Um novo dia

Os passos até Lilian foram difíceis, já que Aron não aceitava se soltar de sua perna. Apesar disso, o oficial conseguiu envolver seus braços no pescoço da felina. A eletricidade que correu seu corpo não podia ser comparada a responsável pelas marcas em suas mãos. Ceci pegava o cachecol na boca e saltava para perto de Tomy, esfregando sua cabeça no braço do mesmo. Den, igualmente querendo seu abraço de boas vindas, pulava sobre as costas de Lilian, apoiando as patas na cabeça da mesma e mirando o cadete com ansiedade.

O outro oficial pedia para o cadete esperar e, enquanto este ainda abraçava seus pokémons e tentava convencer Aron a largar sua perna, se retirava. Não demorou muitos minutos para o estranho retornar com uma caixa. O coração de Tomy falhou uma batida e, com muito receio e tentando controlar o tremer das próprias mãos, abriu a caixa. Para seu alivio o ovo estava no interior e totalmente inteiro, enrolado em uma manta.

- Não sabemos o que aconteceu com ele. Após uns exames, o médico falou que ainda está vivo, mas está muito gelado e se recusa a chocar.

O coração falhou uma segunda batida. As mãos deslizaram pela casca gelada e, somente após analisar com cuidado, o cadete percebeu o brilho fraco que emanava. Certamente o pokémon estava pronto para eclodir, mas por algum motivo se recusava a nascer. Lilian tentava retirar Aron da perna de Tomy e, quando Dennis foi tentar ajudar, foi rejeitado com uma ameaça de mordida. A pokémon rochosa esfregava a face na calça do oficial e era inegável sua felicidade de estar perto do mesmo.

Os olhos de Tomy queimavam e o jovem cadete não sabia dizer se eram de alegria ou de tristeza. Por um lado seu time estava vivo, por outro um dos eggs parecia ter dificuldade em eclodir. As palavras saiam de forma constante, tentando acalmar talvez o ovo, talvez o oficial.

- Ele vai sair. Tenha fé em Arceus. Quando chegar a hora certa, ele vai sair.

A voz de Sandra mantinha-se calma e, mais importante ainda, capaz de tranquilizar o coração de todos. A Seguidora colocava a mão sobre o ombro do cadete, dando-lhe todo o conforto que podia. O cadete mais jovem, porém com mais estrelas, mantinha-se ao lado de Tomy, também lhe dando todo o apoio moral que podia.

- Talvez, se você o levar para os dormitórios e descansar um pouco com ele... - Ele falava para Tomy.

O cadete levantou o rosto, mirando o outro de forma intrigada e querendo saber de que dormitório o outro estava falando. Perante a expressão de Tomy, o outro informou que ao lado do ginásio havia um prédio com uma cozinha e dormitórios para os oficiais que não possuíssem casa na região. Pouco depois, o oficial ofereceu-se para leva-lo até o prédio, proposta que Sandra incentivou. Um momento a sós com seus pokémons poderia fazer mais bem para o cadete e seu time do que dias internados no hospital.

Tomy era guiado pelo outro cadete para fora do ginásio. Para trás ficavam diversos cadetes e diversos pokémons que treinavam com ardor. Também o cadete deixava para trás o medo. Determinado, o oficial transformava todo o medo em força de vontade e motivação para se fortalecer com os outros.

Dennis e Lilian eram os que mais davam força para o cadete, lhe mirando com apoio e com confiança de que tudo daria certo com o egg gelado. Na saída do ginásio, Sandra se despedia e informava que, caso Tomy precisasse dela, poderia ligar a qualquer hora ou encontra-la na igreja. O cadete agradeceu e, após um abraço, se despediu da Seguidora.

No prédio ao lado, o outro cadete informava rapidamente que no primeiro andar era necessário se identificar, mostrando a licença para a recepcionista, e já recomendava ao oficial que evitasse ficar de conversa com a mulher, já que a mesma era famosa por seu mau humor, arrogância e insensibilidade. A dupla apresentava a licença e logo rumavam para os elevadores com uma chave em mãos. O outro cadete seguia informando que no segundo andar havia uma pequena sala com uma TV e no terceiro andar havia o refeitório onde, durante o dia, havia uma cozinheira, mas a noite ficava aberto para quem precisasse de algo.

O elevador abriu as portas no quinto andar, revelando diversas portas iguais. Na porta com o número 514, o outro cadete abriu a porta. Ceci e Den logo pularam sobre a cama de solteiro que havia no interior do aposento. Um roupeiro pequeno, uma poltrona e um tapete com o brasão cadete terminavam a decoração. O outro avisou uma última vez que haviam quatro banheiro no final de cada corredor, de uso comum a todos os oficiais, se despediu e se retirou, alegando que deixaria Tomy com seus pokémons.

O cadete entrou no quarto e deixou sua mochila sobre a poltrona. Ceci e Den ainda brincavam sobre a cama, Aron ainda rosnava para Dennis e Lilian permanecia entre os dois, evitando que o Pokémon rochoso tentasse atacar o felino. Entretanto, sempre que Meowth tentava se aproximar do cadete, era afastado por uma Aron que se colocava no caminho rosnando ainda mais alto e por uma Luxio que tentava acalmar a filhote ciumenta.

Após fazer várias anotações mentais de tudo o que o outro cadete dizia, Tomy ficou sozinho. O oficial lamentou não ter tido tempo de pedir o contato do outro, porém tranquilo por saber que uma hora o encontraria no prédio ou no ginásio. O quarto simples apresentava tudo o que o jovem precisaria enquanto estivesse na cidade e, após suspirar, o cadete chamou seus pokémons, sentou-se na cama e relatou sua história. Na mente a ciência que teria de repetir o relato para Lola, assim que a retirasse do Storage.

O relógio indicou 13 horas e os pokémons pareciam comovidos com a história, com exceção de Aron que chorava abraçada à perna do cadete. Comovido sem dúvidas não descreveria a reação da pokémon bebê. Ceci mastigava o tênis de Tomy e, constrangida por interromper o momento pós-história, a pokémon fire começou a esfregar a cabeça na mão do cadete, claramente dizendo que gostaria de descer para almoçar. A nota mental do refeitório no terceiro andar ecoou. Dennis tentava se aproximar do cadete, feliz por ter ouvido a história e querendo demonstrar que estaria ao lado dele para manter a memória de Pidgey viva, porém Aron cessava o choro e se focava em manter o outro afastado. Lilian só suspirava. Seu desejo de demonstrar apoio à Tomy também frustrado pela recém nascida.

O dia pertencia a Tomy. Kibato não lhe designou nenhuma tarefa ou treinamento. Após almoçar, o cadete estava livre para decidir o que fazer. Poderia começar o treinamento mais cedo, descansar, caminhar pela cidade, talvez visitar a igreja ou assistir televisão... Quem sabe ler os últimos jornais para descobrir o que aconteceu no continente e na cidade... Enquanto calçava os tênis (que conseguiu pegar com certa facilidade, já que Ceci queria almoçar), a mente do oficial tentava se decidir sobre o que fazer com sua tarde. Den aproveitava o momento antes do cadete se levantar para subir em seu colo, ganhando uma carícia. Aron estava imobilizada entre as patas de Lilian e Dennis a mirava de perto, intrigado com o comportamento da companheira.

O momento que Tommy compartilhara com seus pokémons havia tocado e sensibilizado a todos, principalmente a Lilian. Somente Ceci parecia alheia a situação, ficando constrangida ao ser flagrada mastigando o tênis do cadete de forma despreocupada.

O almoço havia sido simples, porém muito saboroso. A cozinheira que cuidava dos cadetes durante o dia havia se revelado uma verdadeira chef ao transformar os pratos mais tradicionais em verdadeiras iguarias. Apesar de Lilian ainda demonstrar estar um pouco mais sensibilizada que os outros, tratou de tentar remover Aron da perna do cadete e fazê-lo se sentar de forma civilizada para almoçar à mesa, tarefa que custou algum tempo para a pokémon. Dennis ainda observava tudo de forma muito intrigada. O comportamento da bebê era muito peculiar para o felino. Contudo, já que a elétrica estava cuidando da Aron, o gato optou por inspecionar o egg que misteriosamente não eclodia e que ainda apresentava a casca muito gelada.

Após a refeição, o grupo não teve dificuldades de alcançar a biblioteca da cidade. Durante o caminho, Tommy viu em lojas de tv o noticiário local relatando a onda de violência e criticando o trabalho dos cadetes. Dentre os prédios de arquitetura peculiar, a hostilidade e esperança do povo ainda mais peculiar, a reportagem conseguia a maior atenção do oficial. Mengun era uma cidade que vivia uma crise aparentemente, apesar do jovem avistar quase tantos cadetes quanto em Nyender, a capital tanto do continente quanto da organização. Na biblioteca, no entanto, o jovem tentava afastar da cabeça essas sensações e se concentrar em qual livro leria primeiro. Precisava da mente livre para tornar o tempo dispendido na leitura realmente proveitoso.

Nas horas que se seguiram, o jovem conseguiu ler por completo dois livros, alcançando a metade do terceiro. No primeiro, muitas análises sobre os pokémons cadetes, incluindo não somente técnicas aprendidas, evoluções e desenvolvimento em testes de resistência, mas também análises biológicas e anatômicas, detalhando desde o sistema circulatório até o sistema reprodutor de cada exemplar. No segundo livro, uma teoria genérica sobre treinamento pokémon, relatando semelhanças de comportamento entre as mais exóticas espécies. O terceiro, contudo, era o mais pesado para Tommy, já que relava sobre procriação de Pokémons e como criar ovos de qualidade. Segundo o texto, perante situações traumáticas era comum acontecer o que estava acontecendo com seu egg misterioso. Na maioria dessas ocasiões, os eggs não eclodiam e simplesmente esfriavam até um nível em que eram considerados mortos. Em outra parcela considerável, um exemplar fisicamente saudável nascia, porém não resistia mais do que alguns dias. Somente em menos de 5% os eggs eclodiam e se desenvolviam da forma esperada. Nesses casos os donos relatam que apelaram para a religião, deixando nas mãos de Arceus e confiando em seu julgamento, no entanto cientistas, não satisfeitos com essa resposta, seguem tentando descobrir o que fez esses pokémons recuperarem a vontade de viver e lutarem com a morte certa. As recentes pesquisas tentam descobrir o nível de conhecimento do exterior que um pokémon tem durante sua fase de desenvolvimento inicial.

O almoço foi uma agradável surpresa, a chef que cuidava de Nyender era realmente muito boa e comparado as sopas que tomei no Hospital aquilo era um sonho. Lillian cuidava de Aron, Den e Ceci brincavam entre si e Dennis analisava o ovo. Depois de algum tempo foi vez de irmos até a Biblioteca Central da cidade.

Recolhi Ceci e Den, a primeira por ter uma coloração diferente e o segundo por ser Shiny, afinal andar em uma cidade que eu não conheço com dois Pokémon chamativos era perigoso. Eu até tentei recolher Aron, mas a pequena me venceu e eu segui pelas ruas com Dennis e Lillian como proteção.

Durante o caminho não pude deixar de notar as reportagens que estavam sendo feitas criticando os Cadetes. Mengun aparentemente beirava o caos, apesar do grande contingente que aqui se mantém. A minha motivação crescia a cada reportagem, mas quando cheguei na fachada tive de tirar todas aquelas informações e pensamentos da minha cabeça, meu objetivo ali era aprender e as coisas que estavam acontecendo na cidade eram pouco importantes naquela tarde.

Consegui ler dois livros e meio. As informações eram animadoras na maior parte do tempo, mas infelizmente o terceiro me dava estatísticas péssimas. 5 por cento de chance é muito pouco, mas eu não posso desistir. Imediatamente comecei a falar frases incentivadoras para meu ovo, se ele estava retardando seu nascimento então provavelmente já poderia começar a me entender.

Quando cheguei na metade do terceiro finalmente decidi parar, procurei saber que horas eram e fui até a recepcionista do local. Ao falar com ela eu compraria um Guia de Bolso de Shinki e voltaria para a delegacia. Ainda havia mais uma coisa a se fazer antes que um novo dia comece...

Off: Espero que goste de me narrar Dria.

A tarde passou com o decorrer da leitura, quando Tommy finalmente resolveu parar e descansar o sol aos poucos tingia o horizonte com um tom mais alaranjado. As inúmeras informações recolhidas nas paginas dos livros davam uma pequena esperança ao Cadete, o brilho que emanava timidamente da casca do ovo deixava uma esperança no coração de Tommy.

Não demorou muito para que o Cadete fosse atendido pela recepcionista comprando assim seu Guia de Bolso de Shinki, podendo assim cumprir seu próximo objetivo do dia, antes que o mesmo se encerrasse e o descanso fosse necessário.

Off: Desculpa tava sem ideias, edito sua mochila no próximo post.

Eu estava novamente nas ruas de Mengun, era estranho como ela tinha uma boa aparência, mas ao mesmo tempo era uma das mais(se não a)perigosas cidades de Nyender. Antes de sair eu tive a preocupação de tirar rapidamente Ceci e Den em um canto da biblioteca para ver se eles precisavam de alguma coisa e prometi que assim que chegássemos no Dormitório todos iramos ter um saboroso lanche.

O dia estava perto de seu fim, mas eu ainda tinha que ir a compra em dois lugares. Minha lanterna estava queimada e em uma cidade com tantos becos eu iria precisar de uma então eu tinha que encontrar a loja Sobrevivendo ou Morrendo de Mengun. A antiga lanterna talvez pudesse ser modificada para servir de arma de curto alcance, mas ambas precisariam estar sempre em um local de fácil acesso.

O segundo lugar era a loja Armamento e Defesa, infelizmente eu não vou poder entrar em nenhum dos cursos de autodefesa que ela oferece no momento devido ao meu estado físico, então eu irei comprar uma arma de choque. Eu não estava muito acostumado com a cidade ainda, mas se eu me perdesse provavelmente encontraria um Cadete para me indicar o caminho e por mais que eu tentasse de tempos em tempos o estado do ovo que eu carregava voltava em minha mente...

Off: O cinto de Cadete tem espaço para eu acoplar as duas lanternas e a arma de choque?

Após conversar um pouco com Ceci e Den, prometendo a todos um saboroso lanche quando retornassem aos dormitórios, Tomy voltou a caminhar pela grande cidade de Mengun. A mente do jovem cadete fervilhava com pensamentos e objetivos a cumprir, enquanto as mãos retiravam o guia de bolso de dentro da sacola e passavam a folheá-lo de forma aleatória. Dennis e Lilian seguiam ao lado do cadete, garantindo sua proteção, enquanto Aron seguia pulando entre seus pés na tentativa de chamar sua atenção. Sem sucesso, o que mais se destacava na mente do oficial era seu Egg que, de tempos em tempos, emitia um pequeno brilho característico da eclosão, o qual parecia se intensificar levemente quando o cadete conversava com o mesmo.

O primeiro prédio que o cadete desejava alcançar foi encontrado sem grandes dificuldades. A loja Sobrevivendo ou Morrendo estava localizada em frente uma avenida movimentada e o atendente foi muito prestativo ao lhe alcançar o item desejado: uma lanterna nova. Antes de partir desta loja, o atendente ainda informou que as pilhas não estavam inclusas na compra e que o cadete poderia providenciá-las nas papelarias. Agradecendo à informação, o cadete rumou para o terceiro ponto de parada.

A loja de armamento e defesa foi muito mais difícil de achar. Após ter de pedir informações para três cadetes diferentes, Tomy finalmente encontrou o prédio pouco antes do mesmo fechar. O sol já havia sumido no horizonte e a cidade agora era iluminada pelas inúmeras lâmpadas. Ao entrar, o oficial percebeu a presença de vários outros que solicitavam cursos e analisavam outras armas, como soco inglês, cassetes e até algemas. Tomy, por mais que desejasse fazer um dos cursos que o lugar disponibilizava, sabia dos limites que seu corpo possuía no momento, então somente adquiriu a arma de choque que desejava e se retirou do prédio, com o objetivo de encontrar o dormitório dos cadetes.

Parado em frente a loja Armamento e Defesa, Tomy refletia sobre sua semana enquanto retomava o caminho que fizera para chegar até a loja. Com os ferimentos, não poderia treinar muito, mas ainda poderia treinar seus pokémons. Seis dias ainda para a visita ao médico, em que talvez conseguisse a liberação para voltar ao trabalho, porém até lá poderia se dedicar ao egg gelado. Pelo menos, era isso que o jovem acreditava até ser surpreendido pelo Taillow que entregava missões. A ave não pestanejou antes de pousar em seu braço e abaixar a cabeça, dando acesso ao tubo que protegia uma possível missão. Sem acreditar que já lhe designavam uma missão em suas condições, Tomy pegou a carta e a leu, mantendo o pássaro em seu ombro.

Felizmente foi fácil encontrar o meu primeiro destino, rapidamente comprei minha lanterna e o atendente até me deu instruções de onde comprar as pilhas. Felizmente eu ainda carrego comigo as cinco pilhas fortes que eu ganhei indo em direção a Ilha Misteriosa e antes de sair da loja eu já tinha as duas lanternas presas ao meu cinto com a nova já carregando uma pilha. A nova estava a minha esquerda e a queimada a minha direita.

A segunda loja foi bem mais problemática de se encontrar e estava quase fechando quando cheguei lá. A arma de choque foi colocada também do lado direito e enfim eu poderia terminar aquele dia. Nos próximos dias eu deverei ficar em repouso até que no sexto dia eu irei receber a visita de um médico, mas pelo menos meus Pokémon poderiam treinar. E enquanto eu estava começando a procurar o Dormitório Cadete avisto um Taillow vindo em minha direção.

Eu só pude estranhar a missão, mas depois de ler o pequeno bilhete que o pássaro segurava tudo foi esclarecido. Durante meu tempo livre eu deveria arrumar os arquivos de Mengun e seus relatórios atrasados. A ideia não foi muito animadora, mas os arquivos podem ter documentos muito interessantes e dependendo da gravidade da situação ainda pode me sobrar tempo livre e a quantidade de dinheiro que eu irei receber no fim é muito animadora...

Off: Vamos \O/
Off(2): Eu é que vou ter que fazer os relatórios atrasados ou terei que cobrar eles de outras pessoas?

Tomy, apesar de estranhando o fato de receber uma missão, logo retirou a carta do tubo e se pôs a ler os detalhes. Se não fosse o dinheiro que receberia, certamente o desanimo o venceria perante a missão recebida. Seu tempo de descanso seria consumido arrumando relatórios de outros cadetes... Mengun era uma cidade onde o trabalho não acabava, mas como oficial, Tomy sabia que não deveria deixar um relatório para trás. Torcendo para que a maioria dos outros cadetes mantivesse isso em mente também, o Recruta imaginou que não deveria ter muitos arquivos em atraso.

Com o avanço da noite e tendo de pedir ajuda uma única vez, Tomy logo retornou ao seu quarto nos dormitórios do cadete. Havia prometido um lanche para Den e Ceci, além de precisar jantar algo também. A tarde de leituras podia não representar o programa mais exaustivo de todos, porém seu corpo em recuperação exigia mais energia que o normal. O Taillow que entregara a missão ao cadete pouco sobre a cabeceira da cama, mirando a todos com cuidado. Tomy já sabia do mau humor das aves mensageiras e, sendo assim, evitou deixar as mãos (ou a cabeça, principalmente próximo ao curativo) muito próximas ao bico do pássaro. Dennis e Lillian o analisavam, a espera da decisão entre descer e comer, para depois voltar e descansar, ou já iniciar a missão. A delegacia ficava ao lado dos dormitórios, então não seria tão difícil realizar a missão a qualquer momento do dia.

Aron, sem saber o que representava a chegada da ave, subia na cama e mirava o pokémon voador, questionando-o sobre suas intenções. A bebê claramente não queria saber de mais um concorrente pela atenção do cadete que era quase seu objeto de adoração. Os únicos que pareciam não ser vitima do ciúmes da pequena eram Lilliam e o Egg gelado. Pensando no Egg, Tomy o retirou de seu abrigo e o trouxe para perto do corpo, percebendo que o leve brilho reagia a sua aproximação.

A cada palavra do cadete, o brilho parecia se intensificar. Ainda era pouco, mas pelo menos havia uma reação, o que era um ótimo sinal. O problema maior parecia a temperatura que não se elevava como o brilho. Esse fator desanimava o cadete, porém a iluminação mantinha sua esperança mais forte. Enquanto Aron ainda tentava intimar o Taillow, Tomy se ergueu e chamou a todos para o refeitório. Inclusive a ave mensageira bateu suas asas e pousou novamente no ombro do cadete, deixando claro que também esperava uma refeição.

No refeitório vazio, Tomy não teve dificuldades para entrar na cozinha. No lugar, diversos armários com todo tipo de louças e eletrodomésticos. Ao fundo, uma dispensa com alimentos que variavam de pó de café até arroz temperos refinados. Na geladeira, carnes, frios, frutas e legumes diversos. A cozinha possuía capacidade para preparar o prato que o jovem cadete quisesse comer. Do lado de fora, sentados à mesa, os pokémons do cadete esperavam por seu lanche.

- Hey.

O chamado chamou a atenção do Recruta e, quando este virou, se deparou com um homem alto e forte, a julgar pelos músculos que ficavam expostos pelo pijama composto unicamente de calça. O cabelo despenteado e molhado indicavam que ele fizera o caminho oposto ao que Tomy planejara.

- Deixei meus pokémons junto aos seus, tudo bem? - O outro perguntou enquanto se aproximava e pegava uma leiteira e uma caixa de leite, despejando o litro por inteiro e começando a esquentá-lo, enquanto adicionava um pouco de açúcar e canela.

Enquanto cozinhava Tomy trocou poucas palavras com o estranho que parecia dominado pelo sono, mas mesmo assim era capaz de manter um diálogo agradável. A sensação de cozinhar, apesar de ser algo simples, era agradável e o Recruta ficava satisfeito por ser capaz de ainda ter essa independência. Os lanches logo ficaram prontos e assim, usando um carrinho que encontraram para carregar tantos pratos, os dois cadetes rumaram para a sala de jantar, onde encontrariam todos os monstrinhos.

Na grande mesa, Dennis e uma Meowth pareciam estar se entendendo muito bem, enquanto Lilian parecia descansar no aguardo da refeição, assim como Taillow que limpava suas penas no tempo livre. Den, por sua vez, parecia se estranhar com o Growlithe do outro cadete. O mienfoo que aguardava na mesa seguia analisando Ceci que, por sua vez, bocejava com a cabeça deitada na mesa. Contudo, que mais chamou a atenção de Tomy foi Aron que seguia mastigando a terceira perna de uma cadeira. Ao se aproximar, o cadete constatou que a armação era toda metálica e a pokémon parecia gostar do sabor. A julgar pela forma como mastigava, a filhote considerava o objeto um doce muito apreciado.

Os pratos de leite que Tomy preparou e o leite com canela preparado pelo outro cadete foram distribuídos na frente dos felinos. Taillow e Ceci saborearam seus puffins e os cadetes, sentados aos lados de seus pokémons, comeram seus sanduíches em silêncio. Tomy mirava ao growlithe que roía um osso com carne e ao Mienfoo que comia um sanduíche como seu cadete de forma intrigada. Porém os pokémons pareciam satisfeitos com a escolha de comida e o recruta optou por não comentar nada na refeição.

Alimentados, cada grupo seguiu seu caminho em um andar diferente dos dormitórios e Tomy notou que Dennis se demorou um pouco mais na despedida da outra Meowth, ganhando mais uma vez sua atenção. No entanto, novamente sua mente foi tomada por outra situação mais inusitada: o banho. Ao ligar o chuveiro no final do corredor, o oficial não esperava que Aron tivesse um surto e tentasse atacar o chuveiro de forma enfurecida. Foi com muito sacrifício que Lilian conseguiu manter a filhote sob controle e, a cada tentativa de Dennis em ajudar, a metálica parecia se enfurecer mais, forçando o outro felino a ficar longe e o cadete a ser rápido em seu banho.

Após sair do hospital, parecia que tudo era novo. Cada tarefa, mesmo as mais comuns e cotidianas, eram observadas com interesse pelo oficial. Um dia comum, com todos juntos, fazendo com que um sorriso brotasse no rosto de Tommy. Os monstrinhos de bolso socializavam com os Pokémon do outro cadete, se distraindo e voltando a atenção para os oficiais quando estes chegavam com a refeição.

A refeição seguia de forma tranquila, com todos satisfeitos com a comida oferecida. O quase silencio era acolhedor, sendo quebrado pelo barulho do metal sendo mastigado pela Pokémon bebê. Ao fim da janta, o cadete descobria que Aron não gostava de chuveiros, tendo o péssimo habito de tentar atacar, forçando seu mestre a tomar o banho mais rápido do que gostaria.

O quarto era simples, mas a cama macia era o que mais importava no momento. O cadete se acomodava e sentia o sono chegando rapidamente. Lilian se acomodava em cima de Aron, impedindo a pesada Pokémon de se jogar em Tommy. Den ocupou a poltrona, espreguiçando-se e ignorando o choramingo da Flareon, que se acomodava no tapete. Dennis pulava na cama, enrolando-se perto de seu treinador. Todos adormecendo em poucos instantes.

Quando amanheceu, Tommy acordou com sua perna doendo, não tendo sucesso em sequer movê-la. Ao abrir os olhos, se deparou com sua Aron dormindo agarrada em sua perna, Lilian olhando de forma reprovadora para a bebê, enquanto o Meowth observava confuso no chão. Ceci mastigava um sapato, embora ainda sonolenta, enquanto o Purrloin continuava dormindo na poltrona.

Depois de eu tomar banho não demorou muito tempo para que eu dormisse. A porta estava trancada, a cama era macia, Dennis estava deitado perto de mim e o dia tinha sido bom. Talvez se eu tivesse em pleno estado físico eu não me sentiria tão cansado, mas naquele momento até o cansaço era agradável. Cada um dos meus Pokémon se acomodou em um canto e fora a Aron todos pareciam satisfeitos.

A manhã chegou de uma forma tão súbita que eu não pude aproveitar o sonho que eu estava tendo. Quando eu acordei meu corpo estava relaxado, mas, ao contrário das outras manhãs em que eu expulso a preguiça pouco a pouco, eu entrei rapidamente em estado de alerta. Levantei de forma tão súbita para olhar minha perna que não pude evitar sentir um pouco de dor e lá estava Aron dormindo agarrada em minha perna.

A pequena Pokémon parecia em paz agarrada a aquela parte do meu corpo e por isso preferi não acordar ela. Olhei em volta e vi como meus Pokémon estavam, fora Aron o único dorminhoco era Den. Procurei pelo ovo e pela minha mochila e ao avistar ambos eu disse para Dennis:

- Dennis, Lillian, por favor peguem a pokébola de Aron.

Eu até pensei em pedir para Lillian trazer toda a mochila na boca, mas como ovo estava lá preferi seguir outro caminho. Eu iria rapidamente retirar Aron de minha perna e colocar ela em outro canto da cama para não acordar ela. Depois disso eu iria me arrumar e seguir para os arquivos da Delegacia com Dennis, Aron e o Egg enquanto eu deixava Lillian, Den e Ceci no ginásio. Eu só esperava que o caos nos arquivos não fosse apocalíptico...

Off: Oi Mel! Desculpa pela demora também.

O despertar do cadete não fora tão agradavel quanto o adormecer, visto que sua perna estava dolorida e a manhã parecia ter chegado de forma abrupta. Tommy estava em estado de alerta, se erguendo tão rapidamente quanto seu estado permitia, o que ocasionava em um breve mal-estar. No entanto, logo o causador do incomodo era descoberto, era a carente e pesada Pokémon bebê.

A metálica descansava serenamente, claramente satisfeita em ter seu mestre por perto. Luxio e Meowth entregavam a esfera da recém-nascida para o oficial, que retornava a Pokémon. No entanto, poucos segundos após ser retornada, Aron saia novamente, chorando alto e tentando se jogar em cima do cadete. Lillian rapidamente a impediu, jogando-se sobre a companheira. Aron esperneava, tentando alcançar Tommy, mas a Luxio continuava sentada sobre ela. O choro da bebê despertava Purrloin, que a encarava de forma reprovadora, não gostando do “despertador”. Ceci continuava mastigando o sapato do cadete, olhando de forma curiosa para o que ocorria ao seu redor.

Apesar do drama da bebê, a perna do oficial estava livre e ele pode ir se arrumar. Após alguns instantes, em que estava prontamente vestido e todos os Pokémon despertos, o moreno se dirigia para o ginásio. Lillian, Den e Ceci, já acostumados ao local, cumprimentavam outros Pokémon que estavam no local. O caminho para os arquivos não fora tão rápido, visto que Aron havia agarrado a perna do cadete e o forçava a andar de forma bem mais lenta por causa do peso.

Quando finalmente chegou na sala onde ficavam os arquivos, Tommy ficou surpreso com as condições da sala. Apocalíptico não serviria para descrever o caos do local. Diversos arquivos espalhados, com várias caixas e estantes totalmente desorganizados. O chão estava cinza devido ao pó acumulado, sendo visíveis algumas teias de aranha. A janela provavelmente não era aberta a anos. Aquele seria um longo dia....