Cap. 12 - A volta e a Despedida

Uma vez com a ferida exposta Dria sabia que seria ali o grande cerne da questão, o passado com Auros era dolorido e mais do que nunca isso deixava uma clara marca na Cadete.

No inicio Dria não queria admitir mas a chegada de Lírio fora uma boa coisa, o rapaz fez com que a morena ganhasse novos aspectos e o mais importante fez com que o medo diminuísse, mesmo em sabendo que varias situações em que o Aprendiz e jovem haviam se metido eram perigosas.

Lírio era uma preocupação importante para Dria, a jovem havia criado um grande apreço pelo rapaz fazendo com que ela o tratasse como um irmão mais novo. Talvez por isso as imagens da noite anterior ainda a aterrorizavam tanto.

Respirando fundo enquanto bebia um leve gole do chá Dria respondeu:

- Não existe muitas defesas contra um ataque mental vindo de um Mismagius... Consegui manter a mente limpa enquanto era ela vasculhada pelo Hypno dos Gangsters, mas depois da batalha havia pouca coisa a ser feita... E tentar pensar em outra coisa no meio de uma ilusão é difícil ou quase impossível... Principalmente quando seu aprendiz esta pra ser derrubado do telhado do hospital e você esta presa nessa ilusão...

O passado. Órfã, Dria sempre teve que se virá. Tinha amigos, como toda criança, mas sempre com um sentimento de responsabilidade dentro de si. Era ela quem tinha a personalidade mais fria para tomar as decisões mais sérias. Não mudou nada depois que se tornou uma cadete e muito menos quando Lírio invadiu a vida dela. Hoje, o aprendiz era um cadete, já sabia tomar suas decisões, tanto, que resultou na proteção dos civis feitos reféns no hospital.

- O problema aqui resulta de uma construção social.

Após uma pequena pausa, Malia se pronunciava. Sua feição serena parecia indicar que não havia problemas, mas a escolha das palavras ali parecia dizer ao contrário. Um barulho na porta era ouvido. Arranhões. Depois de alguns segundos, a porta se abria levemente e Auros aparecia caminhando, meio discreto, como quem só estivesse ali para observar. Na ponta da sua cauda, o Squirtle da psicóloga tentava impedi-lo de entrar, em vão, uma vez que a força de uma pequena Squirtle, talvez ainda um bebê, era irrelevante para parar o avançar do Persian.

- Tudo bem, Squirtle! – Malia liberava Auros, que após a liberação, saia correndo para ficar ao lado de Dria, deixando Squirtle ali no chão. – A conversa hoje foi muito construtiva, Dria. Espero que você retorne aqui amanhã, pela manhã. Seria muito interessante isso para você, ok? Não precisa se preocupar, não vai ter que fazer a sua sessão toda semana comigo, na verdade, por mim você só precisa comparecer amanhã, mas se você achar que há necessidade de conversarmos mais outro dia, estarei te esperando. Só ligar.

A doutora parecia confiante em sua fala. Estendia o seu cartão com o número de telefone dela e do consultório, para que Dria pegasse, enquanto tomava mais um gole do chá, que agora não estava tão quente.

Dria demonstrava interesse no julgamento de Hale mas a interrupção de Auros pareceu ser bem vinda, a jovem sentiu o grande felino esfregar suas cabeça em seus joelhos e sorriu de maneira simples.

A morena se levantou dizendo:

- Eu posso passar amanha no mesmo horário... Acredito que até la vou ter tempo para refletir sobre a conversa!

Sorrindo de forma educada a jovem se despediu da medica e da pequena Squirtle fazendo uma leve caricia nesta ultima. Deixando o consultório a jovem rumou para as ruas de Nyender, naquele momento Dria precisava mais do que nunca de um pouco de ar fresco.

Sem perceber a recruta rumava para estação de trem, Auros seguia ao lado de sua mestra ronronando de leve para a mesma, não era preciso muito para que ambos se entendessem bem. Ao perceber onde estava a Cadete olhou para o relógio imaginando se teria tempo de retirar sua encomenda da estação antes de ir para o almoço na casa de Lírio.

Com o fim da sessão, Dria sentia uma necessidade de refletir sobre tudo e ir para as ruas. Aparentemente, Malia já tinha algo a dizer em mente, mas parecia que a doutora esperaria mais um tempo para se posicionar. Apesar de tudo, a mulher era bem profissional e não deixava o seu sorriso ou sua meiguice interferir em seu modo de análise. Squirtle dava pulinhos e acenava para a dupla, quando a morena resolveu deixar o consultório. Nas ruas, as pétalas rosadas continuavam enfeitando a cidade, como de costume. As pessoas iam e viam e Dria mal via o tempo passar quando se deparava com o horário de 11:26 em seu celular. Teria que correr.

Nas ruas , os olhares dos civis pairavam sobre a morena e, principalmente, sobre o seu felino cadete. Persian era um símbolo e chamava a atenção de todos. Não precisava de uniforme para identificar Galfin como cadete, quando se tinha um símbolo da lei como Persian. Na estação, tudo calmo. Graças a última missão, os cadetes conseguiram interceptar o avanço das forças Apocalipse naquele ambiente e por isso ali estava intacto.

Como se nada tivesse acontecido, as pessoas caminhavam, embarcavam e chegavam de viagem. O movimento ali era constante, talvez maior do que nas próprias ruas da cidade. Dria se dirigia ao guichê vazio e uma mulher, de fones nos ombros e um pirulito na boca, atendia.

- Bom dia... Em que posso ajudar? – a falta de animação cortava qualquer relação amistosa. A mulher estava sentada sobre a sua cadeira como se fosse jogada ali de qualquer maneira, seus olhos sempre abertos demonstrava total desmotivação ao trabalho. Mas foi só olhar de relance o felino da morena, que ela logo tratou de se endireitar na cadeira e atender melhor.

Andar pela cidade dava a Dria novos pensamentos, a presença do grande felino ao seu lado criava uma aura de respeito das pessoas comuns, fazendo com que a garota imaginasse como seriam as coisas quando fosse promovida.

A ideia de promoção a fez balançar a cabeça, se como recruta a morena já executava missões arriscadas ao ser promovida as coisas seriam cada vez mais difíceis, esse pensamento teria feito com que a jovem estremecesse, mas os resultados da conversa com Hale pareciam relembrar o porque de Dria ter escolhido aquela vida de missões e perigos.

Olhando o relógio a jovem agradeceu por não ter ninguém para ser atendido na estacão de trem, sorrindo de forma educada Dria fingiu não ver a mudança de comportamento da atendente, retirando os documentos necessários para a retirada de sua encomenda a morena respondeu:

- Tenho uma encomenda a minha espera, e gostaria de retira-la!

Sabendo do pouco tempo que tinha a garota olhou para as ruas de Nyender planejando pegar um taxi para chegar a tempo ao almoço com Lirio e sua mãe.

A atendente foi rápida para cuidar de Dria e logo entregava o único item que tinha ali. Recebendo, logo a cadete deixava a estação ao lado de Auros e seguia para as ruas de volta. Estendendo a mão, não demorou para um daqueles carros amarelados, com listras quadrangulares parar e ela entrar. Entregando o endereço, o taxista saia, enquanto Dria e Auros aproveitavam a paisagem. Flores, pessoas, um pouco ventoso, enquanto mudava as estações de primavera para verão.

O taxista teve que desviar o caminho, por conta do trânsito. Algumas estavam destruídas, fruto de uma noite passada. Mas logo a morena chegava a casa de Lírio, pagando o valor de Pk$25. A casa era grande, cercado por um muro alto. O portão amarelado chamava a atenção pelo seu caráter metálico e seu tamanho enorme. Ao tocar o interfone, Dria era recebida pelo garoto, que logo apertava algum botão e a porta se abria.

Dria fechava o portal e passava por um jardim bem cuidado e cheio de flores, inclusive lírios, até entrar na casa que tinha a porta aberta. A casa do Lírio era grande, bonita, limpa (até que exageradamente). Lírio vinha receber a cadete, com roupas de civil, bem folgada, do jeito que ele gosta. Lola e Umi vinham acompanhando o mestre, enquanto Rosa aparecia voando.

- DRIA. – o grito de felicidade e o abraço parecia aliviar a tensão da cadete. Parecia que o rapaz tinha se acostumado melhor do que a morena, afinal, já no primeiro dia juntos ele tinha se metido em muitas confusões. – Pensei que tinha esquecido.

A mulher mais velha logo aparecia também. Vestia-se bem em seu vestido longo e florido, bem arejado, que a deixava a vontade. Era um pouco mais velha, parecendo que demorou para se engravidar do cadete. Sua feição era serena, parecia uma mãe coruja.

- Senhorita Galfin. É um prazer te conhecer, embora todo email que o Lírio mande é falando de você e de sua conduta com Shinki. Falei muito bem de você para a mãe da Angélica, acredito que o seu nome já tenha caído no conhecimento de nossa comandante. – a senhora era bem direta e parecia feliz em ter Dria ali. – Está com fome?

Se despedindo com um leve sorriso Dria saiu rapidamente da estação de trem, já no táxi a garota aproveitou a paisagem rosa e cinza de Nyender com um leve sorriso enquanto acariciava a enorme cabeça do gato em seu colo.

Pagando a corrida Dria ainda deixou uma gorjeta de Pk$5. Abrindo o grande portão de ferro Dria deixou Auros passar primeiro, o grande felino pareceu satisfeito com aparência da casa e de seu belo jardim, a morena sorriu para o companheiro enquanto arrumava de leve as madeixas mais selvagens.

Abrindo com cuidado a porta da frente a jovem sorriu ao reconhecer seu nome na voz de Lírio, vendo o rapaz correr em sua direção a morena abriu os braços pronta para aperta-lo o mais forte possível, ouvindo as palavras do rapaz Dria não perdeu tempo em bagunçar o cabelo azulado deste enquanto respondia:

- Desculpa a demora, tive muito o que pensar nessa manha!

Sorrindo para a mãe de Lírio, Dria coçou a nuca quando ouviu que o rapaz comentava sobre sua pessoa nos emails trocados pelos dois, ainda de forma educada a jovem respondeu:

- Bom eu apenas tentei fazer o meu melhor. Lírio aprendeu rápido e tem um talento natural!

Concordando com a cabeça sobre estar com fome a jovem também parecia feliz e mais do que nunca aliviada por estar ali:

- Estou sim, ainda não tive muito tempo de parar e descansar.

Ouvir elogios sobre seus filhos é um presente para qualquer mãe, mas parecia que a mãe de Lírio se sentia muito mais recompensada. Saber que o seu filho tinha um talento natural era de total importância para ela, mas era óbvio que a Sra. Flores não precisava saber que o menino ainda tinha algumas quedinhas por arte (e pior, que tinha talento para stylist).

- Vamos, então.

A casa grande parecia um exagero para apenas poucas pessoas ali. Lírio, como filho único, deixava claro que ficava bem à vontade ali. Passaram por um corredor repletos de quadros e fotos (fotos quase todas de Lírio, demonstrando uma forma bem fotogênica), jarros e esculturas. Na sala de jantar, uma mesa enorme, com três lugares na ponta. O prato de porcelana branca bem arrumado ao lado dos talheres e duas taças brancas, uma com água. A mãe sentava-se na ponta, tendo ao seu lado as duas cadeiras de Lírio e Dria.

- Pode ficar a vontade, Srta. Galfin. Vou pedir para servir o almoço.

Enquanto a mulher se distanciava, Dria notava por onde que Lírio aprendeu as boas maneiras. Sua mãe era elegante, porém, uma mãe coruja. Seria difícil acreditar que ela tenha mandado Lírio para os cadetes sem pensar duas vezes. No extremo da sala, um quadro pitado da sra. Flores, com o possível pai de Lírio. Os cabelos azulados do senhor já aos seus 40 anos era bem reconhecido. Seu bigode volumoso e sua pose de poder levava em seu peito algumas medalhas. Qualquer um diria que era, com certeza, um cadete.

- Esse é o papai... – dizia Lírio um pouco sem graça. A mãe de Lírio voltava logo, seguido de duas empregadas, que traziam as bandejas. Tinha um pernil muito bem assado e temperado com batatas, um cortado de salada e um purê de aipim com coloração verde, deixando um gosto diferente na boca.

- Ele era um bom homem... Lutou ao lado do ex-comandante, pai de Angélica... – a voz saudosa da mulher parecia lembrar dos velhos tempos com seu conjugue. – Mas vamos comer...

Dria sorriu educadamente acompanhando Lirio e sua mãe, a jovem se sentia um pouco deslocada em meio a tanto luxo coisa que parecia refletir no próprio Auros que preferia caminhar ao lado da mestra e evitar contato com qualquer coisa que pudesse quebrar sem querer.

Na sala de jantar Dria observou o quadro com certo respeito, ouvindo as palavras de Lirio e de sua mãe a jovem sorriu ao dizer:

- Ele parecia ser um grande homem... Uma pena que pessoas boas tenham que ir tao cedo!

Colocando a mão sobre o ombro de Lirio a morena sorriu de forma suave, assim como o rapaz a jovem entendia o sentimento de perda.

Sentando-se a mesa a jovem olhou com interesse a comida a sua frente, com calma a jovem se serviu procurando mostra a boa educacao que havia recebido no orfanato de Grung.

O conforto presente na casa de Lírio era grande, mas isso não deixava o rapaz mal-acostumado, ou estrago. A mãe de Lírio parecia uma ótima mãe, bem protetora, mas sabia que tinha a responsabilidade de ensinar o seu filho a sair sozinho pelo mundo. A refeição surgia de modo agradável. Lírio contava o quanto aprendeu em sua jornada com Dria, ocultando as partes perigosas. A sra. Flores também falava sobre alguns confusões e lembranças engraçadas que Lírio passara quando criança. O menino ficava envergonhado, mas tudo bem.

O almoço agradável e a tigela de Auros foram limpos de modo agradável. O Pokémon permanecia ao lado de Dria, assim como os Pokémons de Lírio. Depois de muita insistência, os outros de Dria foram liberados, mas Auros e Mei tentavam manter a ordem para não causar confusão. Léo sofria com o movimento mais parado, mas se mantinha educado. A senhora Flores terminava a refeição servindo café e chá para a visita, na sua sala, onde ela observava todos os Pokémons de Dria, em especial Auros.

- Persian... É um Pokémon formidável, minha querida. Acho que eles são a verdadeira representação da força. Fico feliz por você ter se tornado alguém com grande estima. – dizia a senhora. Após alguns risos e algumas histórias, Lírio interferia.

- Mãe, eu e a Dria vamos dá uma volta e tomar um sorvete. – dizia o menino, usando Dria como tentativa de escape de mais uma história da trágica infância de Lírio, o garoto que só entrava em brigas na escola.

- Oh, que deselegância... Temos sobremesa, sorvete aqui... Vou pedir para pegar para vocês...– retrucava a mulher

- Mas eu quero de menta... e aqui não tem... – dizia o recém-cadete, olhando nervoso para que Dria interferisse e saísse com ele...

Satisfeita com o almoço e a conversa agradável Dria sorria de forma calma e suave, os olhos da garota a toda hora circulavam entre seus pokemons evitando qualquer problema causado pela dupla dinâmica Léo e Natsume.

Durante o chá servido a morena ria das pequenas historias de Lirio, para Dria era claro a felicidade e amor compartilhado pela pequena família do rapaz:

- Persians tem uma certa imponência, fica difícil encarar um quando ele em ação.

Recebendo a deixa de Lirio a garota sorriu ao mesmo tempo em que Léo miava alto e chorosamente, incapaz de ficar por muito tempo parado o grande felino queria se esticar, sorrindo em resposta Dria se levantou dizendo:

- Bom eu tenho muitos assuntos a resolver ainda, mas um sorvete de menta viria bem!

Recolhendo seus pokemons Dria deixou apenas Auros e Léo para fora de sua pokebolas, o Luxary chegava a quase pular de satisfação com a simples ideia de sair, nem por isso perdeu a oportunidade de se esfregar nas pernas da mãe de Lirio.

Parecia que Lírio queria sair. A mãe dele fazia sempre uma piadinha e depois de mostrar álbuns com diversas fotos um tanto quanto comprometedoras do rapaz, para Lírio aquilo já era o fim. Com sinal nada sutil, mas que não levantou suspeitas para a senhora Flores, o cadete conseguia arrancar sua preceptora da sala. Com os Pokémons dentro de suas respectivas esferas, Dria despedia-se do almoço agradável com a mulher e assim já estava livre para poder ir junto do rapaz.

Aos poucos, Dria lembrava que agora não era mais tutora do rapaz, estava de mesmo nível (mas com algumas experiências a mais). Lírio crescera muito com ela, mas ainda tinha aquele jeito dele, intacto, uma personalidade única, mas com uma coragem que tentava se equiparar com a de Dria. Léo ficava tão feliz por poder sair correndo, que quando a porta da casa do recruta abriu, ele saiu correndo pela rua, assustando uma senhora que passava. Auros via logo atrás, repreendendo o leão elétrico, não por ela animação, mas para manter a pose de cadete que o mesmo sustentava.

Léo corria na frente, cheirando algum canteiro, mexendo nas pedrinhas no meio da rua, cutucando um tijolo ou ainda apenas abanando a cauda quando alguém passava (principalmente se fosse mulher). Lírio vinha atrás sorrindo da alegria do rapaz. Logo encontravam um carrinho de sorvete, onde o rapaz pagou sorvete para ele e Dria.

- Você vai querer de quê? Ainda não sei o que faço com o dinheiro que ganharei em missões. – brincava o rapaz, mas a cara dele não era de brincadeira, embora o tom fosse forçado para que seja. Lírio estava sério olhando aquele sorvete esverdeado na casquinha. Parecia um pensamento vago de como seria sua vida sem Dria...

Ajudando o antigo aprendiz a escapulir Dria riu ao ver as antigas fotos do rapaz, a morena entendia os cuidados da Sra Flores e ficava feliz em poder passar algumas horas agradáveis com a família deste. Se despedindo da mãe de Lirio com um abraço e uma promessa de uma visita Dria se sentiu feliz ao alcançar a rua acompanhada do rapaz.

Longe dos olhos maternos a primeira coisa que a morena fez foi bagunçar os cabelos do rapaz com vontade, rindo disso a jovem andava com calma ao lado de Lirio, seus olhos porem ficavam atentos ao grande e alegre leão que não perdia uma oportunidade de pedir carinho.

Deixando que Auros tomasse conta de Léo, vendo o carrinho de sorvete Dria ficou feliz ao ouvir as palavras de Lirio sobre o dinheiro, dando de ombros esta respondeu:

- Chocolate...

Socando de leve o ombro deste Dria sorriu ao dizer:

- Você não deveria se preocupar tanto... Sempre podemos nos encontrar e logo logo você vai estar apilhado de missões.

Apesar de séria Dria deixava claro que se preocupava com o rapaz e sentiria sua falta.

O sorvete de chocolate esfriava levemente a mão de Dria. A morena estava ao lado de seu pupilo, que agora seguia com o mesmo rank que ela, só que um pouco menos de experiência. Lírio parecia forçar um sorriso, embora não tivesse feliz com a sua aprovação realmente. Lírio sempre tendeu para um caminho mais artístico, em viver a vida do jeito que lhe convinha. Andar com Dria, criou no recém-cadete um modelo a se seguir, modelo, esse, que não queria se separar.

A pequena área verde da avenida Mewtwo estava calma. Algumas crianças compravam sorvetes, passando rapidamente ao redor da dupla sem se preocupar, mas freando a corrida ao ver o grande persian ao lado do leão azulado. Esse último queria correr e avançar junto das crianças, mas o grande e poderoso braço de Auros prendia a cauda de Léo, o impedindo de avançar e o fazendo choramingar pedindo que o libertasse, enquanto Auros balançava a cabeça negativamente dizendo que não libertaria até os bons modos dele melhorasse.

Em um banco de mármore, Lírio tomava o seu sorvete, até mesmo sem vontade. A cadete sabia do laço criado entre eles dois, mas não seria ela que iria destruir tal ligação. O menino estava crescendo e agora seria a vez de Dria crescer também, em um novo nível.

- Só que eu serei bem mais marrento que você quando receber o meu primeiro aprendiz ... – dizia ao rapaz, quebrando o gelo da conversa melosa. – Eu vou falar só “não, não e não”, você vai vê! – brincava enquanto idealizava um futuro em que ele seria preceptor de alguém.

Enquanto isso, em uma construção do lado, um prédio alto, cheio de cimento se erguia em construção. Havia apenas um homem passando a massa ao redor. Foi quando Dria parou para observá-lo em uma estrutura muito frágil de madeira. Essa estrutura que servia como base para o trabalhador estava suspensa a uns sete metros do solo, fazendo o homem ficar o mais alto para concluir o seu trabalho. Nenhum outro trabalhador estava à vista, talvez por ser horário de almoço.

Foi quando um Murkrow pousava atrás do homem, sobre algumas cordas, ficando na mesma altura do homem. Esse estava com fones de ouvido, talvez ouvindo uma música bem alta. Quando se virou para pegar mais massa, assustou-se com a ave negra e deu alguns passos para trás, o suficiente para cair e ficar apoiado apenas por um cinto de segurança, que o prendia ainda sobre a estrutura de madeira, que chacoalhou bastante sobre o peso que o homem provocava ao ficar suspenso. O balançar da estrutura acabou fazendo com que o homem batesse a cabeça no prédio, mantendo-se ali desacordado. A cena foi assistida por Dria ao vivo e lá estava a cadete vendo tudo, ficando assustada com a velocidade. Murkrow saia voando...

Dria deu uma ou duas lambidas no sorvete em sua mão, colocando a mão livre no bolso da calça que usava a morena brincava com as pokebolas em seu bolso. O semblante calmo da garota acompanhava o sorriso forçado de Lírio ao seu lado.

Deixando que Auros tomasse conta de Léo a cadete se sentou com um leve suspiro no banco da praça, a jovem não consegui parar de achar graça na interação de seus dois iniciais, Auros mais sério parecia não dar descanso para Léo e suas brincadeiras.

As palavras de Lirio fizeram com que a cadete sorrisse, socando de leve o ombro deste Dria concordou dizendo:

- Huhummm... Eu consigo ver você fazendo tudo isso...

A brincadeira da morena não chegou a terminar, seus olhos atentos rapidamente visualizaram o acidente com o trabalhador da construção mais próxima. Sem se importar com o sorvete a Cadete se levantou jogando-o na lixeira mais próxima.

Um assovio rápido e seco foi lançado na direção dos felinos enquanto Dria lançava a pokebola de Garuda para o alto liberando a ave, mais próxima da construção a morena liberou Natsume começando a passar suas ordens para o resgate.

- Auros, Léo! Unam seu Protect e o façam debaixo do homem, mantenham ativo! Natsume use seu Psybeam para controlar o Protect e o puxe para baixo com calma! Garuda segure o homem pelo ombro e corte a corda! Mantenha o peso dele e desça conforme Natsume desce a barreira!

As mãos da garota se preparavam para lançar Mei e Andrômeda caso se fizesse necessário o apoio das duas para a manobra complicada que se realizava.

A reação de Dria com o acontecimento fora rápida. Desde que se tornara cadete, Gralfin aprendera a dá atenção a tudo e a reagir de modo rápido à diversas situações. Naquele momento, era só vê o trabalhador inconsciente erguido por uma corda que ligava a sua plataforma de madeira, que naquele momento ela já reagia e chamava a atenção dos seus felinos. A face brincalhona e chorosa de Léo, que ainda solicitava a liberação de Auros para brincar, sumia e agora incorporava a seriedade de um leão batalhador. Auros seguia atrás, liberando a cauda do felino azulado e correndo pelo parque, até o prédio cinzento ainda em construção.

Ao redor, uma placa que grudava uma do lado da outra, contornando o prédio. Naquele momento, estava aberta entrada. Alguns montes de areia e cimento interferiam a corrida até ficarem paralelo ao homem. Lírio seguia, reagindo de modo que ainda fosse um simples aspirante, esperando ordens que não vinham. Léo e Auros já se cobriam com seus Protects, protegendo-se e tentando fazer uma cúpula receptora. Natsume erguia Psybeam na tentativa de modelar o Protect, o que era falho, já que Psybeam não tinha uma forma manipuladora tão bem quanto COnfusion ou Psychic.

Garuda sofria um pouco. A ave segurava a roupa do trabalhador inconsciente, mas parecia não ter a força suficiente para carrega-lo. O homem tinha um pouco de sobrepeso e era incrível como ele ainda não tinha cedido a corda. Foi quando Taillow surgiu de modo sério e eficaz. Embora a ave fosse menor que Garuda, a força a mais parecia estabilizar o voo da ave de Dria, que conseguia descer o homem aos poucos, após cortar a corda com o bico.

Embaixo, o duro Protect continuava, mas o seu estado 100% sólido não perdurava muito tempo. Umi surgia de modo auxiliador e assim erguia várias bolhas de forma graciosa que pousavam uma ao lado da outra sobre o Protect dos felinos iniciais. Assim, logo formava uma cama de bolhas azuladas e conseguia pousar o homem com sucesso ali, deixando ali no chão após os Pokémons auxiliarem no pouso. Parecia ainda respirar, embora ainda estivesse desacordado. Lírio já ligava para emergência. Embora a demora na reação, Lírio se mostrava bem em situações como aquelas e no momento agia com mais amparo e ferramentas, mesmo sendo uma reação lenta....

Atenta a tudo ao seu redor a reação de Dria fora rápida, porem não com a melhor das execuções, a falta de conhecimento de seus poderes psíquicos de Natsume ainda era um grande problema, assim como a pouca força de Garuda.

Problemas que poderiam ter custado a vida do homem se Lírio não estivesse ao lado da Cadete. A ação mais lenta porem eficaz do rapaz ajudaram a salvar a vida do homem, construindo uma barreira de bolhas e cortando a corda com eficacia.

Vendo o rapaz ligar para a emergência Dria liberou Andrômeda, com um leve gesto a raposa começou a usar seu Heal Bell como primeiro socorros, sinalizando para Auros e Léo este se colocaram a postos para manter curiosos longe do local do acidente.

- Tá vendo... Ainda somos uma boa dupla... Só precisamos nos aprimorar ainda mais...


Off: Desculpa o post sem graça, mês complicado..

Com o resgate feito com sucesso, Dria reconhecia que tinha um parceiro em tanto, que iria dá adeus. A cadete conseguia, junto de Lírio, realizar o salvamento do homem e logo o som de Andrômeda chegavam aos ouvidos do homem, melhorando a circulação e o fazendo despertar, embora ainda tonto. Fora a tontura e o estágio de consciência comprometida, o homem tentava levantar, tentando saber onde estava, mas logo foi impedido pelo recém-cadete. Auros e Léo faziam a patrulha, mas felizmente nenhum curioso havia presenciado o momento. Pelo menos até a ambulância chegar!

A ambulância trazia consigo diversos curiosos. As pessoas estavam querendo saber o que aconteceu. Quando os paramédicos chegaram, acompanhados de um Miltank de força incrível, o homem agradecia insistentemente pela ajuda da cadete. Logo os parceiros de trabalho haviam chegado no local e estavam cada vez mais curiosos. Não precisou nem Dria interferir, que os paramédicos já providenciavam toda parte burocrática, facilitando para a cadete e seu ex-pupilo uma saída dali sem muito falar.

- Salvamos uma vida! – dizia o menino com cara de bobo, olhando para o nada com uma cara risonha. – Ser cadete tem seus momentos de glamour! – dizia sorridente. Diante de tanta coisa, Dria percebia que o tempo já avançava e ainda tinha um pudim para fazer. Tinha que passar em um mercado, fazer o pudim e ir para o jantar na casa de Doumeki. Na manhã seguinte, tinha mais uma consulta com a psiquiatra...

Dria não conseguia conter o sorriso ao ver que Lírio trabalhava bem ao seu lado, ambos os cadetes haviam passado por poucas e boas em seu caminho até ali, então o trabalho de equipe entre os dois havia se tornado instintivo e rápido.

Vendo que os sinos de Andrômeda faziam seu efeito a Cadete mais velha sorriu ao ver que Lírio impedia que o homem levantasse, mesmo demonstrando sinais de melhora ainda poderia haver algum dano interno e a imobilização era a melhor alternativa.

Com chegada da ambulância e a intervenção dos paramédicos os dois se afastaram do local evitando os olhos curiosos das pessoas, recolhendo Andrômeda e Léo a morena deixou que o Persian permanecesse do seu lado, sorrindo para as palavras de Lírio, Dria não pensou duas vezes ao esfregar os cabelos do mais jovem para depois abraça-lo.

- Hei... Toda a profissão tem seu glamour... Na nossa só demora um pouco pra aparecer... Lírio eu preciso ir, ainda tenho coisas pra fazer e você vai se despedir da sua mãe por mim... Você tem meu telefone pode me ligar a qualquer momento... Se precisar sabe que pode ligar.

Esperando a resposta do ex aprendiz Dria listava mentalmente a lista de compras que teria que fazer para preparar o pudim, contaria com a ajuda de Andrômeda para fazer que a sobremesa alcançasse a consistência certa, o que no final lhe daria alguns minutos extras para se arrumar.

Off: Mudando a cor da fala... De novo

Dria sorriu ao se despedir de Lírio, para a Cadete apesar da separação ser difícil era necessário para que ambos crescessem. Com uma promessa de que ligaria a morena se pôs a caminhar em direção da delegacia.

Parando no caminho para fazer a compra dos itens necessários, a pequena lista de compras foi rapidamente feita, chegando ao caixa a morena ainda adicionou um pequeno pacote de Coco ralado respondendo por fim:

- Não eu achoe que isso é tudo.

Esperando pelo novo valor a Cadete o pagaria antes de rumar para a Dormitório da Delegacia, sabia que lá poderia muito bem usar o refeitório amplo para fazer a sobremesa.

Dria sorriu ao ouvir o pedido de desculpas, colocando o dinheiro sobre a mesa a Cadete empacotou as compras enquanto dizia:

- Não se preocupe, isso pode acontecer com qualquer um.

Deixando o pequeno mercado a morena se encaminhou para o Dormitório, identificando-se como Cadete a garota deixou a mochila em seu quarto antes de rumar para a cozinha, no ambiente limpo e branco Dria tomou cuidado de procurar um lugar onde não atrapalhasse os demais cadetes e pudesse preparar em paz sua receita.

Recolhendo Auros e liberando Andrômeda, Dria usou o celular para pesquisar o modo de preparo do pudim de leite que faria, ainda contanto com as habilidades congelantes da companheira aquática para endurecer a sobremesa a tempo de tomar um banho e se arrumar para o jantar com Doumeki.

Pesquisando a receita na internet fez com que Dria sorrisse com a facilidade de executa-la, sem perder muito tempo a garota amarrou os curtos cabelos iniciando o preparo do pudim.

Fora a receita normal Dria adicionou um pouco de coco ralada ao corpo do pudim e a calda que cobriria a sobremesa, por fim quando tanto a calda quanto o corpo do pudim estavam prontos a recruta os enformou com cuidado, mostrando para Andrômeda esta sorriu ao fazer seu pedido:

- Garota use gelo para congelar a forma isso vai adiantar o processo de endurecimento.

Esperando que isso ajudasse a Dria ainda guardaria o Pudim no congelador antes de deixar Andrômeda de guarda e ir se arrumar.


Off: I am alive!! or not... I don't know...