que veio a seguir. Pollaree agora adquirira asas lindas e brilhantes de um belo Butterfree. Pollaree evoluíra. Mimmy grunhiu de felicidade e eu me aproximei para abraçar a borboleta à minha frente.

- Pollaree, meus parabéns! Você evoluiu! Estou tão... - quando olhei para o rosto do bug, pude notar seu semblante triste, amuado, como se estivesse com dor - Pollaree, o que houve? Está com dor? Foi a queda, né?! Perdoe-me meu querido, eu não queria, mas as coisas fugiram do controle... Desculpa, vamos ao Hospital ver se está tudo bem?!

Eu propus ao bug, mas era difícil dizer o que ele realmente sentia. Será que era dor de tristeza por ter visto Blazy daquela maneira? Pollaree sempre tivera uma ligação com a fire, desde quando batalharam pela primeira vez. Olhei para Mimmy e sorri, agradecendo pela preocupação. A gata fez-se de desentendida e deu de ombros, indo ficar ao lado de Pollaree, mas estava feliz por ter sido reconhecida. Agora restava saber qual seria essa dor que Pollaree estava sentindo para que eu pudesse fazer algo. Se fosse dor emocional, iriamos passear um pouco e fazer algo juntos para tentar alegrar meu bug. A ideia era seguir para algum café comer bolo, já que Pollaree adorava bolos.

Emme ficava maravilhado com a evolução do pequeno metapod, mas ainda se preocupava com a expressão triste do recém evoluído butterfree. O jovem ficava na dúvida se precisaria de um hospital ou de um consolo para Pollaree. Mimmy se aproximava da borboleta e se mantinha ali. Depois de verificar o corpo de Pollaree, Emme constatou que não havia nenhuma ferida aberta e optou por ir a um café para retirar um pouco daquele clima pesado. Pollaree levantou voo e passou a acompanhar o jovem e a felina. Enquanto caminhava em busca de um lugar tranquilo, o jovem fora barrado por um cadete que fazia a ronda na cidade.

― Ei você! Você tem licença para portar pokémons?

O stylist mostrou a licença e logo foi indagado se já havia se apresentado na delegacia. Ao ouvir a resposta negativa do jovem, o cadete o conduziu “gentilmente” até a delegacia. No local, havia uma grande fila de pessoas com expressões nem um pouco satisfeitas por estarem ali. Quando chegou sua vez de ser atendido, Emme apresentou a licença, a tatuagem e foi informado para que não se afastasse da cidade nos próximos dias.

Era óbvio que algo estava acontecendo por toda Shinki, um cadete não me barraria por nada e me levaria até a delegacia de Chermont sem eu ter feito nada. O cadete exigiu minha licença, como algo padrão, além de mostrar minha tatuagem no pulso direito e informou-me para não deixar a cidade. Isso fora o estranho e deixou-me pensativo enquanto eu caminhava por Chermont após deixar a delegacia que estava cheia de outros Stylists e Gladiadores.

Enquanto eu caminhava em busca de um lugar para comer e talvez alegrar Pollaree, percebi que a borboleta recém evoluída gostava de fazer piruetas no ar e Mimmy divertia-se assistindo a borboleta dar voltas acima de nós. Percebi também que Pollaree nunca se afastava muito, sempre estava por próximo a mim, como se precisasse me proteger e eu achava isso muito fofo. O bug era o único que conseguia fazer Mimmy sorrir. A gata conversava abertamente com o bug e eu adorava ouví-los conversando, isso distraía-me toda vez que eu tentava compreender algo que falavam.

Olhei ao redor e vi que estávamos na Rua Mesprit, já que fomos conduzidos até a Delegacia pelo Cadete, acabamos cruzando a cidade toda uma vez mais. Do outro lado da rua eu podia ver o Hotel Kazumi, mas ele não seria meu destino agora. Comecei a descer a Avenida Hearthome e o nome da avenida fez-me lembrar das histórias que minha mãe contou sobre uma antiga região chamada Sinnoh, de onde meus avós vieram e trouxeram maravilhosas histórias sobre os coordenadores. E o ambiente contribuía, já que assim que comecei a descer a avenida dei de cara como o teatro Circense. Era nostálgico vê-lo tão de perto. Mimmy e Pollaree vieram pra mais perto de mim. A borboleta pousou em minha cabeça e Mimmy ficou ao meu lado.

- É aqui que tudo começou para minha mãe e é aqui que tudo também vai começar para nós! Vamos ser estrelas dos teatros e dar nosso melhor ali dentro, mas para isso teremos que treinar duro, dar tudo de nós para sermos os melhores, entenderam?!

Eu falei firme e ambos concordaram com minhas palavras. Mimmy até soltou uma risadinha de deboche, mas nem Pollaree nem eu demos crédito às provocações da gata que logo voltou a se calar e nos encarava impressionada com o olhar deslumbrado que Pollaree e eu lançávamos para o Teatro. De certa forma a borboleta e eu tínhamos semelhanças na personalidade e isso era bem evidente para a gata que sorriu sozinha.

Depois disso, procurei um café ali perto para alimentar meus pequenos e preparar uma apresentação com eles, já que tinham novos golpes.

Emme tentava entender o motivo dos cadetes exigirem aqueles cadastros. O modo coativo como foi levado à delegacia fazia com que o jovem ficasse pensativo e, talvez, um pouco preocupado com o que o futuro aguardava para todos aqueles que foram cadastrados.

O jovem deixou a delegacia em direção a algum lugar onde pudesse comer. Pollaree, apesar de estar um pouco abatido, dava algumas piruetas conseguindo arrancar algumas risadas de Mimmy. A felina parecia se identificar com o Butterfree ou com suas habilidades ou com sua beleza artística. O grupo seguia pela cidade e logo se viam diante o grande circo de Chermont. A construção trazia à tona muitas memórias para o jovem stylist. Depois das lembranças e dos impulsos para buscar ser um bom stylist como sua mão fora, Emme seguiu para um café que ficava próximo de onde estavam.

O café se chamava “Café Des Deux Moulins”. A arquitetura era muito linda e bem trabalhada. As paredes eram pintadas com uma cor escarlate dando uma vida especial ao lugar. Lustres se espalhavam de forma elegante. Mesas, organizadas de forma metódica, se estendiam de um canto ao outro até chegarem a um balcão. As cadeiras eram acolchoadas com uma estampa vermelha que combinava diretamente com as paredes. Tecidos brancos cobriam as mesas e faziam companhia a pequenos vasos de flores. O balcão possuía muitas fotos de ambientes antigos. O café estava com uma boa quantidade de pessoas. Enquanto umas se apressavam, outras conversavam como se não houvesse o amanhã. Havia também uma área externa com diversas cadeiras e mesas. Um toldo cobria a área para proteger as pessoas do Sol ou da chuva.

Uma jovem se aproximou de Emme e abriu um sorriso.

― Bom dia, posso lhe ajudar em algo?

Achar um café não era difícil ali em Chermont e logo encontrei um muito aconchegante e bonito, com uma rica decoração que ia de lustres elegantes à vasos de flores sobre as mesas dispostas de forma metódica no ambiente interno. Olhei mais a frente e vi um ambiente externo, mais iluminado e convidativo pra ficar com meus pokémon. O ambiente interno estava bem movimentado, algumas pessoas apressadas compravam coisas para viagem, enquanto que outras conversavam sem se importarem com o tempo. Uma garçonete aproximou-se sorridente.

- Ah, gostaria de uma mesa no ambiente externo, por favor! Tem algum problema se eu ficar com esses dois fora da pokébola?

Eu queria a companhia dos meus pequenos e ainda pediria comida para os dois. Bolo para levantar um pouco a felicidad de Pollaree e um doce para Mimmy, além de pedir uma caneca de café para mim. Quando o pedido chegasse, eu perguntaria algo para a garçonete.

- Com licença, poderia me dizer se sabe de algum lugar que esteja precisando de algum empregado de meio período? Estou precisando de emprego.

― Eles podem ficar fora de suas pokébolas sim.

A jovem guiou Emme até uma das mesas e começou a anotar o pedido com total atenção. Com os pedidos anotados, a garçonete se retirou deixando o jovem sozinho por alguns minutos com seus companheiros. Pollaree pousou em uma cadeira enquanto Mimmy sentou em outra. A felina se portava de forma nobre e bem vaidosa.

Depois de alguns minutos, a jovem retornou com uma bandeja. O odor do bolo despertava a atenção de todos. Um belo doce parecia uma pequena obra de arte no prato. O café de Emme também exalava um agradável odor de manhã. A jovem distribuiu tudo entre eles e ouviu a pergunta do stylist. Por um momento ela se manteve pensativa e pôs-se a falar.

― Bem... tem um escritório na rua da Regeneração ao lado do Nokori. Eles são ótimos, mas são muito exigentes.

A mulher se retirava novamente enquanto Pollaree e Mimmy já saboreavam seus lanches.

Quando os lanches chegaram, Pollaree e Mimmy começaram à comer, enquanto a garçonete respondia minha pergunta ao falar sobre um escritório bem exigente que tinha próximo ao Nokori Hotel. Agradeci a informação e dei um gole no café. Pollaree estava bem mais alegre, eu já percebia o quão sentimental minha borboleta era e esse novo comportamento agressivo de Blazy acabou assustando-o e deixando-o um pouco triste. Mimmy parecia gostar da companhia dele e isso era um bom sinal para uma boa parceria entre os dois.

Peguei meu celular e dei uma olhada na internet sobre Skittys e suas personalidades. Enquanto eu lia, Pollaree deliciava-se com o bolo que a garçonete trouxera e Mimmy parecia falar sobre algo que fez a borboleta concordar. O site dizia da dificuldade de ganhar a confiança desses gatos fofos e também do quão enérgico eles costumavam ser. Olhei Mimmy e vi que ela era um pouco diferente com relação ao enérgico, além de parecer ser abusada quanto ao fedor. Imagino quantas outras coisas ela já viveu antes de ser uma gata de rua, ou se sempre fora assim. Terminada a comilança, era hora de seguir. Paguei todo o lanche e pedi um saquinho com biscoitinhos para pokémon, no qual li ter 20 unidades e serem bem nutritivos. Com tudo pago, segui em direção à rua da Regeneração, onde procuraria o escritório ao lado do Nokori Hotel.

Estava subindo a rua de frente ao Kazumi Hotel, quando dei conta de que estava sujo e, se o escritório era exigente, não seria legal aparecer sujo e meus pokémon também. Era hora de um banho em todos nós. Foi aí que fiquei pensando "E se eles pedirem uma performance com meus pokémon? Preciso ensaiar com eles antes de ir até lá!". Com isso, segui até a lateral do Teatro Circense e tirei alguns CDs da mochila, aproximando-os de Pollaree.

- Meu amigo, chegou sua vez de conhecer seus mais novos movimentos. Vamos usá-los?

Agora era a hora de um treinamento para uma atuação livre. Olhei para Mimmy e pedi que colaborasse comigo e com Pollaree, para que nossa atuação fosse boa. Os dois tinham uma boa relação, Mimmy oarecia confiar na borboleta e Pollaree era amigo de todos aqueles que fossem meus amigos. Talvez algo bom saísse da combinação dos dois.

- Muito bem, Mimmy e Pollaree, hora do show!!

O treino era simples, primeiramente Pollaree precisava de um bom controle do Psychic dele para que pudesse controlar o Swift de Mimmy. A ideia era que, assim que Mimmy lançasse o Swift para o alto, Pollaree o controlaria para que as estrelas os contornassem em espiral e Mimmy os destruísse com uma sequência de Tackles feitas com a cauda, já que Skittys tinham um bom domínio dos movimentos caudais. O primeiro problema enfrentado foi o péssimo domínio do Pollaree com o Psychic, o que acabou fazendo com que Mimmy usasse o Protect diversas vezes para proteger pessoas que passassem. Pollaree pareceu ficar triste por ter um poder tão forte e não saber controlá-lo, mas Mimmy o encorajou diversas vezes, mesmo odiando ter que correr pra defender transeuntes. O tempo ia passando e Pollaree foi ganhando mais domínio sobre o Psychic e, depois de umas horas de treino, conseguimos concluir as primeiras partes do treinamento. Não tínhamos som algum, mas acabei fazendo a performance toda cantada, o que era difícil já que eu não controlava muito bem minha respiração ainda, mas faria a tentativa. Pollaree e Mimmy eram bons parceiros e a agilidade de Mimmy devido aos anos nas ruas eram perceptíveis, ela movia-se com graça e destreza, lembrando um pouco a independência de Sentury.

- Muito bem, pessoal, essa é a última e vai ser valendo agora! Vamos nessa! - recolhi os dois para suas pokébolas e limpei o suor do rosto e pego a argola pequena que está comigo.

Performance escreveu:Pollaree e Mimmy saem simultaneamente de suas pokébolas. Pollaree voa em círculos sobre nossas cabeças e Mimmy e eu olhamos com alegria para a borboleta e eu começo a cantar.

Assim que eu começo a cantar, Mimmy, que está ao meu lado, libera o Swift e Pollaree o controla com o Psychic. As estrelas douradas giram ao nosso redor, levanto a argola e Pollaree conduz todas elas para que passem enfileiradas dentro da argola, levando todas as estrelas para girarem apenas ao redor da borboleta que está sobre nossas cabeças. Mimmy chama a atenção com uma sequência fofa de Tail Whip ao meu redor e pula por dentro da argola três vezes e se afasta um pouco. Pollaree mais uma vez conduz as estrelas pela argola, enfileiradas e ao encontro da rosada que aguarda, ansiosa, com a cauda brilhando em um poderoso Tackle. As estrelas são destruídas tanto pelos Tackles, quanto pelo poder psíquico da borboleta. Depois que todas as estrelas são destruídas, estou na segunda parte da música.

"I wanna see you brave
I just wanna see you
I just wanna see you
Just wanna see you be brave"

Mimmy pula mais três vezes pela argola enquanto Pollaree faz acrobacias no ar, incrivelmente bem.

"Why don't you tell'em the truth?"

Pra finalizar, Pollaree voa mais alto e uma esfera esverdeada formasse na sua frente e vai ganhando forma e brilho. Mimmy fica ao meu lado e ergue o Protect na mesma hora que Pollaree lança a esfera esverdeada, que explode ao entrar em contato com o Protect de Mimmy e espalha um brilho esverdeado, com tons de roxo, ao redor. Pollaree pousa ao meu lado e agradecemos ao público, ao mesmo tempo que eu finalizo a música.

- Bem, agora só falta eu ter aulas de canto pra segurar o fôlego.

Sorrindo, sigo com os dois para o Kazumi Hotel. Um bom banho nos esperava para seguirmos até o escritório.

Enquanto os monstrinhos comiam, Emme lia algumas coisas sobre os skittys. O jovem aprendia um pouco mais sobre a personalidade e comportamento dos felinos para poder cuidar melhor de Mimmy. Enquanto se perdia em pensamentos imaginando como era a vida da felina antes de ser capturada, Mimmy e Pollaree conversavam amigavelmente e terminavam seus lanches. Com o pequeno lanche da tarde encerrado, Emme se dirigiu ao balcão para pagar a conta e aproveitou e comprou um pacotinho de biscoitinhos para viagem.

Lanche ________ -50 Pk$

Com a conta acertada, Emme seguia para o escritório onde conseguiria indicações para emprego. Os dois pokémons seguiam caminhando lado a lado e Pollaree já aparentava estar bem melhor. Durante um caminho, o stylist se autoavaliou. O jovem se sentia sujo e despreparado caso exigissem uma performance. Isso fez o jovem mudar sua rota e virar em um beco próximo ao teatro. Ali, ensinou alguns golpes novos a Pollaree e Mimmy e logo preparou um ensaio.

A ideia base era o uso do Psychic de Pollaree e o Swift e o Tackle de Mimmy. Inicialmente, a borboleta tinha dificuldade em controlar o uso do Psychic. A tentativa de usar Tackle nas estrelas era um pouco frustrada já que elas eram lançadas para longe devido ao impacto obrigando Mimmy correr com o Protect para impedir pedestres de se machucarem. A felina mudou a tática para a cauda, mas, com a falta de um golpe que fortalecesse a cauda, ela somente lançava as estrelas ao chão fazendo-as se quebrarem e levantarem uma fina poeira amarela brilhante que logo desaparecia. Com o passar do tempo, o controle do Psychic também era aprimorado deixando Pollaree satisfeito.

Com o treinamento finalizado, todos estavam executando bem seus papéis apesar de não ser o que fora pensado pelo stylist. Cansado, suado e sentindo sua garganta um pouquinho dolorida, Emme decidiu retornar para o hotel.

A caminhada até o hotel não fora longa, mas deu tempo suficiente para que eu me perdesse em pensamentos envolvendo Roy e Emily. Pollaree estava exausto e logo o recolhi para sua pokébola. Logo que se encontrou sozinha comigo, Mimmy não contou conversa e exigiu ser retornada para sua esfera bicolor. Com as duas pokébolas em mãos eu percebi que uma boa dupla estava formada, mas a gatinha iria dar trabalho devido ao seu comportamento. Pensei em Blazy e em como ela estaria agora, depois de descansada do treinamento com a gata. Talvez fosse melhor liberá-la em um local mais fechado.

O Kazumi Hotel era confortável e muito bem iluminado, o luxo era moderado e isso me agradava. Eu sentia falta de certo conforto desde que saí de casa para iniciar essa aventura em busca de minha mãe, tendo esperanças de que ela ainda estaria viva e esperando por mim. Pelo menos era nisso em que eu acreditava. Porém, mesmo querendo ter o luxo de volta em minha vida, era a simplicidade de Jorvet e de minha estadia lá que dominava meu coração. Aqueles momentos com Roy, a corrida pela vila debaixo de chuva, o lual, o banho juntos, a praia e todo seu esplendor... Tudo aquilo me fazia enrubescer e acelerava meu coração, mas a imagem de um Roy frio e obscuro, como eu havia visto na rota 3, me deu calafrios. Balancei a cabeça e decidi não pensar mais nele, agora era hora de focar na minha vida como Stylist e aproveitar a vinda de uma parceira um pouco mais experiente que eu.

Emily fora uma surpresa, não gostava dela no início nem de sua aproximação com Roy, mas ela revelou-se uma ótima companheira e eu poderia cogitar chamá-la de amiga. Os ciúmes com Roy deveriam ser controlados, afinal eu não tinha nada com ele, não é mesmo? Nem o conhecia direito e disso eu tinha certeza. Subi até o quarto e fui direto para o banheiro, estava realmente precisando de um banho, assim como meus pokémon. Primeiro limpei Mimmy com um pano umedecido com água morna, seria um banho bem parecido com o de Blazy. A gata não protestava, mas preferia limpar-se naturalmente como qualquer gato e logo a retornei, liberando Pollaree em seguida e limpando-o da mesma forma que a gata. Pollaree era uma borboleta com asas bem resistentes à água e ele adorava sentir a água escorrer por seu pelo. Sentury veio em seguida e preferiu tomar banho de ducha, sozinho e, enquanto o explorador se banhava, liberei Blazy.

A fire estava desconfiada, olhou-me fixamente e enrubesceu. Parecia estar envergonhada e com medo, assim como eu. Algo estava mudando em minha pequena Blazy e eu era incapaz de perceber o que era assim como ela não sabia me dizer nada.

- O que estiver acontecendo, vamos superar, não é mesmo? Não se preocupe.

Fiz um carinho com o pano quentinho e Blazy sorriu. Concluído os banhos, tomei uma ducha gelada e saí já trocado para o quarto. Esperava encontrar Emily e Roy, e juntos sairíamos para Chermont, já que eu precisava ir até o escritório e Emily seria uma ótima companhia. Além disso, precisaríamos treinar, algo estava mudando em Shinki e precisávamos estar prontos.