Twister City: O Início Promissor

Albino's POV

Subo as escadas da estação de trem com o rosto erguido e o olhar confiante. A luz do sol se reflete em meus olhos e eles brilham por um instante, assim como minha bela katana. Sinto que as pessoas ao meu redor me observam, também como não olhar? Meu look básico causa essa reação e devo estar intimador com esta arma sobre os ombros. No entanto, não perco tempo admirando esses reles mortais. Preciso encontrar meu caminho e, para isso, preciso encontrar os Apocalipses. Mas antes, o selfie para guardar esse começo tão mágico de minha história.

- Alô? - Digo no celular após seu segundo toque, me perguntando mentalmente quem interromperia meu renascer esplendoroso. - Sim, mamãe, eu lembrei de colocar as cuecas extras que você separou. Também peguei alguns biscoitos... Não, mamãe, ainda estou na estação de trem. Como assim por quê? Todo mundo começa na estação de Trem!

Demoro alguns minutos para explicar a situação para mamãe. Ela está apreensiva, acreditando que nunca mais irá me ver. Uma realidade mamãe, acostume-se. Seu filhote deixa o ninho para desbravar o mundo e dominá-lo como o mais perigoso e poderoso membro da gangue mais temida e falada. Involuntariamente, começo a rir descontroladamente de meus pensamentos.

A Realidade

Sem deixar a cidade natal, Albino foi até a estação de trem e aguardou até um destes chegar na cidade. Encenando estar em frente uma das portas, aguardou os civis descerem para, somente então, fingir que também descia em um destino novo. Sua convicção de que merecia o mesmo começo de todos aqueles que partem em viagem apesar de não ter dinheiro para sair de Twister.

Do lado de fora da estação, o aspirante à Apocalipse acreditava ter uma imagem intimidadora, mas era completamente ignorado. Sua katana de plástico e claramente remendada não ganhava atenção ou amedrontava nem mesmo das crianças. Quando o celular tocou, o homem conversou com sua mãe, prometendo que não comeria os biscoitos no lugar do almoço e prometendo também escrever muitas cartas e enviar muitas fotos, para que ela soubesse que seu bebê estava bem.

O começo não parecia tão esplendoroso para quem visse e ninguém jamais imaginaria o que se passara na cabeça do careca que ria freneticamente, com uma espada de plástico barata e um pequeno arcanine de pelúcia preso na cintura. Em sua mente, as expressões divertidas se tornavam medo de seu riso supostamente perigoso.

O aspirante a gangster, com sua visão distorcida do mundo, fingia descer do trem e chegar num local totalmente novo. Acreditava que devia começar da mesma forma que todos, embora não tivesse saído de sua cidade natal devido ao pouco dinheiro que havia levado consigo.

Do lado de fora da estação, o homem acreditava intimidar as pessoas, mas em realidade ele era totalmente ignorado. Sua “arma” não intimidava nem mesmo uma criança. No entanto, suas divagações foram interrompidas pelo toque de seu celular, recebendo uma chamada de sua mãe. A mais velha estando preocupada, fazendo seu filho prometer escrever e mandar algumas fotos, querendo ter a certeza de que ele estava bem, embora o questionasse o motivo de estar na estação.

Após alguns instantes de reflexão, em que a expressão do homem era séria, a gargalhada reinou. Algumas pessoas encaravam confusas, tentando imaginar o que um homem com uma espada de plástico remendada e um Arcanine de pelúcia estaria rindo. Era estranho. Alguns reviravam os olhos, claramente acreditando se tratar de algum maluco, antes de retomar seu caminho.

Uma jovem, de aproximadamente 22 anos, saia da estação. Os cabelos longos e negros, possuindo as pontas aneladas, esvoaçavam com a brisa. Os olhos verdes analisavam o mapa. O corpo bem modelado coberto pelo vestido branco. Ao seu lado um lindo Wartortle, bem como um pequeno Chespin. Uma Beautifly parecia um grande enfeite em sua cabeça.

Albino's POV

Opa, opa, opa... Meu batsinal está me mandando um alerta! É hora de parar de rir! Uma dama precisa de mim! E ela é uma beldade! Quem liga para a traidora da Cassandra? Ainda mais quando se tem uma deusa com Beautifly de presilha saindo da estação de trem e claramente perdida? Tecnicamente eu sou da cidade... Mas, para o recomeço, devo esquecer esse fator. Mas isso também não me impede de querer ajudá-la, não? Não resisto a soltar um risinho baixo enquanto penso que ela não terá chances. Albino Montez ataca novamente!

- Olá.

Haha! Cantada perfeita! Ainda mais com meu beicinho da sedução! Ela já é minha! Sinto todo seu corpo reagir de encantamento perante meu charme único! Isso certamente é um sinal de que estou onde deveria estar! Ser Apocalipse é maravilhoso! Minha vida já mudou para melhor só por querer entrar na gangue, imagine o que vai acontecer quando eu for o membro mais famoso? Nem serei capaz de lidar com tanta conspiração a meu favor.

Mentira... Vou ser capaz de viver com isso sim...

- Notei que está perdida... Quem sabe, eu não possa ajudá-la? - Digo ronronando ao final, meio que miando, sabe? Aquele ruau, como quem diz eu vou te pegar, entendeu né? Em resumo: ela não resistiu e está se desmanchando. Que fofinha.

Realidade

A pobre moça, após ser abordada por Albino, recuou um passo, claramente apertando o mapa. O aspirante, no entanto, não percebeu o passo e seguiu se aproximando. Enquanto o careca evidentemente invadia o espaço da morena com o seu beicinho da sedução, acreditava estar sendo muito bem sucedido na conquista, já se esquecendo de seu suposto último amor: Cassandra.

A morena, por sua vez, parecia não ter para onde fugir, já que Albino se inclinava sobre ela eliminando qualquer alternativa. A cantada se resumia a um oi incrivelmente fraco. Outras pessoas mirava a jovem com pena, ainda mais quando o aspirante a cadete começava a piscar os olhos rapidamente, tentando se tornar ainda mais encantador.

A morena ficava confusa com o que acontecia. Num momento, olhava o mapa e analisava a localização da arena, imaginando o que iria enfrentar e rezando para que a sorte estivesse a seu favor. No outro, um homem careca a abordava e invadia seu espaço, o que a fez recuar um passo e se encolher, não evitando amassar um pouco o mapa devido a pressão de seus dedos na folha.

A pobre mulher gaguejava, tentando formular uma desculpa para se afastar, sem muito êxito e sentindo-se cercada, como se as rotas de fuga fossem bloqueadas antes que a morena pudesse visualizá-las. Albino já havia esquecido por completo seu antigo “amor”. As pessoas miravam a pobre moça com pena.

A borboleta começava a se irritar com a aproximação do homem. Sua mestra tinha mais o que fazer. Irritada, a Pokémon inseto usou String Shot em Albino, enrolando por completo a cabeça do homem, deixando apenas as orelhas visíveis. A morena aproveitou a deixa e saiu correndo, deixando apenas uma trilha de pó para trás. Wartortle a seguindo na mesma velocidade. Chespin foi mais lento, acenando para Albino em uma despedida, antes de se juntar a corrida e sumir de vista com sua mestra e a tartaruga.

Albino's POV

Criaturinha tímida não?

Se não fosse aquele Beautifly bobo eu a teria seduzido em dois tempos. Já podia sentir as barreiras da bela dama se desfazendo. Ela estava há um passo de cair em meus braços completamente apaixonada. Mas não tema meu amor, assim que me tornar o maior apocalipse de todos os tempos, retornarei para você e poderemos terminar de escrever nossa doce história.

Antes só preciso me livrar dessa teia... Nada que um ou dois golpes de minha bela espada não resolvem e voilà, estou livre. Eu sou muito bom com isso. Puro charme e elegância, além de eficiência.

Agora, mais uma vez livre, preciso achar o ponto de recrutamento dos Apocalipses. As pessoas já devem até perceber que me tornarei um homem muito poderoso e perigoso, pois me olham com o canto dos olhos, possivelmente acreditando que não estou percebendo. Pobres criaturas. Vão padecer sob meu poder.

Rindo, sigo meu caminho com a katana sobre meu ombro, a imagem de um vencedor confiante.

A Realidade

Após cerca de meia hora esperneando para se livrar da teia, intercalados com momentos de choro e corridas inúteis, Albino finalmente estava parcialmente solto. Pedaços da seda ainda se prendiam em sua roupa, além de serem a única coisa que mantinha a espada de plástico "inteira". Uma parte da "poderosa" arma estava pendurada pelos fios do String Shot e claramente necessitava de mais durex para ser remendada.

Conforme andava em busca do ponto de recrutamento, Albino refletia sobre sua mais nova paixão, rindo ao pensar no poder que pretendia adquirir. Metade da espada apoiada no ombro, a outra metade pendurada a suas costas pelo String Shot. Fios da seda em sua roupa... Diversas eram as razões para que as pessoas o mirassem, fossem por não acreditar na cena ou por pena pelas condições do Montez. Este, no entanto, acreditava que os estranhos pressentiam seu futuro supostamente glorioso e passavam a temê-lo antecipadamente.

A visão distorcida de Albino o fazia crer que a mulher, ainda de nome desconhecido, estava totalmente apaixonada. Assim que se tornasse um Apocalipse temido, o careca fazia promessa (ou ameaça) de que iria voltar a assombrar a morena. No entanto, agora tinha outra coisa para se preocupar: a teia grudenta da Pokémon borboleta.

O homem gritava e chorava, tentando arrancar a teia pegajosa, levando mais de meia hora para conseguir se soltar parcialmente. Ainda havia teias em sua roupa e parte em sua careca, como se fosse algumas mechas pegajosas de cabelo. A espada partida, com uma das partes penduradas nos fios esbranquiçados. Uma visão lastimável que despertava pena, mas ao ver do futuro Apocalipse, despertava medo das pessoas.

Albino refletia sobre diversas coisas, desde o ponto de recrutamento, ao seu novo amor, e sobre o poder que iria obter. Sem um destino pré-determinado, o homem parecia caminhar de forma aleatória pelas ruas, passando diante da Igreja Universal de Arceus no exato momento em que a responsável pelo local varria as escadas, tirando a areia do deserto trazida pelo vento.

A mulher era baixinha, os cabelos rosados e curtos presos com alguns laços. Os olhos verde-esmeralda observavam algumas vezes o céu de forma distraída. As feições meigas davam um ar ainda mais delicado a jovem de 21 anos. A seguidora acariciava a cabeça de um Natu, quando este pousou em seu ombro, oferecendo um sorriso incrivelmente doce.

Albino's POV

Caminho pelas ruas de Twister, passando por inúmeros cassinos e lojas convidativas. As pessoas evitam cruzar o meu caminho, aparentemente temendo algum contato com esse ser fantástico que eu sou. É saudável para elas. Afinal me tornarei um homem que será sinônimo de poder e caos.

Quando penso em começar a rir novamente, prevendo meu futuro glorioso, percebo algo que atrai meus olhos como um grande imã. Arceus, você deve ser real e deve ter um belo humor, afinal somente isso justifica a belezura em frente à igreja. Não posso resistir a um chamado do amor quando ele é tão desesperado assim. Minha paixão que carrega Beautiflys intrometidas na cabeça, eu lamento, meu coração acabou de ser roubado por um anjo com um Natu no ombro.

Rapidamente me aproximo e, com um movimento fluído, a puxo para meus braços, fazendo-a cair sobre meu braço esquerdo enquanto lhe entrego uma rosa com a mão direita. O beicinho da sedução terminando o trabalho de conquistar eternamente aquele coração que até então perdia seu tempo com o Sagrado Pokémon.

- Olá?

Realidade

A religiosa sentia o braço sob si tremer e pressentia a queda que, inevitavelmente, surgiu. O estranho a cima de si, no entanto, parecia convencido de que até mesmo a queda fora provocada por uma força do destino que os queria ver juntos. Natu observava da escada, tentando entender o que estava acontecendo. Contudo, quando Albino fez menção ao fracasso de Arceus e a selarem seu amor perante o grande destruidor, o pássaro começou a se incomodar.

Novamente, o homem com visão distorcida do mundo, esquecia seu suposto “amor” ao encontrar uma nova garota. A religiosa diante da igreja parecia ser uma demonstração do senso de humor do Pokémon Sagrado, atraindo o careca que seguia prontamente ao “chamado do amor”.

A garota de cabelos rosados ficava surpresa, confusa e acanhada com o que acontecia. Um estranho a puxava, o que ocasionava na queda de ambos e agora a jovem tinha dificuldades de respirar com o peso do outro, que fazia uma cara estranha. Para a situação ficar ainda mais estranha, ele falava de algum grande destruidor, de selarem seu amor perante a ele, além de ofender Arceus. Ester não podia estar mais confusa.

-Não respiro...

Ela murmurava, esperando que ele entendesse que o peso era demais e, desta forma, saísse de cima de si e a permitisse tomar fôlego mais uma vez. Natu começava a ficar incomodado, se aproximando e piando, avisando que aquele comportamento não era adequado.

Albino's POV

Escuto o som angelical que sai da bela boca de minha amada sob mim. A posição tão íntima poderia ser confundida por uma obra de arte por olhares curiosos. Falando neles, percebo que as pessoas começam a nos mirar com interesse. Bando de enxeridos... Não sabem respeitar a privacidade alheia não? Nem o Natu dela parece nos deixar desfrutar de nosso momento mágico, mas simplesmente o ignoro.

- Sei como se sente querida. Também estou emocionado.

É verdade. Meu coração também bate tão rápido que até parece que estou ficando sem ar. O amor é lindo demais e este momento não poderia ser mais mágico. Cedendo aos apelos do amor, fecho meus olhos e começo a me aproximar da jovem que se acomoda abaixo de mim. Um beijo apaixonado deverá ser o suficiente para acalmar nossos ansiosos corações.

Realidade

As pessoas se perguntavam se deveriam ajudar a Seguidora a se soltar do estranho que caíra em cima de si. A pobre mulher começava a ficar roxa pela falta de ar e se debatia de forma incessante. Quando Albino então resolveu beijar-lhe, o debate se intensificou. Natu, cansado de ser ignorado e sem querer ver sua senhora ser beijada, voou entre eles e, sem querer, recebeu o beijo no lugar da mulher.

Albino logo pulou para longe, com a língua de fora e indignado. O careca tentava falar algo, porém com a língua caída para fora da boca, as palavras eram indistinguíveis. A Seguidora finalmente podia respirar com calma e podia assistir a seu pokémon limpar o bico e começar a bicar o aspirante a Apocalipse.

Albino compreendia de forma totalmente errada as palavras da religiosa, que se debatia e tentava se livrar do excesso de peso sobre si. As pessoas se juntavam e olhavam, imaginando se deviam ou não ajudar a mulher, a conversa se intensificando quando o homem tentou beijar a religiosa.

A rosada claramente ficava em pânico, mas Natu a salvava e recebia o beijo em seu lugar. Beijar a ave foi o suficiente para que Albino saltasse para longe. O “casal” tentava desesperadamente se livrar da sensação do momento que passaram. O psíquico começava a punir o careca, bicando a cabeça do mesmo inúmeras vezes, enquanto Ester sentava-se e respirava com alivio, aproveitando o ar que preenchia seus pulmões.

Após algumas muitas bicadas, o voador se afastava e pousava na cabeça da religiosa, que agradecia a Arceus e ao Pokémon, antes dele usar Teleport e levar a mulher para longe do campo de visão de Albino. As pessoas murmuravam, felizes pela jovem ter escapado. Algumas civis, como se temessem passar pela mesma coisa que a Seguidora, se afastavam rapidamente do local.

Albino's POV

Sinto meu coração se partir enquanto vejo minha musa desaparecer perante meus olhos. Esse pássaro enciumado e possessivo a levou de mim. Permito a meu corpo cair no chão, desolado e partido, mergulhado em dor. Como poderei superar esta perda? O que será de meu futuro agora? Lágrimas silenciosas deslizam por meu rosto perfeito enquanto uma música emana de minha boca, verbalizando o sofrimento de meu coração. Ninguém se aproxima. Essa cidade tão fria e solitária. Sofro sozinho e na minha solidão.

Ainda com lágrimas nos olhos, me ergo com dificuldades e sigo meu caminho. Preciso superar essa perda. Preciso me tornar um Apocalipse logo para poder ir atrás de minha amada, tão cruelmente arrancada de mim. Me aguarde Natu, isso não ficará barato. Você pagará por ter arrancado um pedaço de meu coração que jamais poderá ser preenchido por outra pessoa.

Realidade

Após cerca de dez minutos rolando no chão e berrando como uma criança mimada, Albino se erguia e voltava a andar em busca do centro de recrutamento dos Apocalipses. O careca cantava uma música incrivelmente brega, acreditando estar entoando uma belíssima melodia que descrevia seus sentimentos após ter um amor roubado brutalmente. As teias de Beautifly ainda presentes em sua roupa. O rosto completamente encharcado pelas lágrimas, no entanto ele acreditava ser o mais belo retrato da dor.

O homem berrava e chorava, como se fosse uma criança mimada que teve um desejo negado, passando a fazer birra para tentar ter o que quer. O homem lamentava, desejando sua “amada” de volta, imaginando ser impossível superar a perda e fazendo juras de vingança, não aceitando ter seu amor levado pela ave psíquica.

A música brega, aos ouvidos de Albino, era belíssima e dizia bem seu sofrimento. O rosto encharcado pelas lágrimas, as teias penduradas em sua cabeça e roupa, o homem estava deplorável. Albino seguia seu caminho, mantendo o ar sofrido.

Após alguns instantes de caminhada, em que o homem ainda choramingava, passou diante de um dos diversos cassinos. Várias pessoas entravam, todas com alguma fantasia. Uma delas chamava a atenção, usando vestes curtas, botas longas e chapéu de bruxa. O cabelo roxo, num corte curto, estava levemente bagunçado, os olhos castanhos estavam observando o céu enquanto a mulher respirava profundamente e se abanava.

Albino's POV

Quando estava prestes a acreditar que jamais poderia reconstruir meu coração, Arceus, ou talvez Giratina, me prova que eu estava errado. Em frente de um cassino, percebo um grupo de pessoas se preparando para entrar em um cassino, todas fantasiadas. Nenhuma dessas fantasias é tão boa quanto a minha de Shinigami, mas uma em particular chama minha atenção, uma bruxinha...

- Alto lá, você está presa!

Minha frase dita de forma imponente e autoritária ganha a atenção de todos, o que não poderia ser diferente: pessoas se curvam perante o poder. E se tem algo que eu sei que emano é poder. Sou bom demais minha gente! A melhor parte é ter a atenção da bruxinha só para mim. Ela é sem dúvidas uma ladra que roubou meu coração.

- Mas não se preocupe minha cara. - Digo tentando acalmá-la. Ela me mira claramente confusa, mas logo mudarei esse olhar para o mais puro e doce amor. - Ter lançado o feitiço para consertar meu coração reduz a pena por tê-lo roubado logo em seguida. Talvez eu só te condene à eternidade ao meu lado, o que me diz? - Digo me ajoelhando a sua frente, segurando sua mão e fazendo o beicinho da sedução. Não tem como ela resistir!

Albino continuava depressivo, pelo menos até encontrar outra bela mulher. Seu antigo amor já esquecido, junto com a mulher de cabelos negros com a Beautifly e Cassandra. As pessoas com fantasias perfeitas, bem feitas e provavelmente feitas sob medida, se destacavam. Montez, em sua visão distorcida, acreditava que sua fantasia de Shinigami era melhor que qualquer uma, mas isso não era importante no momento.

O futuro gangster chamava a atenção, acreditando impor alguma autoridade, mas as pessoas o miravam apenas confusas, tentando saber o que ele queria. A mulher fantasiada de bruxinha era a mais confusa de todos, franzindo a fronte e inclinando a cabeça de leve para o lado, tentando saber o que o careca queria dizer.

Albino continuava falando, se ajoelhando diante da mulher e fazendo o beicinho da sedução, acreditando ter conquistado a bruxinha. Alguns homens faziam apostas, enquanto outros faziam uma careta ao pensar o que o rapaz sofreria. A mulher de cabelos roxos sorriu de forma amável, antes de apertar os dedos de Albino com muita força.

-A eternidade pode durar bem menos do que se imagina...

O tom era ameaçador. A bruxinha, aparentemente lutadora, soltava os dedos já doloridos do careca, estralando os dedos e parecendo se preparar para socar algo, muito provavelmente a face de Montez.

-Muito bem querido, vou contar até 10 e se não quiser apanhar, melhor sumir daqui antes que eu termine.

A bruxinha terminava de falar, começando a contar enquanto mirava Albino.

Albino's POV

Massageio meus dedos torcidos. Minha bruxinha é nervosinha, não é? Mas é normal rosas terem seus espinhos. São flores feitas para somente um homem de verdade apreciá-las e é isso o que sou. Vejo ao fundo alguns homens trocando dinheiro e meu orgulho se manifesta. Se eles acham que não vou conquistar essa bela dama, estão muito enganados.

- Não precisa se ocultar por baixo de tamanha agressividade minha flor. Eu posso ver a dama em seu interior por seus belos olhos.

Agora ela vai se desmanchar. Ergo meus dedos e começo a aproximá-los do rosto de meu anjinho disfarçado de bruxinha na intenção de afastar uma de suas mechas de cabelo. Será uma bela cena. Ela irá perceber que eu a amo de verdade e se entregará aos meus braços, então ficaremos juntos para sempre e iremos embora abraçados e acenando para esses bobos que acham que não conseguirei.

Albino demonstrava não ter muito amor a própria vida, comparando a mulher vestida de bruxinha a uma rosa. Seu orgulho se manifestava e o rapaz ficava decidido a conquistar a mulher que estava diante de si, desejando mostrar a todos que estavam ali que ele conseguiria.

O rapaz montava em sua cabeça a cena digna de uma novela, acreditando ter encontrado seu verdadeiro amor. A mulher, no entanto, apenas arqueava uma das sobrancelhas antes de segurar o pulso do careca e, num movimento rápido que Albino não conseguia acompanhar, jogá-lo no chão.

-Dez.

A bruxinha dizia num tom assustador, liberando de uma Pokébola um Machamp. O Pokémon lutador começou a perseguir Albino, tentando acertar o careca que havia incomodado sua mestra. Montez precisou usar toda sua velocidade para manter uma distancia mínima dos ataques de Machamp, virando numa esquina e se escondendo atrás de uma estátua. O suspiro aliviado surgindo quando o seu perseguidor passou reto, aparentemente não tendo o notado.

-Veio ajudar a limpar a estátua de Arceus?

A voz o surpreendia, se deparando com um homem de idade avançada. Ele acendia o cigarro e fumava tranquilamente, enquanto observava Albino.

- Arceus?

Limpar a estátua de Arceus? Sério que é isso que esse velhote acha que veio fazer? Depois de ter minha mão torcida, de ter de fugir de um Machamp agressivo que me impediu de ficar com meu único e verdadeiro amor, de ter meu coração destroçado e meu orgulho pisoteado, ele acha que eu quero bancar a faxineira de poleiro para pidoves? Só pode ser brincadeira.

- Não tenho interesse em Arceus! Só me interesso por uma cosia... - Digo de forma enigmática e garantindo toda a atenção do homem. É impossível ele olhar para o lado com uma alma sofrida como a minha a sua frente. - Vingança! E poder... Tá, são duas coisas... Mas se resumem em uma só... Vou fazer aquele Machamp se arrepender de ter me afastado de meu amor. Vou destruir ele e resgatar a dama que roubou meu coração, meu pequeno anjo...

Enquanto falo, escorrego até ficar sentado no chão, com as costas naquela estátua encardida e mirando o céu azul. Uma bela cena. Onde estão os pintores para eternizar tão belo quadro quando se precisa deles? Bando de desocupados. Devem estar por aí fazendo algum quadro de Arceus. Pokémon bobo... Há!

- Então senhor, não tenho interesse em lhe ajudar em sua empreitada. Possuo minhas pedras para superar e preciso buscar o poder para isso.

Albino estava incrédulo, sem acreditar que o senhor realmente perguntou aquilo. Depois de tudo o que passou e de ser afastado de seu quarto verdadeiro e único amor, além do orgulho pisoteado e coração, mais uma vez, despedaçado e "incurável", fazer faxina não estava nos planos do careca.

Montez fazia mais uma cena, agindo de forma dramática enquanto se pronunciava, fazendo juras de vingança para com o Pokémon lutador. O senhor de mais idade, no entanto, mirava Albino com pouco interesse, mantendo uma das sobrancelhas arqueadas enquanto ouvia. Um Geodude ia para o lado do monge, o olhar tedioso e depois apontando para Albino, chamando a atenção do mais velho. Sua expressão dizia claramente "Me joga na cabeça dele, juro que digo que foi um acidente pra quem perguntar.".

O religioso se abaixava, ficando com o rosto no mesmo nível do visitante e soprando a fumaça do cigarro na cara do careca, sem parecer envergonhado ou arrependido de tal ato.

-Já vi diversas coisas estranhas, mas você está no topo da lista. - Ele dizia, voltando a colocar o cigarro na boca e mantendo o olhar entediado, soprando novamente a fumaça mau cheirosa no rosto de Albino, caso ele começasse a fazer outra cena. - Como pretende conseguir poder?

Oras essa! Velho impertinente! Cuspindo essa fumaça mal cheirosa e nojenta em mim enquanto abro meu sincero coração para ele! Que falta de consideração! Ainda por cima faz isso de novo quando vou abrir a boca para falar! Quem ele pensa que é para me chamar de coisa estranha? Eu serei o homem mais temido de Shinki! Esse mundo irá tremer sob minha ira!

Me perco em risadas de meu plano brilhante, tossidas por causa da fumaça mal cheirosa e lágrimas devido a irritação que meus olhos estão sentido. No entanto tudo isso fica para trás. Ele quer saber como vou conseguir meu poder? Virando apocalipse meu caro. É óbvio. Como mais alguém poderia se tornar poderoso? Também é óbvio que não digo isso para ele, afinal só um doido denunciaria a própria gangue e Albino Montez pode ser tudo, menos estúpido.

- Eu até poderia lhe dizer, mas seria obrigado à matá-lo depois disso.

Boa Albino! Dizendo isso com a mão no queixo, um braço cruzado na frente do corpo e os olhos fechados te faz parecer ainda mais misterioso e ameaçador. Sem falar que a caveira em sua roupa ficou bem saliente neste momento. Cena perfeita! Você agora mantém o controle da situação. Só precisa se livrar desse Geodude chato que não para de ficar tentando chamar a atenção do velho. A estrela aqui sou eu monte de pedra, vai limpar estátua de novo.

Albino ficava indignado com o comportamento do mais velho, achando uma falta de consideração. Agora fedia a cigarro, algo que sua mãe não aprovaria com certeza. A irritação do careca crescia ao ser chamado de coisa estranha, sua mente divagava e ele ria e tossia por causa da fumaça. O monge apenas o encarava, aparentemente tendo a afirmação de que o recém chegado era algo realmente estranha.

Perante a pergunta do idoso, Albino dava uma resposta "ameaçadora", tentando passar tal imagem para o homem. Acreditava ter total controle da situação. Geodude levou uma das mãos à testa, sem acreditar no que via e ouvia, até que finalmente pegou a vassoura e bateu na cabeça de Albino com o cabo. O velho não fez nada, apenas observava.

-Algo me diz que você não tem poder nem para vencer um Lillipup bebê... Mas dependendo do que pretende, acho que sei de uma pessoa que faria bom uso de indivíduos com pouca massa encefálica...

O senhor comentava, mais como quem fala consigo mesmo e ignorando o fato de Albino estar diante dele.

-Se quer poder, vá até a Academia e seja capacho dos cadetes, torcendo para ganhar um osso dos superiores e chegar ao cargo deles um dia.

Novamente o mais velho falava, agora de forma mais clara, o desdem e o gesto que fazia com sua mão, revelando que dava tanta importância para Albino quanto para um inseto.

Peraí?! Ele sugeriu mesmo que eu virasse um cadete?! Que audácia! Com quem ele acha que está falando? Naquele momento paro de disputar a vassoura com esse Geodude sem-vergonha que ousou usar um objeto tão sujo para bater em minha linda careca, para mirar aquele monge chaminé com todo meu desdém. Ele está balançando a mão no ar, mas não dou bola para isso, ainda estou pensando em minha resposta brilhante para uma sugestão tão patética.

- Cadetes?! - Ok... Desisto, vai qualquer resposta mesmo... - E você acha que eu vou aceitar ser um capacho dos cadetes?! Eu tenho meu orgulho velhote! E até mesmo os cadetes irão temer o poder que um dia eu terei! - Agora é inevitável, eu preciso rir. Estou até vendo a cena: o mundo todo pegando fogo e somente eu soberano, acima de todo o perigo como o senhor. Após alguns instantes, finalmente paro, cruzo os braços novamente e volto a falar com os olhos fechados e um tom de voz mais baixo. - Todos irão sucumbir ao caos que criarei e me temerão! - E isso é uma promessa.

Após ouvir a sugestão do mais velho, novamente, Albino ficava incrédulo. Desistia da disputa, tentando tirar a vassoura das mãos rochosas de Geodude, para mirar o suposto religioso com desdém. Tentava encontrar uma resposta brilhante, rindo após se imaginar sentado num trono digno de um rei, enquanto o mundo queimava e a bruxinha que, atualmente, era seu verdadeiro amor ao seu lado.

O velho apenas mirava o careca com desdém, novamente soprando a fumaça do cigarro no rosto do visitante. Parecia se divertir com a reação de Albino perante aquele gesto.

-Poder, caos, desprezo aos cadetes... Você planeja se juntar aos Apocalipses.

O homem dizia, enquanto encerrava o cigarro e jogava para o lado, pegando mais um do pacote quase vazio e o acendendo. Geodude começou a rir escandalosamente, não colocando muita fé em Albino.

- Você descobriu meu segredo... Serei obrigado a matá-lo agora... - Digo tentando ignorar as lágrimas e tentando controlar a tosse que aquela fumaça fedorenta provocou. Sério, qual o problema dele? Por que ele tem que soprar justo na minha cara? E por que ele tá fazendo isso de novo?

Continuo tossindo de forma descontrolada e sacudindo as mãos na frente do rosto a fim de me livrar daquele cheiro de nicotina. Vou precisar urgentemente de um banho depois dessa conversa sem sentido. E minhas roupas terão de ser lavadas no perfume, porque do contrário nunca mais terão um cheiro agradável. Também ignoro Geodude rindo de forma descontrolada e incrédula. Esse monte de pedras vai aprender sua lição quando eu voltar até este templo de quinta categoria e explodi-lo ao lado de meus pokémons. Neste momento me lembro que não possuo ainda nenhum pokémon... Talvez ameaçar o velho de morte ainda não seja a melhor das ideias... Embora eu pretenda concretizá-la em breve... Ou pelo menos fazê-lo pagar por todos os sabonetes e amaciantes que vou gastar recuperando meu perfume natural... Afinal, como conquistarei minha bela dama fedorento desse jeito?

- Mas posso poupar sua vida momentaneamente se jurar silêncio... - Digo após novamente controlar a tosse. O tom ameaçador ainda presente e meu olhar sério, demonstrando que não estou para brincadeiras.

Albino ameaçava o homem, embora ainda tossisse por causa da fumaça e seus olhos lacrimejassem. Tentava afastar toda aquela fumaça de seu rosto e sentindo a necessidade de um banho. O fedor de nicotina já presente e forte na sua roupa, já sendo imaginada a quantidade de sabão e amaciante necessários para tirar aquele odor desagradável.

O careca já planejava explodir aquele templo, junto com o Geodude, no entanto, logo recordava que não possuía Pokémon algum. Num momento de inteligência, Albino notava que ameaçar o homem não era exatamente uma boa ideia. Ainda tentava se mostrar ameaçador, que estava sério e que sua ameaça não era brincadeira. O velho não alterou sua expressão.

-Como eu disse antes: você não tem poder para cuidar de um Lillipup ainda bebê. Tenho sérias duvidas de sua capacidade de encontrar os Apocalipses, mas se mostrar alguma utilidade, talvez eu possa te ajudar...

O mais velho dizia, soando de forma mais misteriosa desta vez, aguardando a resposta do jovem diante de si.