Depois da tempestade...

Não era nem nove da manhã e Kyoichi seria o primeiro a ser atendido na estação de trem. A atendente já olhava estranho para Kyoichi e Nancy, esperando que fosse mais uma das encomendas cheias de confusão e de retiradas e entregas que os armagedons costumavam fazer. Para sorte da atendente, o trabalho pesado viria mais tarde, pois agora o arruaceiro só tinha um item para retirar dali, uma TM do tipo Dragon.

Com o item na mão, e uma atendente aliviada, o casal saia da estação, subindo uma rua até a avenida sombria. O nome fazia jus à longa rua, com pedras espalhadas e várias casas antigas e aparentemente mal assombradas. O casal seguia em direção para a livraria da cidade, enquanto aquela velha sensação de que tinha quatro olhos os seguindo persistia. Seria efeito da avenida sombria?

Era um lugar espaçoso. Um sobrado com diversas prateleiras e livros encaixados, de diversos temas e tipos. Poderia perceber a harmonia e o cuidado com o local. Uma prateleira se destacava das demais, pelos seus tons dourados, assemelhando-se com ouro. Eram os livros da Editora três lagos. Havia vitrines com material de papelaria e pinceis, entre outros produtos. Nancy não estava muito interessada no local e pós a se sentar na primeira cadeira que viu e se debruçar no balcão.

- Bom dia.

Uma mulher de aparência jovial descia as escadas. Tinha cabelos castanhos, presos por algumas presilhas. Sua saia rosada e sua blusa branca davam lhe uma impressão mais jovem ainda. Seu olhar castanho escuro parecia dá bom dia também. Parecia feliz com seu trabalho e felicidade era algo raro em Erobring.

- Fiquem à vontade, precisando podem chamar. Aceitam um café, água?

- Eu quero café. – Nancy levantava a mão de prontidão, possivelmente para poder manter-se acordada. O sentimento de estar sendo observado ainda não sumia...

A sensação não sumia mesmo dentro da livraria. Mesmo diante da recepção da atendente, os armagedons estavam sentindo aquela velha sensação de que alguma coisa estava seguindo eles. Mesmo assim, Nancy escolhia não se preocupar com isso e se lançava na poltrona mais perto, pegando um café para si. Enquanto isso, Kyoichi resolvia sentir aquele cheiro que ele já tinha esquecido há muito tempo.

Um livro, dois blocos de notas e uma mochila. Nancy era tão preguiçosa, que decidia fechar os olhos e deixar que o seu parceiro resolvesse sua vida. Na verdade, ela só não tinha ficado no Kazumi dormindo ou assistindo TV porque Milotic tinha destruído parte do banheiro, graças a Skiddo que tinha recebido. Kyoichi pagava a atendente, que agradecia muito a preferência, enquanto o moreno planejava explorar a cidade. Tinha muito o que fazer até de noite e desde sua última batalha na noite passada, ele estava sem munição de cura.

Quando a dupla de arruaceiros decidia sair dali, o grito fino da atendente acabava incomodando o casal gangster. Alguns livros começavam a sair da prateleira e voar direto ao chão. A atendente se assustou e corria para junto da porta com o casal, segurando no braço de Kyoichi, que era o homem dali. Nancy apenas encrava, enquanto aquilo que parecia uma assombração estava à solta em Erobring. A cidade combinava com esse tipo de coisa...

- O-o que tá acontecendo?

As lágrimas preenchiam o rosto da mulher, enquanto os livros continuavam voando. Nancy ficava mais perto de Kyoichi, seja por medo ou por segurança... Mas no fim, no meio de tanto caos, algumas sombrinhas caminhavam entre a prateleira e no chão estavam dois Pokémons roedores brincavam de pular nos livros. Minun e Plusle faziam a festa na papelaria.

- RATOS!!!!

Parecia que se encontrar com ratos era pior do que com fantasma para a tendente. A mulher de forma desengonçada abraçava Kyoichi com força, prometendo dificultar a forma dele de respirar. A proximidade dela com o armagedon poderia ser um pouco constrangedor, mas era puramente medo...

Off: Não entendi porquê não abriu... Veja agora:
https://imgur.com/a/OT4ip
https://imgur.com/a/TFZED

O medo patológico de ratos parecia ser algo que a atendente levava consigo e não gostava muito de revelar para alguém. Depois que o armagedon pediu, ela liberava mais o diafragma dele e se posicionava atrás do moreno. Nancy liberava a cabra chamada de Ceres para poder ajudar a conter o avançar dos roedores. Milotic aparecia de novo em campo, enquanto Skiddo pedia carinho para poder continuar a batalha. Nancy suspirava e acariciava.

Milotic emitia seus olhos vermelhos, brilhando em uma luz comovente. Minun e Plusle estavam longe e nem foram atingidos pelo Hypnosis. Ambos os Pokémons esfregavam as bochechas e emitiam faíscas elétricas para os lados. Corriam até os dois oponentes e se esfregavam neles, causando pequenos danos, mas uma paralisia que seria complicada para Kyoichi e Nancy.

Os roedores eram alegres. Não tiravam o sorriso da cara um minuto. Plusle piscava o olho, enquanto Skiddo era presa na paralisia e não prosseguia. Em seguida, os roedores aproveitavam suas velocidades enormes e brincavam com os Pokémons. De certo ponto, Ceres foi quem mais gostou. Enquanto Plusle usava o grande e serpentino corpo de Milotic como montanha russa, Minun montava Ceres com facilidade e brincava de cavalinho. Play Nice era usado, reduzindo o ataque dos Pokémons armagedons, mas isso ativava a habilidade especial da serpente marinha, que via seu ataque especial aumentar.  Como Minun estava em cima de si, Ceres não conseguia usar Grass Knot, mas por aproximação, Plusle era pego pelo Hypnosis de Milotic e caia desacordada no chão.

Ao ver seu irmão dormindo, Minun saia correndo até ele e assim cutucava. Oportunidade perfeita de se ter um Grass Knot que saia entre as frestas de madeira no chão prender o Pokémon azulado.

Hora da Batalha
Condições da batalha: Papelaria em Erobring. Muitas prateleiras e livros e uma escada que leva ao primeiro andar.  

Os ratinhos estavam imobilizados. Os livros estavam revirados, as prateleiras desorganizadas, a atendente em pavor patológico. Mesmo assim, Nancy e Kyoichi conseguiam deter os pequenos pestinhas que estavam fazendo toda aquela confusão. A atendente permanecia atrás de Kyoichi, abraçando o moreno e tremendo bem.

Milotic aproveitou que Minun estava preso. O Pokémon caia em sono enquanto a grama se soltava aos poucos. Milotic envolvia sua cauda nos dois Pokémon e passava para a rua, tendo a porta aberta por Nancy. Quando a batalha mudou de arena, a atendente aproveitava para trancar a porta da loja, fechar as cortinas e ficar olhando de dentro da loja.

Milotic lançava os dois dorminhocos no solo, enquanto Skiddo abria os céus nublados de Erobring e trazia um sol quente para a cidade (situação que os moradores não estavam acostumados). Com isso, a pequena ovelha começava a carregar energia, mas estava bem cansado para isso, uma vez que a paralisia impedia que o movimento prosseguisse. Milotic sofria do mesmo efeito.

Na demora, Plusle acordava e via seu irmão dormindo. Desesperada, a Pokémon saia correndo e empurrava e balançava o rato azulado, enquanto lançava alguns choques nele, acordando o Pokémon, que sentado no chão, passava as mãozinhas nos olhos. Ao ver um ao outro bem, eles faziam festa e dançava no meio da rua. Estavam felizes só de ver o outro bem.

- Oun, eles são bem fofinhos! – comentava a ruiva.

Hora da Batalha
Condições da batalha: Ruas de Erobring. Chão de pedra, rua larga e diversas casas ao redor. Alguns postes de luz de 5 em 5 metros. Sunny Day ativo.  

Ao ver que os dois ratinhos pareciam mais fofinhos do que uma ameaça nata, Kyoichi suspendia os ataques, enquanto Nancy se abaixava com seus olhos brilhando perante os irmãos roedores que se abraçavam e giravam, brincando, esquecendo-se da batalha que havia iniciado. Milotic ficava atrás, enquanto Skiddo aparecia querendo caminho, certamente com ciúmes dos irmãos baderneiros.

Enquanto Kyoichi chamava a atenção deles, Nancy tentava convencer Ceres de que não tinha que temer nada. O olhar da ovelha de grama parecia séria para os dois roedores que correndo, em uma velocidade impressionante, subiam para os ombros de Kyoichi e tocavam suas caudas, fazendo alguns “pipocos” de eletricidade iluminar a cabeça do arruaceiro, inchando seus cabelos e deixando brilhoso. Ao término do serviço, os roedores voltavam para o chão, batiam palmas e brincavam de ciranda.

- Adorei o visual! – Nancy sorria, junto de Ceres e Milotic.

Mesmo tentando abaixar as mechas de seus cabelos, parecia que funcionava como uma mola. Quanto mais ele usava a mão para abaixar as mechas, mais elas balançavam e insistiam em continuar em pé. Mesmo assim, Nancy ria, enquanto os ratinhos se divertiam ali na rua. As pessoas de longe passavam e encaravam aquela situação de vários tipos de Pokémons reunidos em um só lugar, mas ignoravam e passavam direto. Para sorte dos armagedons, aquela avenida, apesar de famosa, era mais afastada do centro da cidade, onde tinha mais cadete circulando.

Enquanto isso, para Kyoichi, uma nova proposta era lançada para os irmãos tico e teco. Eles parecerão ouvir apenas o nome “todo o continente” para poderem ficarem super eufóricos, ao ponto de dançarem nas ruas com pompons elétricos nos seus bracinhos e, ao tocarem um ao outro, fogos de artifícios elétricos surgiam ao redor da dupla de arruaceiros mirins. Após o show, eles pulavam o azulado no ombro de Kyoichi e o vermelho no ombro da ruiva, aparentemente aceitando o convite de Komuro.

A forma de em que os pequenos roedores aceitaram o convite foi muito fácil. Bastou falar que os dois tinham um mundo inteiro para explorar que eles começavam a dá um pouco mais de intimidade para os dois. Isso até combinou com os dois armagedons. Eles já estavam ali há um tempo e sempre é bom uma ajuda nova no meio da confusão com Katarina. As esferas foram retiradas e assim tocavam nos roedores, que sumiam nos ombros para dentro das esferas.

Enquanto a captura prosseguia, os Pokémons daquela mini batalha eram curados com umas frutinhas que Nancy tinha e finalmente a atendente abria a porta para saber se eles já tinham ido embora.

- Aquelas pragas já foram?

Com a captura feita, sem que a atendente soubesse, a livraria poderia ser aberta mais uma vez para que a mulher voltasse para seus afazeres. Muito agradecida, a mulher abraçava Kyoichi com força e o apertava ao ponto de que o seu diafragma mais uma vez falhasse temporariamente. Com Nancy ela era mais “gentil”. Segurando as mãos da ruiva, ela balançava agradecida. Parecia que a dupla de arruaceiros tinha salvado a vida dela. (para ela, de fato salvaram).

Agora com novos Pokémons em suas Pokébolas, Kyochi e Nancy começavam a olhar para o guia de bolso, atrás de informações. O livro não era um dos melhores. Faltavam páginas e estava bem surrado. Antes de voltar para a loja, a atendente olhava para trás e via Kyoichi folheando o livro já destruído.

- Só esperem um minuto.

Voltando para a loja, ela não demorava para retornar com um Guia de Bolso Shinki, na qual ela estendia para seus salvadores. A insistência fez com que o moreno e a ruiva obtivessem um guia de bolso, usado, mas que tinha todas as páginas e tinha uma aparência muito melhor, afinal, não foi molhado, secado, cortado, amassado como o do arruaceiro.

Agora, a dupla armagedon, agradecidos, dobravam a esquina em direção ao mercado da Holy. Não foi difícil. A loja era bem climatizada por dentro. Repleta de prateleiras com diversos produtos. Um senhor, com seus mais de 60 anos, organizava alguns produtos em suas prateleiras. Ele ficou feliz ao ver cliente.

- Bom dia. – dizia o homem de forma muito educada. – Como vão? Podem ficar à vontade, precisando é só chamar. Sou o Aurério Darling, gerente do Mercado da Holy de Erobring.