Twister City: The Mystic's Dream

Um Psychic no homem acabaria com a batalha mais rápido do que ficar atacando a pequena Ralts. Os insetos me perturbam, porém não atrapalham minha visão que, neste momento, está focada no arrogante e inconsequente gladiador. Consigo visualizá-lo deitado, com a adaga de minha mestra em seu peito e o olhar apavorado. É fácil demais...

- Acalme-se.

A voz de Alice me atingi como uma bigorna e só então percebo que avancei um passo em direção ao homem. Ela não quer matá-lo, pelo menos não agora... Minha mente se conecta a dela e eu cedo ao seu comando. Ela ainda é minha Senhora.

Meu corpo parece relaxar, apesar de minha mente estar em um turbilhão. Ouvir Penélope gritando que o homem tem a boca suja e que alguém deveria lavá-la com sabão não ajuda em minha concentração. Ao contrário, até mesmo esse pequeno castigo me agradaria no momento.

Olho sobre o ombro, para Bubble, e o vejo com as penas arrepiadas. Ele pode não saber o que a ofensa significa ainda, mas acho que pela minha reação ele deduziu que é algo sério.

Com a coruja a salvo, meus olhos voltam para a batalha. Preciso achar Ralts mais uma vez. O estranho grita ordens, alto demais para ninguém duvidar de sua incapacidade como treinador. Ciente do movimento da minha adversária, peço para Bubble erguer sua barreira protetora contra o confusion dela para, logo depois, localizá-la com o Foresight. Eu aguentarei firme ao confusion. Não me importo com os ferimentos. Se Butterfree seguir dormindo, poderei me recuperar depois de derrotar a pequena Ralts. Miro rapidamente a borboleta que, em pouco tempo, se tornará minha fonte de energia.

- Dazzling Gleam.

Minhas mãos começam a conter a energia. Alice escolheu o ataque e assim será. Irei fortalecê-lo com o Psychic e guiá-lo contra a Ralts, assim que Bubble me mostrar sua localização.

Ralts caia temporariamente. Enquanto ela ainda se erguia, minhas mãos já preparavam o segundo Dazzling Gleam. Perdoe-me Ralts. Não é nada pessoal. Mas enquanto Alice não me permitir atacar seu treinador, você será o alvo de minhas técnicas.

Minha mente avisa Bubble para se preparar. Se Ralts usar o Teleport, ele deverá usar o Foresight e localizá-la antes que ela nos ataque e depois o Protect para evitar qualquer ataque dela. Do contrário, primeiro o Protect e depois o Foresight, se ela ainda estiver em pé. Estarei guiando meu Dazzling Gleam com o Psychic, enquanto o fortaleço. A julgar pela respiração dela, isso deverá tirá-la de campo.

Alice está atrás de mim e, pelo canto de olho, vejo sua mão descansar sobre a cabeça de Penélope, acalmando a menina que estava pulando no mesmo lugar e ditando comandos incoerentes para mim e Bubble. Acho que estou começando a simpatizar com a criança... Ela fala em alto e bom tom seu desejo para que eu acabe com o sujeito. Prometo silenciosamente que farei exatamente isso. Mais uma vez, não me importo se for atacado. Butterfree ainda dorme e seus sonhos serão o suficiente para me recuperar. Aproveite seu sono borboleta, enquanto ainda tem direito aos seus sonhos. Em breve eles serão meus.

Ralts finalmente caia sem forças para se erguer novamente. Escuto o fanfarrão gritar histericamente, querendo que ela se erguesse, mas agora seria impossível para ela. Estava fraca demais...

- Menos uma! Vai lá Morfeu! Mostra pra esse cara quem é sonso aqui!

Penélope ainda grita animada. Essa criança parece ler minha mente e compartilhar de meus desejos. Como eu gostaria de fazer aquele estranho pagar por tudo o que disse. Mas sinto que simplesmente nocautear seus pokémons não me será o suficiente.

- Dream Eater.

Minha mão se fixa no pilar e me forço para fora dele assim que ouço a voz de Alice. Concentrado em minha nova ordem, não vejo o pequeno sorriso que brinca nos lábios da minha criança. Um pouco de concreto ainda preso em minha pele e minhas costas ardem. Boa estratégia Ralts. Preciso reconhecer. Me sinto fraco e cansado. Acho que, desde que comecei a acompanhar minha criança, nunca alguém me tirou tanta energia. Entretanto isso não seria um problema por muito tempo...

Conforme caminho para perto de Butterfree, Bubble voa e pousa em minha cabeça. A coruja é muito fraca para me ajudar com a borboleta. Seus ataques não surtiram efeitos significativos. Entretanto, o oriento a usar o Protect, caso ela acorde e tente nos atacar. Da mesma forma que estarei com meu Hypnosis pronto para devolvê-la ao sono no exato momento em que abrir os olhos. Mas, enquanto isso, minha mão pousa acima de sua cabeça e meu Dream Eater a irá enfraquecer enquanto recupero minhas forças. Espero que tenha sonhos agradáveis pequena borboleta, pois hoje tenho fome...

O nível do vocabulário de nosso adversário decaía mais ainda. Cheguei a achar que não era possível, mas ele me provou que estava errado. Penélope cobria os ouvidos, reclamando que do linguajar e, assim como elas, outros que assistiam a batalha no saguão do cassino pareciam concordar. Por cima do ombro mirei Alice, implorando para que ela me autorizasse a atacá-lo.

- Acalme-se e recupere-se.

Sua voz ressoava em minha mente. Algo em meu ser entendia que ela planejava algo e eu queria me acalmar, porém era difícil. No entanto, não importava o que eu queria, importava eram as ordens recebidas. Jamais desobedeceria minha Senhora.

Novamente estico minha mão sobre Butterfree, porém não uso o Dream Eater imediatamente. Verifico antes se ela realmente está adormecida. Sei que ela deverá despertar a qualquer momento. Após tanto tempo adormecida, esse barulho infernal dessa cidade infernal logo deverá ser o suficiente para acordá-la.

Assim que obtiver a garantia que ela não vai acordar, usarei meu ataque e me recuperarei mais um pouco. Do contrário, preciso atingi-la com meu Hypnosis antes que ela acorde por completo e só depois o Dream Eater. Ainda não estou totalmente recuperado e necessito de mais sonhos.

Bubble, pousado sobre minha cabeça, boceja entediado. Ele não parece feliz em ficar de guarda, preparado para usar um protect caso a borboleta nos ataque. Mentalmente exijo que ele recupere a postura. Logo a batalha se encerrará e logo estaremos livre desse empecilho.

- Não sabe fala outra coisa não, seu miolo mole?

Ouvir Penélope brigando com o estranho era uma forte fonte de distração. Aperto meus olhos, mantendo a mente focada em Butterfree que, mais uma vez, dormia tranquila. Minha mão se estica sobre a borboleta e seus sonhos voltam a me alimentar e me fortalecer.

Bubble boceja e começa a se aninhar sobre minha cabeça. Não brigo com ele dessa vez. Butterfree está tão fraca que acredito que ela não sobreviverá aos meus golpes. O que é uma pena... Sua energia está tão baixa que também não será capaz de me recuperar plenamente.

O estranho chama Alice de trapaceira mais uma vez. Meu corpo vibra de ansiedade. Minha mente se conecta a de minha mestra e sei que ela planeja algo, mas ela não me mostra. Mesmo focado na Butterfree, sinto o sorriso de Alice em minha pele. Não é um sorriso de alegria e, ainda bem, Penélope não o nota.

Minha menina tem algo em mente... Algo que não é para uma criança ver...

A luta se encerrava. Butterfree caia sem forças. Somos os vitoriosos. Sinto minha força aumentar, mas o efeito em Bubble é ainda mais marcante. Minha atenção finalmente recaia sobre o homem que ainda maldizia minha criança.

Minha concentração é desviada somente por alguns segundos, quando percebo um outro Pokémon fugindo de trás do homem com uma carteira, mas após ouvir a pequena falando, relaxo. Não imagino que um Pokémon da criança possa ser uma ameaça para a minha Senhora, então todas as minhas forças recém recuperadas podem se concentrar no homem.

- Venha Penélope.

- Mas... E o Morfeu?

- Ele logo virá.

Minha menina não era de muitas palavras, mas realmente ela quer preservar a inocência da criança. Fico parado, no meio do salão, enquanto Alice guia Penélope para a rua. Ligo nossas mentes e vejo Bubble voar atrás delas, pousando no ombro da minha Senhora.

Eu fico para trás...

No grande salão do cassino...

Rodeado por pessoas e pequenos cascalhos, fruto da batalha. Percebo o estranho recolher as pokémons para suas pokébolas e fazer um comentário, alegando ter sido roubado e chamando minha Alice de ladra e trapaceira. Decido levar as duas pokébolas comigo quando for embora. Quando a porta se fechou, liberei meu poder. Era hora da minha vingança.

Com olhos de fantasma, minha mente assistia os passos de Alice e Penélope. A barreira de Bubble as protegia da chuva. A criança ainda olha para trás, esperando por mim. Isso me cativa. Contudo... Tenho assuntos não resolvidos. Enquanto a chuva desliza pela barreira da coruja e contorna minha criança, meu Psychic joga as pessoas ao meu redor para longe, liberando novamente o espaço central e me deixando a sós com o estranho desbocado. Ele finalmente parece entender que não fiquei para trás por ser deixado para trás.

No topo de um terraço, a chuva ainda desliza pela barreira verde. Alice está sentada, sua capa enrolada na criança, assim como seus braços, e sua voz canta uma música nova, que me alcança. Uma melodia doce, uma música para a lua e seus segredos. Graças a minha nova força, consigo ouvi-la apesar da distância. Uma melodia muito mais agradável do que o grito das pessoas que tentam me impedir e, logo depois, fogem para longe, tentando fugir das travessas que voam em suas direções. Não irei parar até ter o que quero: a completa humilhação do ser miserável que ofendeu a minha menina. Com Alice cantando em minha mente, acompanhada do vento, ergo o homem com o Psychic, levando-o em direção ao ventilador de teto. Com as lâminas quase lhe raspando o rosto, aguardo que ele implore por perdão por todas suas blasfêmias, somente então cogitarei deixa-lo vivo.

Percebo o movimento ao meu redor e percebo também que alguns estão tentando chamar os cadetes. Já outros correm para a porta, tentando fugir.

Não posso permitir isso...

Preciso de tempo para conseguir o que quero. Então uso meus poderes Psíquicos para trancar a porta e impedir fugas. Contudo é muita energia. Não conseguirei manter a conexão com Alice, a porta trancada e o meliante erguido infinitamente. É mais fácil colocar os outros para dormir. Pessoas costumam resistir menos a hipnose.

Meus olhos brilham em vermelho e miram um a um os que estão no salão. Primeiro os que estão com os celulares nas mãos. Não quero cadetes. Um a um, até restarem somente eu e o estranho. Logo depois estarei livre para me concentrar somente na conexão e na minha vingança. A voz da minha Senhora ainda em minha mente, doce e suave... Uma melodia adequada para colocar os outros para dormir.

No terraço Penélope parece bocejar e pergunta por mim mais uma vez. Essa criança realmente é especial. Munchlax está já dormindo, com a cabeça apoiada no colo da criança. Eu gostaria de dormir às vezes. Deve ser bom poder sonhar... Porém tudo o que posso fazer é me alimentar dos sonhos dos outros...

Ao meu redor, corpos começam a cair, todos adormecidos. O estranho erguido perceberá que não terá ajuda. Pelo menos espero que ele tenha inteligência suficiente para isso.

Peça por perdão.

Minha voz ecoa na mente dele. Uma ordem, não um pedido. Meus poderes o erguem mais um pouco. O ventilador já começando a puxar o cabelo cor de cobre para cima, porém sem cortá-lo ainda. A voz de Alice na minha mente, sonhos a minha disposição ao meu redor e o medo a minha frente.

Este homem inconsequente não parece entender sua real situação e, com as vozes que ouço dos celulares das pessoas caídas estão agitadas, percebo que não tenho muito tempo. Ele terá de entender que tudo poderia ter sido diferente se tivesse pedido desculpas, em uma outra vida.

Meu Psychic o puxa para perto de mim, aproximando nossas faces o máximo possível sem, no entanto, que ele toque o chão.

Se você prefere assim...

Minha voz ecoa uma última vez na mente do homem e logo trato de dar-lhe o mesmo tratamento que dei a Glameow e o mesmo tratamento que sua Ralts me deu: o lanço contra o pilar de pedra.

A diferença é que meu ataque psíquico é mais forte que o de Ralts nesse exato momento e o corpo humano é mais frágil que o corpo pokémon. Com um segundo Psychic puxo-o para perto e lançou-o mais uma vez contra o pilar. Não paro de pressionar até ver cascalho no chão e ele desmaiado devido a dor de sentir seus ossos fraturando. Não o quero mais vivo.

Assim que ele cair, só preciso de uns fósforos ou isqueiro, o que certamente essas pessoas adormecidas possuem em seus bolsos, e colocarei fogo no recinto. Um, dois, três focos de incêndio devem ser o suficiente. Sem provas...

Agora quero ir embora rápido, me encontrar com Alice e Penélope, lhe entregar as esferas de Ralts e Butterfree. Mal posso esperar por deixar essa cidade para trás. A voz da minha menina ainda ecoa em minha mente, enquanto ela murmura para a criança e mira o céu enegrecido. Atrás de mim, as chamas irão dançar por muito tempo até que os oficiais consigam acalmá-las.

Meus passos são calmos, apesar da minha ansiedade em reaver a minha menina. Meu coração bate rápido, porém não pelas mortes que possivelmente causei, mas simplesmente pela expectativa do reencontro. Ver Alice é sempre algo indescritível e poderoso para mim.

Degrau a degrau, subo pela escada de incêndio que me levará a minha Senhora. A chuva em minha pele não me perturba, porém a visão da barreira de Bubble protegendo Alice me arranca um suspiro. Instintivamente meus pés me levam para mais perto. A pequena criança boceja e, ao me ver, acena feliz. Munchlax já está no mundo dos sonhos. Quando me aproximo da barreira, essa abre um pequeno vão, para que eu também me proteja da chuva.

- Confessa, não aguentou ficar longe, não é?

Penélope começa a falar logo que me vê sentado. Seus cotovelos estão apoiados na perna de minha senhora e suas mãos servem de apoio para o rosto infantil. Deitada como se fosse dona por direito do colo que recebia. Simplesmente a olho, mas as lembranças de suas perguntas sobre meu paradeiro não me deixam ficar irritado com ela.

Bubble pia e o Pokémon dorminhoco ronca. No céu um trovão ecoa, tentando acompanhar o raio que o precedia. Alice ainda mira as nuvens. Será que ela está pensando no futuro ou no passado?

- Penélope.

Minha Senhora chama. Desde que a menina começou a acompanha-la, ela tem falado mais do que o normal. Gosto disso. Sua voz é muito agradável e, para mim, é sempre um presente ouvi-la. Assim como eu, a criança parece ficar atenta ao chamado, virando a face para minha Senhora, aguardando em expectativa.

- Tenho um presente para você. Mas para merecê-lo, terá de fazer algo antes.

- Que presente?

Penélope claramente fica emocionada e espanta por completo o sono que sentia. A menina agora senta-se de joelhos dobrados sobre as pernas de Alice, a observando seriamente e tentando esconder a ansiedade, sem sucesso algum.

- A Ralts. Mas para merecê-la, terá de leva-la ao hospital primeiro.

Penélope começa a saltar de felicidade, falando incessantemente que irá cuidar da Pokémon e que irá trata-la com amor e carinho. Bubble sofre para proteger a pequena saltadora da chuva. O pobre Munchlax é desperto repentinamente e rodado, caindo no chão sem perceber o motivo e sem dificuldades para voltar a dormir. A menina chega a abraçar o pescoço de Alice e lhe beijar a bochecha, tamanha sua felicidade em ganhar uma Pokémon. Simplesmente ergo a esfera da pequena Ralts, até certo ponto feliz por ela não ser sacrificada. Penélope pega a esfera e a beija, beijando meu rosto logo em seguida, se afastando logo em seguida. Munchlax acorda após o terceiro chamado da menina e a segue, assim como Bubble que irá garantir a segurança dos dois.

- Tudo bem eu passar no cassino depois?

Somente quando escuto essa pergunta é que percebo a carteira da minha Alice nas mãos da criança. Essa pequena tem dedos leves e terei de vigiá-la muito aparentemente. Contudo, já que Alice concorda, a deixo ir carregando todo nosso dinheiro, apesar de ficar preocupado com isso. Minha barreira agora protege Alice, enquanto Bubble protege Penélope e a acompanha para fora do alcance de nossos olhos.

- Está com a outra?

Após a pergunta de Alice, ergo a esfera de Butterfree. Ela olha a pokébola, puxa a capa sobre o rosto e passa a caminhar, me instruindo a acompanha-la. A borboleta irá conhecer a lâmina negra aparentemente...

Pela primeira vez não conecto minha mente com Bubble. Deixo a jovem coruja agir por conta. Se Alice confiou no pequeno para cuidar da criança, também darei meu voto a ele, confiando em suas decisões e em seus poderes.

Meus olhos se viram para minha Senhora e percebem a face oculta pelo manto. Ela não emana gentileza ou amor. Muito pelo contrário. Minha Senhora tem planos ainda maiores. Essa cidade barulhenta ainda não viu do que somos capazes.

As sirenes ficam para trás, enquanto nossos passos nos levam em direção ao parque de diversões mais uma vez. As chamas que causei também ficam para trás, caminho para as próximas chamas que causarei. As pessoas nas ruas ainda me perturbam. Apesar das altas horas, essa cidade infernal ainda é movimentada.

Ai meu santo Arceus! Ainda não acredito que Alice e Morfeu me deixaram para proteger Penélope totalmente sozinho! É muita confiança!

Mas... E se eu falhar?

Oras essa. Que cabeça a minha. Se eles me designaram para isso é porque sou capaz de fazer. Vai dar tudo certo.

Ai meu Santo Arceus! Cadê a Penélope?

Eu a perdi! Em 2 minutos eu a perdi. Como isso pode acontecer. Eu falhei. Não acredito! Por que fui fechar os olhos Arceus, por quê? Eu sou tão burro e... Espera... Lá está ela. Ufa. Ela só está falando com a atendente. Sã e salva. Obrigada Arceus.

Pouso ao lado dela e me impressiono com o fato de quase termos a mesma altura. Basta eu me esticar um pouquinho para isso...

- A moça disse que vai ser rápido Bubble.

Ela fala comigo e me desconcentra. Perco o equilíbrio e volto a ser mais baixo que ela. Que droga... Insatisfeito, miro Munchlax roubando as balas da recepção e aguardo o retorno da enfermeira com a Ralts. Pelo que entendi, logo depois teremos... JOGOS!

Alguns funcionários ainda trabalhavam no parque de diversões, porém, fora eles, o lugar estava vazio. Acredito que isso seja bom para o que quer que minha Senhora tenha em mente.

Ela se afasta de mim e eu a sigo instintivamente. Posso notar que, apesar da capa cobrindo sua face quase que completamente, ela olha para os lados, em busca de algo. Gostaria que ela me dissesse, para poder ajuda-la. A garoa fina ainda não é um problema para nós, já que meu Protect a mantem afastada.

- Morfeu.

Ao chamado suave e doce de sua voz, meu corpo todo reage, ficando em prontidão. Basta seu comando e eu o tornarei realidade.

- Ache uma alma para Giratina.

Mais um sacrifício, além de Butterfree. Tento usar meus poderes psíquicos para vistoriar o parque, em busca de um Pokémon para ser sacrificado. Espero achar rapidamente para deixa-la orgulhosa.

Com Ralts curada e após nos despedirmos da enfermeira, Penélope, Munchlax e eu corremos de volta para a chuva. Meu Protect garantindo proteção até entrarmos no próximo prédio. Observo Penélope e Munchlax, os dois me olham de volta. Como se fosse sincronizado, nós três gritamos juntos:

Cassino Lótus!

Devemos parecer loucos para as pessoas na rua, mas não nos importamos. Jogar é tão divertido.

Nós passos são rápidos até o prédio, apesar de Munchlax nos atrasar um pouco. No interior, um homem elegante se aproxima para perguntar onde estão os pais de Penélope, porém quando ela mostra o dinheiro de Alice, o homem sorri e explica o jogo. Aparentemente bastava ter dinheiro para a idade ser ignorada.

Penélope senta em frente da mesa. Era hora de jogar a Lótus. A menina rapidamente aposta 5,000 Pk$ e escolhe os números: 17; 20; 25; 28; 32; 40; 49; 55; 58; 63; 71; 74; 79; 87; 94. Nossa sorte está lançada. Munchlax fica comendo batatinha enquanto o jogo se inicia. Se perdermos, Morfeu nos mata. Penélope me abraça apertado, igualmente ansiosa. Que Arceus nos ajude.

Estava pronto para procurar o que Alice me solicitava: um sacrifício para Giratina. Contudo, antes que possa vascular o lugar, vejo algo tentar nos atacar e sumir. Fico intrigado e procuro a origem do ataque, quando o mesmo se revela: kecleon, o pokémon camaleão.

Pois bem...

Meu alvo surgiu por vontade própria em minha frente e agora só preciso nocauteá-lo e entregá-lo para minha Senhora. Me economizou trabalho... Isto é... Se não ficar sumindo o tempo todo. Penso em Bubble... Seu Foresight seria útil neste momento.

- Hypnosis.

O comando é claro. Meu corpo reage e eu tento ser rápido o suficiente, antes que Kecleon suma mais uma vez. Se ele sumir, terei de usar meu Protect para impedir qualquer ataque, ainda mais estando ciente que esse camaleão quer nos roubar.

A ansiedade me consumia, assim como consumia Penélope. Sentia o aperto da menina cada vez mais forte a cada novo número que saia diferente dos nossos. O único que não parecia afetado era Munchlax. Não sei como ele podia pensar em comer. Meu coração parecia querer fugir correndo só de imaginar o que aconteceria se perdêssemos todo o dinheiro. Entretanto, quando faltam somente 3 números para serem sorteados, nosso último número surgia.

Penélope e eu respiramos aliviados. Nossas vidas estavam a salvo.

O homem logo nos entrega 5 mil Pk$. Isso deixaria Morfeu feliz. A menina pega todo o bolo de dinheiro, preparando-se para apostar tudo novamente. Um jogo arriscado, mas se desse certo, sairíamos de lá ricos. Entretanto alguém chega e sussurra algo no ouvido do responsável pelo jogo. Ficamos esperando uma explicação que não demora a chegar.

- Perdoem-me, mas a partir de agora as regras mudaram. Vocês terão de acertar 3 números para vencer.

Penélope reclama. A nova regra claramente estraga seus planos e a menina não está satisfeita. Porém não temos escolhas. Ou aceitamos ou não jogamos... Pio para ela e a vejo pegar de volta o dinheiro, apostando dessa vez somente 1,000Pk$. Uma quantia menor e mais segura. Se perdermos, ainda sairemos no lucro. Então... Por que não?

Mais números são escolhidos. Dessa vez uma sequência. Não sei até onde isso é bom... Mas vamos nessa. Miro os números: 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30. Fecho os olhos e rezo para Arceus, Giratina, Dialga... Será que não tem nenhum sagrado pokémon protetor dos jogadores melhor para eu rezar não?