Tape - VII - It's time to find you!

Luna decidia ir à estação para recolher os itens que havia chegado e convencia o primo do mesmo. As últimas lembranças da gladiadora na estação não eram muito boas. Presenciara um atentado apocalipse ali onde tivera o desprazer de conhecer os irmãos desordeiros. Os jovens seguiram o caminho de braços entrelaçados. Quem visse de fora poderia pensar que se tratava de um casal de namorados, mas, entre eles, apenas o mais puro amor fraterno.

A estação não estava muito cheia. Olhando o painel, Guilherme viu que as linhas para Kalled estavam todas fechadas e as para Mengum praticamente escassas. A dupla se aproximou do balcão de encomendas e entregaram suas identificações. Por um momento, a atendente olhou de forma estranha para os dois ali. Uma gladiadora e um cadete assim tão próximos era difícil de se ver na capital. A mulher verificou o computador e foi buscar tudo o que havia chegado para os jovens. Ao voltar, uma pequena caixa continha duas pokébolas e quatro itens para Luna enquanto em outra, uma pokébola para Guilherme.

Os dois jovens ficaram surpresos ao receberem tantas coisas. Guilherme ficava ainda mais feliz por ter sido lembrado pelos tios. A dupla deixou a estação e seguiu para o mesmo beco de antes. Ansiosos para descobrirem o conteúdo das pokébolas, os dois liberaram as esferas simultaneamente. Dois fantasmas surgiam diante os olhos dos dois. Um pequeno bilhete informava que os dois ali presentes eram gêmeos. A pequena dupla de fantasmas brincava um com o outro com muita inocência. Sumiam e surgiam pelas paredes enquanto eram acompanhados pelos olhares de Violeta e Kirah.

Os dois primos ficavam encantados ao verem os dois fantasmas brincando. Depois de um tempo de admiração, os dois pokémons foram recolhidos em suas pokébolas. Repentinamente, Luna se empolgou e tomou a mão do primo. O jovem se deixou ser conduzido e logo desapareciam do beco com a ajuda de Kirah.

O grupo surgiu em cima de um prédio alto (pela segunda vez no dia). O crepúsculo pintava o céu com seus tons dégradé. Guilherme ficava encantado com a visão. Os dois se sentaram na borda do prédio enquanto a voz de Luna enchia o topo do prédio. Os dois se perdiam em pensamentos enquanto admiravam o horizonte.

O recruta admirava sua prima, para ele era incrível poder ver o quão bela ela havia se tornado, sem contar que a voz que já era linda quando criança, só ficou ainda melhor. Ele sorriu quando ela percebeu que ele olhava pra ela constantemente e sorrindo... - Bem, esse é o meu mundo! - ela pairou os olhos por toda cidade que se acendia pouco a pouco. - Quer dizer, com alguns problemas aqui, umas batalhas ali, mas Shinki tem sido minha casa todo esse tempo! - os pés pendurados balançavam tranquilamente.

- Fico feliz que tenha encontrado seu lugar no mundo, Lu... - ela o interrompeu. - Não, não é o que eu quero, ainda faltam alguns ajustes, não é? - ele concordou que sim, sorrindo.

Luna olhou por cima dos ombros onde via Violeta deitada no colo de Kirah, estava ficando tarde e Nolan esperava por ela no Kazumi Hotel. - Bom, é hora de irmos, está ficando tarde e não queremos mais confusões por hoje, certo? - ambos se levantavam e caminhavam até a dupla de Pokémons da Gladiadora. - Já tivemos nossa cota de ameaças por hoje, chega! - Assim, Kirah se ergue em frente a dupla esperando pelas ordens de sua dona. - Vamos para o Kazumi, Kirah! - a psíquica acenou em concordância e logo todos desapareceram do terraço. O Sol havia se posto por completo.

Guilherme se perdia contemplando a prima. A canção de Luna mostrava a doçura da voz da jovem, mas também refletia sua força e destacava momentos de dor. Aquele momento certamente poderia ter sido registrado em uma pintura. Os olhos do cadete não mudavam a direção. Seu foco era a prima cujos cabelos dançavam ao sabor do vento. Ao perceber o olhar fixo do jovem, Luna tratou de iniciar uma conversa. Foi ali, no terraço de um prédio aleatório da capital, que os jovens finalizaram o seu dia de encontros e desastres.

Com a ajuda de Kirah, o grupo chegava em frente ao hotel Kazumi. Todos estavam exaustos, principalmente a psíquica que usara seu Teleport diversas vezes para carregar muitas pessoas. Ao adentrarem o Hall, foram logos abordados pelo gerente que se dirigiu à Luna. O homem apenas queria confirmar se reserva feita para a jovem de cabelos brancos acompanhada por um rapaz se tratava da mesma que estava diante de si. Com tudo confirmado, Luna e Guilherme receberam as chaves de seus quartos.

Os quartos ficavam próximos um do outro apenas havia um quarto que os mantinha distantes. Luna abriu a porta e já esperava encontrar Nolan, mas, para a surpresa da jovem, havia somente uma cama para ela e nem um sinal do jovem stylist por ali. Sobre o criado-mudo, um pequeno bilhete aguardava a jovem. “Luna, achei melhor dividir os quartos dos garotos e da garota. Apenas por respeito a você. Boa noite. Nolan.”

Ao abrir a porta do quarto, Guilherme viu um jovem dormindo tranquilamente em uma das camas abraçado a um Cyndaquil.

Luna se sentia ainda mais apaixonada por aquele stylist que tanto a ajudara. Nolan a fazia se sentir segura de algum modo. Talvez o jovem fosse um farol que a guiava em toda as trevas presentes em Shinki. Ela ao menos sabia para onde voltar. Kirah estava exausta. A psíquica abusara de seu Teleport durante o dia carregando muitos “passageiros”.

A gladiadora seguiu para o banheiro onde pode ver seu reflexo no grande espelho de formato circular. Os olhos demonstravam um pouco do cansaço do dia. Lá no fundo, parecia que alguém a observava através de seus próprios olhos. Não era hora para se pensar nisso. A jovem rumou para o chuveiro e deixou a água escorrer por todo o seu corpo.

O banho fora rápido. Luna seguiu de volta ao quarto onde encontrou Violeta já deitada na cama. A jovem retirou um pijama da mochila e o vestiu. Abraçando-se à sua companheira felina, Luna adormeceu.

No outro quarto, Navier observava Nolan dormir. O cadete ainda não conhecia o companheiro de Luna, mas já possuía um sentimento de gratidão por tê-la ajudado tanto. O dia do jovem cadete fora cheio. Enfrentar Cornélios na Academia. Estar em um atentado ao hospital totalmente indefeso. Receber uma bela bronca de Kibato. Aquele fora um dia e tanto.

Quando percebeu, o jovem estava parado diante um grande espelho de formato circular. Seu reflexo o encarava esperando que falasse algo. Nenhuma palavra saiu, apenas um longo suspiro e um latido baixo de Houndour. O recruta se dirigiu para o chuveiro juntamente com seu pequeno cão que adorava o contato com a água.

Terminado o banho, Houndour correu na frente e pulou na cama sendo acompanhado pelo loiro. Abraçado ao seu quentinho cão, Guilherme adormeceu.

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O Sol surgia soberano e invadia os quartos dos jovens com seus raios. Mais um dia vinha saudar os primos.

Os primos acordavam na nova manhã que surgia. Enquanto a gladiadora cuidava de seus longos cabelos, Navier era despertado por uma lambida amigável do recém nomeado Magnus. O canino sorria para o jovem já com a baba escorrendo pela boca. Um pouco caía sobre o jovem que ele logo limpava. Nolan ainda dormia sem se incomodar com os pequenos latidos do Houndour.

Luna escovava os cabelos quanto ouviu o som de sinos ao longe. A Igreja de Arceus chamava seus fiéis para uma missa especial.

Ao ouvir os sinos, Luna ficou curiosa para descobrir que celebração acontecia que chamava a atenção de todos. Saindo apressada com Violeta, a jovem gladiadora apressou os meninos e os aguardou no térreo. Em poucos minutos Guilherme e Nolan se apresentavam prontos para acompanhá-la. O jovem stylist sorriu ao ver a jovem bem a deu o seu “bom dia” com um abraço afetuoso.

Enquanto caminhavam rumo à igreja sendo guiados pelo som dos sinos, o jovem cadete recebeu uma mensagem no celular. A operadora do cartão fidelidade notificava que havia chegado um presente na estação de trem. Curiosos, o trio partiu para a estação. Depois de enfrentarem uma longa fila, finalmente Navier era atendido. À sua frente, um ovo era depositado despertando um sorriso no jovem. Luna apressou o primo novamente para que fossem logo para a igreja para não chegarem atrasados.

A igreja estava cheia. Várias pessoas carregavam consigo seus ovos pokémons para o grande batismo que aconteceria. As colunas se erguiam majestosas enquanto a luz do sol ganhava novas tonalidades quando passava pelos imensos vitrais. Luna, Guilherme e Nolan se sentaram e esperaram a cerimônia começar. Violeta saltou para o colo da gladiadora e se acomodou ali.

Ester Valvierk, a pregadora da Igreja local, entrou em uma procissão. Dois jovens seguidores iam à frente segurando turíbulos que liberavam a fumaça do incenso. O odor se espalhou por todo o templo dando uma sensação de prazer a todos ali. Ester estava vestindo um longo vestido branco com detalhes em dourado. Uma bela tiara ajeitava os cabelos. Ao chegar ao altar, a mulher se virou e começou a falar. O olhar sereno parecia levar paz aos corações de todos. As palavras doces falavam sobre o amor e o sacrifício. Algumas senhoras já estavam chorando com a pregação.

Depois de alguns minutos de pregação e oração, Ester pediu que todos fizessem uma fila e trouxessem os ovos para o batismo. Quando chegou a vez dos primos, a sacerdotisa sorriu para eles e falou:

― Minhas crianças, orem a Arceus e peçam que ele traga boas virtudes para seus futuros companheiros. Assim que eu jogar a água sobre os ovos, mentalizem uma virtude que vocês desejam para seus pokémons que irão nascer.

Luna e Guilherme acolhiam com carinho o batismo para seus ovos e desejavam saúde para eles. Assim que deixaram a Igreja, Luna tomou a mão dos dois jovens e saiu correndo rumo à praça Estrela. A visão de uma pequena banda de stylists sem animação não era muito agradável aos olhos da gladiadora, mas a jovem não ficaria sem fazer nada. Luna tentava encorajar os jovens, enquanto Nolan apenas sorria com a cena. O stylist sabia muito bem o que a jovem estava tramando, mas tudo isso ainda era novidade para Guilherme que permanecia com uma expressão confusa.

Em pouco tempo, a gladiadora já estava cochichando algo para os jovens e uma música começava a tocar. O recruta se espantou ao ver um microfone nas mãos da prima. Luna cantava animada e começava a contagiar algumas pessoas ao redor. Alguns fiéis que saíam da igreja ignoravam o pequeno show, mas outros se sentiam atraídos pela música. Nada melhor para começar bem o dia do que com uma música animada. As crianças estavam adorando e dançavam sem se importar com nada. Alguns homens olhavam com desconfiança devido à letra da música. Mas as mulheres se soltavam e, assim como as crianças, dançavam com gosto. Até mesmo Nolan puxou Guilherme para dançar para deixar o jovem mais descontraído. Graças à Luna, o quarteto iria ganhar um pouco de fama.

Toda a animação do lugar era tomada por megafones que anunciavam uma notícia. Apesar de estar a pouco tempo no comando, Cornélios já fazia mudanças significativas que mudariam o modo de vida de todos em Shinki. De onde estavam, os jovens conseguiram ouvir sobre o toque de recolher e a convocação nas cidades de Chermont ou Twister. O clima ficou tenso entre todos ali. Stylists serem convocados à batalha era uma situação constrangedora e impactante na vida dos artistas. Nolan lançou um olhar para Luna e estremeceu um pouco.

O trio se juntou sem muita felicidade após a notícia. Guilherme mal acabara de receber a licença e já se via em outra situação difícil. Os três deixaram a praça e seguiram andando pensando em como se preparariam para tais mudanças.

A manhã em Nyender estava fria. O inverno começava a tomar seu lugar e consigo trazia a Era da Estrela Sombria. O vento gélido agitava as últimas folhas das árvores enquanto arrastava o cabelo de Luna em uma dança melancólica. Nolan seguia apreensivo. O stylist não se via preparado para tal embate por mais que gostasse de batalhas. Guilherme também se mantinha pensativo, mas uma vibração no bolso mudou o foco de seus pensamentos. Uma mensagem havia chegado no celular.

Mensagem de texto escreveu:

Sr. Navier, comparecer ao hospital de Nyender no segundo andar da ala dos pokémons.
Procurar pela enfermeira Shangela.

Hospital de Nyender
~Não responder a esta mensagem~

Assim que terminava de ler, Guilherme saía em disparada rumo ao hospital. Ele não fazia ideia do que poderia ter acontecido com sua Meowth e isso o preocupava. Luna avistou o primo se perder por entre a multidão e passou a segui-lo puxando Nolan para apressá-lo. O jovem seguiu rapidamente para o segundo andar e entrou na ala dos pokémons. Várias pessoas passavam por ali e logo o cadete começou a perguntar pela enfermeira Shangela.

― Você é o cadete Navier? ― A mulher olhou de cima a baixo e continuou. ― Me acompanhe por favor.

O grupo seguiu pelos corredores e adentraram em um dos quartos. Assim que entrou, o loiro avistou a felina deitada na cama. A Meowth, assim que viu o jovem, expressou um leve sorriso de felicidade parecendo dizer “Ao final de tudo, vencemos o teste”. Guilherme se aproximou da cama para vê-la melhor.

― Tudo ocorreu bem com seu pokémon. Ela já recebeu alta, mas recomendo que não exija muito dela ao menos até amanhã.

A enfermeira se retirou deixando os jovens sozinhos no quarto. Nolan cutucou o braço de Luna e apontou para a janela que estava fechada. Um Taillow bicava o vidro esperando que alguém o atendesse. Nolan se dirigiu à janela e a abriu. O Taillow voou velozmente para dentro do quarto e pousou em cima da cabeça de Guilherme. Em sua pata direita, um pequeno pedaço de papel estava amarrado. Navier pegou e o leu com atenção.

Mensagem escreveu:Cadete Navier

Compareça à delegacia de polícia imediatamente!!!

P.S.: Não esqueça de avisar aos gladiadores e stylist para se apresentarem imediatamente nas delegacia de Chermont ou Twister.

Assim que o jovem terminou de ler, o taillow bateu asas e saiu pela mesma janela.

Sem questionar o recado que acabara de receber, Navier se voltou para Luna com um olhar terno, no entanto, coberto de seriedade. - Vocês devem ir para Twister! - ele parou por poucos segundos... - Isso é uma ordem! - a Gladiadora sabia que jamais ele falaria algo do tipo para ela se não fosse realmente necessário.

Nolan pegava no braço da jovem e dava um levo aperto, chamando-a para que se apressassem. - Eu sei querido, eu sei, nós já vamos, tenho que fazer algumas coisas antes! - ela retirou a mochila das costas e colocou próxima a felina que estava deitada sobre a cama. - Feche a porta, Gui! - pediu ela enquanto revirava alguns bolsos.

Luna retirou 3 Lucky Egg e os entregou ao primo que não entendia bem o que ela estava tentando fazer. - Fique com isso, tenho certeza de que lhe serão úteis. Agora liberte seu cão noturno e sua Duskull, por favor! - Nolan encostava-se na parede e observava o instinto fraterno da Gladiadora para com seu primo, era um tanto quanto comovente, mas necessário.

Sem questionar o rapaz trouxe para fora o pequeno cão que se via feliz na presença da felina e ambos trocavam lambidas em seus rostos peludos, bem como a pequena fantasma que rodeava a silhueta alta de Navier. Luna ergueu algumas de suas TM's e apontou para os três que se sentaram na cama diante da jovem. - Para vocês que ainda são jovens, creio que isso será de grande ajuda! - concluía ela.

Por fim, Luna retirou de um bolso interno da mochila uma das mega pedras que tinha guardado e se aproximou do primo, pegando em sua mão. - Aceite isso e faça o melhor que puder e, acima de tudo, não morra! - Luna sabia em que situação estava Shinki e todo cuidado que ela pudesse tomar seria pouco, mas ela fazia o possível para cuidar dos seus. Ele sorriu e guardou a pedra consigo... - Obrigado por tudo minha prima, tenha certeza de que iremos nos encontrar outra vez! - respondeu ele, abraçando-a.

Nolan juntou ao dois para um abraço triplo, ali era o começo de uma aliança e no que dependesse dos três, estariam sempre conectados. - Ah, quase me esqueci! - falou ela sacando uma esfera do bolso. - Essa é pra você querido, espero que goste! - suas bochechas já começavam a corar, mas Navier os interrompia dizendo que deveriam partir antes que ele ficassem sem tempo.