Tape II - Fear of needles and a painful heel...

Luna Yum havia acabado de conseguir a sua licença assim como o seu Pokémon e agora tremia diante do ferimento causado pela agulha no ambulatório da Academia. Ainda não queria parar para pensar sobre como foi o teste com Cornélios, mas uma coisa era certa: a garota estava aliviada. Olhando pela janela do estabelecimento cadete, Yum percebia que a tarde passara veloz, mas ainda estava quente e o sol era convidativo por onde ela olhava. As ruas estavam movimentadas, mas a vigarista pretendia ficar ali dentro mesmo, pelo menos até a dor passar.

A jovem sentava-se em uma cadeira e quase não era acertada por um Taillow que passou ali com velocidade. A jovem decidia que não queria mais pensar em nada, mas ao ver a meia coberta de sangue, ela se preocupou. A jovem tocava o tornozelo dolorido e por isso era possível dizer que ela precisaria de ao menos um analgésico para passar a agonia, mas decidia conhecer o seu novo parceiro.

Em uma sala repleta de pessoas normais, só que mais ainda de cadetes trabalhando, a jovem abria a sua esfera na frente e logo um Piplup assumia a forma. O pinguim parecia feliz por ter sido escolhido e assim acenava e sorria para a nova mestra. Ao ser perguntado pelo nome, o Pokémon pulou de leve e pedia um apelido, afinal, não queria ser confundido com outro Piplup...

Fertuz era o nome que Luna dava para o seu Pokémon, no qual detinha de uma personalidade muito forte. O piplup inchava o peito e começava a andar de um lado para o outro, como quem exibisse o seu nome, como se fosse mais importante que as demais pessoas dali. O Piplup dava uma de orgulhoso e até se afastava da garota, arrancando alguns sorrisos dela, enquanto marchava como um rei diante do que acontecia.

Com o movimento constante da academia, a gladiadora mal via quando uma garota tropeçava em seu Pokémon e caia no chão, batendo até mesmo o queixo levemente no solo. Os cadetes fingiram não ver a cena e Fertuz parecia meio tonto com a queda em cima de si. A garota de cabelos castanhos e olhos penetrantes cor-de-mel se erguia meio chorosa e empurrava o Pokémon para longe.

Piplup, que não guardava desaforo, começava a brigar com a garota, que tentava se defender dos tapas e bicadas do Pokémon water, com mais tapas e cabeçadas. Quando Luna decidiu intervir segurando o seu Pokémon, a garota gritava diante de todos para a recém-gladiadora.

O Pokémon era seguro firmemente, embora o mesmo mexesse constantemente, a morena conseguia detê-lo, até que o pinguim percebia que não poderia se livrar, cruzava os braços e inchava as bochechas de modo que se sentisse contrariado do jeito que fora tratado. A menina de olhos de mel parecia realmente irritada pelo o que houve a resposta de Luna não a agradou muito, fazendo-a querer saltar para cima da mesma, querendo esmurra-la.

Antes mesmo da desastrada pular nos cabelos da vigarista, um cadete alto, careca de olhos negros parava a mesma e pedia boas explicações pela baderna que as duas estavam fazendo em plena academia de polícia. Algumas pessoas, talvez que foram ali para fazer o teste, mais cadetes que já estavam ao redor, paravam para poder assistir a briga. Os taillows continuavam seus trabalhos em entregar mensagens para os cadetes.

- Acontece que ela deixou o seu Piplup que não tem pudor algum aqui solto e o mesmo é um selvagem e atacou os meus pés, fazendo-me cair. – dizia a menina, apontando para Piplup, que ao ouvir a mentira, começou a ficar agitado de novo nos braços da menina. – Como vocês treinam Pokémons desse jeito? Sem disciplina alguma!

- Isso é verdade? – perguntava o careca para Luna.

Luna erguia sua sobrancelha encarando a jovem diante do Cadete careca entre as duas, desejando que ela morresse engasgada com suas palavras.

- Bem, não foi exatamente oque aconteceu, Fertuz está irritado porque ela passou sem olhar por onde anda e caiu em cima dele e por insultar um Pokémon orgulhoso igual a todo Piplup, ele reagiu aos tapas que ela deu nele. - dizia Luna, tentando controlar o pinguim em seus braços.

Erguendo a ball em uma das mãos ela tornou a colocar Piplup dentro da esfera e guardando-a no bolso do sobretudo. E passando a mão pelos cabelos e jogando os para trás e voltando sua atenção novamente para o homem alto e careca a sua frente.

- S-Senhor, não creio que um Pokémon acabou de sair acadêmia possa apresentar tal comportamento, até porque a própria acadêmia não iria entregá-lo em condições assim, estou errada, senhor? - perguntou Luna ao cadete careca.

Cada uma apresentava argumentos cabíveis para poder convencer o oficial. Embora uma usasse da mentira, o que importava era deixar o homem da lei seguro da sua decisão. Ao ver que se tratava de mais uma baixaria de gladiador, algumas pessoas voltaram para as suas atividades normais. A menina de olhos de mel parecia irritada com tudo e queria culpar o pinguim, que se mexia constantemente nos braços de Luna. Recolhendo-o, o pinguim logo sumia dando língua e puxando os olhos, em forma de careta, para a menina em sua frente.

- É o seguinte: vou deletar tudo isso que aconteceu aqui e cada uma vai para o seu lugar. A senhorita está atrasada para poder fazer o teste, então, não demore. Já você, tem Pokémon e licença! Vá e não cause problemas.

Com a decisão do homem, um cadete segurava no braço da menina escandalosa e a conduzia para o teste, enquanto outro segurava em Luna e a conduzia para fora da academia. Lá fora, diante da estátua de Persian sobre o globo, a menina reparava no movimento da rua e percebia que o sol estava tão forte quanto imaginou. O que não conseguiu imaginar era a fome que sentia no momento, depois de um longo tempo depois de fazer o teste e já começar a mancar devido a tatuagem...

Deixando a academia, Luna voltava para as ruas ensolaradas da capital. A garota andava olhando ao seu redor tudo o que acontecia, com mãos no bolso e mancando ainda. Algumas pessoas a encaravam por ser uma pessoa diferente do padrão de Nyender, outras por reparar que a morena estava mancando. Sem deixar que isso a abatesse, e se esquecendo da agulha penetrando sua pele, a vigarista voltava a sua atenção para um lugarzinho discreto.

Na avenida Mew, entre a rua Canela e Banho, a jovem se deparava com um trailer bem arrumadinho, aberto para o que seria um balcão. Algumas mesas estavam postas ao redor, redondinhas com toalhas brancas, cadeiras de madeira, outras de plásticos, algumas de ferro. Algumas pessoas comiam, enquanto um homem de cabelos grisalhos saia atendendo todos a sua voltam de forma atrapalhada.


Ao lado do trailer, um canino negro se repousava sobre um tapete felpudo e aparentemente confortável. Poochyena ficava de barriga para cima, mexendo as costas no tapete, como se tivesse coçando. As pessoas chamavam Kiga para serem atendidos, e por conta da demora, um casal saia, falando do péssimo atendimento, deixando o homem um pouco envergonhado, mas parecia que esperava já isso.

- Claro! Aqui temos os melhores preços da cidade também, querida. Tem o especial do dia, no valor de 20Pk$. Já volto.

Tropeçando em algo, mas felizmente não caindo, Kiga saia de volta para o trailer, mas antes mesmo de seguir para dentro do trailer, o dono, cozinheiro, garçom do local, função dada ao próprio Kiga, retornava para atender um cliente que chamava. Com vários papeizinhos amarelos com pedidos e lembretes pelo corpo, Kiga finalmente entrava no trailer e lá dentro começava mais uma vez a confusão, que era preparar o almoço de todos ali.

Luna ficava ali esperando, enquanto o Poochyena deitado no tapete no local saia farejando o local e aparentemente indo em direção da garota morena. O canino parava e cheirava o pé de Luna, fazendo-a retirar e revelando algum salgadinho amaçado. Poochyena pegava o salgadinho e comia e assim retornava para o seu tapete ao lado do trailer, voltando a dormir quase que profundamente, tendo o único movimento visto era a de sua barriga aumentando e diminuindo, enquanto respirava.

- Aqui está. Aproveite!

Kiga deixava a comida na mesa de Luna de forma misteriosa. A mesma não viu quando o sorridente homem aparentemente surgia do nada com o prato, não demorando muito. Quando Kiga finalmente conseguiu atender todos ao seu redor, chegavam mais gente, e os que estavam ali pareciam dispostos a pedir mais alguma coisa. Luna se deparava com o especial do dia: uma poção de batata frita, seguida de um hambúrguer enorme, cuja carne saia do pão com alface e tomate, fora um suco de frutas cítricas, no qual combinava com o calor.

Luna se deliciava com a ótima visão que estava tendo, hambúrguer, fritas, suco e sua barriga roncando mais alto.

"Comida!" - pensava ela com a boca e os olhos cheios d'água.

Enfim, seu estômago parecia satisfeito, apesar da fome monstruosa, Luna não tinha um estômago tão grande assim, por ora ela estava bem. Quando terminou de comer tudo ela se lembrou de que agora tinha mais uma boca para alimentar e talvez ele não estivesse com tanta fome quanto ela, mas mesmo assim era necessário alimentá-lo.

A jovem de cabelos grandes e negros procurou por Kiga que estava entregando pedidos e recebendo outros mais. - Hey, com licença! Será que você também teria algo para o Fertuz, meu Piplup? - enquanto ela falava, sua mão alcançava a Ball em seu bolso e ela trazia ele para fora, desta vez mais calmo. - Quer comer alguma coisa, querido? - perguntava ao pequeno pinguim, enquanto passava a mão sobre sua cabeça.

A gladiadora se deliciava com o prato especial que Kiga havia trago para ela. Embora a jovem pudesse dizer que comeria tudo de uma vez, a mesma não tinha um estômago tão grande para tão ação. Diante do delicioso prato, Luna comia tudo, mas depois se lembrava de que tinha mais uma boca para alimentar. Fertuz era o novo Pokémon da menina e ela tinha que cuidar dele como se fosse um filho agora.

Chamando o dono do restaurante, Kiga veio já com alguns pratos nas mãos e com mais papeizinhos adesivos em seu corpo. Logo ele notou o pedido da gladiadora e via o Pokémon de peito inchado em sua frente, tentando mostrar soberania e se orgulhando simplesmente por ser um Piplup. Kiga dava um sinal com a mão e ia entrar os demais pedidos, anotar mais e assim retornava para o trailer. Demorava um pouco e assim o homem saia com algo que parecia não tão apreciador.

- Aqui. Por conta da casa.

Kiga trazia em um prato um peixe cru, da metade do tamanho do Piplup. O mesmo encheu os seus olhos brilhando com o que via, enquanto Luna se afastava por não poder nem ver direito o fétido peixe. Piplup não se importou com o cheiro e começou a comer rapidamente o peixe, como se nunca tivesse sido alimentado. O Pokémon aprecia adorar o prato especial de Kiga, enquanto as demais pessoas se afastavam pelo cheiro desagradável.

Luna estava com os olhos lagrimejando já com o fedor e nem percebeu quando o pelo felpudo apareceu perto da mesa, com sua cauda enrolada no alto e com muita habilidade abocanhou a cauda do peixe e saia correndo. Piplup, embora estivesse já com a barriga cheia, detestou o que havia ocorrido. O pinguim pulou em desacordo com o que via e saia correndo atrás do Glameow ladrão, deixando Luna ainda na mesa.  

Entre ter que se afastar do odor nojento do almoço de Fertuz e não poder perder ele de vista, ambos foram surpresos com o sequestro do restante do peixe por algum outro Pokémon que também estava com você, mas o orgulho e guloso Piplup saltava da mesa e corria atrás da sombra que carregava oque havia sobrado de seu almoço na boca.

"Droga! Ele esqueceu que eu ainda estou mancando?" - pensava Luna, irritada.

Fazendo um aceno rápido para o cozinheiro grisalho em forma de agradecimento, Luna deixou o dinheiro do almoço em cima da mesa e saio ligeiramente mancando atrás de seu pokémon, torcendo para que ele não tenha feito algum besteira por ter olhos tão grandes quando seu orgulho.

- Espero que ele não me apronte nada dessa vez! - resmugou ela, mancando mais depressa.

Quando Piplup saia correndo atrás do seu almoço, que já estava quase no fim, Luna percebia que não tinha como correr atrás do Pokémon com o calcanhar ainda machucado das agulhadas da tatuagem. A jovem não teve escolha, a não ser acenar para o cozinheiro e depositar o valor do almoço na mesa. Saindo correndo e mancando, a garota entrava em disparava atrás do Pokémon e do Glameow, embora a gata fosse mais veloz do que os outros.

A relação de caça gato e pinguim começava em Nyender. Glameow tentava fugir entre os carros da rua. Fertuz ia atrás e Luna em seguida. As buzinas soaram no meio da rua. Alguns motoristas pediam para a menina sair da frente e prestar atenção no sinal. Outros eram mais grosseiros e falavam mal da garota e seus pokémons. Por sorte, nenhum cadete estava à vista o que facilitou bastante a vida da vigarista em sair atrás dos Pokémons.

Seu tornozelo protestava aos incríveis passos que davam. O sangue voltava a dá uma boa mergulhada em sangue na perna e ao ver tudo isso a jovem não pode fazer muita coisa a não ser parar para descansar antes que pegasse uma infecção. Quando voltou a caminhar, entrava em um beco onde Glameow e Piplup se encontrava. Na boca do felino, o pedaço do peixe com boa parte das barbatanas da cauda para fora, onde o bico do pinguim tentava puxar de fora da boca da gata. Um verdadeiro cabo de guerra decidiria o destino do peixe.

A briga pelo peixe continuava no meio do beco escuro. De um lado, paredes altas de tijolos visíveis e um chão de terra batida estendiam-se pelo corredor, enquanto o olhar da morena pairava sobre os dois. Contêineres de lixo eram os únicos objetos de “enfeite” no local e a pouca luminosidade era incrível, embora tivesse alguns feixes de luz que pairavam sobre o solo. Luna repreendia o seu Pokémon guloso e orgulhoso, afinal, ela tinha alimentado o pequeno pinguim e não tinha motivos para a briga.

Mas, como os dois ainda brigavam, a morena mostrava o calcanhar repleto de sangue e quando Fertuz percebeu, desconcentrou-se e escorreu, caindo em cima da gatuna e acabando dando um “selinho” na mesma, o que fez com que o peixe fosse engolido pela glameow. Fertuz saltou para trás tossindo e tentando limpar a boca dele, enquanto a normal mantinha o ar de vitoriosa e sorria para o Pokémon. Luna reclamava do seu pé que sangrava um pouco e pelo visto o seu medo de agulha só tendia a se intensificar.

Embora Fertuz estivesse preocupado com sua mestra, ele estava bem zangado e emburrado com o fato de ter perdido o último pedaço do peixe, o que chegava a conclusão dele que o último pedaço era melhor. Glameow, bem feliz pelo alimento, logo passava a cauda ao redor da cabeça do pinguim, fazendo-o emburrar mais ainda e cruzar os braços. A felina era uma boa Pokémon e só queria um pouco de comida. Logo saltou para um contêiner e começou a tirar comida de lá e comer. Luna percebia que a gata estava bem magra, com alguns ossos tentando passar pelo couro peludo. Mas mesma assim, magra, a gata era bonita.

A gladiadora analisava a situação em campo e via que apesar de toda magrela, a glameow tinha pose de uma felina de raça. Piplup discordava firmemente. O Pokémon não queria mais saber da felina em sua vida, uma vez porque roubou o seu peixe, outra porque acabou beijando-a, o que deixou o pinguim em um modo bem desconfortável. Mesmo assim, Luna decidia levar a felina consigo e colocando o Pokémon no chão, ela logo viu que Glameow nem dava importância para ela ou o pinguim, voltava a procurar algo para comer, com sua cauda esticada.

Fertuz reprovou a decisão da morena em ter um Pokémon a mais na equipe. Embora Piplup pudesse se vingar da felina, o que aconteceria era que de todos os Pokémons, o pinguim parecia sentir uma mistura de raiva mais ciúmes. Mesmo assim, concentrava-se e começava uma batalha no beco. Piplup abria o berreiro, chamando a atenção de Glameow, que só fez abaixar a cabeça pelo grito do water. Glameow parecia alerta agora e Piplup retornava com sua mão na qual brilhava branco para poder deferir o golpe.

Pound era surpreendido com o ágil pulo da felina que se apoiava na parede ao lado e pegava impulso se lançando novamente contra o oponente. Fake Out se fechava na cara de Piplup e a onde de choque mandava o Pokémon para longe. Era ponto para Glameow, que montava posição de combate. Sua cauda mexia de um lado para o outro e poderia ser sua arma mortal, Luna já sabia...

Luna sentia uma emoção enquanto batalha, de tal forma que ela se parecia quando cantava para os seus pais. A timidez da garota parecia diminuir enquanto estava em batalha e diante dos oponentes em campo, a jovem tinha que driblar Glameow e ela própria. A felina mostrava-se digna de ser uma Pokémon de batalha. Seus passos leves, seu corpo propício para saltos e sua magreza. Tudo cooperava para que a gata de rua pudesse exercer vários e belos movimentos em campo, deixnado Fertuz um pouco irritado com isso.

O pinguim azulado de roupa de garçom parecia orgulhoso demais para admitir que GLameow era veloz. E realmente era! Mesmo assim, seguia as ordens da treinadora e com um grito enorme em campo aparecia ondas sonoras que estavam dispostas a deixar Glameow atordoada, mas o que acontecia era justamente o contrário. Penetrando as ondas de choque, a felina seguia para atacar o pinguim, usando suas garras para poder derrotar o Pokémon de água.

Um arranhão era deferido na cara de Piplup e o pinguim só conseguia erguer suas patinhas para tamparem a cara e tentar desviar o olhar do que via. Glameow era terrível em questão de velocidade, mas seu ataque diminuía consideravelmente com os gritos atordoantes de  Fertuz. Ainda diante do oponente, Glameow erguia suas garras novamente, pronta para usar de Scratch mais uma vez, só que Piplup conseguiu desviar do golpe e atingir Glameow nas patas traseiras, derrubando-a no chão. Devido ao fato de Glameow está bem desnutrida, o golpe foi poderoso.