Tape - VII - It's time to find you!

11h

A viagem para Nyender fora tranquila. Nolan também gostava de admirar a paisagem, mas, hora ou outra, chegava como a gladiadora estava se sentindo. Vê-la bem era reconfortante e provava que fora uma boa ideia se afastarem de Erobring e da floresta negra. O apito soava indicando a chegada à capital. Nolan ajudou a gladiadora a desembarcar e a deixou sentada em um dos bancos da estação enquanto ia buscar as bolsas. O vai-e-vem das pessoas não era nada convidativo após um “terrorismo mental”, mas era melhor que todo o caos vivido em Erobring e Kuroi Mori. O moreno se aproximou com um sorriso no rosto e as bolsas nos ombros.

― Um primo!? ― Nolan parecia um pouco surpreso ― Então que bom que viemos para cá. Mas já que você prometeu que vai cuidar de si primeiro, é melhor irmos ao hospital primeiro. Você e suas companheiras precisam de tratamento. Concorda comigo?

11h15

Luna consentiu em visitar o hospital antes de mais nada o que tirou um belo sorriso de Nolan. Os jovens deixaram a estação e encontraram as movimentadas ruas da capital. As folhas das cerejeiras se desprendiam mais facilmente no outono criando tapetes rosados em vários pontos da cidade. Nyender era um poema vivo entoando o hino da transformação. O stylist ficava admirado com a beleza da cidade, pois nunca visitara a capital no outono.

Chegando ao hospital, os jovens encontraram o ambiente característico sempre repleto de pessoas e Pokémons para tratamento. A dupla se aproximou do balcão e encontraram uma enfermeira que quase ficava ocultada por detrás das pilhas de papeis. A mulher percebeu a presença dos dois e não falou nada, apenas colocou duas fichas em branco em cima do balcão.

11h50

Com os dados inseridos devidamente na ficha, Luna procurou um lugar para sentar enquanto Nolan parecia tentar convencer a enfermeira a agilizar o processo de atendimento. Mas tudo foi sem sucesso. O jovem foi até a gladiadora com uma expressão nada feliz.

― Vamos ter que esperar.

O jovem se sentou ao lado da jovem e pegou alguma revista para passar o tempo. A matéria principal era sobre o sequestro da filha da comandante Thompson. Alguns colunistas criticavam a capacidade da mulher em proteger Nyender se nem ao menos conseguia proteger a própria família. O clima estava um pouco tenso na capital.

Após trinta minutos de espera, uma voz anunciava o nome da gladiadora. Nolan a acompanhou até o consultório médico que, para alegria da gladiadora, não era Dr. Gregory que estava ali. Todos os exames básicos foram feitos e nada de estranho surgia.

― Senhorita Luna, o máximo que os exames mostram é um desgaste físico. Tem se alimentado direito? Passou por algum estresse recentemente? ― as perguntas pareciam irônicas, mas ambos os jovens sabiam as respostas delas. Nolan tomou a dianteira e disse que estava tudo bem. O stylist queria evitar que vissem na gladiadora um objeto de estudo sobre controle mental feito por Pokémons selvagens.

Os jovens recolheram as pokébolas com a enfermeira e deixaram o hospital.

― Quer comer algo? ― Nolan tentava ao máximo deixar a jovem confortável e manter os assuntos de Erobring o mais longo possível.

Não demorou tanto quanto da última vez para que a jovem vigarista recebesse o atendimento e para evitar possíveis constrangimentos, Nolan fez a vez e informara ao Dr. Gregory que estava tudo nos conformes e recebendo alta, eles saíram do consultório e recolheram as esferas para enfim, deixar aquele lugar com cheiro estranho e cheio de gente de todo tipo.

- Nossa! Tirou as palavras da minha boca! - ela mal terminara de falar e o som do estômago avisava que o prazo de validade do café da manhã estava próximo do vencimento e o tanque de energia corporal precisava de recarga urgente. - O que teremos no cardápio de hoje? - falou ela esperançosa.

12h

Luna aceitava imediatamente o convite para um almoço. Todo o esforço físico e a viagem exigiram muito dos jovens. Nolan tomou a dianteira e guiou Luna para a rua das Árvores. A rua possuía vários restaurantes, mas o stylist a levou para um específico como se já estivera ali antes. Logo na entrada, a gladiadora percebeu que o restaurante possuía um estilo retrô que existia no tempo pré-guerra.

― Aqui é o Boogie Dance. Quando vim fazer meu teste na academia, almocei aqui. Gostei muito do lugar ― o jovem sorriu e adentrou o local sendo seguido pela jovem.

O Boogie Dance era bem chamativo com suas diversas cores alegres. Uma música tocava ao fundo bem ao estilo da época. As paredes possuíam porta-retratos pendurados mostrando algumas celebridades e objetos. As garçonetes patinavam pelo estabelecimento carregando bandejas com as refeições. As mesas faziam conjunto com pequenos sofás que pareciam bastante confortáveis. O stylist conduziu a jovem até um sofá e logo uma jovem se aproximou para pegar os pedidos.

― Que belo casal temos aqui! O que vão querer para comer? ― a jovem retirou um bloquinho do avental e ficou olhando com um largo sorriso para os dois. Luna percebeu que Nolan enrubescera, mas que tentava disfarçar.

― Bem... pode nos trazer o prato do dia. E para beber pode ser suco de abacaxi com hortelã.

A jovem anotou tudo no bloquinho e saiu patinando para a cozinha. Nolan apoio as mãos na mesa, olhou um pouco o ambiente, mas depois se voltou para Luna.

― Então... como acharemos seu primo?

12h35

Luna decidia deixar a pergunta do jovem sem resposta e se lançava em um beijo surpresa. O beijo foi retribuído e demorou alguns segundos. O toque suave entre os jovens fazia um grande contraste com tudo o que foi vivido na cidade sombria. Quando a gladiadora se afastou, Nolan estava vermelho como uma cherry berry. Ele olhou para os lados um pouco embaraçado.

A garçonete chegou repentinamente dando uma freiada com seus patins e com os pedidos em mãos. Ela olhava curiosa para Nolan, mas não comentou nada, apenas deixou a refeição e se retirou. O suco de abacaxi com hortelã estava bem gelada e possuía um sabor bem refrescante. O prato do dia era picanha de Taurus ao ponto sendo acompanhada por porções de farofa agridoce de oran berry, fava cozida ao molho suave e redução de suco de laranja. O prato era bem montado e belo de se ver. O agradável odor abria mais ainda o apetite.

12h50

Luna aprovava a bela refeição à sua frente. Sem demora, os jovens começaram a se deliciar. Muitos daqueles sabores eram novos, mas não eram uma novidade ruim. A mistura deles na boca causava uma explosão de sabores e de satisfação. Nolan também se deliciava enquanto mantinha uma expressão pensativa. Após terminarem, Luna logo se adiantou e chamou a garçonete que chegou patinando velozmente.

― Nós temos um delicioso petit-gateau que está na promoção e que é acompanhado por maravilhosos lava cookies. Aceitam?

A jovem permanecia com o bloquinho estendido olhando para a gladiadora com um largo sorriso. Numa mesa distante, era possível escutar os gritos de uma jovem que parecia reclamar de algo.

― Eu não quero, não quero isso! ― os gritos conseguiam ser mais altos que a música. A garçonete olhou na direção dos gritos e depois voltou-se para Luna com um sorriso envergonhado.

13h

Ao ouvir as reclamações da jovem, Luna recusou a sobremesa e pediu a conta. A garçonete não entendeu a mudança da jovem e se retirou. A gladiadora explicou a Nolan o motivo pelo qual recusara a sobremesa. O stylist ficou um pouco sem entender mas deu de ombros.

― Tudo bem então. Vamos em busca do Guilherme ― o jovem não parecia muito animado e até um pouco distraído. A garçonete voltou com a conta e a deixou em cima da mesa.

Conta escreveu:
Especial do dia x2 ------------------------------------------ Pk$ 80
Suco de abacaxi com hortelã x2 ---------------------------- Pk$ 20

TOTAL ----------------------------------------------------- Pk$ 100

Nolan olhou para a mesa de onde ouvira a reclamação e fez uma expressão de susto. Uma jovem loira se levantou emburrada e derrubando os pratos que estavam sobre a mesa  e começou a se dirigir para a saída. Aparentava ter uns dezesseis anos e carregava consigo uma pelúcia de Buneary.

― Senhorita! Você não pagou a conta e vai ter que arcar com as despesas do que foi quebrado! ― uma garçonete falava alto tentando chamar a atenção da jovem.

A adolescente parou na porta, se virou e sorriu para a garçonete como se nada estivesse acontecendo. Logo após, deixou o restaurante rindo de todos ali. Os clientes estavam boquiabertos e alguns já começavam a ligar para os cadetes.

13h05

Luna pagou pela refeição e deixou o restaurante com Nolan. A gladiadora ainda imaginava o que poderia ter acontecido com a jovem que saíra sem pagar e onde ela poderia estar. Mas o que mais preocupava a jovem, era a expressão um pouco estranha do stylist. Nolan, que estava um pouco distraído e quase não ouvira a jovem, se voltou para a jovem e sorriu.

--- Eu estou bem! Acho que impressão sua. Então, para onde iremos agora? Confesso que gostaria de descansar um pouco. Mas se você quiser começar as buscas sozinha, tudo bem.

O tempo começava a fechar na capital. O céu começava a ganhar tons acinzentados e o vento começava a soprar com um pouco mais de força.

13h10

Luna sabia que o jovem stylist estava cansado e precisava de repouso. Toda a agitação que ocorrera em Erobring e a viagem para a capital eram demais para o jovem que só desejava se descobrir na arte. Com uma despedida calorosa, os jovens tomaram caminhos diferentes. Nolan seguiu para o Kazumi enquanto Luna tentaria achar o primo.

A jovem gostava do tempo que anunciava uma chuva em breve. Algumas pessoas já começavam a olhar para o céu com uma expressão preocupada. Com os cabelos balançando ao sabor do vento, a jovem pensava por onde iria iniciar sua busca.

13h20

A jovem seguiu para a Avenida Rocket e chamou pela companheira felina para auxiliar nas buscas. Violeta se multiplicou e várias cópias surgiram balançando as caudas e olhando fixamente para a gladiadora. Ao ouvir o comando, as felinas se dividiram pelas ruas e becos para abarcar a maior quantidade possível de território.

A jovem caminhou um pouco pela avenida e parou em frente a um bar. As pessoas pareciam estar reunidas e conversavam sobre suposições e fofocas. Alguns comentavam sobre as mudanças em Kalled e se mostravam simpatizantes com os armagedons. Mas um assunto chamou a atenção da gladiadora, um suposto sequestro da filha da comandante Thompson.

As Violetas ainda estavam espalhadas pelas ruas e becos.

O jovem finalmente deixava a academia de polícia e todo o terror proporcionado por Cornélios. Com os pokémons feridos, o atendimento médico era urgente. Sem perder tempo e com as informações recebidas na recepção do hotel, o jovem correu o mais rápido que pode para o hospital.

O local não era muito longe dali e não foi difícil avistar logo a grande construção branca. O jovem recruta adentrou o prédio e deu logo de cara com toda a movimentação característica de um hospital. Enfermeiros passavam apressados com papeladas em mãos, médicos acompanhavam macas com pacientes sendo levadas para outros andares, doentes andavam de um lado para outro na ansiedade da espera.

Guilherme se aproximou do balcão e necessitou o socorro emergencial. A recepcionista separava alguns prontuários enquanto ouvia a rádio. A mulher olhou com uma expressão de tédio e apenas jogou uma ficha em frente a ele.

Dados pessoais

Nome: ___________________________________________________
Data de Nascimento: __/__/__
Sexo : ( ) M ( ) F
Ocupação: _________________
Motivo: ___________________________________________________

Dados do Pokémon

Nome: ____________________________________________________
Tipo: _____________________________________________________
Sexo : ( ) M ( ) F
HP: _________________________Status: _______________________

Luna ficava indignada ao ouvir a notícia/fofoca sobre o sequestro da filha comandante Thompson. Tal situação não afetava somente Angélica, mas toda a segurança de Shinki. As pessoas poderiam começar a questionar sobre a eficácia dos cadetes na capital. Mas o foco da jovem era em achar outra pessoa.

Algumas cópias de Violeta retornavam sem muito sucesso na busca. As felinas não tinham algum odor para seguir e não conheciam a aparência do jovem. Tudo ficava mais difícil. Nyender era grande e Luna precisava de alguma estratégia para filtrar as buscas.

Violeta dispersava as cópias enquanto Luna liberava Fertuz. A jovem gladiadora incentivou a dupla a continuar as buscas pelo primo. Fertuz seguiria por cima das casas e dos prédios para ganhar um campo de visão melhor enquanto Violeta continuava pela avenida.


Ao receber a ficha do mais novo cadete de Shinki, a recepcionista arregalou os olhos com espanto. A mulher se inclinou um pouco mais na direção do jovem e falou sussurrando.

― Senhor, não se preocupe. Você será o próximo a ser atendido. ― ela colocou a ficha de Navier por cima das outras e voltou a analisar os prontuários.

Guilherme era novato, mas já sentia a diferença em ser um cadete. Os privilégios eram grandes, mesmo que, às vezes, injustos. O jovem procurou um lugar para se sentar e descansar um pouco após o stress vivido na academia. Demorou uns trinta minutos e o jovem fora chamado à recepção. Uma enfermeira o aguardava com uma expressão de preocupação.

― Senhor Navier, preciso que me acompanhe.

A enfermeira guiou o recruta pelos corredores do hospital. A mulher mantinha-se em silêncio enquanto conduzia o jovem. Um pouco mais à frente, Navier viu uma placa sinalizando a entrada para o necrotério. Um calafrio subiu pela espinha do loiro, mas logo a enfermeira virou à direita levando à área da UTI. Após os procedimentos de limpeza para adentrar o local, Navier foi levado até uma cama específica. Sobre ela, a Meowth repousava usando um tubo de oxigênio. Aparelhos ligados informavam as condições vitais da felina.

― Sentimos muito em informar, mas, durante o tratamento, ela teve uma parada cardíaca. Vocês acabaram de sair da academia, não foi? Não são os primeiros a passar por isso. Ela precisa ficar em observação por enquanto. Precisamos realizar alguns exames e analisar possíveis sequelas. Mas por enquanto ela está estável. ― a voz da mulher era calma, mas era difícil para o jovem não se preocupar com a felina. ― Infelizmente, o senhor não pode ficar aqui, mas o manteremos informado. Passe na recepção para deixar seu número e recolher o seu Houndour.

Não passou nem um segundo e um grande barulho invadiu todo o lugar. O som de uma explosão. Pela intensidade, parecia ter vindo de dentro do próprio hospital. Gritos já podiam ser ouvidos e enfermeiras e médicos passavam correndo pelos corredores.