Cap. 7 - Batalhas em Chermont

- Que bom que elas chegaram a tempo. Você lutou bem. - Érica comentava com seu Taillow de coloração diferenciada ainda em seu ombro.

Dria acenava com a cabeça, dizendo o mesmo para a outra Recruta e, logo em seguida, se aproximando de Lírio. O jovem aspirante em treinamento estava muito silencioso, quase como se estivesse refletindo sobre os últimos acontecimentos e isso deixava a cadete um pouco preocupada, por mais que não demonstrasse durante uma missão.

- Eu acho que estou bem, senhorita Dria. - Ele dizia sem perceber que voltava, mais uma vez, a tratá-la com formalidade. - É só que... É estranho... Lola atacou uma pessoa. Era um Gangster, mas ainda era uma pessoa, e ela o arranhou bem nos olhos... Foi para me proteger e para proteger o Ministro... - Ele falava sempre de forma muito pausada e claramente tentando decidir como se sentia a respeito do ocorrido.

Com um suspiro, Dria e Auros pareciam deixar de lado a identidade do item que tiveram de proteger e agora se focavam no aspirante ao lado. Doumeki andava a frente do grupo, guiando-os para o hospital. Érica estava próxima da dupla e os analisava de forma discreta, esperando para ouvir a resposta de Dria. Ao longe, o hospital já se fazia visível e, a julgar pelo volume de carros e pessoas na frente, o movimento deveria ser intenso no interior.

Dria ouviu as palavras de Lírio com preocupação, a jovem acariciou a cabeça de Auros enquanto o felino mordiscava de leve os dedos da Cadete, os passos guiados por Doumeki levavam o grupo para o Hospital.

Coçando a nuca a jovem deu de ombros dizendo de forma calma mas segura:

- Existem pessoas que não medem consequências... Zuzu é um bom exemplo...

Os olhos da Cadete pousaram nas cicatrizes de Auros, o felino apenas ronronou baixo deitando-se no ombro de Dria enquanto esta continuava a falar:

- Se você não o tivesse ferido ele não pensaria duas vezes em te machucar ou até mesmo te matar Lírio... Eles não pensaram duas vezes em em ferir inocentes, e nós não devemos pensar duas vezes em nossa proteção ou a de outras pessoas!

Dizia a jovem bagunçando de leve o cabelo azulado do Recruta.

Lírio mirava Dria com um sorriso tímido no rosto. A oficial, no entanto, sabia que aquele sorriso era somente superficial. No entanto a cadete também sabia que o jovem refletia em suas palavras, as considerando seriamente. Lola seguia no colo do aspirante, mirando-o de forma preocupada. A felina sabia que era seu dever protegê-lo e proteger os civis e inocentes. Fora treinada para isso e nunca imaginou que seu ataque pudesse deixar o jovem tão distante.

- Você está se saindo bem no treinamento dele. - Érica comentava, aproximando-se de Dria. Taillow piou em concordância, ainda no ombro da outra Recruta.

Doumeki, mais a frente, mantinha-se atento a tudo ao seu redor e, inclusive, à conversa entre seu esquadrão. O hospital se aproximava e, perante o tumulto, Doumeki recolhia os pokémons feridos de todos, fazendo uma única ficha de inscrição e entregando as esferas para uma garota morena que parecia estar perdida em mundos de papéis. Dria observava o Patrulheiro falar com a morena, solicitando colaboração e, pouco depois, outra médica surgir.

- Avaliem as fichas dos pacientes em busca de algum gangster foragido. - O Patrulheiro ordenava, chamando Ryan e Bruna para avaliarem os internados pessoalmente.

Dria, juntamente com Amanda, Érica e a garota da recepção, começaram a olhar os arquivos. A cadete estranhava o comportamento da morena e, principalmente, de seu Chikorita, que parecia inquieto demais. A Grass analisava o movimento das folhas e parecia estar em busca de algo. Auros ficou atento, enquanto Dria mirava arquivo após arquivo.

O trabalho de vistoriar fichas era cansativo e, mesmo dedicando alguns minutos para gravar o rosto da atendente, Dria não se deixava abater ou reduzir o ritmo. De vez em quanto a oficial desviava os olhos para Lírio, que lhe ajudava silencioso, não ocultando a preocupação. Cerca de uma hora e meia depois, Doumeki retornou, informando que encontrara três gangsters se passando por gladiadores, entretanto nenhum era o ruivo que lutara contra a jovem de olhos claros.

O Patrulheiro descrevia o gangster que buscava, informando que ele estava ferido à bala. Dria não se lembrava de ter visto alguém com arma de fogo, porém no caos que fora sua missão, não tentara analisar seu companheiros, se preocupando somente com o fato deles precisarem ou não de ajuda.

Sem nada mais a fazer, o grupo sentou-se na recepção para aguardar o tratamento de seus pokémons. Lírio segurava Umi no colo, aproveitando o fato de que a aquática não estava ferida. A mão do jovem acariciava a orelha da rata da água, mas o olhar ainda demonstrava que ele refletia sobre as palavras de Dria.

- Com licença, mas o tratamento irá demorar um bom tempo ainda. Vocês não gostariam de retornar amanhã cedo para retirar seus pokémons? - A médica que vistoriara os quartos com Doumeki questionava.

O patrulheiro não ficou satisfeito, mas o chefe do esquadrão sabia que não haviam muitas opções. Rapidamente ele se responsabilizava perante o esquadrão sobre os pokémons de cada um deles, guiando-os em seguida em direção ao dormitório cadete. Com o número de monstrinhos reduzidos, a atenção era redobrada. De todos, Dria sabia que o Persian de Doumeki seria o que mais precisaria de cuidados e, por mais que não gostasse de ficar sem nenhum pokémon consigo, a cadete sabia que eles precisavam de atendimento e confiava no Patrulheiro, sabendo que na manhã seguinte ele levaria todos os seus pokémons de volta para si.

Lírio mirava Dria com esperança no olhar perante a proposta da mais velha. A ideia de um dia para o lazer, compras, café e descanso era tentadora demais. A vida de cadete era cansativa e agitada, exigindo demais do jovem muito rapidamente. Com o cabelo molhado colado ao rosto, Dria sorriu de forma mais discreta para o mais novo, concordando com a pergunta não feita.

Ao chegarem no dormitório, já era noite clara. Doumeki informou o registro de todo o esquadrão, retirando as chaves e as entregando para cada membro. Todos estavam no quarto andar, mas em quartos separados. Rapidamente o patrulheiro explicou sobre a disposição do prédio e informou que os banheiros ficavam no final dos corredores de cada andar.

- Amanhã cedo trarei os pokémons de todos do hospital e aproveitarei para recolher os relatórios e entregar o dinheiro da missão. Relatem com o máximo de detalhes os gangsters que enfrentaram, para que possamos encontrá-los posteriormente. - Doumeki dizia na porta do elevador já no quarto andar, antes de desejar boa noite aos outros e ir para o seu próprio quarto.

Dentro de seu quarto, que era ao lado do de Lírio, Dria sentou-se na cama. O pequeno roupeiro na frente, a poltrona vazia, uma mesa e uma cadeira onde poderia trabalhar no relatório e um tapete com o brasão cadete, sobre o qual Léo se acomodava, sempre mirando a oficial. Lírio havia se despedido com um boa noite e um até amanhã claramente ansioso por um dia de tranquilidade.

O caminho até os quartos foi feito em silencio pela cadete, Léo ao seu lado a jovem não perdeu tempo em ir para seu quarto, a presença ansiosa de Lírio fez com que Dria sorrisse embora cansada.

Sentar na cadeira e retirar a bota foi aliviante, porem os pensamentos da jovem se voltaram para o relatório ainda por fazer, esticando-se na cadeira e retirando a jaqueta do uniforme e permanecendo apenas de camisa para só então se debruçar por cima da mesa e começar a escrever seu Relatório da missão.

Quando finalmente Dria se recostou na cadeira novamente, tanto sua mão quanto suas costas doíam devido ao tempo em que permanecera escrevendo, os olhos azuis da garota passaram por cima da folha relendo as características de cada Gangster enfrentado ou avistado durante as batalhas.

O movimento sorrateiro de Dria fez com que Léo acordasse quando a jovem recostava a porta do armário, a toalha nas mãos da Cadete indicava a ideia de tomar um banho, coisa que fez com que Léo levantar-se e acompanhar sua Mestra até o banheiro, o pokemon ficou deitado junto as roupas de Dria enquanto observava as gotas de água escorrerem pela parede junto com o vapor nas paredes brancas do banheiro.

Com os músculos do corpo relaxados Dria não demorou a se deitar na cama macia, Léo por sua vez nao precisou de convite para deitar ao lado da Cadete sendo envolvido pelos braços dessa, o cheiro almiscarado da juba crescente de Léo invadiu as narinas da garoto quando seu rosto se enterrou na pelagem negra, já fazia algum tempo que esta percebera a mudança do cheiro doce de Léo, um sorriso se formou nos lábios de Dria ao mesmo tempo que o sono dominava seu corpo.

Com o relatório escrito sobre a mesa, o corpo relaxado pelo banho quente e o cheiro almiscarado de Léo lhe preenchendo o olfato, Dria permitia-se mergulhar no mundo dos sonhos. O colchão se moldava ao seu corpo e o quarto, apesar de simples, se revelava incrivelmente confortável. A cidade, após o caos de mais cedo, era preenchida pelo silêncio e o calor do Luxio lhe embalava para um belo sonho.

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Dria ouvia o som insistente de alguém batendo na porta, porém o som era tão distante que a jovem imaginava que, quem quer que fosse, queria falar com outro oficial, não com ela. No entanto, após quinze minutos de batidas, a cadete não aguentou mais e se ergueu. A primeira coisa que estranhou foi a ausência de Léo ao seu lado, a segunda era a camisola longa que usava e não lhe pertencia. Intrigada, a mulher começou a analisar o quarto, notando que aquele não era o dormitório cadete.

Já um pouco assustada com a ausência do elétrico, a cadete se dirigiu ao corredor do que parecia ser uma casa simples, mas confortável. Andrômeda surgia no corredor, alegrando-a com sua presença, mas intrigando-a devido a barriga estufada. Passando a mão sobre a cabeça da Vaporeon, a cadete ouvia as insistentes batidas e, ainda receosa, descia as escadas.

No andar de baixo, a cadete se deparava com uma sala simples. Algumas fotos na parede mostravam a oficial em diversos momentos alegres que, no entanto, ela não se lembrava de ter vivenciado. Andrômeda a seguia e, devido a barriga, em ritmo mais lento. Quando chegou à porta, Dria a abriu muito pouco, somente o suficiente para ver o exterior e sem tirar a trava de segurança.

- Bom dia vizinha. - Um casal falava entusiasmado. - Vimos uma movimentação ontem de noite e viemos perguntar se sua cachorrinha já teve os filhotinhos. - Eles perguntavam tentando espiar pela fresta disponível. Ao lado deles, dois dálmatas sentados e de cabeça baixa.

Dria protestou silenciosamente quando se levantou da cama, porem se ver vestida com a camisola de outra pessoa era estranhamente desconfortável, principalmente quando as fotos e o lugar não se encaixavam na realidade, tentando ignorar o fato a jovem andou até a porta da frente, não sem antes reparar em Andrômeda claramente gravida, um sorriso bobo se a posava do rosto da Cadete enquanto esta dizia:

- Isso só pode ser um sonho! Quem seria o louco de tentar se relacionar com nós duas!

Dizia a jovem ao se aproximar da porta ao mesmo tempo que verificava os passos mais lentos da raposa aquática devido a grande barriga, abrindo de leve a porta a jovem se deparou com o casal, curiosa sobre os animais atrás destes Dria abriu um pouco mais a porta enquanto Andrômeda enfiava a cara por esta farejando o cães, Dria sorriu de leve falando:

- Nha! Foi um belo e grande Alarme falso! Não é garota?!

Perguntava a jovem para a companheira que latiu balançando a cauda enquanto sentava-se ao lado de Dria.

Acreditando veementemente estar em um sonho, Dria abria a porta da frente e mirava o casal com seus cães, enquanto Andrômeda fareja os dois dálmatas, claramente curiosa. A resposta negativa da jovem de claros olhos, no entanto, parecia ter entristecido o casal. Os cães destes, pareciam tentando alertar andrômeda de algo, ganindo e a farejando, fazendo-a mirar os dois humanos de forma intrigada.

- Oh... Que pena... - O homem comentava pegando um cachimbo.
- Sim, realmente muito triste. Mas, quando chegar a hora, não esqueça de nos chamar. - A mulher complementava com um sorriso e acenando com um lencinho, antes de se afastar ao lado do marido.

Dria franziu a testa e ouviu Andrômeda rosnar, claramente não simpatizando com o casal. Tentando entender aquele sonho confuso, a cadete voltou a explorar a casa, encontrando facilmente a cozinha e preparando um café. Enquanto isso a Vaporeon, que parecia ser confundida com um Dálmata pelos outros, ligava a televisão. Dria mirou surpresa à Pokémon trocar de canal até parar nos noticiários. Nestes uma mulher reclamava de alguma seita religiosa que havia invadido sua casa e roubado seus filhotes de dálmatas e, a julgar pelo sangue que encontrara na sala, a chance de encontrar algum dos pequenos vivos era praticamente inexistente.

Dria sorriu com um leve aceno de cabeça antes de que os vizinhos se retirassem, era estranho ver Andrômeda rosnando mas a jovem confiava plenamente na aquática, voltando-se para dentro a Cadete preparou o café da manha com uma estranha facilidade, Dria conhecia suas próprias capacidade culinárias e não se orgulhava nem um pouco delas.

Provando da comida enquanto Andrômeda ligava a TV mudando de canal, a noticia sobre o desaparecimento de filhotes de Dálmatas acabou plenamente com o apetite da jovem, ainda mais quando o sangue e a seita religiosa foi mencionada, os olhos claros da Cadete encontraram os olhos esverdeados da raposa e não foi preciso de palavras para que Dria retornasse ao quarto procurando roupas para sair.

Se movimentar na casa parecia estranhamente familiar e, enquanto saboreava o café preparado com facilidade, Dria via a aquática mudando os canais de televisão. Uma sensação de aconchego se infiltrava na cadete, porém logo a abandonava perante a notícia do roubo dos filhotes de dálmatas. Seu senso de justiça lhe chamando para agir. Um rápido olhar para Andrômeda e a oficial retornava para o quarto, colocando uma roupa mais aquecida. Não sabia o motivo, mas sentia que a cidade do lado de fora não estaria tão quente quanto Chermont.

Com roupas leves, mas quentes e um longo casaco, todos do seu tamanho e novamente indicando aquela casa lhe pertencia, Dria retornava para o andar inferior, encontrando a Vaporeon com uma coleira na boca. Tentando não pensar no fato, a cadete colocou a coleira no pescoço da Pokémon, saindo com a mesma para as ruas da cidade estranha.

As roupas quentes foram uma benção. Do lado de fora, Dria podia ver um pouco de neve se acumulando nas janelas e nas escadas. O vento frio lhe castigou o rosto e a forçou a fechar mais o casaco. Andrômeda ao seu lado, por sua vez, parecia a vontade no tempo hostil. Olhando para ambos os lados, a oficial via casas semelhantes a que lhe pertencia. À esquerda, uma curva sutil; à direita, uma rua reta que logo terminava em outra. A questão era, para que lado ficava a casa onde ocorrera o assalto? Virando a curva a esquerda, se afastava o casal de vizinhos com seus cães.

Os movimentos naturais por dentro da casa deixavam uma sensação de estranheza na Cadete, fazendo com que a jovem questionasse de um dia poderia ter aquilo como realidade, deixando essas ideias de lado a garota instintivamente se vestiu para um tempo mais frio.

Vendo que as vestimentas mais quentes vieram bem a calhar Dria sorriu, ainda mais quando andava pelas ruas com Andrômeda em uma coleira coisa que fez com que a jovem balançasse a cabeça rindo um pouco.

Na rua o vento frio fez com que o corpo de Dria tremesse um pouco, as casas praticamente iguais não davam pistas por onde começar a procura, porem ao ver casal de vizinhos se afastar Dria olhou para a companheira barriguda dizendo:

- Os cães te falaram alguma coisa não foi!? Se eles te deram alguma informação sobre onde começamos a procura é bom que você saiba o caminho, porque eu to meio perdida ainda garota!

Rindo internamente da situação e ao mesmo tempo se questionando se teria algo parecido na realidade, como uma casa sua, onde seus pokémons pudessem circular, dormindo em tapetes, Dria deixava o suposto lar, aventurando-se pelas ruas de uma cidade desconhecida. Andrômeda, após a fala da cadete, escolhia o caminho, constantemente latindo para algum outro cão ou pássaro, possivelmente pedindo orientações. A jovem de olhos claros, por sua vez, decorava o caminho de volta, na esperança de reencontrar a casa que lhe pertencia.

Após cerca de meia hora de caminhada, finalmente a dupla se aproximava de um parque. Em frente a este, Dria via uma casa onde uma senhora dava uma entrevista a um repórter. Possivelmente a casa que vira no jornal mais cedo. Um homem circulava com uma criança no colo e, ao ver Andrômeda, a menina começou a chorar, pedindo para ir para o chão e dizendo que queria um Dálmata para si.

- Com licença, senhora. - O homem se aproximava após inúmeras insistências da menina. - A senhora irá vender os filhotes de sua Dálmata? - Ele perguntou apontando para Andrômeda. A Vaporeon, por sua vez, permitia à criança acariciar-lhe a barriga. A menina chamava pelos filhotes que estariam no ventre da pokémon, deixando claro seu desejo por um. - Prometi um para minha filha de aniversário, mas estamos há um ano que não conseguimos nenhum. - Ele revelava, ganhando a atenção da cadete.

Caminhar ao lado de Andrômeda era reconfortante, embora Dria achasse que fosse desnecessário o uso da coleira já que a raposa estava gravida e dificilmente seria rápida correndo, mesmo assim a jovem a manteve por pura casualidade.

Um leve sorriso se formou no rosto de Dria quando viu que sua companheira realmente havia recebido informações preciosas, não houve surpresa quando Andrômeda guiou a Cadete que mentalmente guardava o caminho, Dria confiava na hipótese de ter que refazer aquele caminho sem a companheira já que a barriga gigante "eclodiria a qualquer momento".

" Só espero que não seja num momento nada propicio!"

Pensou a Cadete ao chegar a frente da casa com a grande movimentação de jornalistas, Dria procurou um lugar para sentar e mesmo antes de se aproximar do banco escolhido a jovem foi interceptada por um pai e sua filha.

Andrômeda não perdeu tempo em se deitar e mostrar a grande barriga para a menina que acariciava os filhotes, como resposta era possível ver a barriga da raposa balançar, ouvindo as palavras do homem Dria sorriu dizendo de forma calma:

- Porque você não me da seu telefone? Assim que os filhotes estiverem desmamados eu te ligo perguntando se vai querer um macho ou uma fêmea! Quanto ao preço, o filhote fica como presente, já que não posso ficar com todos.

Dizia a jovem coçando de leve a cabeça de Andrômeda e sorrindo.

O homem sorria abertamente perante as palavras da cadete, escrevendo seu nome e seu telefone em um papel e entregando para o oficial, repetindo inúmeras vezes agradecimentos e ressaltando tanto a generosidade da morena quanto o desejo de obter um filhote da raça. Enquanto se afastava, a cadete mirava o papel, mas logo sua atenção se voltava para o verso de sua mão. Quando esticou a mão para pegar o telefone, notou a ausência da tatuagem cadete pela primeira vez e agora o fato a deixava intrigada.

Andrômeda latiu, chamando a atenção da oficial e guiando-a para perto da casa. No lugar, a morena pode ver que os repórteres haviam ido embora e a dona da casa, dona também da dálmata que tivera os filhotes roubados, varria as escadas, tirando muito pó e folhas do lugar. Ao mirar Andrômeda, a mulher franziu a testa, recomendando que Dria fosse embora da cidade antes que os filhotes nascessem, para seu próprio bem, para logo depois sumir dentro de casa.

- Que mulher mais irritadinha, não é? Só porque ela teve uma tremenda falta de sorte, fica achando que todos estão condenados. - Dria mirou a estranha que se aproximava.Um carro luxuoso estacionado mais atrás era ignorado, visto que a atenção da morena estava no cabelo preto e branco da estranha e no casaco de peles que ela usava. - Mas me diga querida. Não pude deixar de notar que sua cachorrinha está quase dando à luz. Então, quanto você gostaria pela ninhada inteira? - A outra perguntava já pegando um cheque para preencher.

A ausência da tatuagem fez com que com corpo da Cadete tremesse só de lembrar do Tatuador oficial, porem isso também ressaltava a ideia de um sonho, porque tatuagens não somem do nada.

Ao se despedir do homem Dria sorriu para a companheira que latiu animada em resposta, já perto da casa as palavras da Senhora que havia sido roubada, fizeram com que o semblante de Dria ficasse sério, de alguma forma entendia a dor que a senhora deveria estar sentido e a jovem queria ajudar, embora ainda não soubesse como:

- Ela vai ficar assim por um bom tempo... Até superar a perda!

Foi a resposta quase automática da jovem para a estranha de cabelo preto e branco, estudando a estranha enquanto ouvia a proposta mais estranha ainda Dria apenas respondeu de forma evasiva e educada:

- Sinto eu já tenho donos para os filhotes!

Andrômeda por sua vez farejou a estranha para logo depois recuar se sentando ao lado de Dria.

A mulher de cabelos exóticos e andar peculiar simplesmente pegou seu cachimbo, soltando o ar esfumaçado com força e mantendo algo que ela deveria considerar ser um sorriso amigável no rosto. O cheque e a caneta ainda na outra mão. A voz, por si só, era enjoativa.

- Ora essa querida. Os filhotes ainda nem nasceram, então você pode desfazer os acordos anterior. Vamos nessa, diga seu preço que eu pago em dobro. - Ela dizia retomando o cachimbo para a boca, pegando o cheque com uma das mãos e a caneta com a outra.

Andrômeda rosnou para a estranha, dando alguns passos para trás e puxando um pouco a coleira, como se pedisse para ir embora. A pokémon parecia não querer deixar seus preciosos filhotes próximos da estranha que ainda nem apresentara. No entanto, o comportamento da aquática não passou desapercebido pela mulher e ela logo guardou o cheque e a caneta no bolso do casaco de pele.


- Bem, fique com meu cartão. Me ligue quando determinar um valor querida. Estou disposta a pagar o triplo por eles. - Ela dizia se afastando com o carro. A fumaça tóxica deixada para trás fez Dria e Andrômeda tossirem algumas vezes. Na mão da cadete, um cartão escrito Cruela Devil em letras douradas e um telefone embaixo.

Dria se limitou a fechar o senho enquanto Andrômeda recuava, para dar razão a companheira a própria Cadete deu um passo para trás não recusando o cartão, já que alguma coisa a dizia que ainda veria Cruela Devil.

Tossindo por causa da fumaça Dria se afastou da casa perguntando para a companheira:

- Você guardou bem o cheiro dela? Porque não acredito que ela queira dálmatas para uma boa coisa!

Dizia a jovem estudando o cartão que recebera da mulher, um sentimento de estar perdida tomava conta da Cadete que esperava logo encontrar alguma resposta mais vivível para aquele problema.

Perante a pergunta de Dria, Andrômeda rosnou para a direção em que a mulher se afastou com seu carro. Pouco depois, no entanto, a raposa ganiu, encolhendo-se um pouco e começando a morder a coleira. A cadete não precisou de muito para saber que os bebês estavam nascendo.

- Está na hora? – Anita, surgida repentinamente, perguntou ansiosa.

Dria mirou o casal de vizinhos que não tinha visto se aproximar, não gostando deste fato. O cartão de Cruela guardado em seu bolso e a vontade de levar a aquática para casa, porém sem a ajuda dos vizinhos que não lhe despertavam confiança.

- Venha, meu carro está aqui perto. Podemos leva-las para casa antes que o primeiro filhote nasça.

Dúvida existia na morena de olhos claros. Confiaria nos vizinhos que pareciam segui-la e vigiar sua Pokémon a cada passo? Ou se arriscaria a ir para casa a pé, podendo os filhotes nascerem no meio da rua? Andrômeda seguia se encolhendo perante uma nova contração e ganhando a atenção da cadete. Os cães do casal, contudo, pareciam indecisos sobre o que fazer.

Sem querer realmente, Dria aceitava a carona e, com Andrômeda no colo, entrava no banco de trás do carro dos vizinhos. Estes dirigiam com calma até a casa, enquanto os cães pareciam ganir perto da aquática. A Vaporeon, por sua vez, respirava de forma audível, tentando ritmar suas contrações e reduzir a dor. A cadete também percebia que ela evitava se mexer, tentando facilitar a situação da oficial.

Já em casa, Anita insistiu inúmeras vezes em ajudar com o parto e em todas a cadete recusou. Não foi fácil se desfazer do casal, porém com as contrações de Andrômeda aumentando, Dria se permitiu dar um adeus mais rude e simplesmente fechar a porta. Qualquer um entenderia a pressa da morena afinal de contas...

No interior da casa, após longas horas, sete filhotes totalmente brancos nasciam. Apesar de ambas estarem cansadas, as duas sorriam alegres por tudo ter dado certo. Andrômeda passou a ficar em casa e, estranhamente, no dia seguinte, a oficial sabia que tinha de trabalhar e sabia exatamente onde. Para seu desgosto, tinha de se afastar da companheira e de seus filhotes durante a semana. Porém, no fim de semana seguinte, ficaria em casa o dia todo, aproveitando a família que aumentava. Anita surgiu uma ou duas vezes, perguntando sobre os filhotes e em todas as vezes Dria deu respostas evasivas, não querendo entrar em detalhes.

O tempo passado dentro do carro foi estranho, o casal dirigia sem pressa como se a situação não pedisse isso, o que deixava a cena agonizante já que Andrômeda se concentrava em não atrapalhar a dona e tentar controlar a dor.

Talvez por isso Dria não sentiu culpa ao bater com força a porta na cara dos vizinhos concentrando-se apenas na companheira, as horas de trabalho foram seladas com o nascimento dos 7 filhotes brancos como a neve e saldáveis, orgulhosa da raposa Dria beijou a cabeça dessa deitando-se ao lado da companheira enquanto acariciava sua cabeça.

A sensação de ter um outra vida tomou a jovem com força, a simples ideia de ter que se separa de Andrômeda durante a semana era preocupante por vários motivos entre eles as noticias sobre os sacrifícios.

Balançando a cabeça Dria se levantou indo até a cozinha e voltando até a raposa com uma bela tigela de leite morno, depositando do lado desta a jovem sorriu dizendo:

- Vou tomar um banho mamãe, cuide bem desses filhotes porque logo eles vão correr pela casa te deixando louca!

Dria andou pela casa fazendo questão de trancar toda e qualquer janela assim como as portas antes de rumar para o quarto e tomar um banho.