Entre o sangue de gladiador e um bombeiro que salva vidas!

Off: Me desculpe a demora ç.ç

Depois de um pouco de diversão na escolha das TMs, eu recolhia a dupla e assim que saia da estação, estava preso por uma mensagem um tanto quanto reveladora (ou não). Meus olhos ainda pairavam sobre a mensagem, com seu conteúdo altamente convocatório. Não era só eu, mas Stylist... Como assim Piesok? Para tomar chá não seria... Parecia que não era um bom momento para poder se tornar gladiador no momento e eu não fazia a mínima ideia de o que fazer lá...

Outra pergunta era: como chegar em Piesok? Ir para Kalled estava fora de cogitação, até porque ali era território Armagedon. A estação não ofereceria um serviço para lá... Ir para Chermont? Poderia ser, mas ainda assim teria que passar por um bando rotas para chegar até ali. Ainda andando nas ruas de altos prédios, com o desconforto na área que foi submetida à cirurgia, eu tentava analisar as opções de modo bem melhor. Eu só pensava como poderia ser um alvo menos fácil nessa convocação...

Bem, se estava indo para um lugar em que precisava sobreviver, nada melhor do que a Sobrevivendo ou Morrendo para poder me ajudar a sair daquele lugar com vida... Teria que aprender alguns cursos lá...

O gladiador estudava a mensagem recebida e diversas suposições surgiram em sua mente. O ruivo se perguntava como chegaria em Piesok, sabendo que o vilarejo é muito isolado e de difícil acesso, sendo apenas possível após atravessar o deserto Kuwabara. Depois de diversas perguntas e suposições, Marcel percebeu que deveria aprimorar-se para o futuro incerto que o aguardava.

Chegou ao primeiro andar com um pouco de dificuldade. A mudança de elevadores e a perna recém cirurgiada era um problema, fazendo o rapaz mancar até a loja de destino, Sobrevivendo ou Morrendo. Atrás de um balcão bem organizado, um rapaz de óculos e corpo atlético exibia um sorriso marombado.

- E aí, rapaz?! O que vai querer hoje?

Prateleiras espalhadas pela loja estavam repletas de itens interessantes e bem úteis. O rapaz marombado e sorridente apontava para uma placa ao lado do balcão, enquanto falava sobre a utilidade dos diversos cursos oferecidos pela loja.

Andar por aqueles prédios e tentar se mover mediante uma cirurgia recém feita, eu acabava chegando a loja alvo. Estava ainda pensativo com tudo o que estava acontecendo e eu teria dois meses ainda para poder chegar até o local devido. Tinha que me preparar. Ainda tinha que me recuperar da cirurgia. Tinha muita coisa para fazer e felizmente os cursos ali eram bem interessantes e poderiam me ajudar a sobreviver em um deserto ou seja lá o que estava acontecendo lá... Tinha que me preparar, com certeza.

- Quanto custa e quanto tempo em média as pessoas gastam para fazer os cursos de Como acender fogueira, Como armar barracas, Armadilhas, Orientação pelas estrelas, Rastreamento, Desarmamento de bombas, Como se desamarrar, Como se livrar de algemas, Como se espreitar por espaços pequenos, Controle de respiração, Técnica para permanecer imóvel?

Dizia para o dono do local, enquanto lia a lista que ele apresentava logo ao lado. Eu sabia que aqueles eram os cursos que mais me passavam pela cabeça que seria interessante para se proteger em um lugar como Piesok, perto de Kalled e possivelmente repleta de armagedons. Além do mais, não eram cursos que dependiam tanto de esforços físicos, um ou outro e seria pouco, mas era mais a minha capacidade de ter que sobreviver. Sabia que nenhum cadete ia me convidar para Kalled para tomar chá...

O jovem gladiador lia a lista e dizia os cursos que pretendia cursar, além de perguntar sobre valores e a duração média dos cursos. O balconista pegou a calculadora e pareceu que iria iniciar uma série de cálculos, pórem apenas olhou sorridente para o Gladiador.

- Rapaz, todos nossos cursos estão na promoção, 150 pk$ por nível de estudo. A duração média é de 15 a 20 dias e você pode optar por fazer até 3 cursos por dia, dependendo da quantidade de níveis que você quiser aprender e do quanto de resistência e força física demandam o curso. Como vai ser? Vamos preparar um pacote de aulas?

O homem do balcão falara com entusiasmo, levantando os braços e flexionando-os, como se demonstrasse o tamanho dos bíceps bem desenvolvidos.

A solicitação diria que eu tinha dois meses para chegar em Piesok. O local era de difícil localização e eu teria sérios problemas para poder acessar aquela vila. Observava o homem que explicava melhor os cursos e eu tinha quase um mês para aprender algumas coisas. Observava como ele se comportava e o ignorava diversas vezes. Pensativo, eu tentava selecionar o que seria melhor para mim no momento. Talvez não fosse nada que ocorresse em Piesok, mas o “talvez” me apertava muito.

- Eu gostaria de aprender Desarmamento de bombas, Armadilhas e Controle da Respiração, todos nível 5.

Não era muito caro... Quer dizer, era um pouco, e como eu tinha que me recuperar da cirurgia, não contava que aquilo fosse algo que prejudicasse. Permaneceria na cidade todo o tempo, nos albergues e iria no hospital sempre, para poder ver se estava tudo bem e parecia que a igreja local servia refeição... Quem sabe?

O gladiador ignorava os excessos do balconista da loja, pensando sobre o incerto futuro em Piesok e se realmente era necessário os cursos, mas não seria perda de tempo, já que os cursos ficariam para a vida toda. De uma lista imensa de possibilidades, o ruivo decidiu por 3 cursos e o desejo de ter total domínio sobre todos eles. Com a calculadora em mãos, o balconista iniciou os cálculos.

- Bem, como são 3 cursos e todos no nível 5, fica 750 Pk$ por curso, multiplicando tudo no total... Dá... 2.250 Pk$! - o homem abriu o largo sorriso - Cada curso tem duração de 92 dias, mas vocês pode fazer um de manhã e outro a tarde, depois você faz o terceiro isoladamente. O que acha? Podemos fechar o pacote?

Marcel olhou bem para o papel com as informações anotadas e percebeu que não tinha todo aquele tempo. Seriam mais de 180 dias em Grung, mas em 60 dias deveria estar em Piesok. Como lidar com aquilo? O balconista exibia ainda mais os músculos, com posições diferentes e de fisiculturistas profissionais, o que parecia ser a carreira do homem, e além disso soltava uns "Ruu! Raa!" durante cada mudança de posição. Enquanto pensava no que fazer, o vigarista ignorava-o.

Depois de pensar, Marcel informou ao balconista atlético que tinha apenas 60 dias disponíveis na cidade e que o tempo dos cursos teria que ficar nesse intervalo de tempo. Com a calculadora mais uma vez, o homem fez novos cálculos e anotou novos valores, apresentando-os ao gladiador.

Balconista atlético escreveu:
Manhã: Curso 1 - níveis 1 e 2
Tarde: Curso 2 - níveis 1 e 2
Noite: Curso 3 - nível 1

Duração: 52 dias

Valor: Pk$ 750,00

- Nesse tempo que você tem, infelizmente, só posso fazer isso por você. - o balconista continuava com seu sorriso empolgado e enérgico - O curso ficaria assim: o nível 1 dos Cursos 1 e 2 duram 30 dias e, depois de 2 dias de descanso, já retorna pro nível 2 de ambos os cursos. O curso 3 será ministrado à noite, nos primeiros 15 dias  e depois nos primeiros 15 dias depois dos dias de descanso, dando um bom intervalo de tempo. O que acha?  Podemos fechar assim?

Parecia que o tempo pedia pressa. Não tinha tempo para me especializar para aquela guerra, seja lá se fosse uma guerra mesmo, pedia para não me envolver nesse lance de cadetes e gangsteres. Mas no fim, teria que ir sem muitas habilidades. Observava o homem que ainda tentava se exibir de forma desnecessária e no fim eu tinha que escolher: era 52 dias, ou quase nada.

- Não tem outro jeito... Ok, eu contrato o serviço.

A primeira parte foi mais um cochicho para comigo, enquanto a segunda revelava a minha intenção se querer continuar com o serviço. Não ia chegar em Piesok tão cedo, afinal, ainda tinha uma má interpretação sobre aquela mensagem...

Um pouco insatisfeito em não poder preparar-se da forma que queria para Piesok, Marcel opta por aceitar os 52 dias de cursos oferecidos como proposta pelo balconista exibido e facilmente ignorado pelo gladiador. Com um sorriso largo, o homem fisiculturista logo entrega um formulário para que o ruivo preencha e, depois de alguns minutos, recebe de volta os papéis devidamente preenchidos.

- Pronto, rapaz! Agora é só esperar até segunda e pode iniciar seu curso! - o homem dizia enquanto insistia em exibir seus músculos.

Comprovante de Pagamento/Matrícula escreveu:
Manhã: Curso 1 - níveis 1 e 2
Tarde: Curso 2 - níveis 1 e 2
Noite: Curso 3 - nível 1

Duração: 52 dias

Valor: Pk$ 750,00 [PAGO]

Marcel apenas ignorou o homem e saiu da loja com o comprovante de pagamento e matrícula dos cursos. Era necessário que aquele papel não fosse perdido, pois só com ele o ruivo poderia iniciar o curso. O gladiador deixava a loja, seguindo para a rua Bellsprout. Ele teria dois dias ainda para "aproveitar" a cidade antes de iniciar os dias de curso. Pôde observar, no prolongamento da rua, alguns Pidgeys comiam migalhas de pão dadas por uma bela moça, sentada em um dos muitos bancos da rua. Um pouco mais à frente, duas crianças brincavam com Pichus alegres, enquanto um Abra entrava em um dos muitos becos da rua, sendo seguido por um rapaz encapuzado. Grung parecia ter andares bem agitados.

Uma vez que tinha tudo bem feito e pago, eu não teria nada para fazer ali a não ser quando começasse o curso. Meus olhos giravam ainda, por conta dos diversos pensamentos que tinha em relação do meu futuro. Piesok. Novos pokémons. A atual estrutura de Shinki não estava muito estável para poder criar expectativas. Esperava que minha mãe estivesse bem em casa. Não queria vê-la nesse meio... Seria possível que ela sendo stylist aposentada iria ser convocada?

Eu pensei duas vezes e só o que fazia era mandar uma mensagem perguntando se estava bem. Talvez ela ficasse feliz com isso ou surpresa, mas era melhor me certificar. Continuava andando pelo caminho como se já conhecesse, mas na verdade, não conhecia Grung direito. O movimento ali para mim era normal. Inclinava a cabeça na procura de mais andares e percebia que parecia não ter fim. Quanto mais alto, mais caro era a situação... Melhor ficar nos andares menores mesmo...

No entanto, ficar ali embaixo me deixava distante da galeria Smeargle... como não tinha nada para fazer hoje mesmo, além de me recuperar da cirurgia, decidia ir até a galeria para conhecer um pouco das obras expostas. Talvez Squirtle gostaria de ir junto...

- Ei. – dizia liberando a pequena da sua esfera – Espero que tenha descansado bem... Que tal um passeio em uma galeria? – Chamava ela e de prontidão ela já subia em minha roupa e ficava comigo em meus braços. Além de um passeio, ela queria uma carona?

Com a perna em recuperação, o Gladiador seguia com sua Squirtle em direção à Gleria Smeargle's Arts, onde pretendia passar um tempo com a aquática. Seguiu para o elevador enquanto pensava em sua mãe e se os Cadetes convocariam os aposentados, enquanto sua tartaruga repousava tranquilamente em seus braços. O peso extra fazia a perna doer um pouco, o que fez o ruivo indagar se aguentaria levá-la até o oitavo andar em seus braços.

Ao chegar no 3º andar, reparou que teria que andar mais um pouco por algumas ruas até chegar ao próximo elevador, o que fez o jovem questionar o sistema de movimentação da cidade. Bem confuso, não? Depois de tanta confusão e cansaço, a perna parecia latejar e queimar, suor cobria a testa do jovem e a Squirtle caminhava ao seu lado desde que chegaram ao 7º andar, o que fora um mérito para o rapaz que conseguira aguentar carregar a aquática por 7 andares. Estavam na Avenida Sunflora e a Galeria ficava um pouco mais a frente, o que fazia o rapaz suspirar aliviado com a proximidade do local desejado. Foi quando algo chamou sua atenção. O jovem pensou ter avistado sua mãe entrando na Galeria. Estaria ele tão cansado que tivera uma ilusão? Ou será que sua mãe realmente estava ali? A perna o incapacitava de correr e o rapaz movia-se com muita dificuldade, devido à dor de toda aquela subida.

Avançava pelos andares daquela cidade, que pareciam mais um labirinto. Apenas alguém que nasceu e cresceu ali poderia ter tamanha facilidade para chegar a algum lugar ali sem ao menos se perder duas ou três vezes. Apesar da dor que sentia, Squirtle estava maravilhada demais olhando ao redor para perceber que eu não estava bem. Não iria criar um alarme por nada, a Pokémon mal sabia o que eu estava passando e eu preferia que continuasse assim.

Assim que cheguei ao andar correspondente, lá estava Squirtle, andando sozinha e observando a “paisagem” composta por diversos prédios que se erguiam de forma esplendorosa. Eu ficava em silêncio, deixando a Pokémon mais livre, embora soubesse que teria que ficar de olho nela se eu quisesse que ela não se perdesse ou fosse caminhando com qualquer um.

Logo na entrada da galeria (graças que já chegou!), eu percebia alguém muito conhecido ou comum para mim. Achei estranho ver aqueles cabelos exóticos inconfundíveis, embora eu soubesse que tudo era possível... Seria que minha mãe estava em Grung? Ela nunca saia de casa e não sabia se poderia confiar em minha visão.

- Squirtle.

Chamando a atenção da pequena, eu apressava os passos, uma vez que correr era inviável para mim. Não tinha como provar, mas sabia que se fosse minha mãe, eu não tinha como distinguir os sentimentos: confusão ou alegria? Estava prestes a descobrir...

O gladiador ficava confuso com a visão de sua mãe entrando na galeria, ou será que ele estava feliz em vê-la por ali? Era difícil de entender seus sentimentos por causa da surpresa. Chamando pela Squirtle que estava maravilhada com a paisagem não tão comum da cidade, o jovem apressava os passos como podia para conseguir falar com sua mãe.

Demorou quase 10 minutos para chegar na Galeria. Seu coração batia acelerado e muitas lembranças passavam em sua mente naquele momento. O que faria quando a visse? O que a levara até Grung se ela nunca saía de casa? O jovem entrou na galeria procurando por sua genitora. Squirtle ficava ainda mais maravilhada com tantas obras de arte diferentes, coloridas ou não, o que deixava a aquática boquiaberta. Procurando de forma quase predatória por sua mãe, gladiador e pokémon andavam lado a lado. Ele a viu entrando em uma parte mais isolada da galeria e foi direto ao seu encontro.

Ela estava de costas, o cabelo solto e uma expressão séria enquanto admirava a algumas estátuas, esculpidas em mármore branco, de pokémon extintos na grande guerra. Ela estava como ele lembrava e isso parecia deixá-lo feliz, chamou pelo seu nome e ela se virou, sorrindo.

- Marcel! - disse, surpresa - Quanto tempo minha criança. Como está?

Ela parecia exatamente a mesma e Squirtle já sorria para a mulher desconhecida, talvez por sentir uma certa felicidade de seu mestre por ver a mulher que já se aproximava para abraçá-lo.

A mente ainda perturbada. Squirtle seguia feliz pela galeria, adorando as esculturas, obras de artes. A Pokémon tinha um bom gosto, embora ela não fosse tão bem explorada em nossa área. Meus olhos passavam desapercebidos por diversos lugares. Tinha um interesse comum em ver algumas artes, tirar algumas fotos, mas parecia que tudo estava guiando-me até minha mãe, que por algum motivo, estava ali. Como iria encontra-la? Na verdade, por que ela estava ali? Minha vontade de vê-la era tamanha que eu nem me importava o motivo. Queria só vê-la de novo. Não vazia nem dois meses que estava fora de casa e essa saudade me norteava.

Enquanto seguia pela galeria, talvez de forma bem suspeita, por ter só um alvo ali e não eram as obras de artes, eu deixava todos os sentidos alertas. Não era um lugar que parecia ter muito movimento, mas como nenhum segurança me barrou, eu entrei de modo que eu pudesse procura-la. Era ela.

- Mã...

A voz emergia talvez até sem querer. Talvez querer ter a prova concreta de que era ela fosse mais importante do que a discrição. Era ela. Seus olhos violetas eram inconfundíveis. Até sua cabeleira rosada, que parecia ser de uma adolescente, mas ela insistia em manter para lembrar sua época de ouro como stylist. Ela me abraçava e um leve sorriso se desenhava em minha cara. Em primeiro momento, parecia de mentira, mas ao saber que era ela, abracei. Era um pouco menor do que eu... Mas a ternura era bem maior.

- Mãe? O que a senhora tá fazendo aqui... Eu acabei de mandar mensagem... Não entendo...

A confusão estava sobre a mulher. Enigma? O que levaria ela sair daquela cidade fria até aqui em Grung. Squirtle sorria, pois era uma pessoa que me fazia sorrir e para a pequena water era o que importava. Ela se aproximava aos poucos, chamando a atenção com suas patinhas azuladas e querendo reconhecimento também.

- Ah, sim... Essa é Squirtle, a minha inicial...

O ruivo emocionava-se ao encontrar sua mãe. Suas palavras saíam eufóricas e não pôde conter o abraço em sua mãe. Durante o curto período de abraço, Marcel pareceu sentir estar abraçando a si próprio, como se o corpo de sua mãe não estivesse ali, mas tê-la ali, pertinho dele mais uma vez, parecia camuflar qualquer suspeita. Fazia nem dois meses que saíra de Ragnarok, mas já sentia tanta falta dela.

- Mensagem? Não lem... Ah sim, claro, claro. - a rosada pareceu um pouco confusa, mas logo sorria e dava continuidade - Fiquei sabendo dessa exposição e você sabe o quanto sou curiosa quanto aos pokémon extintos, então vim para ver a exposição.

A mulher falava com empolgação e seu sorriso aliviava o coração do gladiador. Ele estava machucado e fracassara em seu teste para ser Bombeiro, além de ter que viajar para Piesok em breve. Vê-la parecia ajudá-lo à aliviar toda a tensão acumulada em seu peito. O rapaz apresentava a Squirtle à sua mãe e ela falava com a pokémon de seu filho com ternura, fazendo Squirtle sorrir.

- Eu estava apenas de passagem, já estou voltando para casa hoje ainda. - olhando para a perna dele e continua falando de forma preocupada, já que notou o jovem com uma cara de dor por alguns instantes - O que houve, filho? Está tudo bem?

Estava revigorado. Depois de tudo o que aconteceu, eu estava me sentindo bem e já poderia ir para Piesok, sabe-se lá fazer o quê, mas estava pronto. Meu peito ainda batia forte e eu não conseguia dizer o quão feliz estava. Embora achasse estranho, parecia que só de vê-la me sentia bem. Sorrir para ela, mas não por muito tempo. Como mãe, ela tinha um jeito especial de saber das coisas, incluindo o desconforto na pele, que parecia se exibir diante do questionamento.

Levada pela curiosidade, Squirtle quis saber do que tinha ali. Começou apalpando a perna, procurando o que tinha de errado. Eu abaixei, para puxar a calça e esconder a área da cirurgia. Tinha muito o que explicar, mas não queria deixar ela e nem a pequena Squirtle preocupada com aquilo. Apenas me preocupei de afastar a pequena water, já tinha ela problemas demais para poder enfrentar mais um...

- Não foi nada... apenas me machuquei um pouco...

Assim que mantive Squirtle longe da perna, ergui-me ainda encarando aqueles olhos exóticos. Mais um sorriso escapava do meu rosto. Não tinha muitos amigos, a não ser ela. Squirtle ainda continuava curiosa. Queria saber o que escondia na perna, já eu, sem muito interesse, empurrava a pequena com a perna, mas ela insistia em querer desvendar o mistério.

- Mas sobre a mensagem... Você foi convocada também? Eu não sei do que se trata, mas você ainda tem sua licença, certo?

Queria saber se ela estaria em Piesok. Tudo indicava que seria uma guerra e os cadetes estavam recrutando qualquer um que tinha um papel assinado dizendo que poderia portar Pokémons e estava apto. Não queria que minha mãe participasse de algo assim...

A curiosidade de Squirtle acabou deixando a mãe do rapaz bastante preocupada com as condições físicas do mesmo, mas não era isso que ele queria, então já foi enchendo sua mãe com perguntas que sua mente vinha fazendo desde que soubera das convocações de todos aqueles que possuíam licença para portar pokémon. Sua mãe parecia não ter ouvido ou apenas ignorado a pergunta do jovem.

- Ooh, Marcel, vamos cuidar desses machucados. Vamos até o local onde estou hospedada e assim você vai se sentir melhor.

O tom era preocupado e doce, mas Marcel insistia nas perguntas sobre como e porquê ela estava ali. Squirtle continuava querendo mexer na perna moribunda do gladiador, mas era sempre afastada com a perna para que não se preocupasse com tanto. Marcel realmente pensava primeiro em não preocupar aqueles com quem se importava. Contudo, a aquática parecia bem insistente.

- Meu querido, para quê tantas perguntas? É claro que não fui convocada. Ninguém convocaria uma mulher velha? - e ela sorria elegantemente - Agora podemos ir para cuidarmos dos seus machucados?

Quando recebia a resposta da minha mãe, meu coração ficou mais leve do que era de costume. Sentia um pouco mais de paz e poderia aproveitar minha mãe no momento. No entanto, era estranho ela não “pirar” por saber que estava indo para a forca e mesmo assim manteve a passividade. Que bom! Squirtle, por sua vez, continuava insistente e minhas forças para afastar a pequena já era limitada. Peguei-a no colo, mas ela se remexia para poder tocar na perna.

- Acho que não precisa de muitos cuidados, só recuperação... Por que não vamos para exposição? Você adora isso...

Para manter a pequena water calma, entregava-lhe sua cópia de pelúcia, o que foi o suficiente para acalmar a pequena (por que não tive essa ideia antes?).

- É minha primeira vez aqui e com certeza a senhora tem muito mais o que passar para mim...

Sugeria de bom grado. Só um tempo com minha mãe, era tudo o que queria...

Marcel tratava de dar um jeito na insistente e curiosa aquática, dando-lhe sua réplica em pelúcia. Parecia que a Squirtle admirava-se fácil com tudo ao seu redor e, entretida, acabou esquecendo-se da perna de seu mestre. Com a Squirtle no colo, o gladiador sugeria ficar na exposição, já que sua mãe adorava esse tipo de arte, mas a mulher parecia incrivelmente disposta à tratar do rapaz.

- Nada disso, precisamos cuidar desses machucados já. Não quero meu filho sofrendo de dor. - sua mãe falava com tom preocupado - Vamos para onde estou hospedada, lá é bem mais calmo que aqui e poderemos conversar melhor.

Naquele momento a Galeria não estava cheia, pelo menos não naquela parte da exposição. Os corredores pareciam estar bem vazios e o som de conversas era quase inaudível dali onde estavam. Um segurança do local pareceu ficar encarando Marcel, mas acabou ignorando o jovem depois de longos momentos e deixara o espaço. Era só o jovem e sua adorada mãe.

- Vamos, Marcel. Deixe-me cuidar de seus ferimentos. Aliás, porque não me deixa segurar sua mochila? Assim não fica tão pesado para você que já está segurando essa tartaruga. - dizia com um insistente sorriso.

Não tinha jeito. Ela queria cuidar de mim, mas não poderia julgá-la. Qual mãe não faria o mesmo? Estava disposta a perder a exposição por mim e não adiantaria argumentar com ela, afinal, eu a conheço a tempo suficiente para saber que não daria certo. Olhei para ela e ao reparar no segurança que encarou por alguns instantes, apenas deixei ele ir enquanto sedia ao pedido dela. Era difícil brigar com sua própria mãe....

- Ok, ok...

Aceitava no fim. Iria para onde ela estava hospedada, mas não queria bem ficar parado. Parecia que era uma criança de novo e ela estaria ali para me ajudar a levantar e a cuidar de mim. Apenas olhei para ela e respirei profundo, entregando-lhe minha mochila.

- Onde a senhora está hospedada mesmo?

O jovem acabava cedendo à insistência de sua mãe e decidia ir com ela para onde a mulher estava hospedada, entregando-lhe sua mochila. Sua mãe sorrira quando recebera a mochila.

- Bom garoto...

A mulher colocou a mochila com cuidado nas costas e continuava sorrindo. Ela falara que estava hospedada ali perto, na casa de uma amiga e que seria ótimo apresentá-lo à essa velha amiga. Além disso, comentou sobre os pokémon do jovem.

- Filho, o que me diz de me passar suas pokébolas também? Esse peso extra pode estar prejudicando sua perna. - ela falava com doçura e já estendia uma de suas mãos.

Estávamos agora a caminho da casa da amiga dela. Mamãe tinha vários conhecidos pelo mundo, uma vez que fora stylist há um tempo. Eu apenas segui ela no meio da galeria, mas assim que ela pedia as Pokébolas, não pude deixar de notar que achei bem estranho. Squirtle estava comigo, andando ao lado, mas o que umas simples esferas de forma diminuto poderia causar em mim? E mais, ela não fica preocupada porque estou indo para uma possível guerra, mas fica porque estou carregando “peso” extra?

- Mãe, tudo bem, são apenas esferas diminutos... Não pesam nada...

Dizia rindo para ela. Não achei estranho aquela bipolaridade, pois sabia que ela era assim, queria ajudar e talvez não filtrasse bem o que passasse pela cabeça dela. Apenas sorria um pouco estranho, mas estava tão feliz de revê-la que nem liguei tanto para isso.

- Sua amiga mora onde mesmo? Era stylist também?

A mulher levava seu filho para o local onde estava hospedada, na casa de uma amiga. Bem, pelo menos era isso que o gladiador sabia. Seguiam subindo a rua Sun Stone e o fluxo de carros era constante naquela hora do dia e o movimento parecia irritar um pouco a mãe do gladiador que dava passos apressados pela movimentada rua. Depois, dobraram rapidamente na rua Jardins, seguiram para uma ruela e ela enfim desacelerou os passos. Marcel vinha um pouco atrás, mancando com muita dificuldade por causa da perna moribunda que parecia ainda estar ardendo em chamas. A Squirtle, vendo o semblante de seu mestre, mostrou-se um pouco aflita e confusa, insistindo em ver a perna que tanto causava dor em seu mestre.

O jovem gladiador fizera perguntas à sua mãe, mas ela não estava respondendo-o, apenas sorria e caminhava, dizia que já estavam chegando e assim poderiam conversar melhor. De inicio o ruivo estranhou, mas era o jeito da sua mãe de encarar certas coisas e ele estava tão feliz em vê-la. Porém, como um sonho, quando o jovem pôs-se de frente para sua genitora, a imagem dela pareceu dissipar como fumaça e uma risada ecoou pela ruela. Por um instante Marcel acreditara estar quase desmaiando por causa da dor em sua perna, mas Squirtle ficou atenta e em posição de combate.

- Hihihihi... Que garoto bobinho. Saudades da mamãe?

A voz afeminada arrepiava o ruivo. Ficou ainda mais assustado quando vira o ser que o atraíra para uma emboscada. Não se podia distinguir entre homem ou mulher, pois vestia-se como uma prostituta, mas tinha características masculinas demais. A meia arrastão e o maiô pink decotado chamavam atenção para o peito do homem, onde repousava uma tatuagem de caveira. O cabelo crespo e azul era a almofada perfeita para uma coroa e a boca larga do homem deixava-o com uma expressão nada amigável, mas os cílios postiços e a maquiagem pesada deixava-o parecendo um palhaço.

Travestchy:

- Obrigado, meu querido Beezus. - o homem agradecia ao pokémon de forma estranha e olhos verdes ao seu lado. Parecia ele o responsável pela imagem da falsa mãe do ruivo - Vamos fazer o seguinte, você me passa seus pokémon e deixo você vivinho aqui. Certo, amigan? Hihihihi...

Atrás de Marcel, logo no começo da Ruela, um Rhyhorn postou-se, fechando a passagem e trancando o jovem ali dentro. De ambos os lados, um cateiro de flores estendia-se por ambas as paredes e apenas à uns 5 metros de altura, as primeiras janelas dos apartamentos que margeavam a ruela podiam ser vistos. Alguns carros estavam estacionados à direita, no final do beco, atrás do travesti. Marcel parecia encurralado.

- Entregue logo suas bolas! - dizia o homem com um sorriso irônico.

A caminhada apenas resultou em uma imagem que ficaria na minha mente por muito tempo, não porque eu queria lembrar, mas porque estava sofrendo um trauma psicológico ao ver minha mãe se transformar em um ser de sexo indefinido para mim e uma sorriso tenebroso. Atrás de mim, um Pokémon tampava a rua. Um belo Rhyhorn, mas que estava sobre serviço da coisa que parecia um palhaço. Engolia em seco diversas vezes. A imagem não era nada prazerosa de se olhar.

O susto percorreu Squirtle também, que logo se lançou nos meus braços com medo da figura que surgia, mas logo ficava com raiva de ter sido pega por algo tão simples feito por um Pokémon. A tartaruga deixava a pelúcia nos meus braços, voltando para o chão, protestando pela brincadeira sem gosto. Eu apenas observava que não tinha escolha de sair dali, pois a minha mochila estava com o homem.

- Que ridículo... A mochila é minha...

Ele tinha tirado algo de mim. A vontade de ver minha mãe! Depois de tudo, aquele homem tinha brincado com meus sentimentos de uma forma cruel. Usar as saudades de casa para mim roubar? Eu não poderia deixar que isso permanecesse assim.

- Squirtle, preciso de sua força para pegar esse ladrão – a Pokémon aceitava. Parecia que quando o assunto era caras maus, ela queria ajudar mais do que nunca. – Só vou avisar uma única vez: devolva a minha mochila! – pedia, deixando a mão na cintura, próximo das esferas.

O jovem ficava surpreso com o ser na sua frente que assumira a identidade de sua mãe, provavelmente através de alguma ilusão criada pelo pokémon estranho ao lado do ser humano ainda mais estranho. Tomado pela raiva, o rapaz não aceitaria ser enganado por aquele que usara a saudade de sua mãe para roubá-lo. Pedindo auxilio à aquática, o jovem preparava-se para recuperar sua mochila.

O homem apenas ria da atitude do jovem. Era óbvio que para aquele ser, a tartaruga do rapaz não parecia grande coisa. Sorrindo ainda mais assustadoramente, o homem tirou uma pokébola do seio esquerdo e lançou para o alto, liberando uma Miltank. A vaca rosa encarou a Squirtle de forma intimidadora, fazendo a water dar um passo para trás. Será que ela estava pronta para batalhar naquele instante?

- Tanka, adora quebrar ossos. - o homem falava de forma perversa - Vai querer encarar ou apenas vai entregar seus pokémon, queridon? Hihihihihihi.

O Rhyhorn continuava atrás de Marcel e provavelmente não seria oponente do jovem. A perna do gladiador latejava ainda mais e isso poderia atrapalhar um pouco o jovem, até porquê o inimigo sabia que ele estava machucado. Essa batalha poderia ser bem difícil para o jovem.

Parecia que não sairia daquele beco sem uma batalha. Squirtle já dava alguns passos para trás quando viu a Miltank e naquele momento eu dava razão para a Pokémon, afinal, a vaca era monstruosa (não tanto quanto o dono). Não acreditava que caia naquela situação, mesmo com tamanhas evidências de que era muito estranho ver a minha mãe aqui. Escolhi apenas tirar a mochila eu mesmo da posse dela. Engoli em seco e depois tirava outra esfera da cintura.

Trapinch aparecia. Como sempre, a formiga tinha um olhar mais obediente e não hesitaria em atacar. Miltank estava naquele momento como oponente. Atrás, Rhyhorn mantinha a posição, protegendo a saída. Por pouco tempo, por hora.

- Toxic e em seguida Sand Tomb.

Trapinch era bem mais experiente em batalha e sabia que o golpe Body slam era o que precisava para poder cair em cima da vaca e criar vantagem, mas com a velocidade da pokémon diminuta, eu teria que optar por outra estratégia, algo que poderia vencer a longo prazo...