Tape III - Joining a team of music...

Após a aventura vivida ao lado de Calavera e com os sentimentos de saudade que o locutor deixava em ambas, as jovens chegavam à estação de Grung. A viagem havia sido muito confortável, já que estavam na primeira classe; as horas pareceram minutos. Ao perceber que a companheira havia adormecido, Luna resolve deixar um bilhete e partir sozinha em direção de seus objetivos. A jovem desaparecia no meio da multidão e logo chegava à saída da estação.

Grung não era uma cidade comum, pois era basicamente um conjunto de prédios interligados. Alguns diziam que a ministra a fez assim para preservar a paisagem. Aliás, o ambiente que circundava a cidade era lindo; grandes árvores se erguiam e era quase impossível enxergar a copa de algumas.

Luna era cumprimentada pelas pessoas na rua, o que deixava a garota encantada com o lugar. A gladiadora percebia muitos atos de bondade e gentileza pela rua. Alguns poderiam dizer que Grung era a cidade de uma única e unida família. A sensibilidade de Luna para a música poderia dizer que as notas tocadas em Grung eram harmoniosas e delicadas.

Quando se aproximava do primeiro elevador, a jovem percebeu uma senhora carregando, com muita dificuldade, dois baldes cheios de água.

A cidade encantava a morena e preenchia seu coração de alegria, já que os habitantes sabiam dar valor a seus visitantes e pelo visto o faziam muito bem. Luna tirava de seus bolsos a esfera de Violeta e a trazia para fora a fim de ter a companhia da felina no tour pela cidade... A gatuna sentia-se muito bem por sinal, já demonstrava em seu corpo os cuidados que a gladiadora tinha com ela desde seu primeiro encontro.

Na subida para a cidade, Luna avistou uma senhora e por seu esforço e idade, Luna logo se aproximou e olhando para os baldes cheios d'água em suas mãos, ela questionou:

- Nossa, não acha que é muito peso para um senhora só? Deixe-me me ajudá-la? - perguntava Luna, gentilmente.

Violeta apenas acompanhava sua dona, caso ela precisa-se de algum suporte cabível à felina.

O coração da gladiadora era preenchido por bons sentimentos. O primeiro contato com Grung não poderia ter sido melhor! A jovem liberava Violeta da pokébola para ter a companhia da felina durante o passeio pela cidade. A gata observava todo o ambiente ao redor e se impressionava com a beleza. Desde que conhecera Luna, Violeta estava sendo bem tratada e não tinha saudades de quando estava só nas ruas de Nyender.

Durante a caminhada, ao avistar a senhora com todo aquele peso, Luna prontifica-se a ajudar.

– Obrigado, minha querida! – a idosa agradecia pela ajuda enquanto passava os baldes para a jovem – Você com certeza deve ser aqui de Grung. Minha casa é logo acima.

As duas entraram no elevador seguidas por Violeta que acompanhava a dona de perto. Assim que chegaram ao andar superior, a gladiadora teve uma outra visão da cidade. Muitos carros passavam, pokémons selvagens caminhavam normalmente pela cidade e a vista para as árvores era magnífica.

A senhora guiava a jovem pela rua e logo chegaram a uma casa bem simples.

– Aqui é onde eu moro – a idosa sorria e percebia que o trajeto havia fatigado a jovem – você não gostaria de entrar e comer alguma coisa? Seria um prazer retribuir sua ajuda.

A jovem aceitava o convite com um amigável sorriso que logo era correspondido pelo sorriso da senhora. A mulher abria a porta e exibia a pequena e humilde casa. Luna pode observar uma pequena sala de estar que dividia espaço com a cozinha. Um sofá, algumas cadeiras em volta de uma pequena mesa, tudo era simples, mas convidativo.

– Pode deixar os baldes ali, minha querida – a idosa apontava para o chão próximo à pia da cozinha – houve um problema com o encanamento, por isso que preciso buscar água em uma nascente próxima.

Após depositar os baldes, Luna pôde perceber um odor delicioso no ar. A idosa retirava do fogão uma bandeja cheia de pães de queijo e os depositava em uma cesta e logo após a colocava em cima da pequena mesa.

– Fique à vontade, querida – a idosa apontava para uma cadeira enquanto se sentava – Eu me chamo Mizuki e moro aqui com meu querido neto que agora está no trabalho. E você, querida, para onde está indo?

Violeta saltava em uma das cadeiras e pegava um pão de queijo com a cauda e comia com muita alegria.

Após lavar as mãos, Luna se juntava à mesa e experimentava os deliciosos pães de queijo. A jovem aproveitava e pedia informações sobre um local onde pudesse treinar. Mizuki fazia uma expressão que indicava que buscava algo na vasta memória.

– Minha querida, não lembro de algo parecido aqui em Grung, mas sempre vejo jovens treinando nos becos – a idosa se levantou e se dirigiu a uma estante onde havia um jornal publicado naquela semana ─ Mas tenha cuidado! Grung está um pouco perigosa esses dias.

A idosa mostrava a página policial onde informava um assalto brutal que havia acontecido, entre outros crimes todos atribuídos a uma ex-cadete foragida chamada Lucia Percival. Enquanto isso, Violeta descia da cadeira e se dirigia ao sofá onde deitaria para esperar a dona. A felina, com certeza, já estava se sentindo em casa.

Percebendo que a gladiadora não comeria mais, a idosa recolhia a cesta com os pães de queijo, separava alguns em uma pequena sacola e guardava o restante no forno.

─ Tome querida, um lanchinho para depois ─ a idosa sorria e agradecia mais uma vez pela ajuda com os baldes.

De volta às ruas, que já estavam bem movimentadas, Luna percebia alguns becos próximos onde poderia treinar ou tentar obter informações com outras pessoas sobre um Dojo em Grung.

Antes que continuasse em busca de um lugar para treinar, Luna recebe uma mensagem de texto, com remetente desconhecido, dizendo para que voltasse à estação de trem. A jovem não imagina de quem poderia ser tal mensagem, mas decide voltar mesmo tendo saído de lá minutos antes.

Refazendo todo o trajeto, a gladiadora chegava novamente à estação. Durante o percurso de volta, um jovem aspirante a cadete passou por Luna saltitando muito feliz como se acabasse de realizar uma importante missão. A gladiadora o seguiu com os olhos até perdê-lo de vista.

Como sempre, a estação estava bem movimentada com pessoas indo e vindo. A jovem percebeu que o trem, no qual ela e Ame haviam chegado, já havia partido o que indicava que stylist já estava passeando pelas ruas de Grung. A recepcionista do balcão de entregas era muito simpática, muito diferente do último atendimento em Nyender que a gladiadora havia recebido.

─ Nome e documentos, por favor! ─ a mulher sorria enquanto pegava o documento da jovem e buscava no sistema ─ Só um momentinho!

A recepcionista se retirou e logo voltava com uma pequena caixa que continha todos os itens enviados a Luna. A gladiadora recolheu tudo e voltou às ruas.

A jovem recebia os itens com certo espanto. Enquanto se retirava da estação esquivando-se das pessoas, Luna se interrogava e procurava entender a origem daquela encomenda. Os itens eram bem úteis e, junto a eles, uma pokébola com algum desconhecido pokémon. Violeta se apoiava sobre as patas traseiras e tentava cheirar a esfera bicolor.

Após um tempo de reflexão, Luna decidi verificar o interior da pokébola em lugar mais reservado. Chamando a felina para que a seguisse, a gladiadora passa a caminhar pelas ruas de Grung novamente.

Enquanto procurava por um lugar ideal, a jovem observou que em alguns becos haviam jovens treinando, em outros alguns pokémons buscavam comida nas latas de lixo ou disputavam por território. Depois de passar por vários becos ocupados, a gladiadora finalmente encontra o lugar reservado que tanto queria. Sem perder tempo, lançava logo a misteriosa pokébola no ar. Um brilho escarlate revelava uma meiga Abra. Por um momento, Luna ficou tentando entender o precioso presente e tentava imaginar quem seria a pessoa que havia mandado. A jovem desejava ter um Alakazam em seu time e, diante de si, estava o primeiro estágio do desejado pokémon. Abra olhava muito feliz para sua nova companheira e logo abraçava a gladiadora. A psíquica era muito meiga e carinhosa, mas, após ouvir seu novo nome, abraçou ainda mais forte como se seu nível de meiguice dobrasse. Violeta se aproximava de Kirah e a cheirava para registrar seu odor. A felina pareceu gostar ainda mais da psíquica apenas pelo fato dela ser fêmea.

Após o abraço afetuoso das mais novas amigas, Luna percebe que precisaria ensinar um novo golpe para Kirah já que a mesma só sabia usar o Teleport. A jovem retira um disco de sua mochila e toca com cuidado na meiga Abra. No primeiro momento, a psíquica ficou feliz por aprender um golpe novo, mas segundos depois começou a ficar agitada e assustada por não conseguir dominar os poderes ocultos que acabara de aprender. Sem saber como reagir, Luna apenas vê sua Abra teleportando-se e desaparecendo do beco.

A gladiadora olhava em volta na tentativa de encontrar Kirah no beco, mas era em vão. Não havia mais sinal da psíquica no beco e Glameow confirmava ao perceber que o odor dela não estava mais ali. Luna resmungava por ter perdido um de seus pokémons novamente. Glameow, que já passara por tal situação, corria logo em direção ao rastro do odor da psíquica. A felina saía do beco e logo era seguida pela jovem.

As ruas estavam movimentadas e o único desejo que poderia passar no coração de Luna era que Kirah estivesse bem. Talvez as buscas não seriam difíceis, já que o Teleport da psíquica não a teria levado para muito longe.

Violeta corria na frente indicando o caminho enquanto Luna a seguia confiando no faro da felina. Da última vez ela tinha conseguido localizar Fertuz. Após uma boa corrida, Violeta entrava em um beco e logo para atrás de uma lata de lixo. Quando a gladiadora chegou, viu sua pequena Abra chorando, mas aparentava estar mais calma. Kirah levantou-se rapidamente e abraçou a jovem com muita força. Parecia que só havia sido um pequeno susto. Violeta miava de alegria por ter conseguido achar a companheira.

Quando Luna percebeu, viu uma grande placa. O beco era a entrada de um estabelecimento que parecia passar despercebido em Grung.

Diante do caloroso abraço, Luna prometia proteger Kirah. A psíquica sorria antes de desaparecer através da luz escarlate da pokébola. Glameow roçava as pernas da gladiadora querendo chamar a atenção da mesma. De certo, a felina estava demonstrando melhorar com sua habilidade de faro. A jovem indagava a Violeta se ela gostaria de entrar no estabelecimento e recebia um miado animado como resposta.

Luna entrava no Café com Melodia e logo descobria o belo ambiente escondido em um dos becos de Grung. O local não era muito grande. Tinha oito mesas redondas dispostas pelo ambiente e cada qual com um conjunto de quatro cadeiras, todas ocupadas por pessoas conversando amigavelmente. Havia uma espécie de palco improvisado com alguns instrumentos musicais dispostos nele que ficava de frente para todas as mesas. A iluminação ficava por conta de somente um grande lustre que criava um ambiente com pouca luz. Logo na entrada havia um balcão onde haviam doces expostos à venda e uma máquina de fazer expressos. Em frente ao balcão uns quatro bancos grandes e detrás, um jovem observava a nova cliente entrando.

─ Bem-vinda! Você chegou na hora! ─ o jovem apontava um banco e olhava em direção ao palco.

Spoiler:

Uma bela jovem subia no palco e se posicionava no centro, assim como algumas pessoas que se dirigiam aos instrumentos. Seus olhos azuis eram penetrantes e todos os clientes a olhavam esperando o início da apresentação. A garota usava um belo vestido vermelho com um laço preto em frente ao busto. Uma bela tiara envolvia seus belos cabelos prateados e curtos. Ela se virou de costas e os instrumentos começaram a tocar.

Luna não podia acreditar no que estava acontecendo, ou melhor, podia acreditar sim. O Café com Melodia resumia o sentimento que a gladiadora sentia pela música. A jovem se sentava em um dos bancos a convite do rapaz e logo pedia um cappuccino. Estava encantada com todo o lugar, ainda mais por ter uma apresentação prestes a acontecer. Ela se questionava se o lugar realmente existia ou se era algum tipo de sonho sendo realizado. O rapaz entregava a bebida, que era feita de forma artesanal, e se voltava para o palco.

A garota de vestido vermelho começava a apresentação de forma espetacular. A voz, a coreografia, a figurino, os arranjos, tudo parecia estar perfeitamente em sintonia. Todos os clientes apreciavam o show em silêncio e em completo êxtase. A música não ecoava somente no ambiente, mas chegava até o coração de Luna que já estava acompanhando a letra.

─ Então você também canta?! ─ o rapaz se virava para Luna e falava de forma que não a atrapalhasse ─ garota, você está no lugar certo!

Ao fim da apresentação, todos se erguiam e aplaudiam com grande ânimo enquanto pediam por outra música. A jovem olhava com alegria para todos e agradecia.

─ Se vocês querem mais uma música, então terão mais uma música! ─ a cantora gritava excitada ─ Mas agora eu convido ao palco o meu querido sócio para fazer um dueto comigo.

Spoiler:

─ Opa! Acho que sou eu! ─ o rapaz detrás do balcão sorria ─ Não vá embora sem termos conversado! ─ falava com Luna antes de se retirar e subir ao palco.

Luna também se emocionava ao assistir o dueto. Violeta secava suas lágrimas com a cauda enquanto olhava curiosa para a dona. A gladiadora enrubescia devido a aproximação da dupla após o término do show, ainda mais por eles falarem tanto com ela.

A jovem explicava como havia encontrado o estabelecimento e de como havia gostado de tudo ali. Luna estava se sentindo tão bem acolhida que acabou revelando o seu medo de não conseguir revelar sua alma através da música. David e Eliza ouviam com atenção e ternura tudo o que a gladiadora falava. Eliza pegou nas mãos de Luna e olhou profundamente em seus olhos.

─ Querida, não tenha medo de mostrar quem você é. É claro que podemos ser julgados pelo o que somos, mas no fim de tudo você será feliz por ser você mesma. ─ e apontava para o coração da gladiadora ─ A música é libertadora. O que você acha de subir naquele palco e cantar algo que diga quem você é?! E depois podemos conversar mais sobre os seus temores. - Eliza sorria afetuosamente e piscava para Luna.

─ Acho uma boa ideia! ─ David incentivava enquanto preparava mais uns expressos para entregar em uma mesa.

Luna se emocionava com as palavras da dupla de cantores. A jovem concordava com todas as palavras e aceitava o convite para cantar. Após um rapaz terminar de cantar, a gladiadora subia ao palco e combinava com o pianista a música que seria cantada. Luna se acomodava em uma baqueta e aproximava o microfone de si. Por um momento um grande silêncio reinou. As pessoas ficavam com expectativa sobre quando a jovem começaria a cantar. Um breve sinal para o pianista e a melodia começava... A voz da gladiadora ecoava pelo local. As pessoas ouviam hipnotizadas. Eliza e David prestavam atenção com muita animação. A música parecia brotar diretamente do coração.

Ao terminar de cantar, uma salva de palmas se levantava para Luna. Algumas pessoas secavam lágrimas dos olhos, outras comentavam sobre o talento da jovem e diziam que com certeza era uma stylist de grande sucesso. Luna voltava para o balcão onde era recebida com congratulações.

─ Sua voz é linda! ─ Eliza estava muito animada ─ Você estava certo David.

─ Eu disse a você. E essa música me tocou profundamente...

─ Pois não é?!?! Me arrepiei toda. Você escolheu a música certa, mas a letra da música te convida a algo. Seja corajosa, faça uma mudança, seja livre! Talvez David e eu possamos te ajudar em algo.... Hoje à noite vai haver uma festinha aqui e gostaria muito que você viesse. Talvez eu possa ajudar em algo com sua timidez. O que você acha?

─ E se você não tiver onde ficar, pode passar a noite lá em casa. Minha avó adoraria receber uma visita.

A canção de Luna transbordou corações ao dispor das mesas por todo o café, mas acima de tudo o seu coração exalava sua essência doce e gentil... Sua música havia alcançado alguns corações ali presentes e para ela, isso já era um sinal de que algo estava mudando em sua vida.

Ao descer do palco ela foi recebida pela dupla de cantores que, entusiasmados se alegravam com o feito da Gladiadora, embora eles não soubessem sobre isso, ela não havia sido questionada sobre tal informação. Violeta pulou para o colo de sua dona no instante em que ela se aproximou da dupla, ronronando de alegria e orgulho da morena.

- E-eu aceito sim, Eliza... Mas como você poderá me ajudar? - questionava ela, triste.

Enquanto esperava a resposta, Luna mirou o jovem que preparara seu Cappuccino minutos mais cedo e o respondeu também. - Na verdade, eu não tenho mesmo onde ficar, cheguei hoje pela manhã na cidade e não conheço nada, nem ninguém por aqui. - falava ela olhando para os lados buscando alguém que conhecesse, mas sabia que não encontraria ninguém familiar.

Luna agradecia e aceitava o convite e logo perguntava sobre como seria a ajuda de Eliza. A jovem cantora se animava ao ouvir a resposta da gladiadora.

─ Vamos nos divertir muito! E quanto à minha ajuda, não se preocupe, já pensei em algo.

Depois a gladiadora se voltava para David e dizia que realmente não tinha um lugar para ficar por não conhecer ninguém na cidade.

─ Então está feito! Você fica na minha casa hoje!
─ Okay, David, mas agora é o momento das garotas e você tem que começar a arrumar o ambiente para a festinha.
─ Isso é verdade! ─ O jovem colocava a mão na testa e pensava em todo o trabalho que teria para fazer.

Eliza enlaçava seu braço com o de Luna e a puxava para a saída sendo seguidas por Violeta.

─ Beijinhos, David. Até mais tarde! ─ a garota acenava alegremente enquanto continuava a puxar Luna para fora.

De volta às ruas de Grung, a dupla caminhava alegremente. Eliza checava as horas no celular e logo se voltava para a gladiadora.

─ Está quase na hora do almoço! O que acha de comermos em um belo restaurante e conversarmos mais sobre a verdadeira Luna?

Sem esperar pela resposta, Eliza continuava conduzindo Luna pelas ruas em direção a um restaurante. Violeta acompanhava a dupla de perto e se animava com o que iria acontecer com sua dona.