Tape - VI - The Union Of Two Hearts Against Fear...

A batalha interna de Luna continuava. O intruso em sua mente tentava dominá-la e a jovem ficava retraída tentando resistir, mas com medo. Imagens dos amigos criavam esperança de que aquela situação seria vencida. Uma terceira voz surgiu e conseguiu afugentar o intruso por ora. Kirah conseguia garantir a segurança da jovem e um pouco de paz começava a surgir.

Os olhos da jovem foram se abrindo lentamente. A claridade irritava os olhos que estiveram adormecidos por horas. Aos poucos, Luna se acostumava com o ambiente e identificava tudo ao seu redor. Era um alívio ver que Kirah estava bem. Eliza, quando percebeu que a jovem havia acordado, se levantou rapidamente e se aproximou da cama.

── Ainda bem que você acordou! ── a stylist parecia feliz, mas os sinais de cansaço eram evidentes ── Consegui colocar todos para dormir e os tirei da floresta com a ajuda de Afrodite e de meu espeon. Os irmãos estão bem e vão ser presos após se recuperarem. Diana e David estão no outro quarto com Noa e Nolan. Noa está bem, mas Nolan ainda está instável. Ele perdeu muito sangue e a possessão causada pelo Haunter pode ter deixado danos cerebrais. Os médicos estão fazendo o possível para ajuda-lo ── a jovem suspirou e fechou os olhos por alguns segundos. ── Quanto ao seu pulso, o médico não conseguiu identificar o que causou isso. Espero que desapareça logo.

Luna olhou para o pulso e viu a estranha marca. O aspecto se assemelhava a uma queimadura como se alguém houvesse cauterizado o pulso e deixado uma marca.

O laço entre Kirah e Luna se estreitava. A psíquica se mostrou muito leal e dedicada à gladiadora. A dor que sentira antes fora intensa e Luna não sabio o quão constantes elas seriam. De qualquer modo, a preocupação da jovem era com os stylists que estavam no outro quarto.

— Eu não tenho nada comigo aqui agora, mas tenho umas luvas que são a sua cara. Elas estão no hotel. Por ora, podemos resolver isso com — Eliza deu uma olhada ao redor e encontrou um pacote com gaze — isto aqui! — a jovem pegou a gaze e a usou para enrolar o pulso de Luna. — Acho que está bom! Podemos ir agora.

Eliza conduziu Luna para fora do quarto e ambas seguiram porum corredor. As duas jovens entraram em um quarto e a vigarista logo localizou Noa e Nolan deitados nas camas. Diana e David estavam sentados em um sofá conversando com Noa.

— Fico feliz por estar bem, Luna ­— David se levantou e saudou a jovem assim como Diana. Noa estava deitada na cama e acenou com a cabeça para a gladiadora. Mais à frente, Nolan parecia estar em um profundo sono. O jovem estava conectado a vários aparelhos e os batimentos cardíacos pareciam estáveis.

Ver Nolan naquele estado alimentava o sentimento de culpa na jovem. As lágrimas caíam e espalhavam a dor de Luna por todo o quarto. Eliza se aproximou e tocou o ombro da gladiadora.

— A culpa não é sua Luna.

— Eliza está certa — Noa lançou um olhar compreensivo para a jovem — Você não tem culpa das ações daqueles jovens. Pelo contrário, você nos salvou — Noa deu um leve sorriso e olhou para Nolan — Ele vai vencer isso. Nolan é forte.

Um celular tocou e David atendeu. O jovem se retirou por alguns segundos voltando logo em seguida com uma expressão nada boa.

— Eliza, infelizmente precisaremos ir — a voz do jovem transmitia um pouco de preocupação.

— O que houve?

— Café com Melodia precisa de nós.

— Você não pode resolver isso sozinho? — Eliza fez um sinal apontando com a cabeça para Luna.

— É um assunto que necessita dos dois sócios.

Eliza suspirou e lançou um olhar para a gladiadora que permanecia sentada junto a Nolan como se esperasse alguma palavra da jovem.

Eliza parecia ficar um pouco mais tranquila com a segurança que Luna transmitia e o apoio de Violeta.

— Temos tempo sim — David respondeu a pergunta da jovem com um sorriso no rosto, mas a preocupação ainda era evidente. — Também iremos ao hotel. Precisamos fazer as malas.

— Não se preocupem. Ficarei de olho nele — Noa sorriu enquanto os jovens deixavam o quarto do hospital.

O grupo deixou o hospital de Erobring e pegou um táxi para o Kazumi. Durante o caminho, Luna observou uma batalha pokémon entre duas jovens. Olhando de longe, as duas pareciam inimigas de longa data. Uma Pidgey e um Drowzee batalhavam entre si enquanto algumas pessoas fechavam as portas e janelas de suas casas.

David e Diana seguiram para o quarto deles enquanto Eliza chamou Luna para o quarto dela. A stylis abriu a mala e começou a procurar algo.

— Aqui está o par de luvas que havia prometido, mas — Eliza puxou um conjunto com a outra mão — seria um crime eu te dar essas luvas sem te dar isso junto. Elas formam um conjunto que eu acho muito bonito. Espero que goste.

Após o relaxante e merecido banho, Luna se revelou para os amigos com o novo visual. Eliza aplaudia enquanto David ficava boquiaberto. Diana pegou uma máquina da bolsa e tirou uma foto.

— Estou registrando as mudanças de visual. Esta aqui é a de número 132 — ironizou a jovem — Leve na esportiva. Estou brincando com... — David calou a namorada com um beijo enquanto Eliza pegava Luna pelo braço.

— Deixe de bobagem, Diana. Luna está linda e o visual deixa ela mais madura — Eliza ficou frente a frente com Luna e a olhou diretamente nos olhos — Se cuida viu! — a jovem abraçou a gladiadora e pegou a mala que estava encostada na parede.

— Tchau, Luna! Nos vemos em breve! — David sorriu enquanto conduzia Diana. Diana acenava para a gladiadora e apontava para a câmera fazendo um gesto com a boca que parecia ser "132".

Luna deixou o hotel e pegou um táxi para voltar ao hospital. A jovem mantinha o pensamento em Nolan e acreditava firmemente em sua recuperação. A cidade, com seu aspecto sombrio, não parecia torcer para a recuperação do jovem. Pelo contrário, Erobring parecia estar sempre de luto ou guardando alguma espécie de segredo.

A gladiadora pagou pelo táxi e adentro o hospital. A movimentação era a mesma de quando saíra. Passando pelos corredores, a jovem subiu para o andar onde ficava localizado o quarto de Nolan e Noa. Agora ela poderia ficar ali até vê-lo abrir os olhos novamente.

Luna virou o corredor e localizou o quarto. Quando passou pela porta, a jovem não podia acreditar no que estava vendo. Nolan e Noa não estavam no quarto e a cama onde o jovem estava deitado fora retirada.

Luna procurou pelos jovens, mas não os encontrou. A jovem saiu do quarto e foi à procura de alguma informação. A jovem encontrou um enfermeiro que passava pelo corredor e o indagou a respeito dos stylists.

— Não tenho informações sobre esses pacientes. Sinto muito — o homem falou com uma certa frieza e se retirou.

A jovem continuava perdida sem saber o que havia acontecido com os stylists. Luna começou a procurar pelo andar em busca de alguma informação. A gladiadora olhava em todos os quartos até que avistou ao longe a jovem de cabelos azulados. Noa percebeu que Luna se aproximava e lançou um olhar de profunda tristeza.

— Nolan — a voz da jovem falhava e transmitia toda a dor que estava sentindo — Pouco depois de vocês sairem, Nolan teve uma parada cardíaca — a jovem respirava fundo e tentava se manter calma — Ele está sendo atentido pelo Dr. Miguel, mas tem poucas chances... — lágrimas caíam do rosto da stylist enquanto ela se encostava na parede.

As palavras de Noa rasgavam o próprio coração da gladiadora. A fúria queria se manifestar, mas Luna precisava ser um porto seguro agora. A jovem se conteve e consolou a stylist. As duas permaneciam atentas a qualquer sinal vindo da sala um pouco à frente.

Duas horas se passaram. A espera era angustiante e não ter notícias piorava tudo. A essa altura, Afrodite já estava fora da pokébola para ficar ao lado da jovem. Mas, depois da intensa espera, a porta finalmente se abria.


— Noa Takigawa? — Dr. Miguel Sant surgia com uma expressão um pouco sonolenta e mirando a stylist — Terminanos o tratamento do senhor Nolan. Parece que tudo ocorreu bem, mas receio que houve danos cerebrais. Como você havia informado, o jovem foi possuído por um Haunter que pode ter causado danos internos propositadamente — o homem suspirou e começou a caminhar pelo corredor dando as costas para as jovens — Eu as aconselho a irem para casa e descansar. Sem chance dele acordar hoje — Dr. Miguel já estava longe, mas as jovens puderam ouvi-lo resmungar que precisava de um bom descanso.

Noa parecia preocupada com o que ouvira. O rosto da jovem enrubescia e os olhos estavam fixos na porta da sala de tratamento. Mais uma vez a porta abria e um enfermeiro saía com Nolan em uma maca. O jovem continuava em seu "sono tranquilo". O desejo das jovens era de alcançá-lo, mas o enfermeiro as afastou severamente. O stylist precisaria ficar de repouso.

Já passava das 13h e Luna ainda não havia comido nada.

Vendo que não adiantaria muito permanecer no hospital, Luna convidou Noa para comer. A jovem hesitou por um momento, mas terminou por aceitar o convite. As jovens deixaram o hospital e caminharam rumo ao restaurante Kiga.

Luna pediu as refeições e sentou em uma mesa com Noa. A stylist estava um pouco desconfortável, mas tentava disfarçar. O Poochyenna que sempre ficava deitado próximo ao trailer se levantou e pulou no colo da jovem. Noa sorriu e ficou acariciando o pokémon com um olhar um pouco perdido. Afrodite, que se sentara em uma cadeira também, observava o canino como se lesse os pensamentos dele.

Depois de alguns minutos, o chef Saramago se aproximou com as refeições prontas.

— Aqui estão as duas refeições. Não caprichei porque não tive tempo de sobra.

Apesar do estilo ranzinza do chef, a comida parecia estar boa. Um belo macarrão ao molho bolognesa com almôndegas. O cheiro perfumava o ambiente e Poochyenna parecia estar gostando. Noa pegou uma almôndega e entregou para o dark que comeu com muita satisfação.

Enquanto comiam, Luna recebeu uma mensagem da mãe informando sobre alguns presentes que ela enviara para a estação. Animada com o conteúdo da mensagem, a jovem convidou a stylist para acompanhá-la.

— Obrigada pelo convite, mas não poderei ir. Pretendo ir ao hotel tomar um banho e trocar de roupa. Depois quero voltar para o hospital. Quero ficar perto de Nolan — Noa enrubescia e comia mais uma garfada da macarronada.

As jovens terminaram de comer e Luna pagou a conta. As duas seguiram pela rua da Mente até a estação e Noa se despediu de Luna e continuou seguindo para o Kazumi.

Luna entrou na estação e, para surpresa da jovem, o local não estava muito cheio. A gladiadora se aproximou do balcão e informou sua identificação para recolher suas encomendas.

Antes que pudessem se despedir, Luna avisou que assim que possível retornaria ao hospital para lhe fazer companhia. Logo a jovem passou pela porta e adentrou o local que, por sinal, estava sem muito movimento.

Ao se aproximar do balcão mostrou sua documentação e solicitou a retirada dos pertences deixados por sua progenitora. No entanto, além dos itens em comum, ao de tamanho considerável lhe chamou a atenção. A atendente trazia consigo uma espécie de ovo e dizia a Luna que tomasse cuidado com o mesmo, pois este era frágil. - Aah, claro! Cuidarei bem deste aqui! - falou acariciando a superfície da casca, sentindo o pulsar de uma vida misteriosa ali dentro.

"Mas o que será que tem ai dentro?" - pensava curiosa erguendo o ovo na altura dos olhos.

Satisfeita com os presentes, mas ainda curiosa com o conteúdo no interior da casca, Luna acomodou o pequeno ovo em sua mochila de forma confortável e tomou como rumo a saída da estação. - Cuidaremos de você! - ela arrumava a mochila nas costas.

Enquanto caminhava pelas ruas solitárias de Erobring, o pensamento de Luna ia de encontro ao estado de saúde de Nolan, algo que já havia se tornado continuo. O vento desenhava curvas em seus longos cabelos e disfarçar sua preocupação já não era mais necessário, tendo em vista que Noa não estava por perto.

- Estamos voltando! - falou confiante enquanto passou a andar na direção do hospital.

Luna recolheu suas encomendas e analisou tudo que recebera. A mãe enviara bons itens para a filha e, entre eles, o famoso Mega Ring que possibilitava uma nova evolução a certos pokémons. O pequeno ovo fora recolhido com cuidado pela gladiadora despertando curiosidade sobre seu conteúdo.

Mais uma vez, a jovem caminhava pelas ruas de Erobring e seus pensamentos voltavam para Nolan. A vigarista decidiu voltar para o hospital, mas, desta vez, não precisaria conter seus sentimentos já que certamente chegaria primeiro que Noa.

Luna adentrou o hospital e tomou o caminho já conhecido, mas Nolan não se encontrava no mesmo quarto. Uma enfermeira, que passava pelo corredor, informou que o jovem estava em uma sala especial sob observação. Após ser informada sobre a localização do quarto, a jovem partiu para seu novo destino.

Através de uma grande janela de vidro, Luna podia observar o stylist deitado na cama. O acesso ao quarto só era permitido aos enfermeiros e aos médicos. Do lado de fora haviam alguns bancos para os visitantes e acompanhantes.

Luna sofria por estar separada de Nolan. Ela estava tão perto, mas tão longe. Apenas um fino vidro a separava do garoto que despertava fortes sentimentos nela. A jovem decidiu deixar o hospital, mas o coração parecia ficar ali em vigília.

Mais uma vez a música cantava os sentimentos da alma e exalavam seus perfumes ao céu. As pessoas na rua não notavam a jovem, mas alguém especial parecia perceber. Kirah surgiu ao lado da jovem e sentiu os fortes sentimentos. As duas se abraçaram e foram transportadas para um lugar isolado. Dali, elas tinham uma ampla visão da cidade, mas, o mais importante, possuíam a companhia uma da outra.

O vento soprava forte e os cabelos de Luna esvoaçavam.A rua onde Nolan fora sequestrado, Kuroi Mori e o Hospital pareciam testemunhar o sofrimento e a dor da jovem. Ainda abraçados, a marca no pulso da jovem doeu mais uma vez.

"Você vai amar aquilo que eu quiser que você ame"

Mais uma vez o intruso se manifestava na mente da gladiadora.

O palco da tragédia que levara Nolan a tal estado se prostrava diante a dupla. Era incrível como um lugar tão silencioso escondesse mistérios tão hostis quando os que se mostraram nas ruas da cidade e também na própria floresta.

E mais um vez a voz fria e macabra se manifestou em sua mente. Era uma tortura ter um intruso em seus pensamentos, conectado ao seu banco de dados particular e não saber como lutar contra isso. - NÃO! - vociferou. - Você pode estar nos meus pensamentos, mas no meu coração você não toca! - ela abraçava Kirah ainda mais forte como se desejasse sumir, assim como queria que tudo aquilo terminasse logo.

A psíquica mais uma vez trabalhou para proteger sua dona e a envolvia em uma aura rosada, intensa e quente. - Sua luta é comigo, covarde! - a voz de Kirah transparecia para iluminar a mente da jovem apaixonada e salvá-la do desconhecido que se escondia nas trevas.

"Não me deixe... Volte pra mim... Eu, eu te amo!"